Total de visualizações de página

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

REFORMAS, CONTRA-REFORMAS E GUERRAS RELIGIOSAS NA EUROPA

 ...



             Desde o início dos tempos modernos, a religião ocupava um lugar de destaque na vida européia. Dignificava os atos do nascimento e batismo até a morte e enterro, e encenava com a esperança da salvação. Por volta de 1500, a necessidade de renovar a crença na vida após a morte parece ter sido crucial. 
                De início, esta revitalização  espiritual ocorreu nas igreja existentes: Igreja Católica Romana, no Ocidente, e igreja Grega Ortodoxa, no oriente, com fronteiras passando pela Polônia-Lituânia (com dois quintos de ortodoxos) e pelo leste e sul da Hungria, alcançando o Adriático, ao sul de Ragusa. Os únicos grupos importantes fora dessas duas comunidades monolíticas eramos judeus, os lolardos - pequeno grupo fragmentado de hereges ingleses - os muçulmanos no sul da Espanha e os hussitas -incluindo metade da população da Boêmia e Morávia. Assim, em 1500, a heresia quase desaparecera e sem rivais importantes, a Igreja católica tornara-se indulgente. O absenteísmo clerical, por exemplo, aumentou e inúmeros padres ignorantes e imorais desacreditavam a Igreja. Numa época de imensa consciência religiosa, a conjuntura de uma Igreja espiritualmente falida, mas ávida de bens materiais, explica porque uma revolução religiosa ocorreu no século XVI. 
        Em apenas 50 anos, quase 40% dos europeus aceitaram uma teologia reformada. Os primeiros reformistas apareceram na Alemanha e na Suíça de língua alemã, liderados  por Martinho Lutero (1483 - 1546) no norte da Alemanha e por Huldreich Zwinglio (1484 -n 1531 em Zurique - primeiro Estado a repudiar a fidelidade a Roma (1520) - e nas regiões vizinhas, Em 1570, de cada dez súditos do Sacro Império Romano, sete eram protestantes. estes já controlavam a Escandinávia, a Europa Báltica e a Inglaterra. A difusão era limitada na França, Espanha, Itália e Holanda e nas colônias alemãs da Europa oriental. 
            Nova onda protestante surgiu com a obra do francesa João calvino (1509 - 1564), que após 1541 pregou suas ideias na cidade-Estado de Genebra. O calvinismo progrediu logo: na França, havia cerca de cem igrejas  calvinistas em 1559 e talvez 700 em 1562; na Holanda, havia talvez 20 igrejas calvinistas em 1559 e 150 em 1566; na Alemanha , diversos Estados luteranos (principalmente Palatinado e Brandemburgo)  mudaram a religião oficial para o calvinismo; na escócia, um Estrado reformista foi fundado por lei parlamentar em 1560. A Igreja de Calvino também alcançou sucesso no leste europeu, especialmente na Polônia e Transilvânia, que toleravam a existência de outros grupos minoritários; unitários, confrades da Boêmia, anabaptistas e judeus. Na Hungria e em outras regiões sob o controle otomano, o culto católico foi proibido e o calvinismo recebeu proteção oficial. o calvinismo também ganhou mais adeptos entre os eslavos - nobres ou de classe média - do que o luteranismo. 
              Mas a tolerância religiosa era frágil. Em muitos países, incluindo o Sacro Império Romano, resultava mais da fraqueza do que da força, e só ocorria quando o estado não conseguia impor a uniformidade religiosa, considerada essencial á sobrevivência política. As crenças conviviam até que os governos se tornassem fortes para impor um fé única a seus súditos. Nem sempre o catolicismo foi a fé escolhida.
            Nem todos os que desejavam reformar a Igreja, no princípio do século XVI, rejeitavam a autoridade do papa. Inácio de Loyola (1491 - 1556), fundador da Ordem dos jesuítas, foi um dos muitos que decidiram que a melhor maneira de alcançar a salvação seria continuar obediente a Roma e persuadir outros a fazer o mesmo. Finalmente, até o Papado passou a aceitar a necessidade de reformas e delegados de de toda a Europa estiveram presentes no Concílio Geral da Igreja, em Trento, na fronteira  entre a Itália e Alemanha. Após três sessões - (1545 a 1547) (1551 a 1552) e (1562 a 1563) - três resoluções foram tomadas: condenação dos abusos do clero; definição da doutrina precisa da Igreja - a professio fidei tridentina - e a criação de um sistema de supervisão eclesiástica para manter os padrões clericais. Foi ainda organizada uma ofensiva educacional para divulgar a ortodoxia entre leigos. 
              Com a ajuda dessa organização revitalizada a Igreja Católica começou a recuperar parte das perdas. A parcela protestante do continente europeu caiu de  40% para 20% entre 1570 e 1650. na Polônia, maior país do leste da Europa, uma sucessão de reis favoreceu o catolicismo e o número de igrejas protestantes  no país caiu de cerca de 560 em 1572 para 240 em 1650. 
           Quase o mesmo acorreu nas terras dos Habsburgos ao sul; os protestantes foram expulsos da Áustria em 1597 e da Estíria em 1600. Na França, a coroa e a Liga católica travaram batalhas, durante décadas, para conter o desafio protestante. Em 1562, talvez houvesse 1,25 milhão de protestantes na França; mas, perto de 1685, quando os remanescentes foram forçados a escolher entre a conversão ao catolicismo ou a expulsão, só existiam escassos 50 mil.
            A fase decisiva da luta entre protestantes e católicos foi travada no Sacro Império Romano. Começou em 1618 - 21, quando Fernão II, com a ajuda das tropas e do tesouro espanhóis, dos católicos alemães e do papado, derrotou os protestantes da Boêmia. O catolicismo logo se tornou a única religião permitida na Boêmia e Morávia. 
             Encorajado pelo sucesso, o imperador tentou reduzir o poder dos príncipes protestantes na Alemanha. Apesar da ajuda enviada aos príncipes da Inglaterra, Dinamarca e Holanda, as forças do  imperador saíram vitoriosas em 1629. Foi promulgado o Edito da Restituição, exigindo a devolução de áreas da Igreja controladas pelos protestantes. A chegada de considerável ajuda  militar, enviada pelo  rei Gustavo Adolfo da Suécia, salvou os protestantes alemães do colapso; as forças de Fernando foram derrotados em Breitenfeld (1631) e massacradas  em Luytzen (1632) Mas a Espanha interveio em 1634 para ajudar o imperador  e a França em 1636, para ajudar os inimigos dele, transformando a guerra em um conflito generalizado que se estendeu por quase todo o continente. As rivalidades políticas, assim como as religiosas, de mais de um século, foram decididas nas grandes batalhas de Nordlingen (1634), Wittstock (1636), Rocroi (1643) e Jankau (1645), e com a Paz da Vestfália. As fronteiras religiosas e políticas da França Central, então acertadas continuaram inalteradas por cem anos. 

PARA LER DESDE O INÍCIO 
clique no link abaixo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário