Total de visualizações de página

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A CIVILIZAÇÃO ROMANA DEPOIS DO NASCIMENTO DE CRISTO ..

.


 A História de Roma depois do nascimento de Cristo
A  Idade Antiga começa com a própria História. Nela incluem-se os povos de origem mais remotas, como os sumérios, egeus, egípcios, assírios, caldeus e persas. Entretanto, seu apogeu é a Antiguidade Clássica, que abrange as fazes hegemônicas da Grécia e de Roma. 
Iniciando-se cerca de 3.500 anos a.C., a Antiguidade chegou ao seu fastígio da Atenas do século V a.C. Nele viveram Péricles, Sócrates e Platão. No século seguinte, Alexandre Magno e Aristóteles. 
Com a decadência grega, a supremacia deslocou-se para Roma, onde atingiu seu esplendor no século anterior a Cristo, época de César  e Augusto 
Depois do Imperador Constantino, na era cristã, Roma sofreu um lento ocaso, com a degeneração de seus costumes e instituições, enquanto se fortaleciam as novas doutrinas espirituais. Convencionou-se marcar a passagem para a Idade Média no ano 476, em que o Império Romano do Ocidente se desmembrou com a invasão dos chamados bárbaros, de origem germânica.  

                Cesar Otaviano Augusto deveria ter sido o último governante de Roma no período antes do nascimento de Cristo. No entanto, por diversas razões ele, o primeiro Imperador de Roma, governou-a até o ano 14 d.C. quando morreu de causas naturais aos 75 anos. 
                 Filho adotivo de César, o qual o designara como seu herdeiro, no testamento. Tinha apenas dezenove anos, de aspecto gracioso, de baixa estatura , e não se salientava muito na arte oratória. Mas possuía uma inteligência viva e agilíssima. Quando o Senado o chamou a Roma, ele se encontrava em Apolônia, na Grécia, onde estava se preparando para a arte militar. Atendeu imediatamente ao chamado e assumiu logo o poder, sob o nome de César, procurando reunir em torno de si todos os veteranos do tio. 
             Poucos anos mais tarde o vemos unido em um novo Triunvirato a Marco Antônio e a Lépido, e mais tarde, com Antônio, na Macedônia, onde seu exército derrotou, na batalha de Filipos, Bruto e Cássio. Os dois antigos conspiradores mandaram seus próprios escravos que os passassem a fio de espada. Era o ano de 42 a.C.  
              Porém, o  segundo Triunvirato dissolveu-se quase de imediato. Lépido foi exilado numa ilha; Antônio, tendo permanecido no Oriente, apaixonou-se pela belíssima Cleópatra, rainha do Egito, até ao ponto de presenteá-la com algumas províncias romanas e repudiar sua própria esposa Otávia, irmã de Otaviano. A guerra foi declarada contra Cleópatra. Antônio interveio para ajudar a rainha, mas sua frota foi tão estrepitosamente batida em Âncio,  no dia 2 de setembro de 31 a.C., que Cleópatra fugiu, e com ela Antônio, que se suicidou. Quando a rainha compreendeu que para ela tudo estava perdido , fez-se picar o seio por uma pequena, mas venenosíssima serpente. Assim, Otávio se tornou senhor do Egito, fazendo dele uma província romana no ano 30 a.C. 
             Da gloriosa República Romana não permaneceu senão a lembrança. Otaviano, agora sem rivais, preparava o advento do Império. Conquistado o poder absoluto, demonstrou-se mais sábio e prudente do que Júlio César. Contentou-se em ser chamado "imperador" que, naquele tempo, significava "general vitorioso" ou então "príncipe", ou seja, aquele que no Senado dá seu parecer em primeiro lugar. 
               Após o fim do segundo Triunvirato, Otaviano  restaurou a fachada externa de república livre, com o poder governamental investido no senado romano, os magistrados executivos e as assembleias legislativas. Porém, na realidade, manteve seu poder autocrático sobre a República como um ditador militar. Conforme determinava a lei, reteve um conjunto de poderes atribuídos vitaliciamente pelo senado, incluindo o comando militar supremo e aqueles de tribuno e censor. 
                 Quando quis retirar-se da vida privada, os próprios Senadores convenceram-no a que continuasse guiando os destinos de Roma e foi nessa ocasião que deram-lhe o título de Augusto, isto é Divino. 
             Poderia parecer que Otaviano fosse esquivo a honrarias e ambição, mas, na realidade, ele havia acumulado em suas mãos tamanhos poderes, que o tornavam senhor da coisa pública. Era tribuno da plebe, cargo que o fazia inviolável e lhe concedia o direito de anular, com seu voto, qualquer ato que não lhe fosse agradável; era procônsul, e com isso tinha em mãos a administração civil  e o  comando militar de todas as províncias romanas; era pontífice máximo, ou seja, chefe da religião reconhecida pelo Estado; finalmente, era censor, para poder vigiar os costumes e nomear os Senadores. Foi ele que criou o primeiro programa de previdência do mundo, assegurando a lealdade do exército, tornando-se algo que nenhum romano havia sido antes: o comandante em chefe de todas as Forças Armadas. 
             Apesar de contínuas guerras de expansão nas fronteiras imperiais e uma guerra civil de um ano devido à sucessão imperial, o reinado de Otaviano Augusto iniciou uma era de relativa paz que ficou conhecida como Pax Romana. O mundo romano esteve praticamente livre de conflitos em larga escala. Ele drasticamente aumentou o império, anexando o Egito, Dalmácia, Panônia, Nórica e Récia, expandindo as possessões da África e Germânia. 
               No oriente, onde já desde muito tempo existia o uso de adorar os soberanos, como se fossem divindades, Otaviano foi adorado com um deus, e este uso se difundiu, por imitação, também no Ocidente. O sexto mês do ano (sextilis) passou a ser chamado com eu nome; Agosto deriva exatamente de Augustus. Para proteger sua própria pessoa, Augusto teve nada menos do que nove cortes de soldados escolhidos, fidelíssimos, que se denominavam pretorianos. 
              Não é preciso dizer que o povo romano aceitou com muito prazer o governo de César Otaviano Augusto, o qual, de sua parte, jamais abusou do supremo poder e agiu sabiamente, sobretudo em favor do Estado. Subtraiu as províncias ao vexame dos pro-cônsules, ávidos somente de enriquecer, nomeando, em seu lugar, governadores, e fê-los vigiar estritamente. Distribuiu as taxas, com bastante justiça, entre os cidadãos, segundo o censo. Promulgou leis justas, para atacar o desmedido luxo dos ricos e puniu quem desse escândalo com sua própria conduta indigna. Embelezou Roma de maneira a poder gabar-se de haver encontrado uma cidade de tijolos e tê-la reconstruído com mármore. 
              Ele não amava a guerra  e nem a glória militar, mas foi obrigado a combater contra os Germanos, uma raça belicosa e turbulenta, que ameaçava o império. 
               No ano de 16 a.C., para rechaçar algumas tribos germânicas, mudou as fronteiras do Império do rio Reno para o rio Elba. Dessa maneira, ser-lhe-ia mais fácil defender os limites. A luta foi dura, mas acabou sendo vitorioso. Pouco depois, porém, formou-se uma coalizão de povos germânicos, guiados por Armínio, feroz guerreiro, que desafiava os Romanos, embora houvesse sido educado em Roma. Por meio de um estratagema, Armínio atraiu as legiões romanas para a floresta de Teutberg, onde os exterminou; era o ano 9 a.C. O cônsul Quintino Varo, que as comandava, suicidou-se. 
             César otaviano Augusto chorou lágrimas amargas, por causa dessa derrota. Morreu aos 76 anos (14 anos depois do nascimento de Cristo), em Nola, entre os braços da esposa, Lívia Drusila, sem deixar filhos varões.  Adotara o enteado Tibério, e designou-o como seu sucessor. 
             Portanto ele foi, também, o primeiro imperador romano da nossa era. 
              Com a morte de Otaviano Augusto vieram seus sucessores. 
               Como vimos, Augusto designara para seu sucessor, no supremo poder civil e militar, seu enteado Tibério. Assim, a monarquia, de eletiva, torna-se hereditária, e nada mais influía o povo romano, que até então manifestara sua vontade através de representantes legitimamente eleitos. 
               O novo imperador, elevado ao trono aos 56 anos, granjeara bastante fama e mérito nas lutas contra os Germanos. A ele se deve, de fato, a conquista da Germânia ocidental. 
              Revelou-se administrador sábio e previdente. Era todavia, desconfiado e arredio. Desta sua fraqueza, aproveitou-se seu pérfido ministro Hélio Sejano, que lhe fez crer que os senadores desejavam arrebatar-lhe o trono. Tibério começou a sentenciar condenações de morte, gerando entre a aristocracia romana um verdadeiro terror. 
               Quando descobriu a duplicidade de Sejano, sua desconfiança aumentou e, da ilha de Cápri, perto de Nápoles, aonde ele se retirara, continuou a assinar decretos de morte. Cometeu infinitas crueldades, e morreu sufocado por  Macron, em seu próprio leito. Era o ano 37 da era cristã. 
                Quatro anos antes de sua morte, havia sido crucificado, sob o monte calvário, Jesus Cristo,  que ficou conhecido como o  Redentor da Humanidade. 
              A Tibério sucedeu Caio Júlio César Germânico, denominado Calígula, por causa do calçado militar (caliga) que usara desde criança. Também Calígula começou governando com sábia tolerância, mas esse seu bom período de governo durou pouco. Em menos de um ano, o novo imperador ensandeceu, cometendo toda sorte de singularidade, chegando a obrigar o Senado a nomear seu cavalo Incitatus como senador. 
              Esse reinado de loucura e terror durou três anos, isto até quando um oficial dos pretorianos, Cássio Quéreas, apunhalou Calígula, libertando Roma de tamanho flagelo.  
                  Foi, então, eleito imperador o velho Cláudio, tio do defunto Calígula, bom homem, mas tímido e de caráter muito fraco. Libertou os escravos, e estes se aproveitaram para cometer crimes de toda sorte. Teve duas esposas; a primeira Messalina, praticou toda casta de imoralidades e Cláudio mandou matá-la.; a segunda, irmã de Calígula, por sua vez, envenenou o imperador, a fim de garantir o trono a Nero, filho que ela houvera do primeiro marido. E assim, "britânico", o legítimo herdeiro, foi espoliado da sucessão.
                  Apesar de tudo, o reinado de Claudio  durou treze anos. O imperador deixara algumas obras em idioma grego e latim. Mandara construir um novo aqueduto (ácua Cláudio), ligando o porto de Óstia e o lago Fucino.  Foi, sem dúvida, uma obra de grande importância porque abasteceu a cidade de Roma que não parava de crescer. 
