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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

CAMINHOS QUE LEVARAM À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL --

 



          
           Os acordos que puseram fim à Primeira Guerra Mundial, especialmente o Tratado de Versalhes, imposto à Alemanha, foram considerados inválidos por muitos historiadores; muitos criticam por conter as origens de um segundo conflito. Três outras razões devem ser considerados: a Depressão foi tão importante  nos acontecimentos entre as guerras  quanto um acordo deficiente de paz; a revisão do Tratado de Versalhes nos anos  30 não evitaria a guerra; e o primeiro desafio ao estabelecido em Versalhes não veio da Europa, mas do extremo Oriente, e por razões não relacionadas ao tratado. 
             O expansionismo japonês nos anos 30  surgiu a partir do desejo de auto-suficiência econômica, segurança militar e liderança  na Ásia Oriental. Sob o impacto da Depressão, o Japão invadiu a Manchúria depois de setembro de 1931 e iniciou a anexação de províncias vizinhas. Em 36, o Jehol já fora anexado ao Estado fantoche  de Manchukuo, na Manchúria, e a autoridade chinesa nas províncias fronteiriças ficou comprometida. Essas anexações deram ao Japão  o controle de uma economia que acabou motivando grande parte de sua expansão subsequente e também os déficits comerciais do final dos anos 30. Estes fatos se refletiam na Europa, por dois motivos: 
             Primeiro, a expansão japonesa na Ásia resultou de um crescente nacionalismo militante, acompanhado de uma militarização da sociedade que contribuiu para a queda  do governo democrático no Japão. Segundo, a conquista da Manchúria desafiou os objetivos mais importantes  de Versalhes: a manutenção da autoridade internacional da Liga das Nações e a manutenção da paz mundial pela garantia coletiva contra agressões. Desde o princípio, a Liga das Nações foi criticada por duas debilidades: a incerteza sobre a paz deveria ser assegurada pela manutenção ou pela revisão do Tratado de Versalhes e a ausência de duas das potências mais importantes,a URSS e os EUA. Na década de 20, porém, numerosos tratados adicionais - notadamente os firmados em Washington e Locarno - e um desejo generalizado de paz proporcionaram um período de otimismo.  
               Antes da Depressão, com a URSS preocupada com problemas internos, a única ameaça real à ordem do pós-guerra vinha da Itália fascista. Mas a Itália, a menor das grandes potências, estava marginalizada: a supremacia da França na Europa era tão notória que impedia qualquer sonho de equilíbrio e obtenção de vantagens por parte da Itália. No entanto, iniciada a Depressão, esse equilíbrio passou a ser possível com o ressurgimento da Alemanha como poder potencialmente mais forte na Europa. Sob o comando de Hitler, após 1933, a Alemanha concentrava suas energias em reverter o veredito de 1918 e estava ciente da fraqueza da Grã-Bretanha e da França após o fracasso na Liga das Nações na oposição à ocupação japonesa da Manchúria. O desafio de Hitler à ordem do pós-guerra ficou encoberto até 1936, quando a decisão da Itália de anexar a Abissínia ao seu império abalou suas relações com a Grã-Bretanha e a França. Depois disso, houve uma sucessão de crises. A Alemanha reocupou a Renânia em março de 1936 e a França não conseguiu reagir, apesar de essa ação ter golpeado o núcleo do sistema de alianças com o qual  havia cercado a Alemanha. Em julho de 1936 houve uma tentativa do exército espanhol  de derrubar  o governo republicano eleito democraticamente. A Guerra Civil Espanhola (1936/39) reuniu de um lado,  os  militares, a direita política e a Igreja Católica (com ajuda militar e de voluntários da Alemanha e Itália e, de outro lado, o governo da Frente Popular, republicanos, radicais, anarquistas, socialistas, comunistas e autonomias bascos e catalães (com ajuda militar soviética). A Grã-Bretanha e a França, embora amplamente criticadas, iniciaram um acordo internacional de não-intervenção para evitar que a escalada da guerra  se transformasse em conflito mediterrâneo com  a Itália. O fracasso da tentativa militar, que gerou a Guerra Civil Espanhola, desviou a atenção da França e da Grã-Bretanha de fatos ocorridos em outros lugares. Em novembro de 1936, Alemanha , Itália e Japão firmaram o Pacto Anti-Comintern, visando neutralizar a URSS. O pacto foi um aviso às democracias de que a crescente aliança entre esses três países desafiava a ordem existente. 
            Em dezembro de 1936, a  China tentou pôr  fim a suas guerras civis para formar uma frente unida contra a futura invasão japonesa. Como a posição do Japão e suas  ambições sobre a China dependiam da divisão e da fraqueza chinesas, as Forças Armadas  japonesas usaram um incidente sem importância para iniciar a invasão da China Central e Setentrional, em julho de 1937. Em outubro de 1938, a maior parte da China ao norte do rio Yangtsé havia sido ocupada por forças japonesas; mas, apesar de ser responsável por alguns regimes fantoches em sua área de conquista, o Japão percebeu que não poderia terminar sua aventura na China nem pela força nem pela negociação. 
          Na Europa, em outubro de 1938, o cenário havia sido transformado por duas crises - a anexação alemã da Áustria e a aceitação franco-britânica de desmembrar a Tcheco-Eslováquia, numa tentativa de preservar a paz geral na Europa por meio do apaziguamento da Alemanha. Na verdade, a Alemanha não poderia ser apaziguada: sua ocupação do que sobrara do Estado tcheco e do Memel, em março de 1939, forçou a Grã-Bretanha e a França a reconhecerem o paradoxo de que a paz só poderia ser assegurada pela guerra ou pela ameaça de guerra. Contudo, para tornar essa ameaça  verossímil, a Grã-Bretanha e a França precisavam se associar à União Soviética, o que não conseguiram. O resultado, em setembro de 1939, foi o início gradual da guerra na Europa, com a Alemanha concentrando  reforços em direção a países que eram individualmente menores ou menos poderosos do que ela até que, no segundo trimestre de 1941, o domínio alemão do continente europeu só pode ser desafiado pela União Soviética. 
           Em setembro de 1939, Hitler invadiu a Polônia; em 1940, invadiu a Dinamarca, a Noruega, a Holanda e derrotou a França. A Grã-Bretanha, após de retirar de Dunquerque seu exército estacionado na França, rejeitou as ofertas de paz de Hitler e derrotou sua "Luftwaffe". O ataque fracassado de Mussolini à Grécia, a intervenção britânica e o golpe anti-eixo na Iugoslávia levaram à ocupação alemã da Iugoslávia em maio de 1941. Em junho de 1941, Hitler atacou a União Soviética.
            Durante o período de 1934/39, Hitler desconsiderou as restrições do Tratado de Versalhes (reconquista do Sarre por plebiscito, remilitarização da Renânia, anexação da Áustria). Sob o pretexto de defender a autodeterminação  para minorias alemãs, voltou-se contra alianças da França: Checoslováquia  e Polônia. A composição multirracial a Checoslováquia facilitou seu desmembramento, com a concordância da Grã-bretanha e da França, no acordo de Munique. A resistência polonesa às reivindicações  alemãs (Danzig, o "Corredor Polonês") levou à guerra com a Grã-Bretanha e a França mais cedo do que o planejado, apesar do acordo de Hitler  com a União Soviética para dividir a Polônia e os países bálticos. Estava formado todo o cenário para a Segunda Grande Guerra  que, em pouco tempo se espalhava por todo o mundo. 

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Nicéas Romeo Zanchett 

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