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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O MUNDO DEPOIS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL




            A partir de 1919 o mundo imperialista e o nacionalismo tiveram novas formas. 
          Nos anos 20, os impérios europeus na Ásia e norte da África tinham atingido sua maior extensão. No final da primeira Guerra Mundial, a França ganhou o controle do Líbano e da Síria. O mandato sobre Iraque, Palestina e Transjordânia foi atribuído às Grã-Bretanha, que já controlava Egito, Sudão, bordas sul e leste da Arábia, Índia, Birmânia, Ceilão e Malásia. Os holandeses permaneceram nas Índias Orientais, os espanhóis no norte do Marrocos e os italianos na Líbia. Depois disso, a única aquisição importante foi a Etiópia, conquistada pela Itália em 1936. Turquia, Pérsia, Arábia Saudita, Iêmen, Afeganistão e Sião (Tailândia) ficaram independentes, mas dentro de limites: o poder militar  da Europa e a dominação dos mercados mundiais pelos países industrializados do Ocidente tinham de ser considerados mesmo mesmo por países independentes. A situação assumiu novas dimensões coma crescente demanda de petróleo para exércitos e indústrias e a descoberta e exportação de grandes reservas de petróleo no Oriente Médio, especialmente na Pérsia e no Iraque.
         A posição das potências imperiais, entretanto, era mais fraca do que parecia. O desgaste dos países vitoriosos na Primeira Guerra, o surgimento de uma nova concepção de domínio imperial como algo temporário e limitado, além de críticas e desafios vindos dos EUA, União Soviética e Alemanha nazista limitavam a ação da Grã-Bretanha e França. Os países da Ásia e do norte da África eram, em geral, de civilização antiga e culta, com tradição de independência ou de participação no próprio governo; em alguns deles, uma educação moderna produziu uma elite participativa e desejosa de maior autonomia. 
            Embora as potências coloniais enfrentassem oposição na Ásia e norte da África, o mesmo não ocorria na África subsaariana. A reação pautava-se por uma mistura de repressão e concepção. A oposição era feita por dirigentes tradicionais ou por elites apoiadas em forças sociais locais. No Marrocos, o governo espanhol e depois o francês foram ameaçados por uma revolta nos montes Rif, liderada por Abel el-Krim e esmagada com dificuldade (1921/26) e, na Cirenaica, a conquista italiana enfrentou resistência das tribos sanusis. No Afeganistão, dependente da Índia britânica em assuntos externos, os administradores ameaçavam posições britânicas na fronteira  noroeste, em 1919,e garantiram a independência, por tratado, em 1921. 
           Em outros ,ugares, a nova elite culta defendia a ideia de que cada nação (em termos territoriais ou étnicos) deveria ter seu Estado independente. Nesse período, os movimentos nacionalistas só representaram um desafio nos países onde podiam mobilizar amplo apoio. Isso ocorreu na Turquia, onde os nacionalistas liderados por Mustafá Kemal (Ataturk) derrotaram os planos anglo-franceses de dividir o Império Otomano e abolir seus sistema tradicional de governo e criaram uma república turca independente, em 1923.
            Nas antigas regiões árabes do Império Otomano, tentativas de obter a independência tiveram menos sucesso. Na Síria,uma revolta nacional iniciada em Jebel Druze foi reprimida (1925/27) e os franceses só fizeram poucas concessões antes do fim  da Segunda Guerra Mundial. No Iraque uma revolta em 1920 persuadiu os britânicos a criar um governo autônomo sob um rei árabe. Faisal: em 1932, o Iraque assegurou sua independência e sua admissão como membro da Liga das Nações, mas a presença militar britânica continuou. 
            Na Palestina, o conflito resultante do apoio britânico à criação de um lar nacional judaico causou distúrbios em 1920, enquanto a oposição à imigração dos judeus, após a ascensão de Hitler na Alemanha, em 1933, levou a uma revolta árabe (1935/39). No Egito, o principal partido nacionalista, o Wafd de Saad Zaghlul, obteve apoio popular. Após uma revolta nacional, em 1919 a Grã-Bretanha concedeu a independência ao Egito em 1922, embora assuntos importantes continuassem submetidos ao governo britânico. Em 1936 um tratado anglo-egípcio deu ao Egito maior controle sobre seus assuntos, mas deixou aos europeus o controle militar e o gerenciamento do canal de Suez. Nas colônias do norte da África, o nacionalismo era menor; os movimentos argelino e marroquino começaram nos anos 30 e as pressões sobre os franceses de parte do Néo-Destour, na Tunísia, fracassaram em mudar a política vigente. Também na Índia, o principal partido nacionalista, o Congresso nacional Indiano, teve grande apoio popular devido à liderança de Ohendas K. (Mahatma) Gandhi. Ao unir a ideia do nacionalismo ao tradicional pensamento e ação hindu, Gandhi levou a Índia à era da política de massas. Em 1920, sua primeira campanha de desobediência civil falhou e resultou em repressão. Mas em 1930, tirando partido da depressão econômica mundial e do mal-estar causado pelo desemprego, ele lançou a segunda campanha, que durou alguns anos e conseguiu induzir os britânicos a estabelecer o "Governement of Índia Aet", em 1935. Isso criou uma estrutura participativa no  governo central e nos governos provinciais, que os membros conservadores do congresso estavam dispostos a aceitar, embora fosse menos atraente para nacionalistas radicais como Jawaharlal Nehru: em 1937,o Congresso controlava a maioria dos 14 governos provinciais. Essa fase chegou ao fim com a Segunda Guerra Mundial. O Congresso decidiu  não participar do esforço de guerra e seus ministros renunciaram. Além disso, os líderes da população muçulmana estavam desenvolvendo seus próprios movimentos; em 1940, o guru mais poderoso, a Liga Muçulmana, aprovou resolução exigindo um Paquistão autônomo. 
          Em outras áreas do mundo colonial, a angústia dos anos 30 deu aos líderes nacionalistas o apoio popular que lhes faltava. Até a Costa do Ouro, fazendeiros de cacau, atingidos pela queda nos preços mundiais, fizeram protestos; no Caribe, irromperam tumultos e greves, em 1935.  Em alguns casos, houve concessões que criaram um equilíbrio de forças temporário, como no Ceilão, onde uma nova Constituição vigorou após 1931, e na Birmânia, que obteve uma espécie de governo autônomo, embora limitado, em 1935. Nas Índias Orientais holandesas uma fase de movimentos revolucionários, que começou com a revolta comunista de 1920, foi esmagada com poucas mudanças no governo provincial. Os holandeses puderam manter-se sem muitos problemas até a chegada dos japoneses, em 1941/42. Na Indochina, os franceses não fizeram concessões, o que conduziu à inquietação nos anos 1930 e  à criação do Viet Minh, por Ho Chi Minh, em 1941. Esser período assistiu à ascensão de líderes nacionalistas mais radicais - Azikiwe na África Ocidental, Ho Chi Minh no Vietnã, Nehru na Índia, Sukarno na Indonésia, Bourguiba na Tunísia -, que entenderam melhor que seus antecessores como utilizar as forças populares que deixariam suas marcas após a Segunda Guerra Mundial. 
            No final da Primeira Guerra Mundial as Potências Centrais estavam em colapso e os tratados de paz subsequentes - Versalhes (28 de junho de 1919), entre os aliados a a Alemanha; o Tratado de St. Germain (10 de setembro de 1919), com a Áustria; o Neuilly (27 de novembro de 1919, com a Bulgária; e o Trianon (4 de junho de 1920), com a Hungria - causaram grandes alterações  nas fronteiras, o surgimento de alguns países e ampliação de outros que estavam do lado vitorioso. Entre os novos países surgiram: Finlândia, Estônia, Letônia e Lituânia (independentes dos russos); Polônia (reconstituída a partir dos três impérios que se beneficiaram de sua partilha no século XVIII: Tcheco-Eslováquia, formada pelas antigas terras da Coroa dos Habsburgos (Boêmia, Maróvia e Baixa Silésia) juntamente com a Eslováquia e a Rutênia Carpatiana, do antigo território húngaro; e a Iugoslávia, incluindo os territórios antes independentes da Sérvia e Montenegro, a Croácia, ex-possessão habsburga, as antigas províncias turcas da Bósnia e da Herzegóvina e as províncias dos Habsburgos na Eslovênia e na Dalmácia. A Romênia expandiu-se, tirando a Transilvânia da Hungria, a Bukovina da Áustria, a Bessarábia da Russia e o sul da Dobruga da Bulgária.  A Itália tomou o sul do Tirol  (Alto Adige) e o Triestino, antiga província habsburga da Ístria. A França recuperou a Alsácia-Lorena e a Bélgica incorporou as regiões fronteiriças de Eupen e Malmédy. Os plebicitos nas áreas de litígio - Alta Silésia, Marienwerder, Allenstein e Schleswig - resultaram em soluções etnicamente  satisfatórias, embora os poloneses tenham tentado obter a Alta Silésia pela força. 
           O sistema de segurança europeu dependia dos acordos  de paz de 1919 que foram sustentados por uma série de pactos e alianças com três  objetivos principais: evitar que a Alemanha  buscasse reverter o veredito da Primeira Guerra Mundial; construir um "cordon sainitaire"contra a Rússia bolchevique; e manter os acordos territoriais na Europa Oriental, impedindo a revisão de tratados, especialmente  pela Hungria.
           Em outros acordos, as questões étnicas não foram devidamente resolvidas, deixando grupos de mesma língua dispersos pela Europa Oriental, exceto na fronteira entre  Grécia e Turquia, onde, no final da guerra greco-turca de 1920/22, uma troca de habitantes foi negociada. Danzig (Gdánsk) e o sarre eram administrados com a supervisão da Liga das Nações;o Sarre voltou para a Alemanha em janeiro de 1935, através de plebiscito. A paz com a Turquia só veio com o Tratado de Lausanne (24 de Julho de 1923), pela incapacidade dos aliados, apesar da ajuda dos gregos, de imporem seus termos ao movimento nacional para uma jovem Turquia. Nas fronteiras orientais da Europa, o acerto teve de esperar pela vitória dos Bolcheviques na Rússia e o fim das invasões recíprocas entre Rússia e Polônia. As potências ocidentais propuseram uma fronteira pela Linha Cyrzon (conferência de Spa, Julho de 1920), chegando a um acordo no Tratado  de Riga (outubro de 1920), que deu à Polônia uma minoria de bielo-russos e ucranianos. 
            A destruição do Império dos Habsburgos, o desarmamento da Alemanha e os efeitos da revolução e da guerra civil russa, alteraram o equilíbrio de forças. Mas a Alemanha não tinha concorrentes na Europa Central quanto à população e poderio industrial. A esperança das potências que se prejudicaram com a revisão dos tratados  de paz estava na manutenção de fatores de forte  alianças militares contra o restabelecimento do poder alemão. A França tentou conter a Alemanha formando alianças com a Polônia e a Tcheco-Eslováquia e cobrando indenizações. Mas os esforços franceses de promover um movimento separatista na Renânia e ocupação do Ruhr, para forçar o pagamento de indenizações, em 1923, foram desastrosos. Depois disso, Alemanha e França ficaram mais próximas e o Tratado de Locarno, de 1925, estabeleceu garantias nas fronteiras franco-germânicas e belgo-germânicas. A Alemanha aderiu à Liga das Nações (1926), mas também assinou um pacto de amizade e não-agressão com a URSS. Forças francesas e britânicas que ocupavam a Renânia foram retiradas e as potências europeias iniciaram discussões para um acordo de desarmamento mundial. 
            A Europa de 1920 aparentava ter um sistema estável, protegido da guerra pelos acordos da Liga das Nações. Mas o caráter ilusório dessa estabilidade ficou evidente quando a ação naval da Itália contra a ilha grega de Corfu, em 1923, e a tomada de Vilna pela Polônia, em 1920, ficaram impunes. Outro ponto fraco era a instabilidade da política interna de muitas potências europeias (sobretudo na Europa Oriental) e a fragilidade da sustentação econômica do sistema internacional. As tensões da Primeira Guerra, as falhas nos acordos de paz e as tensões do ajuste econômico fortaleceram grupos antiparlamentaristas e revolucionários e os partidos de esquerda e de direita. A Revolução Russa levou à criação de uma nova Terceira Internacional  Socialista (Comintern), que defendia que todos os partidos e movimentos filiados deveriam seguir sua liderança e modelo organizacional. Isso dividiu os partidos socialistas da França em parlamentaristas-socialistas e comunistas revolucionários, tornando inevitável a vitória da direita. 
            Alguns dos regimes e movimentos seguiram linhas nacionalistas e totalitárias, com base no modelo do fascismo italiano, que chegou ao poder em 1922. Outros (Polônia, Iugoslávia, Grécia)  eram tiranas burocrático-militares. Na Alemanha, levantes armados e quebras da ordem pública criaram um clima de guerra civil até a recuperação econômica de 1924. A Grã-Bretanha enfrentou várias greves, culminando com a greve Geral de 1926. Na Irlanda, em 1919/22, houve violenta luta armada, na forma de guerrilhas, entre britânicos e irlandeses nacionalistas, que instalaram um governo clandestino, em 1919. O acordo de 1921 manteve a região protestante do Ulster sob o governo britânico e transformou o restante da Irlanda em associado do Império. Isso provocou um conflito entre radicais e moderados no recém-criado Estado Livre  da Irlanda, somente solucionado em 1923.  
           A estabilidade entre 1925 a 1929 era mais aparente do que real e, com a chegada da Depressão, o caos financeiro e econômico voltou à Europa. O desemprego disparou, principalmente na Alemanha e na Grã-Bretanha. Na primeira, após 1930, os movimentos antiparlamentaristas de direita e de esquerda, nazistas e comunistas, aumentaram enormemente sua força. Na Grã-bretanha, um governo de "união nacional" com ampla maioria na eleição de 1931, manteve o controle parlamentar. Na Alemanha, após o fracasso de Bruning, Papen e Scheicher de criar um governo nacional efetivo, o líder nazista Hitler tornou-se chanceler em janeiro de 1933 e incorporou ou extinguiu os demais partidos. 
         Com a vitória de Hitler e a fragilidade  econômica da Grã-Bretanha e da França - onde o governo de Daladier foi derrubado em 1934 -, o precário equilíbrio da paz na Europa  sofreu danos irreparáveis. A primeira Guerra destruiu não apenas três grandes impérios europeus, mas também a credibilidade do sistema político e econômico do continente. Os novos Estados herdaram como governantes oponentes parlamentaristas das antigas autocracias, que receberam a culpa pela derrota e pelo caos econômico: para a direita, eram traidores e, para a esquerda, arautos da recessão e do desemprego. Nos países onde sobreviveu à inflação galopante e às agitações de 1919/23, o parlamentarismo acabou por sucumbir  sob pressões da nova depressão. A Liga das nações, mesmo após o ingresso da URSS, em 1934, somente representava a força dos países membros. Os povos da Europa sofreram muitas mudanças e desgraças desde 1914. Não é de estranhar que tantos tenham acreditado na promessa de uma liderança forte, sem investigar os objetivos e as credenciais dos que a ofereciam. 
              A Grande Depressão precipitou os acontecimentos que viriam a partir de 1929. A cronologia do colapso é bem conhecida, mas suas causas ainda são debatidas. Não há dúvida de que o craque da Bolsa de valores de 1929 e o consequente colapso financeira mundial foram apenas manifestações de debilidades mais profundos na economia. A instabilidade tinha várias origens. A Primeira Guerra Mundial provocou drástico aumento na capacidade produtiva, especialmente fora da Europa, mas sem um acréscimo equivalente na demanda. Havia desequilíbrio entre agricultura e indústria. As vantagens do crescimento acumulavam-se desproporcionalmente nos países industrializados e, nesses, nos setores industrial e financeiro. O aumento da produção levou, nos anos 20, à queda dos preços dos alimentos e matérias-primas, piorando as condições comerciais dos países dependentes da exportação desses bens e diminuindo o poder de compra de produtos provenientes dos EUA e Europa. A variação dos preços das mercadorias, dos estoques e da produção, especialmente a violenta queda de preços, causou muitas privações e transtornos em diversos países, em particular nos que dependiam das exportações de produtos agrícolas e matérias-primas. Nos EUA, os salários não acompanharam os lucros, prejudicando o mercado interno e limitando o potencial de novas indústrias (como o setor automobilístico) de substituir as já decadentes (como a têxtil). As finanças  internacionais nunca se recuperaram  dos transtornos da Primeira Guerra. O sistema pré-guerra de taxas de câmbio fixas e livre conversão foi substituído por um acordo (o padrão ouro), que nunca atingiu a estabilidade necessária para recompor o comércio mundial. 