                Nero ascendeu ao trono no ano 54 da era cristã, com apenas dezessete anos de idade. Ele deixou as rédeas do governo a Agripina, sua mãe, e ao filósofo Sênega, seu professor. Os primeiros cinco anos de seu reinado figuram entre os melhores da história do Império. Mas, também ele ocultava em si os germes da loucura e da ferocidade, que corriam no sangue dos "Claudios", a cuja estirpe pertencia. 
               Chegou o dia em que tais malvados instintos nele despertaram. Nero usurpara o trono ao seu meio irmão "britânico" e por isso tratou de libertar-se deste envenenando-o. Depois mandou degolar a própria mãe Agripina. Afastou da corte o mestre fiel e sábio conselheiro Sêneca, e obrigou-o a suicidar-se, porque desconfiava que houvesse tomado parte na conspiração dos Pisões, em companhia de Petrônio, escritor e poeta. Ainda hoje se lê com grande interesse seu Satiricon, que é um documento histórico sobre a vida de devassidão daqueles tempos. Também Otávia, esposa de Nero, filha do defunto imperador Cláudio, foi exterminada violentamente. Seu lugar foi tomado pela corrompida Popéia. Mas também a nova imperatriz seguiu, depois de algum tempo, a mesma sorte de Otávia. Morreu devido a um pontapé que lhe aplicou o marido. 
                Nero, despido como estava de qualquer senso moral, cometeu toda espécie de torpezas. Julgava-se um grande artista, ator e poeta, e quem quer que fosse que desejasse criticá-lo era punido com a pena de morte. Para encher a medida de suas atrocidades, ocorreu o incêndio de Roma e dizem que ele gozou o espetáculo do alto de um terraço, cantando, com o acompanhamento de uma lira.  O povo acusou-o como causador do incêndio, e ele, a fim de afastar de cima de si as suspeitas, acusou os cristãos, contra os quais, por sua ordem, foi desencadeada uma terrível perseguição. Nenhum martírio lhes foi poupado. O apóstolo São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, na colina do Vaticano e, São Paulo, decapitado. 
                As notícias de tais horrores difundiam-se pelas mais distantes regiões do Império, e por toda parte provocam censuras e indignação. Finalmente, a Gália e a Espanha insurgiram-se, as legiões que ali estavam destacadas proclamaram Nero deposto e em seu lugar elegeram imperador o General Galba. 
             À frente de suas tropas, Galba marchou sobre Roma, a fim de assumir o poder efetivo. Nero não teve sequer coragem de esboçar uma defesa. Apavorado com as notícias que lhe chegavam e que assinalavam a aproximação do rival, refugiou-se em uma sua propriedade, nas vizinhanças de Roma. Abandonado por todos quantos o haviam circundado até então, ostentando grande amor por ele, compreendeu afinal, que só lhe restava morrer, mas sua mão tremia, faltava-lhe a coragem necessária para suicidar-se. E foi um dos seus escravos quem lhe desferiu, a seu pedido, o golpe final. 
               Com Nero terminou, no ano 68, a dinastia dos "Cláudios", que se demonstrou tão funesta aos Romanos. 
                Foi justamente neste período, depois de Otaviano que houve a crucificação de Cristo, a mais famosa da história romana. Também foi nesse período que viveu o sábio Sêneca, um dos maiores escritores de Roma. Ele sempre escrevia sobre todos os importantes acontecimentos de Roma; contudo não se encontra uma única frase que ele tenha escrito sobre a crucificação de Cristo. Por que? - Sobre este assunto irei escrever na história do Imperador Constantino que tornou o cristianismo a única religião de Roma. 
               Sérvio Suplício Galba, ancião de 72 anos, que pertenceu a família patrícia, alia-se a Júlio Víndice e Marco Sálvio Otão, procônsul da Lusitânia (atual Portugal). Mas seu reinado durou pouco; depois de apenas sete meses, os próprios Pretorianos que o haviam eleito o mataram. Sucedeu-lhe  no poder Marco Flávio Otão. Mas as legiões de Roma, acampadas na Gália, haviam nomeado, por sua vez, imperador  Aulo Vitélio. E logo se apresentaram em baixar à Itália, para combater as legiões que haviam ficado fiéis a Otão. O choque entre ambos ocorreu perto de cremona, onde se efetuou a batalha campal e onde a derrota dos homens de otão foi completa. O imperador derrotado suicidou-se logo após receber a notícia de que seu exército fora destruído por Aulo Vitélio, e isto ocorria somente depois de três meses de difícil governo. Não muito mais longo foi o reinado de Vitélio. Então, os legionários romanos nomearam imperador Tito Flávio. Era o ano 69 da nossa era. 
                Este pôs término às desordens e à instabilidade do regime imperial. Conseguiu deter os Germanos, que novamente se apresentavam nas fronteiras setentrionais do Império, e levou a bom termo a guerra contra os Hebreus, entregando o comando ao próprio filho, Tito. Durante esta luta, a cidade de Jerusalém foi destruída. 
                Sob o reinado de Vespasiano, foi iniciada a construção do Coliseu ou Anfiteatro Flávio, para ali se realizarem espetáculos de lutas entre feras e gladiadores.  Vespasiano providenciou a reforma do Senado, do qual expulsou os indignos, substituindo-os por homens ricos e poderosos, mas sobretudo virtuosos, oriundos das províncias. Morreu no ano 79, depois de haver sensivelmente melhorado as condições econômicas e políticas do Império, deixando, assim, uma ótima recordação do seu governo. Protegeu também, sobremaneira, os artistas e os sábios. 
            Tito Flávio Vespasiano, sucedeu o filho Tito, que, devido á sua bondade, foi dominado. Foi um grande ser humano, mas Roma era um Império onde havia muito ódio e revoltas constantes que, certamente, não condiziam com sua bondade. Dizem seus biógrafos e historiadores que ele considerava dia perdido, quando não praticava alguma boa ação. 
              Sob o reinado de Tito foram construídos: o Circo Máximo e o Anfiteatro Flávio, o colossal teatro ao ar livre, cujas ruínas foram chamadas Coliseu, pela grandiosidade e imponência que possuía a primitiva construção. O povo romano, tão ávido de espetáculos e jogos, precisou receber o acabamento do Circo Máximo como um acontecimento excepcional e memorável, que, certamente, deve ter sido anunciado nos Acta diurna, equivalentes aos nossos jornais e mídia em geral. Eles publicavam diariamente as notícias dos fatos mais importantes, que eram compilados por oficiais subalternos, chamados Actuarii, com o auxílio de outros, denominados Notarii (comparáveis aos nossos atuais enviados especiais). Também nesses escritos não se encontra absolutamente nada sobre a crucificação de Cristo. 
           Mas não foram todos acontecimentos alegres que os Acta tiveram que registrar no governo de Tito. Houve, também, incêndios e epidemias durante os quais o imperador prodigalizou seus socorros em favor das populações atingidas. A catástrofe mais grave, no reinado de Tido, foi a erupção do Vesúvio, que, inativo desde milênios, tanto que nem mais o julgavam um vulcão, abrigava, em suas encostas floridas, mansões patrícias em quantidade e havia, nas suas imediatas vizinhanças, as belas cidades de Herculano, Stabia e Pompéia. 
             O império de Tito durou apenas dois anos. 
             Bem diferente foi o de seu irmão Domiciano, que sucedera Tito no trono imperial. Crueldade e suspeitas eram os dois sentimentos que mais predominavam em seu coração. Mas, nos primeiros tempos de seu governo, ele soube ocultá-los sob uma máscara de justiça e de moderação. Adjudicou-se glória militar, ao conquistar a Britânia, e reformou não pouco os costumes. Mas não pode continuar fingindo por muito tempo as virtudes que não possuía, e bem depressa apareceu tal qual era na realidade, ou seja, perverso e pervertido.  
             Retomou a perseguição aos Cristãos, exilou e matou filósofos e literatos. Seu reinado desumano durou quinze anos; foi varado por punhais no ano 96, por conspiradores que tinham a seu lado a própria imperatriz, Domícia Longina. 
              Com a morte de Domiciano, interrompia-se a série dos imperadores da Casa Flávia. 
               No ano 96, cessa o regime imperial fundado na sucessão; o imperador não mais será eleito por motivos de parentesco. De fato, primeiro os Pretorianos e depois o Senado, designaram imperador Mário Cocéio Nerva, de 70 anos, natural da Úmbria, que reinou até ao ano 98. Foi um rígido administrador do estado, famoso, sobretudo, por haver providenciado, com sua "Instituição Alimentar", a assistência pública às moças e aos meninos pobres. 
            Nerva deixou o poder a Iário Úlpío Trajano, natural da Espanha, que foi obrigado a enfrentar duas guerras contra os Dácios, derrotando aquele rei Decébalo, que acabou por matar-se. Conquistada a Dácia (atual România). Trajano dedicou-se a obras públicas; ampliação dos portos de Ancona, Civitá Vécchia e Óstia, trabalhos de beneficiamento do lago Fucino, construção do aqueduto que ainda hoje fornece a Roma a "Água Paula" e do grandioso Fórum, cuja coluna, em uma faixa esculpida de baixos relevos, representa cenas da guerra contra os Dácios. Conduziu outras guerras: contra os Iberos, os Armênios, os Partas, que derrotou entre os anos 116 e 117, estendendo os limites do Império até os rios Eufrates e Tigre. Talvez teria chagado á região do Indo, mas foi obrigado a regressar, devido a uma rebelião . Durante a viagem, adoeceu e morreu em Selinunta (Cilicia), em 117. 
              Sucedeu-lhe Públio Hélio Adriano, seu filho adotivo, também espanhol de nascimento, que reinou até 138. Era um homem culto. Amou as letras e as artes, e preferiu residir em Atenas ao invés de Roma, mas não se descuidou da Romanização do Império. Fundou Andrinópla, na Trácia, e Antinoe, no Egito. Por dois insignes juristas - Sálvio Juliano e Sérvio Cornélio - mandou unificar e reordenar as leis que tinham sido emanadas de Roma, no passado. Afinal, mandou construir na Urbe a Mole Adriana (hoje Castelo  Santo Ângelo), destinada a ser seu sepulcro. 
               Adriano designou para seu sucessor Tito Aurélio Fúlvio Antonino, um imperador que reinou até 161 e que, pela sua timidez, foi apelidado Pio. Este emanou um memorável decreto em prol dos escravos; o senhor que matasse um escravo seria considerado culpado do homicídio e, como tal, processado e punido. 
             A Antonino Pio sucedeu Marco Aurélio, filósofo, que reinou sabiamente até 180. O imperador-filósofo enfrentou e repeliu muitos bárbaros, como os Quados, os Marcomanos, os Sármatas e os irredutíveis Partas. Morreu em Vindobona (a atual Viena), quando ia combater, mais uma vez, contra os Marcomanos. Seu filho Cômodo foi o último imperador adotivo. Tinha um caráter excêntrico e tirano, propenso aos prazeres, ele foi assassinado em 192. 
             Depois de Hélvio Pertinax  e Dídio Juliano, em 193, subiu ao trono o general Sétimo Severo, nascido na Tripolitânia (Tripolitana). Este concentrou o poder absoluto em suas mãos e assumiu, em lugar do antigo título de príncipe, aquele de dominus; dissolveu a guarda pretoriana, que se tornara muito irrequieta e, no campo do Direito, reiniciou a tarefa de Adriana, entregando aos jurisconsultos Papiniano, Ulpiano, Paulo e Modestino a coordenação das leis de Roma. Morreu em Eboracum (a hodierna York, na Inglaterra), combatendo contra os Caledônios, no ano 211. 
              Sucederam-lhe os filhos, Sétimo Bassano e Sétimo Geta, que, com ciúmes um do outro, alimentaram seu  ódio recíproco até que o primeiro matou o segundo. E como Sétimo Severo afirmava ser descendente dos Antoninos, Sétimo Bassano assumiu o nome de Marco Antônio Antonino, mas os contemporâneos apelidaram-no de Caracala, devido aos trajes à moda gálica, que ele usava. Desequilibrado, violento, autoritário, Caracala foi péssimo administrador, mas se revelou genialíssimo como edil (uma espécie de vereador). Testemunharam-no, em Roma, as termas que lhe trazem o nome e das quais existem ainda grandiosas ruínas. Uma conspiração militar matou-o no ano 217. 
               Sucedeu-lhe Macrino, que os próprios soldados eliminaram, em apenas um ano após subir ao trono, elegendo Heliogábalo, com somente quatorze anos de idade. Este era sobrinho de Sétimo Severo, e da nativa Síria levou para Roma a religião do deus Sol, do qual era sacerdote. Mas os romanos não quiseram saber disso e, durante seu quarto ano de reinado, também Heliogábalo foi assassinado. 
                Foi então eleito outro rapaz de quatorze anos, Marco Aurélio Alexandre, que, após a derrota sofrida de parte dos Germanos, foi morto em companhia da mãe, mas mesmo assim, reinara treze anos.
            Seguiu-se Caio Méssio Quinto Trajano Décio que, aclamado pelos soldados em Méssia, em 249, revelou-se ótimo general; morreu dois anos depois, quando combatia contra os Godos, que haviam invadido a Dácia e sua nativa terra, Ponônia. Sucedeu-lhe Públio Licínio que, sob o nome de Valeriano, reinou de 253 a 260. Foi um audaz general das legiões romanas, contra o rei Sapore da Grécia. Aprisionado à traição, morreu de privações nas prisões persas. 
               Para encerrar a série vamos encontrar Galiano, filho de Valeriano, que repeliu os Alemães, que haviam chegado até as planícies padanas, sem poder impedir que os bárbaros invadissem a Espanha, a Gália, a Britânia e as províncias danubianas. Entrementes, surgiram diversos soberanos locais independentes, acomunados, no período que os historiadores denominam dos Trinta Anos. Irritados contra o imperador, que não soubera impedir o  esfacelamento do domínio de Roma, os soldados trucidaram-no no ano 268. 

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Império Romano de 31 a.C. até 565 d.C.

                 Ao derrotar antônio e Cleópatra em Actium em 31 a.C., Otávio tornou-se senhor não apenas do Egito, de que se apoderou como domínio pessoal, mas de todo o mundo romano (Poder-se-ia dizer que o sucesso lhe subiu á cabeça).  Em 27 a.C., recebeu o título de Augusto, sob o qual se tornaria divindade romana após a morte. Sem rivais políticos no Senado e com total apoio de seus exércitos, Augusto introduziu reformas de longo alcance (nos impostos,família e vida social), acabou com a corrupção local e na administração provincial e promoveu a volta de cultos religiosos romanos e italianos. Intitulou-se Primeiro Cidadão (Príncipe), reformulou a constituição interna e estendeu as fronteiras. 
              Enquanto concentrava poder, Augusto permitiu que o Senado, os velhos magistrados e a classe dos negociantes (a Ordem Equestre ) partilhassem com ele a administração do Império. Assim, na teoria, "a República foi restaurada" e o governo permaneceu em mãos civis. À custa de perder algumas das liberdades individuais, um governo estável deu à maior parte do mundo ocidental civilizado cerca de dois séculos e meio de paz e prosperidade, com municipalidades por todas as províncias gozando de considerável independência e com a cultura predominantemente latina do ocidente complementando o helenismo do Oriente. 
              Mas cresceram as pressões externas das fronteiras setentrional e oriental e o governo civil se desintegrou em 235. Exércitos em diferentes províncias tentaram transformar os próprios comandantes em imperadores (conhecidos como Os 30 Tiranos), o que arruinou a vida econômica. Porém de 268 a 284, uma série de poderosos imperadores frustrou os planos de invasores góticos, entre outros, restabelecendo um governo aparentemente organizado. 
             No início do império de Augusto, as fronteiras eram defendidas por um exército permanente de 300 mil homens, a maioria organizada em unidades ao longo das fronteiras imperiais que, a princípio, eram rios, mares e montanhas. esta barreira era protegida por um sistema de estradas militares, enquanto a frota naval protegia a atividade comercial romana. Ao fim da expansão sob o governo de Trajano ( morto em 117), barreiras permanentes de pedras foram erguidas para proteger as fronteiras no norte da Inglaterra e na Escócia, para além do rio reno ao longo do Danúmio na Síria e no norte da África. Por trás dessas defesas a cidadania romana se expandiu e, em 212, Caracala concedeu-a a todos os habitantes livres. Mas, em meados do século III, a falta de estabilidade interna ameaçou o sistema. 
               Quando Diocleciano tomou o poder em 284, dividiu-o entre ele e um Augusto, com dois Césares subordinados, e separou o Império em 4 prefeituras e 12 dioceses. Extinguiu-se o principado; os militares triunfaram sobre os civis e era preciso encontrar nova base para a autoridade imperial. Sob a influência de ideias orientais, o Pinceps tornou-se Dominus (Senhor), governador absoluto á frente de uma vasta burocracia. Na verdade, o centro do poder romano estava se deslocando para o Oriente; Constantino fundou uma nova capital e uma cidade cristã em Bizâncio, mais tarde em 330 chamada Constantinopla. (Constantino foi o responsável pelo poder mundial do cristianismo; sem ele a religião mais rica do mundo teria se mantido na região de sua origem). 
                  Um novo sistema fiscal reaqueceu a economia, mas apenas adiou o declínio. Teoricamente administrado por dois governadores, o império dividiu-se aos poucos em uma parte oriental e outra ocidental, enquanto províncias afastadas caíam nas mãos de invasores bárbaros. A própria Roma foi saqueada pelo visigodo Alarico em 410 e pelo vândalo Gengerico em 455 e, em 493, um reino ostrogodo foi fundado na Itália. O Império Ocidental caiu nas mãos dos invasores e em meados do século VI fracassou a tentativa de Justiniano de reunir as duas metades. Mesmo assim, o Império Bizantino ( que com o apoio direto do clero tentou reviver o antigo poder do Império Romano) sobreviveu por mais de mil anos, até a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. (Foi durante o período bizantino que o cristianismo, como conhecemos hoje, se espalhou pelo mundo todo e se transformou num poder econômico universal e hoje tem seu próprio banco que investe o dinheiro dos fiéis nas indústrias mais lucrativas como, por exemplo, a armamentista e farmacêutica.)
              Nos dois séculos que se seguiram à fragmentação do Império Ocidental, o Estado bizantino conservou as instituições romanas. Embora o grego tenha substituído o latim e a administração tenha se tornado menos centralizada, o Império Oriental compilou os dois grandes monumentos da lei romana, os códigos de Teodósio e de Justiniano. O Oriente preservou e transmitiu ao mundo muitos dos legados do mundo antigo. Mesmo no Ocidente, muitas tradições romanas sobreviveram. Além de se transformar em várias línguas"românticas" derivadas, o latim permaneceu a língua da Igreja cristã e da ciência; a lei romana forma a base de grande parte dos sistemas legais da Europa moderna; muitas das proezas dos gênios da engenharia romana ainda podem ser vistas; e a Igreja Romana continua viva, como uma ligação direta com o passado. Para os cofres do Banco do Vaticano continuam fluindo dinheiro de todos os fiéis do mundo inteiro.

A Economia do mundo romano
            O Império romano abrangia uma extensa área, com uma única moeda corrente , baixas tarifas alfandegárias e uma rede de estradas e portos protegidos. Embora a agricultura local e o artesanato satisfizessem as necessidades básicas da maioria, produtos naturais e mercadorias manufaturadas eram transportadas a longa distância. Várias cidade, como a própria Roma e outras na Grécia e Ásia menor dependiam de cereais importados.  Nos demais lugares, colheitas locais deficientes geravam necessidade periódica de importações. Partes do Império, como a Itália, Grécia, Síria, Egito e África (Tunísia), não tinham metais essenciais. Surgiu um comércio de tecidos de lã e linho fabricados em diferentes províncias. Os artigos de luxo do Oriente chegavam a todas as regiões; trajes de seda eram símbolo de status dos cidadãos mais abastados; especiarias, principalmente a pimenta, temperavam os alimentos da maioria da população. 
            Grande parte do comércio de longa distância surgiu com o império. A riqueza concentrava-se em Roma, onde cerca de um milhão de habitantes consumiam cereais e azeite de oliva, importados como impostos em espécie. As principais áreas produtoras de cereais eram Sicília, África (Tunísia e Argélia) e Egito. A maioria do azeite vinha da Espanha e da África. O mármore para projetos de construção romanos e os animais para arena tambékm vinham de longe. Além disso, a procura por produtos naturais e manufaturados pelos exércitos localizados nas províncias fronteiriças levou a essas áreas grande desenvolvimento na agricultura, mineração e manufatura. Os fornecimentos ao Exército e outras mercadorias eram transportados por rio, principalmente Reno (Rhenus), Ródano (Rhodanus), Danúbio (Danuvius) e seus afluentes . Várias cidades grandes, como Trier (Augusta Trevererum). Lyon (Lugdunum), Aquilei
a e Antioquia, funcionavam como centros administrativos e distribuidores de provisões. Em várias regiões, colonias-cidades com território anexo eram povoadas e administradas por soldados aposentados. Os exércitos, as colônias e a urbanização dos habitantes mais abastados levaram a uma nova procura nas províncias da Europa Ocidental e nos Balcãs por mercadorias que refletiam o estilo de vida romano: vinho, azeite de oliva, armas, objetos artísticos de metal, cerâmicas e vidros de qualidade. No início do século I d.C., a Itália fornecia essas mercadorias e cerâmica de Arezzo (Arretium) para as terras do Mediterrâneo, Gália, Reino Unido e Balcãs ocidentais. Objetos de cerâmica de Arrezzo eram encontrados até na Índia. A seguir, a indústria de cerâmica de qualidade  que atendia às províncias ocidentais avançou para o norte, até a região de Toulouse (La Graufesenque e outras localidades), Lyon (Lezoux e outras localidades) e, depois, a região do Reno, onde o vidro começou a ser fabricado perto de Colônia (Colonia Agrippina) e uma indústria de metais se desenvolveu na região montanhosa do sudoeste. A Espanha exportava minérios metalíferos e, durante o império, também azeite de oliva e molho de peixe (garum), que enchiam as ânforas despachadas para Roma e lugares distantes como o Reino Unido. De 200 d.C. até o fim do século VII d.C., o norte da África exportou azeite de oliva e cerâmica para o Mediterrâneo, já que no fim do século II as exportações da Itália diminuíram e grandes áreas do Império se tornaram auto-suficientes na produção dos artigos típicos do estilo de vida romano. 
            A distribuição das cidades mostra que Ásia, Síria, Egito, África (Tunísia), sul da Espanha, Itália e Provença eram regiões mais desenvolvidas. Nas cidades, as propriedades não eram divididas igualmente e um grupo de homens abastados financiava as construções públicas. O Exército permanente era, às vezes, empregado para construir estradas, pontes ou fortificações, principalmente nas regiões fronteiriças. A riqueza em geral se transformava em terras e a maior contribuição à produção econômica vinha da agricultura de baixa produtividade praticada pelos mais pobres. 
             Apesar do sistema de estradas, o comércio era limitado pela demora e pelas despesas do transporte por terra, que dependia de burros, mulas e bois, em vez de cavalos.  Era mais barato atravessar o Mediterrâneo para transportar cereais do que percorrer 130 quilômetros de estrada em carretas. 
            As classes comerciais tinham baixo nível social e mesmo os mercadores mais ricos ficavam abaixo dos notáveis proprietários de terras ou membros da aristocracia imperial. Muitas atividades comerciais eram realizadas por homens humildes que viajavam com pequeno estoque de mercadorias. A produção em fábricas era desconhecida, mesmo a de mercadorias com grande procura, como utensílios de mesa em cerâmica. A maioria dos produtos era confeccionada por artesãos que trabalhavam  em pequena escala, às vezes diretamente para os usuários das mercadorias produzidas. Áreas sensíveis da economia, como a fabricação da prata (para fazer moedas e pagar o Exército e funcionários imperiais)  a partir dos minérios de chumbo importados da Espanha, Grécia e Reino Unido, eram de propriedade direta do imperador e organizadas por seus funcionários. Os escravos eram uma parcela significativa da população, fornecendo mão-de-obra para serviços domésticos, manufatura e agricultura. Os administradores das fazendas, oficinas, navios ou bancos em geral eram escravos ou escravas libertos. 
         A crise política e militar do século III enfraqueceu de vez a economia imperial e, para pagar as tropas, o governo diminuiu o valor da prata usada como moeda corrente. Houve desvalorização da moeda, culminando com uma rápida inflação até cerca de 300 d.C., quando Diocleciano restaurou a estabilidade interna. A partir daí os impostos em espécie ganharam importância. Estabeleceu-se nova moeda corrente baseada no ouro, mas o bronze usado como moeda corrente continuou desvalorizando até o fim do século IV.  
                O Império Romano representou uma economia ímpar, auto-suficiente em relação às mercadorias essenciais. Sua coesão foi facilitada por fatores geográficos, como o Mar Mediterrâneo e os sistemas fluviais que nele desaguam. Mas o desenvolvimento de algumas áreas em detrimento  de outras e a direção e volume do movimento das mercadorias foram determinados pela organização política. A fragmentação do Império Ocidental no século V d.C. pôs fim à intensa transferência de recursos dirigida pelo governo para Roma, Itália e os exércitos das fronteiras. Mas, embora reduzido, o método de intercâmbio comercial no Mediterrâneo durou até o século VII, quando novos modelos começaram a surgir. 


PARA LER DESDE O INÍCIO
clique no link abaixo 



terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

OS PRIMÓRDIOS DA CIVILIZAÇÃO ROMANA

.



Aqui você vai conhecer o período romano antes de Cristo

                      Lá pelo ano 1.000 a.C, a península italiana, habitada, habitada até então por populações relativamente evoluídas, foi invadida pelos Etruscos, um povo cujas origens, em parte,  são bastante misteriosas. Estabelecidos primeiramente na Toscana, os Etruscos invadiram gradativamente a Úmbria, o Lácio, a Campânia, o Vale Padano, levando para toda parte o ensinamento de sua civilização, que amadurecida somente depois de sua chegada ao solo italiano, atingiu um grau certamente inferior àquele dos povos asiáticos, mas, assim mesmo, em muito superior àquele das populações autóctones. 
                 A religião dos Etruscos, inspirada em grande respeito pelos mortos, fez com que os sepulcros fossem construídos de modo igual ao das casas dos vivos, para que aos defuntos parecesse menos amarga a separação da vida terrena; e foi graças a essas urnas que pudemos reconstruir, com bastante aproximação, a arquitetura das primeiras habitações desse povo. Nos primeiros tempos viveram em cabanas de formato circular, com um só vão, e sem outra abertura, além da porta; as paredes eram feitas de ramos revestidos de argila (pau a pique), terminavam num teto recurvo, com forte saliência, a fim de eliminar mais facilmente as águas pluviais. Externamente, a casa possuía raras aberturas, comumente situadas ao alto; a porta, geralmente de formato trapezoidal, era sempre encimada por uma placa com o nome do proprietário e guardada por cães vigilantes. 
                 Roma surgiu de um agrupamento de aldeias nos séculos 7 e 6 a.C., sob a influência do etruscos. Por volta de 510 a.C. os etruscos foram expulsos pelos romanos, que estabeleceram uma república cada vez mais poderosa. Enquanto os gregos repeliam as invasões persas no início do século 5 a.C. Atenas atingia o apogeu sob o governo de Péricles, os romanos controlavam apenas uma pequena parte da Itália central. Só após a época de Alexandre os gregos notaram o avanço dos bárbaros no oeste. Também os cartagineses, com monopólio comercial e um império ultramarino no mediterrâneo ocidental ignoravam a Itália central, até então agrícola. Roma pode assim, estender seu poder sem interferências e, em 264 a.C. , já liderava uma liga italiana única. Pouco mais de um século depois dominaria todo o Mediterrâneo. 
                A população italiana primitiva  era diversificada. A cultura apenina da Idade do Bronze das terras altas centrais no início do primeiro milênio a.C. cedeu lugar à cultura Vilanoviana da idade do Ferro, que florescia do vale do Pó até a Etrúria e a região de Roma, chegando à Campânia. Mas, no século VIII a.C., una nova e  brilhante cultura artística desenvolveu-se na Etrúria. Era o reflexo de uma sociedade complexa, estimulada pelos crescentes contatos comerciais entre Itália e as civilizações grega e fenícia, a partir de 750 a.C. , os colonos gregos fixaram povoamento na costa, de Cumas até o extremo sul da Itália e Sicília.
                O poder político etrusco declinou a partir do final do século VI, à medida que Roma ascendia, a princípio libertando-se, depois dominando os latinos da Itália central, antes de voltar-se contra os Estados circundantes: sabinos, équos, volscos e (no século IV a.C) samnitas. Roma ganhou território (ager Romanus); em 500 a.C. já controlava cerca de 900 quilômetros quadrados; em 260 a.C., por volta de 26 mil km². As conquistas trouxeram a extensão da cidadania romana, total ou com privilégios limitados. Roma também formou uma liga com privilégios especiais para os latinos. Seus aliados controlavam em 260 a.C., perto de 110 mil Km², ampliando a real dominação romana para cerca de 135 mil Km² . Roma fortaleceu sua influência ao fundar colônias estratégicas na Itália, ligadas por uma rede de estradas. As colônias eram compostas apenas por cidadãos romanos ou por latinos; as primeiras eram parte do Estado romano; as segundas, independentes porém aliadas privilegiadas. 
             O surgimento desta poderosa liga representava um desafio para Cartago, com territórios no note da África, Sicília e Sardenha e grande interesse comercial no Mediterrâneo ocidental. Quase por acidente , Roma e Cartago entraram em conflito na Primeira Guerra Púnica entre 264 e 241 a.C. Roma ainda era essencialmente agrícola, e tornou-se, então, uma potência naval e expulsou os cartagineses primeiro da Sicília e depois, em 238 a.C. da Córsega e sardenha, ganhando assim duas províncias ultramarinas. Na segunda Guerra Púnica entre 218 a 2012 a.C., Aníbal invadiu a Itália a partir de um recém fundado império cartaginês na Espanha, mas foi repelido e expulso. E a Espanha transformou-se em duas províncias romanas. Roma dominava agora o Mediterrâneo Ocidental e, na Terceira Guerra Púnica, derrotou Cartago e anexou seu território como província da África em 146 a.C.
                Roma também voltava sua atenção para o Mediterrâneo Oriental onde havia derrotado os monarcas helenísticos da Macedônia em 197 a.C. e Síria em 190 a.C. . Conteve por meio século o impulso de estender seu domínio direto. Em 146 a.C. anexou a Macedônia a seu sistema de províncias e em 133 a.C. Átalo de Pérgamo legou a Roma seu reino, que se tornou província da Ásia. 
               Toda a Itália estava politicamente unida com a extensão da cidadania romana em 90 e 89 a.C.; mas o crescente poder de Roma no Mediterrâneo causou tensões. Internamente, a constituição republicana perdeu forças e finalmente caiu sob uma série de ditadores; Sula, Pompeu e Júlio  César. Enquanto isso a necessidade de novas conquistas e a ampliação dos generais levaram Roma a continuar expandindo seu império ultramarino. Ao proteger a aliada Massília, Roma derrotou as tribos ao longo do Ródano e após 120 a.C organizou a Gália do Sul como província; a Gália Narbonensis (Provença). A repressão à pirataria levou Roma a anexar Cirene em 74 a.C. e creta em 67 a.C. e as guerras contra Mitridates do Ponto trouxeram conquistas no leste; Bitínia, Ponto, Cilícia, Síria e Chipre tornaram-se províncias. Perto de 50 a.C.; César conquistou a Gália Transalpina e incorporou a Gália á própria Itália. 
              À época da morte de Césas em 44 a.C., Roma controlava todo o Mediterrâneo, diretamente ou por influência sobre os governantes que se tornaram rei-vassalos. Além das fronteiras, apenas a Pátria permanecia vasta e independente; a expedição de Antônio contra os partos em 36 a.C, terminou em desastre.  
                   Quando os romanos começaram a abrir caminho na História, muito tiveram que aprender, quanto aos usos e costumes dos Etruscos, pois eles ainda se encontravam em estado semibárbaro. Na era dos sete reis, e até ao século I a.C., suas casas eram despidas de qualquer elegância, reproduziam as formas mais simples do tipo de casa etrusca, insto é, reduziam-se ao átrio com poço e poucos aposentos para morada. 
                 A História de Roma começa por um período mais ou menos clássico ou lendário, durante o qual reinaram sete reis sucessivos, de 754 a 510 a.C. 
                  A história mais antiga dos povos e das cidades se confunde geralmente com a lenda. A lenda de Roma entrelaça-se com aquela da famosa guerra de Troia, cantada também pelo poeta Homero, na Ilíada, que foi travada mais de mil anos antes de Cristo, na longínqua Ásia Menor. Conta-se que os Gregos, vencedores, conquistaram e arrasaram aquela cidade, todos os heróis troianos foram massacrados, com exceção de Enéias, filho de Anquises e da deusa Vênus. Ele conseguiu fugir da cidade em chamas, com seu filhinho Iulo e o velho pai Anquises e, depois de longa e aventurosa viagem chegou às costas do Lácio, onde vivia o povo dos Latinos. Com a ajuda de outros povos locais, combatem contra aquele e em particular contra os Rútulos, cujo rei Turno, queria desposar Lavínia, filha do rei dos Latinos. Também Enéias aspirava à mão daquela princesa e, por desejo de Turno, homem forte e violento, realizou-se um duelo. Enéias, certo de seu destino de herói, atacou impiedosamente seu adversário e em brve sua espada caiu sobre Turno e matou-o. Enéias casou-se com lavínia, tornando-se rei dos Latinos. Iulo, seu filho, fundou uma cidade, denominada Alba, que, devido às suas casas dispostas em longa fileira, foi depois chamada de alba - a Longa. 
                 Desta cidade não tivemos notícias até o século VII a.C., quando, segundo a lenda, subiu ao trono de Alba, Númitor.  Amúlio, irmão do rei, mediante uma conspiração, depôs Númitor do trono e declarou-se rei de Alba-Longa, obrigando Rea Sílvia, única filha do irmão, a tornar-se Vestal. As Vestais, inteiramente consagradas ao culto da deusa Vesta, não podiam casar, sob pena de morte. E esta foi a sorte de Rea Sílvia, quando Amúlio soube que ela dera à luz dois filhos do deus Marte. Segundo os usos daquela época, a mulher foi enterrada viva e os dois gêmeos atirados ao Tibre. 
           Contudo, o servo que deveria executar a ordem, pusera o cesto, onde se encontravam os dois meninos, sobre as águas do rio. O cesto encalhou entre os caniços das margens e os pequenos foram encontrados por uma loba, que, ao invés de dilacerá-los, amamentou-os. 
           Mais tarde o pastor Fáustolo recolheu-os, levou-os para sua choupana, criou-os como filhos e deu-lhes os nomes de Remo e Rômulo. Ao chegarem à idade adulta conheceram sua origem e em seus corações acendeu o desejo de vingar-se do usurpador. Mataram Amúlio e reconduziram  ao trono Númitor, que desde longos anos mofava prisioneiro. 
             Númitor doou aos sobrinhos uma área de terra junto à margem esquerda do Tibre, não distante do ponto em que o pastor os encontrara. Os dois irmãos puseram mãos à obra, traçando, antes de tudo, o sulco que iria limitar a nova cidade. Era o dia 21 de abril do ano 7523 a.C. Como ambos desejassem dar o próprio nome à cidade, resolveram interpretar a vontade dos deuses, estabelecendo que aquele dos dois que visse voando maior número de pássaros seria o escolhido. Subiram a dois morros diferentes: Remo foi para o Aventino e viu sete abutres, e Rômulo, sobre o Palatino, avistou doze. E assim, a cidade, de Rômulo, passou a chamar-se Roma. É isto que conta a lenda. Mas é provável que o nome de Roma significasse: "a cidade do Rio",e, em tal hipótese, dever-se-ia conjeturar que o nome de Roma não deriva de Rômulo, mas vice-versa, Rômulo de Roma; Romulus, o mítico fundador da cidade, o primeiro cidadão romano. 
             Essa situação criou uma grande desavença entre os irmãos. Remo, despeitado, devido á vitória do irmão, ultrapassou, em gesto de desprezo, o sulco; e Rômulo, tomado de cólera, matou-o, demonstrando, assim, que a ninguém era permitido ultrajar Roma. 
              Quando tudo ficou pronto, Rômulo acolheu os primeiros habitantes em seu pequeno povoado: eram bandidos obrigados a fugirem de suas terras, salteadores que saqueavam viajantes nas estradas,  pastores sem moradia fixa, homens rudes e ferozes. Estes, portanto, foram os primeiros romanos, os progenitores daquele povo que iria conquistar o mundo. 
               Rômulo foi, assim, o primeiro rei de Roma, e conduziu várias guerras contra as aldeias vizinhas. Isso feito, dedicou-se também à tarefa da paz. Dividiu a população em tribos e fez-se assistir por uma assembleia, denominada "senado", porque constituía de cidadãos já de idade avançada. Todo este histórico faz parte de uma lenda muito antiga. 
               A península Itálica, sobre a qual se assenta a Itália de hoje, era habitada pelos lígures e mais uma série de povos bastante diferentes,m desde os tempos neolíticos. 
            Por volta do II milênio a. C. , povos indo-europeus chegaram à península: úmbrios, aipígios, messápios, celtas. Parte dos antigos habitantes mesclou-se aos povos recém-chegados, e parte foi por eles empurrados para regiões menos férteis. 
                 Nas vésperas do primeiro milênio a.C., os imigrados dirigiram-se mais para o sul. Chamados posteriormente de Itálicos, compreendiam três grupos: os latinos, que se fixaram na região centro-oriental da península; os úmbrios, que ficaram nas montanhas a noroeste; e os samnitas, que habitaram os vales e montanhas do centro e do sul. Deles se originaram várias ramificações étnicas. 
               O resultado do afluxo foi a repartição da península em territórios nacionais. Eram do sul para o norte: Abruzos, Lucânia Apúlia, Sâmnio, Campânia, Lácio, Piceno, Úmbria, Etrúria e Gália Cisalpina - assim chamado por ter sido ocupada, no século V a.C., por gauleses. 
              Bem ao norte do Lácio, a partir de 1.000 anos a.C, surgiram sete aldeias de pastores, nos picos de algumas colinas, que se estendiam ao longo do Tibre, a 20 quilômetros da desembocadura. Essa era uma localização privilegiada e conferiu às sete aldeias, reunidas no que se chamou "Liga do Septimôncio", a condição de pot~encia principal do Lácio, tanto no âmbito militar como no religioso, durante os séculos VIII e VII a.C. Por volta de 753 a.C., a Liga já se chamava Roma, e passara a ampliar seus territórios, pela incorporação de um aglomerado sabino - uma das ramificações étnicas - no monte Quirinal, e pela conquista de uma aldeia ligúria do monte Aventino. Depois segundo a tradição, a cidade latina de Alba Longa foi tomada e destruída. A Liga à frente, nessa época, o Rei era Túlio Hostílio. 
              Na segunda metade do século VI a.C. Roma não passava de um modesto povoado de pastores e agricultores. Em consequência de um longo processo de conquistas, chegou ao século II a.C. como a maior cidade do mundo, rica e poderosa capital de um vasto império. Paralelamente a essa evolução , transformações sociais acentuaram as diferenças, particularmente inexistentes na origem, entre nobres e povo. A nobreza (patrícios) e o povo (plebeus) não tinham as mesmas condições de vida, o que em certos momentos da História romana acarretaria graves tensões. 
                 Antes de se lançarem à conquista da península, os itálicos eram agricultores. Naquela época, a terra destinada ao cultivo e ao pastoreio era trabalhada em comum, proporcionando a toda a comunidade o necessário para subsistência. Mais tarde, cada membro passou a receber certa porção de terra, geralmente não maior que meio hectare (5.000 m²), onde construía sua casa e podia, no máximo, cultivar uma boa horta; mas o solo destinado ao cultivo e ao pastoreio continuava a ser propriedade comum. 
             Embora participassem do trabalho nas terras, os povos que os latinos iam conquistando ficavam á margem de todos os direitos civis e da organização social que os regia. A única recompensa pelos serviços que prestavam era a alimentação. E, com o tempo, não só eles, mas também muitos romanos foram deixando de desfrutar os proveitos da terra. É que a divisão dos campos entre as famílias - que a princípio era feita de modo equitativo - passou a ser cada vez mais desigual. Foi nessa época que surgiram os grandes senhores de terras, possuidores de todos os bens e riqueza. 
               Tarquínio, o Soberbo, último rei de Roma, reinou muitos anos, mas , um dia, enquanto estava ausente da cidade, seu filho Sexto ofendeu Lucrécia, matrona romana, que não sobreviveu à desonra e suicidou-se. Colatino, seu marido, auxiliado por Bruto, organizou uma revolta, que terminou com a expulsão de Tarquínio. 
             Derrubada a monarquia foi proclamada a República, isto é, a forma de governo segundo a qual os magistrados são nomeados e controlados pelo povo, por meio de assembleias. O período dos reis durara 244 anos, ou seja, desde a fundação de Roma em 753 a.C. até ao ano de 509. 
              A república foi proclamada em 510 a.C., quando a população romana era, então, resultante da fusão dos ramensés (latinos), dos ticienses (sabinos) e dos luceres (Etruscos).A implantação da República deu lugar à criação de novas funções, tais como o Consulado e da Ditadura. As lutas entre patrícios e plebeus duraram até o ano 300 a. C. Após consolidar seu interior, Roma passou à conquista da Itália (296 a 27o a.C.) e de 264 a 201 a.C., travou-se duas guerras púnicas contra Cartago, que só terminaram com a destruição dessa sua grande rival, em 146 a.C. (que foi a terceira guerra púnica.). A seguir,  Roma reduziu a Grécia a província romana, intervindo no Oriente, mas passando a receber a influência benéfica dos helenos derrotados. Em breve tempo, Roma se tornou senhora do mundo de então e, em 31 a.C., Otávio seu grande general, foi proclamado imperador (imperatur), sob o nome de Augusto. Com a morte deste, no ano 14  depois de Cristo, o poder supremo passou aos Césares (Tibério, Calígula, Claudio, Nero, etc. e depois aos Fávios Vespasiano, Tito, Domiciano. 
