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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

LESTE EUROPEU - IMPÉRIO OTOMANO - AUSTRIA E RÚSSIA

 


                  A partir dos anos 1650 a ameaça otomana à Europa diminuiu até desaparecer. O sultão Mehmed IV, em cujo reinado o império otomano fez sua grande investida militar no Ocidente, subiu ao trono em 1648, assim que o tratado da Vestfália pôs fim à Guerra dos 30 anos, até a divisão final da polônia em 1795, várias guerras, mudanças de fronteiras, alianças e movimentos populacionais alteraram o equilíbrio de poder no Leste Europeu.
          A dinastia dos grandes vizires recrutados na família Köprulü ainda tentou recrutar o poderio do império que, porém, já estava defasado em relação às diversas inovações militares dos rivais europeus. A batalha de São Gotardo, em 1664, mostrou a superioridade militar dos austríacos. O fracasso otomano no segundo cerco de Viena em 1683, graças à coalizão liderada pelo rei polonês João III Sobieski   (1674 a 16906)m , evidenciou a fraqueza turca. 
           Porém, os otomanos foram bem-sucedidos contra Veneza na retomada de Límnos e Tenedos (Bozca Ada) por Köprolü Mehmed Pasa, em 1657, e com a tomada de Creta, em 1669; mesmo perdendo terreno na Hungria, em 1690 o grande vizir Fazil Mustafá Pasa retomou Nis e Belgrado. A Sérvia, perdida para a Áustria, foi recuperada  nos combates de 1737/39. Houve até um período de paz no século XVIII (1748/68). 
         Mesmo assim, o número de fracassos otomanos foi bem superior ao de êxitos, Foram várias derrotas importantes, como por exemplo, para o príncipe Eugênio de Savóia em Zenta, em 1697, quando cadáveres turcos formavam ilhas no rio Tiza, e em Peterwadeia, em 1716. Eurgênio conquistou Temesvar e, no ano seguinte, Belgrado. Após os acordos de paz de Carlowitz (1699), Prut (1711), Passarowitz (1718), Belgrado (1739), Küçük Kaynarca (1774) e Jassy (a798), os otomanos ficaram sem a Hungria, Banat, Transilvânia e Bucovina. Também perderam para a Rússia a costa setentrional do mar Negro, do rio Dniester ao Cáucaso. Os russos exigiram que o tratado de Küçük  Kaynarca concedesse ao czar  o direito de defender os interesses ortodoxos em terras otomanas, o que culminou com a Crise Oriental de 1853 e a Guerra da Crimeia entre 1854 e 1856. 
             A reconquista da Hungria, junto com as aquisições posteriores à Guerra da Sucessão Espanhola, elevaram os Habsburgos austríacos ao status de grande potência. Mas territórios não significava força. A nobreza húngara resistia a um maior controle absolutista, o que deteve o desenvolvimento do país. Grandes áreas foram devastadas e despovoadas durante as guerras turcas e o principal feito econômico do período foi a recolonização da terra pelos imigrantes, muitos do sudoeste da Alemanha. As primeiras colonizações fracassaram, mas quase 50.000 imigrantes chegaram nas décadas  de 1760 e 1770, e mais 25.000 na década  de 1780. Suas técnicas tornaram a agricultura  mais intensiva e diversificada. 
            A verdadeira fraqueza dos Habsburgos foi revelada com o fim da linha sucessória masculina em 1740. Foi o sinal para que Frederico II da Prússia ocupasse a industrializada província austríaca da Silésia. Apos o tratado de paz de Aix-la-Chapelle, de 1748, Maria Teresa reformou seu exércitos e sua administração, incentivando o desenvolvimento econômico e se aliou à França e à Rússia. Mas a amarga Guerra dos Sete Anos (1756/63) não conseguiu lhe devolver o território perdido. A Prússia surgia como rival, desafiando a tradicional primazia da dinastia dos Habsburgos na Alemanha. 