            O colapso foi deflagrado pela crise financeira. A grande alto do mercado de ações no fim da década de 20 - sinal de debilidade  e de menores chances para investimentos - deu lugar a uma queda vertiginosa  no preço das ações, em outubro de 1929. Na luta por liquidez, fundos voltaram da Europa aos EUA e a propriedade europeia despencou. Em maio de 1931, o banco austríaco "Credit-Anstalt" faliu. Quando a Inglaterra abandonou o padrão-ouro, permitindo a desvalorização da libra, em setembro de 1931, o mundo todo foi afetado. Em muitos países industrializados, mais de um quarto da mão-de-obra ficou sem trabalho. os preços e salários despencaram. A produção industrial na Alemanha e nos EUA caiu a 53% dos níveis de 1929 e o comércio mundial a 35% de seu valor de 1929. Em 1929, a taxa de desemprego mundial era superior a 11%. Mas o impacto da crise foi desigual: algumas economias se reergueram rapidamente, enquanto outras sofreram durante toda a década. 
          É evidente que mudanças estruturais ocorreriam na década de 30: novas indústrias continuaram a crescer, os padrões de consumo modificaram-se, áreas periféricas aumentaram a produção de bens industrializados e os salários subiram. Uma nova ordem econômica mundial, ancorada em Wall Street e em Detroit, estava para emergir. Mas mesmo em 1939 esse sistema não tinha tingido o nível de produção industrial de 29 e só a Segunda Guerra Mundial arrancou os EUA da depressão econômica. 
               No início, os governos reagiram à Grande Depressão com esforços inúteis para a preservação do valore-ouro de suas moedas e do equilíbrio dos orçamentos, através da redução das despesas. Logo depois  tentaram estimular a economia interna através da intensificação de obras públicas, desvalorização (para ampliar exportações), subsídios agrícolas, cartelização, acordos tarifários protecionistas e preferenciais ou alguma combinação dessas políticas. 
            Essas medidas tiveram resultados variados. O sucesso dependeu da aplicação de estímulos firmes e da rapidez e extensão do rearmamento. A Alemanha e o Reino Unido se rearmaram primeiro, estimulando suas economias e as da Commonwealth. Escandinávia e Europa Oriental. A França e os EUA se rearmaram depois e sofreram mais na recessão de 1937/38. Internacionalmente, as políticas estatais levaram a um decréscimo e a um redirecionamento do comércio. Em 1935, boa parte do mundo estava dividido em cinco blocos monetários: as áreas da libra esterlina, do dólar, do ouro, do iene e a área de câmbio controlado pela Alemanha. Esses blocos equivaliam aos novos padrões de comércio e de influência. 
             Com o renascimento do nacionalismo econômico, a política internacional entrava em ebulição. A ofensiva japonesa nas exportações teve reflexo político na agressão militar contra a China. Hitler, Mussolini e os japoneses exploraram a desordem que o colapso econômico gerou e o mundo polarizou-se em dois campos armados: o Eixo (Alemanha, Itália e japão) e as "democracias¨ (lideradas pelo reino Unido, França e EUA). No  meio, a URSS, único país que, isolado do mercado mundial, conseguiu manter o crescimento econômico nos anos 30 e que os dois lados tentaram isolar ou transformar em aliado. 
              Poucos países atravessaram a Depressão sem sofrer mudanças internas. Na África,na Ásia e na América Latina, movimentos nacionalistas e revolucionários adquiriram novas bases de apoio, com a radicalização de trabalhadores urbanos e rurais devido à crise. O mundo desenvolvido dividiu-se em dois caminhos. O primeiro, liberal e democrático, exemplificado pelo "New Deal" de Roosevelt, nos EUA, e pelo governo da Frente Popular, na França. Nos dois países, a eleição de governos de esquerda ou liberais desencadeou greves e estimulou a organização sindical e reformas. O segundo caminho da direita, foi mais comum. A renúncia do ministério de Hamaguchi, em 1931, marcou o fim da experiência democrática japonesa. Com a Depressão, os movimentos fascistas difundiram-se pela Europa, levando Hitler ao poder na Alemanha em janeiro de 1933. Dois meses depois o direitista Dollfuss chegou ao poder na Áustria. A maioria da Europa Oriental logo seguiu o exemplo. Mesmo na França, reino Unido e EUA surgiram movimentos fascistas, pressionando governos para direita e perturbando movimentos de reforma. 
            A Grande Depressão provocou o colapso do liberalismo econômico e das instituições políticas liberais. Mas o triunfo dos regimes autoritários não durou muito. Mostraram-se incapazes de restaurar a antiga ordem ou de criar uma ordem nova e estável. Caíram com a Segunda Guerra Mundial. 


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