              Em Roma vigorou, durante muitos séculos, o regime republicano. Os primeiros cônsules foram Bruto e Ciolatino. Porém,  Tarquínio conspirava, apoiado pelos sequazes, para reconquistar o poder. A conspiração foi descoberta. Entre os culpados, estavam também os filhos do cônsul Bruto. Os juízes desejavam conceder-lhes indulto, mas o próprio Bruto, para demonstrar, com um terrível exemplo, que, em Roma , a justiça devia ser superior a qualquer afeição, quis que a sentença fosse executada. O moços tiveram a cabeça decepada, na presença do pai, angustiado, mas firme em sua despiedada severidade. 
             Perdida toda a esperança de voltar a Roma, Tarquínio pediu auxílio a Porsena, rei etrusco, de Chiusi. O exército de Porcena já chegara à ponte Sublício, sobre o Tibre, e ameaçava atravessá-la, mas um soldado romano , Horácio Cocles, foi para a frente, sozinho, e, lutando encarniçadamente, conservou o inimigo à distância, ao passo que atrás de si, seus companheiros cortavam a ponte. Quando esta desmoronou, Horácio Cocles atirou-se ao rio e,a nada, alcançou a cidade. 
                Tendo Porsena sitiado Roma, um valoroso soldado, chamado Múcio, resolveu matá-lo, a fim de salvar sua pátria. Introduzindo-se no campo inimigo, mas ao invés do rei mata im ministro. Preso, foi levado à presença do rei para ser julgado, disse: "minha mão errou matando outro homem em lugar do rei, e por isso eu a punirei." Ali, ao lado, havia um fogareiro, e Múcio pôs nele a sua mão direita, deixando-a queimar lentamente pelas chamas. Porsena, admirado ante aquela prova de heroísmo, mandou Múcio embora. O herói, depois foi conhecido como Cévola, isto é, Canhoto. Diante de tantas provas de caráter e coragem, o rei etrusco renunciou a prosseguir a guerra e regressou à suas terras. 
            Assim, Roma foi salva. Nos anos seguintes, pôde aumentar seu poderio, com afortunadas guerras contra os povos vizinhos. Mas, se as contínuas vitórias proporcionavam a glória e vantagem a Roma e aos patrícios que lhe dirigiam os destinos, a plebe permanecia sempre nas mesmas míseras condições. 
           Um dia, os plebeus se amotinaram, refugiando-se no Aventino. Era um espécie de "greve" em grande estilo, que paralisava a própria vida de Roma. Os patrícios,preocupados, mandaram para Aventino Menênio Agripa, um velho e sábio embaixador, que convenceu os plebeus a retornarem para a cidade.  Eles obtiveram, efetivamente, leis que lhes tutelavam os direitos, mas, para que os patrícios não os enganassem, exigiram que tais leis fossem escritas e gravadas em grandes placas de bronze. 
                  Estas placas, que eram doze, permaneceram no Fórum (a praça principal de Roma), para que todos pudessem livremente consultá-las. 
              Os romanos não dominavam, ainda, a Itália. Sua fama de valorosos guerreiros estendia-se apenas por entre os burgos perdidos pelas planícies paludosas do Lácio. Para festejar suas vitórias, eles começaram a celebrar os primeiros triunfos, com aquelas grandiosas manifestações do povo, que seriam depois, durante muitos séculos, a mais alta honraria tributada pela cidade de Roma aos seus vitoriosos generais. 
            O primeiro desses "condottiere" foi Caio Márcio, cognome Coriolano, porque expugnara a cidade de Corioles. 
                 Poucos meses depois, porém, os mesmos cidadãos que com tanto entusiasmo mo haviam aclamado, acusaram-nos de inimigo do povo, porque recusara uma distribuição gratuita de trigo aos pobres. Indignado, Coriolano abandonou a cidade e ofereceu seu braço aos Volscos, inimigos de Roma. 
                Guiados por Coriolano, os Volscos marcharam sobre Roma e derrotaram os Romanos que, reduzidos ao extremo, não tinham mais, quiçá, forças para opor ao inimigo. Depois de uma embaixada de senadores e outra de sacerdotes, foi ao encontro de Coriolano sua mãe, acompanhada da esposa, do filhinho, da irmã e de outras mulheres da família do general, todas vestidas de luto. Ao ver a mãe, Coriolano correu para abraçá-la, porém ela e repeliu, perguntando-lhe severamente: - "Devo eu abraçar o filho ou o inimigo?"
             Coriolano compreendeu a gravidade de sua traição e renunciou ao comando dos Volscos. Estes, indignados, mataram-no. 
                  O segundo "condottiere" foi Cincinato, um patrício que tinha o rosto bronzeado pelo sol e as mãos calosas, porque estava habituado a manejar o arado nos duros trabalhos de campo. Mas era, também, hábil "condottiere", e, quando Roma tinha necessidade de sua direção, depunha o arado pela espada. E assim aconteceu, quando o Senado lhe enviou emissários para comunicar-lhe que lhe haviam conferido o supremo poder de "ditador", para a guerra que deflagrara imprevistamente contra os Équos. Cincinato tornou-se o chefew supremo de todo o exército de Roma. Obtida a vitória, não pediu para si recompensa nem honorários: voltou ao seu sítio e retomou o trabalho do arado, satisfeito apenas por haver cumprido o dever. 
               Cerca de meio século depois, o invencível Fúrio Camilo proporcionou a Roma grandes vitórias. Expurgou a cidade etrusca de Veios, que se tornara perigosa rival de Roma. Veios foi destruída, seus habitantes mortos ou reduzidos à escravidão, enquanto seu território era distribuído aos cidadãos romanos. 
           Apesar de suas vitórias e suas virtudes, Fúrio Camilo caiu em desagrado de seus concidadãos, alguns dos quais o acusaram de ter-se aproveitado do prestígio de que gozava entre o povo e os soldados, para tornar-se demasiado poderoso. 
                 O destino queria, entretanto, que o grande general tivesse que oferecer novamente seu braço a serviço da pátria, em uma das mais trágicas e desesperadoras horas de Roma, invadida e saqueada por um povo terrível, que baixara do Norte: os Galos. 
             No ano 390 a.C., uma interminável horda de bárbaros, após haver transposto a garganta dos Apeninos, baixava para as planícies de Roma. Eram os (Galos Sênones), uma população de Gauleses que viera alguns séculos antes, das regiões frias e estabeleceram-se na Itália setentrional, lá onde, outrora, dominavam os Etruscos. Eram homens rudes e valentes, armados de longas lanças e maciços espadagões. 
                  A invasão dos Galos Sênones ocorreu no ano 390 a.C. Um exército romano, enviado contra os invasores, foi batido às margens do rio Ânio, a vinte quilômetros de Roma  O pânico invadiu a cidade; a população fugiu dali, levando consigo tudo quanto lhe era possível carregar. Permaneceram, apenas, na fortaleza do Campidoglio, os válidos, comandantes por Tito Mânio. Durante a noite, os Galos estavam tentando escalar o íngreme paredão da fortaleza, e foram justamente os gansos, colocados para guarda da rocha que, com seu alarido, despertaram os soldados romanos, os quais, dominados pelo cansaço, haviam adormecido. Depois de uma luta encarniçada, os Galos foram desbaratados e rolaram pela árido declive, recebendo morte terrível. 
                 Para abandonar Roma, os bárbaros pretendiam mil libras de ouro. Entre Tito Mânlio e o chefe galo, Breno, foi estabelecido um pacto, segundo o qual, em praça pública, seria iniciada a pesagem do ouro. Subitamente, Breno atirou sobre a balança, ao lado dos pesos, também sua espada, gritando: "Ai dos vencidos!" Mas outro grito reboou, ao mesmo tempo: "Não com o ouro, mas com o ferro se defende a Pátria!" Era Fúrio Camilo, chegando a Roma com um exército de fugitivos e de voluntários, exatamente a tempo de esmagar o exército inimigo. 
               Os Galos foram expulsos dali e, durante oito séculos, jamais exército algum conseguiu entrar, como inimigo, em Roma. 
               Depois dessa estrepitosa vitória, Roma tributou grandes honrarias a Fúrio Camilo, conferindo-lhe o título de "segundo fundador de Roma". 
                  Nesta época Roma já havia conquistado a merecida fama de Grande Império e atraía as atenções dos povos vizinhos. 
               Os Samnitas, povo de estirpe itálica, que vivia nos montes da Samnito, invadira regiões de povos amigos de Roma. Cápua pediu auxílio aos Romanos e assim, em 343 a.C. iniciou-se a guerra entre Roma e os Samnitas, que durou cerca de cinquenta anos, uma das mais difíceis para os Romanos, com alternativas de derrotas e vitórias para ambas as partes. Em 321, entre Cápua e Benevento, os Romanos caíram em uma emboscada e foram obrigados a sofrer as piores humilhações dos vencedores. Roma soube reagir e assim conseguiu derrotar não só os Samnitas, mas também seus aliados, os Etruscos e os Galos Sênones. Data dessa época a construção da Via Áppia, unindo Roma a Cápua. A vitória sobre os Samnitas abriu a Roma o caminho da Itália meridional, que os Gregos haviam conquistado, denominando-a Magna Grécia. Os Tarantinos, receando o poderio de Roma, chamaram em seu socorro Pirro, o jovem rei do Egito, que acudiu com um poderoso exército e vinte elefantes armados. A princípio, os Romanos foram derrotados na batalha de Heracléia, mas foram tantas as perdas sofridas por Pirro, que este exclamou: "Outra vitória como esta, e voltarei sozinho para o Epiro!"
              Mas os Romanos, comandados por Caio Fabrício, reorganizaram-se e acabaram derrotando definitivamente Pìrro, na batalha decisiva de "Malevento", conseguindo dominar os elefantes por meio de tochas acesas. 
                Após ter tomado posse da região meridional até o estreito de Messina, Roma começou a interessar-se pelo Mediterrâneo, especialmente pela Sicília, enquanto Cartago já estava no auge de seu poderio. Esta riquíssima cidade fundada pelos Fenícios nas Costas do golfo da Tunísia, conquistara grande parte da África Setentrional e, com seus navios, dominava o Mediterrâneo, as ilhas Baleares, a Córsega, a sardenha e a Sicília. 