            A participação bem-sucedida de João Sobieski na aliança contra os turcos encobriu temporariamente a desintegração da Polônia, processo que prosseguiu até o século XVIII. O desastroso reinado de João II Casimiro Vasa (1648/68) testemunhou a rebelião dos cossacos ucranianos, que aceitaram a suserania russa em 1654, e uma invasão cossaco-russa que separou a maior parte da Polônia Oriental. Os suecos, sob o governo de Carlos X Gustavo, ocuparam o norte da Polônia e a Lituânia (16550, até um bem-sucedido contra-ataque polonês. Os russos também foram expulsos, mas mantiveram Smolensk e Ucrânia Oriental. A Guerra Civil e a agitação cossaca continuaram até 1687, quando foi assinado um tratado de paz com a Rússia. 
            Quando Sobieski morreu, em 1696, 18 candidatos saíram em busca dos votos dos nobres, que tinham direito de eleger uma monarquia para a Comunidade Polonesa-Lituana. O vencedor foi Augusto, o Forte, da Saxônia. Ele reinou até 1733 como Augusto II. Sua ambição de tomar a Livônia da Suécia desencadeou a Grande Guerra  do Norte (1700) em aliança com Pedro, o Grande, da Rússia. Os suecos, sob o governo de Carlos XII, devastaram a Polônia , destruindo um terso das cidades e forçando a abdicação temporária de Augusto. O verdadeiro vitorioso foi Pedro I, que devolveu o trono a Augusto, mas tomou a Livônia. Um pântano foi drenado para que São Petersburgo fosse fundada como um porto de águas quentes. A nova cidade tornou-sea capital da Rússia em 1715. 
           Em 1733, um candidato apoiado pelos franceses foi eleito rei da Polônia, mas as tropas russas e saxônicas levaram o filho  de Augusto ao trono como Augusto III. A Polônia já não era uma potência militar na Europa Oriental. Com a tomada da Silésia por Frederico II, a Prússia passou a controlar seus pontos de saída do comércio para a Europa Ocidental, embora a Polônia tivesse acesso ao Báltico por Danzig. 
         O declínio da Polônia foi contrabalançada pela ascensão da Rússia, que colocou exércitos em território polonês e usou portos poloneses na Guerra dos Sete Anos. Augusto III morreu em 1763 e Catarina II da Rússia levou Stanislas Poniatowski II ao trono (1764/95). Mas sua intervenção nas divisões religiosas da Polônia acabaram provocando uma guerra civil e incentivando  a Sublime Porta otomana a declarar guerra em 1768, com o objetivo de deter o iminente avanço russo. Esta guerra revelaria a extensão total do poder militar  russo. Os exércitos russos avançaram pelos principados do Danúbio; a marinha, aparecendo pela primeira vez no Mediterrâneo, destruiu a frota turca em Chesmé (1770) e a queda total do império Otomano parecia certa. A partir de então, o Oriente tornou-se tema principal dos assuntos europeus, á medida que cada grande potência tentava assegurar-se de que os reinos otomanos não caíssem intactos nas mãos de outra. 
          A presença de forças russas perto da desembocadura do Danúbio em 1770 provocou a oposição da Áustria, que tentou envolver a Prússia em um bloco anti-russo. Frederico II, com muito a perder e pouco a ganhar com um conflito nos Bálcãs, propôs a primeira divisão polonesa, deslocando o conflito para uma área monde teria chances  de vitória.  Deste modo, a polônia pagou o preço pela moderação inicial russa em relação á Turquia. Outras perdas vieram em seguida. Após a anexação da Crimeia em 1783, o êxodo dos tártaros, que preferiam viver sob o domínio turco, abriu à colonização russa terras vastas e férteis. 
           A ofensiva seguinte da Rússia contra a Turquia (1787/92 provocou a oposição  britânica. Mas, com o tratado de paz de Jassy em 1792, a Rússia conquistou a costa entre os rios Bug e Dniester, e o controle do comércio na bacia do Dniester. 
          A deflagração da Revolução Francesa diminuiu a influência da França no Leste  Europeu. E quando a Polônia promulgou a  Constituição de 3 de maio de 1791 não tinha defesa contra a Rússia e Prússia, que organizaram uma segunda divisão em 1793. Após a revolta polonesa de 1794, Rússia e Prússia, junto com a Áustria, concluíram a extinção da Polônia em 1795. 

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