               Diante de tal situação, o choque de Roma com Cartago era fatal. A ocasião foi gerada pela briga surgida entre a tribo dos Mamertinos e o tirano Hierão, pela posse de Messina. Chamados pelos Mamertinos, os Romanos interferiram e derrotaram os cartagineses, aliados de Hierão, e espalharam-se pela ilha. Mas, para lutar contra Cartago, os Romanos precisaram construir uma frota de guerra e um exército marítimo. Serviu-lhes de modelo um navio cartaginês atirado pela tempestade às costas italianas. E, brevemente, uma frota de cem quinquerremes (embarcação com cinco ordens de remos) e vinte trirremes estava pronta. os barcos foram dotados de "corvos", pontes volantes, que deviam permitir aos soldados romanos passar para os barcos inimigos a fim de combatê-los com arma branca. O cônsul Caio Duílio enfrentou a frota inimiga nas águas de de Milazzo, e derrotou-a. Agora  era necessário levar a guerra, que ficou conhecida como Guerras Púnicas,  ao próprio território inimigo. O cônsul Atílio Régulo, com uma frota de 230 navios, desembarcou na África, mas, ao aproximar-se o inverno, o Senado chamou de volta o grosso da frota. Os cartagineses aproveitaram-se disso. Derrotaram o exército romano, composto de apenas duas legiões, aprisionaram o próprio Atília Régulo. Julgando poder servi-se deste para impor a paz aos Romanos, enviaram-no a Roma, mas o próprio cônsul incitou seus concidadãos a prosseguir na guerra. Depois, tendo dado aos cartagineses sua palavra, voltou para junto de seus inimigos, que o castigaram, encerrando-o numa barrica cheia de pontas agudas de ferro e atirando-o, do alto de uma colina, para o mar. 
                 A guerra recomeçou ainda mais feroz, até que uma nova vitória sorriu aos romanos, nas ilhas Êgatas, perto da Sicília. Cartago pediu paz. E assim, após 23 anos, a primeira guerra púnica terminara. . Roma tornara-se senhora da Sicília, e logo a seguir, da Sardenha e da Córsega. Suas legiões, na planície padana (também conhecida como Vale do Pó), obrigaram também os Galos, que ali viviam, a reconhecerem o domínio romano. 
                Contudo, o poderio de Cartago ressurgiu em poucos anos. O jovem e valente guerreiro Anibal, que ora comandava o exército cartaginês, desde a idade de nove anos jurara ódio eterno aos romanos. Ele provocou Roma, ocupando Sagunto, uma cidade da Espanha, aliada dos Romanos. Grandioso e audaz era o plano concebido por Aníbal que, em maio do anos 218 a.C., com um poderoso exército, deixou a Espanha, atravessou a Gália e, após uma penosíssima e desastrosa marcha, transpôs os Alpes. 
             Os Galos, aproveitaram a oportunidade e puseram-se logo ao lado dos Cartagineses. A fulminante chegada de Aníbal ao Vale do Pó, surpreendeu os Romanos, que foram batidos, sucessivamente, em três batalhas travadas junto ao rio Ticino, ao rio Trébia e ao lago Trasimeno. O caminho para Roma estava aberto, mas Aníbal preferiu rumar para a Itália meridional, a fim de tentar insurgir aquelas populações contra o poderoso adversário. 
             Jamais Roma se encontrara em momentos tão difíceis. Foi nomeado um ditador: Fábio Máximo, homem prudente e astuto. Ele organizou novas legiões e, com elas, perseguiu Aníbal, limitando-se a atacar a retaguarda inimiga e a destruir os campos, para deixar o adversário sem meios de reabastecimento. Aníbal, porém, fugiu a todas as insídias. A conduta de guerra de Fábio Máximo, a quem o povo chamava  "o contemporizador", foi asperamente criticada e o Senado o substituiu pelos cônsules Lúcio Paulo Emílio e Terêncio Varão, os quais dividiram o comando entre si. Chegou-se, assim, à batalha de Campes, na Apúlia, batalha que Aníbal aceitou contente, porque o terreno plano, ali, oferecia fácil manobra à sua Fortíssima cavalaria. Esta, de fato, envolveu o pôs em fuga aquela romana, caindo a seguir sobre as legiões adversárias. A  batalha terminou com uma terrível derrota com cinquenta mil romanos mortos em campo, entre os quais o próprio cônsul L.P. Emílio. Dez mil foram feitos prisioneiros. O gênio militar de Aníbal triunfara. Roma estava de joelho, à mercê do vencedor. 
               Quando a notícia da derrota de Canne chegou a Roma, o Senado ordenou luto político, nomeou um ditador e procedeu ao alistamento de novos soldados, Chamando ás armas até rapazes de 17 anos de idade e os próprios escravos. Ninguém pensou na paz, porque esta significaria escravidão. Varrão regressou a Roma humilhado, mas ninguém se atreveu a insultá-lo. O corajoso cônsul não perdera a esperança na Pátria. 
               Aníbal, entretanto, retirara-se para Cápua, à espera de reforços de Cartago. Mas Roma preparava-se para a desforra e não tardou em desferir golpes formidáveis. Siracusa situara-se ao lado de Aníbal, e urgia impedir que seu exemplo fosse seguida. De nada valeram as geniais invenções do grande cientista Arquimedes, o qual, com poderosos espelhos, concentrava os raios solares sobre os bravos romanos que haviam bloqueado a cidade. Siracusa foi obrigada a render-se. 
                 Corria o ano 212 a. C. e um novo perigo vinha ameaçar Roma. Asdrúbal, irmão de Aníbal, entrara na Itália, vindo da Espanha, com novas forças. Urgia impedir que os dois exércitos cartagineses se reunissem, e os Romanos, enfrentando Asdrúbal, às margens do rio Metauro, derrotaram-no; depois, para anunciar a Aníbal a grave derrota, lançaram, por meio de uma catapulta, a cabeça decepada do irmão ao campo cartaginês. 
                Quando Aníbal viu as vitoriosas legiões romanas marcar pelo solo da Ásia Menor, preferiu envenenar-se a cair vivo nas mãos de seus inimigos; era o ano 183 a.C.
             Nesse meio tempo, Públio Cornélio Cipião, após expulsar os cartagineses da Espanha, marchou para a África. A fim de defender sua pátria ameaçada, Aníbal regressou, com suas tropas,para Cartado. O encontro entre os dois exércitos ocorreu perto de Zama, e foi terrível. Aníbal e suas legiões defenderam-se valorosamente, mas, atacadas pelas costas pela cavalaria romana, foram desbaratados. As condições de paz foram ditadas pelos Romanos: ceder a Espanha, entregar a frota e os elefantes de combate, pagar danos de guerra e empenhar-se a nunca mais entrar em guerra sem licença de Roma. 
               Cipião, recebido triunfalmente em Roma, foi apelidado de "Africano". 
                Mas Cartago voltava a ressurgir, e este fato começou a preocupar novamente os Romanos. Marco Pórcio Catão, recem chegado de uma viagem à África, não se cansava de repetir: "Dependa Cartado" (Destruamos Cartago). Em 149 a.C. , Cartago declarou guerra a Masinissa, rei da Numídia. Era uma violação do tratado de paz com Roma e o Senado enviou a frota contra cartado. Começava assim a terceira guerra púnica. 
            Os cartagineses defenderam-se com muito empenho, mas o cônsul Capitão Emiliano, sobrinho do vencedor de Zama, sitiou a  cidade e reduziu-se a fome. A cidade foi incendiada e totalmente destruída. Assim terminava seu poderio que, durante setecentos anos, dominara o Mediterrâneo. A região tornou-se província romana, sob o nome de África; era o ano de 146 a.C. 
              Ao término da terceira guerra púnica, Roma estava senhora absoluta da Itália, de parte da França, da Espanha, da África Setentrional da península balcânica. Suas forças vitoriosas velejavam tranquilas e solenes pelo Mediterrâneo, que, com muita propriedade, passou a ser chamado Mare Nostrum. O poderio de Roma atingira tão alto poder que parecia algo sobrenatural. 
                   Durante muitos decênios, o povo romano tinha visto desfilar pelo Fôro, no séquito dos generais vitoriosos, carros repletos de ouro e prata, estátuas maravilhosas, riquezas de toda espécie, frutos das presas de guerra feitas na Sicília, na África e, especialmente, na Ásia, onde os romanos haviam encontrado os tesouros acumulados por Alexandre Magno, em sua conquista do Oriente e em suas expedições pela Pérsia e pela Índia. 
                 Contudo, bem poucas dessas riquezas foram transformadas em bem-estar para a plebe. Para agravar a situação, surgia a questão das terras conquistadas, que se tornavam "agro público" e que o Estado oferecia aos camponeses para que se empenhassem em cultivá-las; porém como os trabalhos e o tamanho da terra requeriam fortes despesas, que somente os ricos podiam aguentar, a plebe,embora tendo combatido para conquistá-las, delas não auferia benefício algum. Os ricos, aliás, achavam muito mais conveniente fazer com que os seus escravos lhes cultivassem os campos. E assim, em pouco tempo, Roma foi invadida por turmas numerosas de camponeses expulsos de suas terras, que se vinham acrescentar aos já enormes grupos de trabalhadores braçais e artesãos, reduzidos à mais esquálida miséria, pela falta de trabalho. As revoltas e os tumultos.,  provocados por esses desocupados, preocupavam a todos os que se interessavam realmente pelos destinos da República. 
               A fim de resolver a árdua empresa, apareceram os tribunos da plebe, Tibério e Caio Graco, dois irmãos, de ilustre e nobre família. Seu pai, valoroso general, por duas vezes tinha sido eleito cônsul; e sua mãe, Cornélia, mulher dotada de grande inteligência e virtudes, era filha de Cipião, o que era chamado Africano, o glorioso vencedor de Aníbal. 
              Assim que foi eleito "tribuno da plebe", Tibério Graco propôs no Senado uma "lei agrária", nos termos da qual nenhum cidadão romano poderia possuir mais do que uma certa quantidade de "agro público", e quem possuísse além da área estipulada, era obrigado a restituí-la ao Estado, que, por sua vez, a entregava aos plebeus. Com isso, surgiram sanguinolentos conflitos, e Tibério foi assassinado pelos senadores, junto a trezentos de seus companheiros.
                 Dez anos depois, foi eleito tribuno da plebe Caio Graco que, recomeçando a luta contra a prepotência dos ricos, repôs em vigor a lei proposta pelo irmão. Fundou, também, uma colônia agrícola na África, nos lugares onde outrora existira a cidade de Cartado, mas nem ele conseguiu escapar à vingança dos poderosos. Regressando a Roma, verificou que o povo, habilmente enganado pelos patrícios, não queria mais acompanhá-lo e até o obstaculava-o. Amargurado e desiludido, mandou que um seu escravo o matasse. E assim, com os Gracos, encerrava-se o primeiro período da cruenta luta entre patrícios e plebeus. 
                  Depois da morte de Gracos, os ricos ressurgiram a preponderância e, pouco a pouco, tudo quanto fora feito em favor dos plebeus foi revogado. A guerra contra Jugurta, que pôs à mostra a corrupção dos beneficiados, reergueu os destinos do partido do povo. 
                Jugurta, sobrinho de Massinissa, era um moço inteligente, mas de poucos escrúpulos. Tendo subido ao trono da Mauritânia no ano 118 a.C., em companhia de seus dois primos, Aderbal e Hiempsal, logo em seguida mandou matá-los e apoderou-se de todo o reino. 
               Roma, que prometera auxílio e proteção a Hiempsal, declarou guerra a Jugurta, mas  este conseguiu corromper generais e homens políticos, obtendo uma paz bastante vantajosa. 
             Insurgiu-se, então, o partido popular, e Jugurta foi chamado a Roma, a fim de justificar-se. Mas aqui também ele prosseguiu em sua obra de corrupção. Isso exasperou os adversários do Senado. A guerra foi reiniciada e, depois de algumas derrotas dos Romanos, coube a Caio Mário, cônsul de origem plebeia, conquistar a vitória final. Jugurta,  desfilou prisioneiro acorrentado ao carro vencedor pelas ruas de Roma. 
                A brilhante vitória tornou Caio Mário popularíssimo. Ele reformou o exército, tornou voluntário o serviço das armas, instituiu o soldo militar, estabelecendo pagamentos adequados aos serviços prestados e ao grau de cada um. Assim, mesmo os mais pobres da população poderiam ingressar no exército. 
               Caio Mário tornou-se um ídolo popular. As reformas introduzidas  nos regulamentos militares beneficiaram extraordinariamente a disciplina e o adestramento dos combatentes e, com tais soldados, Caio Mário resolveu atacar os Cimbros e os Teutões, populações de origem germânica, que, no passado, haviam infligido nada menos que quatro derrotas aos exércitos romanos. Mário enfrentou os Teutões em Aquae Sextiae (a moderna Aix, perto de Marselha) e os aniquilou; no ano 101 a.C., destruiu os Cimbros, nas proximidades de Vercelli. Roma tributou-lhe as máximas honrarias e o proclamou "terceiro fundador de Roma". 
                  O poder estava nas mãos do partido do povo. Mas Caio Mário não era político, e isso lhe foi fatal. No ano 101 a. C., o tribuno da plebe, Lúcio Saturnino, havia novamente proposto que as terras fossem distribuídas ao povo e aos Itálicos, isto é, às populações que viviam na Península e combatiam, na qualidade de sócios (aliados), com os romanos e para os romanos, mas que nenhum benefício tinham recebido com as conquistas. O Senado se opôs à proposta, e  daí surgiram vários tumultos. Caio Mário acabou descontentando tanto os patrícios quanto o povo e foi obrigado a afastar-se de Roma. Foi para a corte do rei Mitridates, rei do Ponto, na qualidade de embaixador. 
                Não tendo obtido satisfação, os Itálicos reuniram-se em uma Confederação, elegendo seus próprios cônsules, um próprio Senado, e uma própria capital. Daqui a origem da guerra a que os Romanos denominariam "social", porque combatida contra os antigos aliados. As hostilidades deflagradas no ano 90 a.C. arrastaram-se durante alguns anos, sem vencedores nem vencidos. Depois, o Senado começou a ceder: concedeu, primeiramente, a cidadania aos poucos Itálicos que haviam permanecido fiéis, depois àqueles que tinham desistido da rebelião, dentro de um certo limite de tempo. Assim, a Confederação se degenerou e, no ano 88 a.C., os Romanos, mediante uma poderosa ofensiva, puseram termo à luta. 
              Durante a "guerra social", Mário foi chamado de novo a Roma, mas o general que mais se distinguira durante a guerra tinha sido Lúcio Cornélio Sila, descendente de nobre família patrícia. Sila, culto, amante do luxo, ocultava habilmente, com maneiras corteses, sua férrea vontade e dureza de coração. Entre os dois soldados, nasceu logo um profundo antagonismo. 
                Mitridates revoltara-se contra Roma, ocupara a província romana da Ásdia, mandara matar todos os Itálicos, depois se apoderara da Trácia e da Macedônia e entrara triunfalmente em Atenas. Roma entregou o comando do exército a Sila, porém Mário, apoiado pelo povo, conseguiu que o comando lhe fosse confiado. Sila, que estava ultimando os preparativos para a guerra na Campânia, marchou sobre Roma. Mario conseguiu fugir, mas, capturado em Minturnes, foi preso nos cárceres da cidade. Um cimbro recebeu ordem de matá-lo. Chegado á presença do prisioneiro, ao ver-lhe o olhar flamejante e ouvir-lhe a voz trovejante, que lhe perguntava: "- Ousarás tu matar Caio Mário?" - lançou fora a espada e fugiu assustado. Os chefes da cidade suplicaram, então, a Mário para que fugisse e lhe forneceram um navio, com o qual ele chegou a Cartago. Seguindo depois para e Etrúria, enquanto Sila se encontrava no Oriente, marchou sobre Roma com um exército de fugitivos e ocupou-a. Cinco dias e cinco noites durou o massacre dos partidários de Sila. Mário quis para si uma pública reabilitação e foi eleito cônsul pela sétima vez. Mas, pouco depois, no dia 31 de janeiro de 86 a.C., atacado por violento acesso de febre, morreu. 
         Sila já ocupara Atenas e conseguira derrotar Mitridates.  Com 40.000 soldados fidelíssimos, navegou rumo à Itália. Um único pensamento lhe ocupava o coração: vingança!
                 Em vão o cônsul Cina procurou barrar-lhe o passo;seus próprios soldados o mataram e bandearam-se para as fileiras de Sila. Em Bríndisi, um jovem patrício, Cneu Pompeu, apresentou a Sila três legiões, que ele organizara às suas próp´rias custas. A marcha rumo à capital não conheceu obstáculos, e Roma tributou a Sila, um triunfo sem precedentes. 
                Em Roma, Sila deu pleno desabafo à sua sede de vingança; seus inimigos, um por um,  tombaram todos. Durante anos e anos, reinou o terror na cidade. 
              O Ditador. Esse foi a verdadeira nova denominação de Sila. Logo mandou publicar uma lista de pessoas que deviam ser eliminadas, proibindo a todos que, sob pena de morte, dessem qualquer auxílio aos perseguidos. os bens dos mortos foram confiscados em benefício de seus partidários. Emanou leis, sem consultar os comícios públicos e o Senado, destruiu a influência dos tribunos do povo, reforçou o partido dos ricos, reformou a magistratura. 
                 Ao chegar à idade de sessenta anos, entregou o cargo e retirou-se para uma nova vida, nas proximidades de Pozzuoli, na Campânia, onde, no ano 78 a.C., morreu, e pode-se afirmar, com segurança, que com seu desaparecimento, Roma pode finalmente respirar aliviada. 
          A vitória de Sila, as proscrições e os massacres que se lhe seguiram, após sua consolidação, tinham abatido, mas não dominado o partido popular. Natural, portanto, que o partido do povo marchasse para a desforra, assim que Sila desapareceu. Marco Emílio Lépido começou por opor-se às solenes homenagens fúnebres em honra do ditador, mas nada conseguiu. 
               No ano seguinte, na qualidade de procônsul, marchou sobre Roma, com suas legiões, para que fossem restituídos aos Tribunos da plebe aqueles poderes que Sila lhes tirara. O Senado confiou, então, sua defesa ao jovem patrício Cneu Pompeu, que de Sila recebera o título de Magno, e que, ao comando de suas legiões, caiu sobre Lépido e derrotou-o. 
                 A reação do partido popular foi, assim, sufocada. 
                Prisioneiros Trácios, Galos e Germanos, evadidos da Escola de Gladiadores de Cápua e chefiados pelo gladiador Espártaco, haviam-se lançado ao ataque da Itália meridional, massacrando todos quantos lhes obstaculassem o caminho e batendo os Romanos por nada menos do que quatro vezes. O comando do exército foi então confiado a Licínio Crasso, sequaz de Sila, o qual derrotou Espártaco, que tombou morto em combate. 
                  Pompeu teve o mérito de por fim à guerra então denominada "servil", aniquilando na Itália setentrional, uma massa de  quinhentos desesperados, que haviam fugido de Crasso. 
              No ano seguinte, tendo-lhe o Senado negado a eleição para cônsul, ele se aliou ao partido popular, que o elegeu e lhe entregou o comando da guerra contra os piratas que assolavam o Mediterrâneo e ameaçavam a regular entrega do trigo a Roma. Os covis dos piratas achavam-se na Cilícia e na ilha de Creta, onde foram destruídos. 
               Sempre apoiado pelo partido popular, obteve, depois, autorização para continuar sua guerra contra Mitridates, que, no ano 74 a.C., retomara as armas contra Roma. Derrotou-o perto do rio Eufrates, obrigando-o a refugiar-se no Bósforo, onde Mitridates, a fim de não cair prisioneiro dos Romanos, mandou que um escravo galo o matasse. 
              Assim, Pompeu conquistou o Ponto e a Ásia menor, chegando até às praias do mar Cáspio. A seguir, conquistou a Síria e, após breve resistência, a Palestina. Corria então o ano 62 a.C. Depois disso embarcou de regresso a Roma e, em Bríndisi, para cancelar qualquer outro receio alheio, dissolveu suas legiões;mas bem depressa percebeu o erro cometido. Depois de haver-lhe tributado todas as maiores honrarias, o Senado recusou distribuir aos seus veteranos as terras conquistadas. Pompeu, então, aliou-se a Crasso e a César, o homem novo que subira ao palco político, nos últimos anos. 
              A República romana, esgotada pelas guerras, enfraquecida pela moleza do luxo desenfreado, encontrou-se nas mãos de seus três cidadãos: o riquíssimo Crasso, Pompeu, agora glorioso devido a tantas vitórias, e Júlio César, menos conhecido então, mas de engenho bastante superior aos outros dois. (Sua genialidade militar viria a ser confirmada brevemente.) Surgiu, assim, o Triunvirato, proposto por César.  
             Um nobre romano, Lúcio Sérgio Catilina, cheio de engenhosidade, mas também bastante perverso, pusera-se à frente dos descontentes, que não faltavam em Roma, esperando, com isso, impor-se ao governo da cidade. Conspirou contra o Senado e os cônsules em exercício, mas a conjura foi descoberta pelo cônsul Marcos Tito Cícero. Catilina fugiu para a Etrúria (a atual Toscana), porém, em uma batalha, nas proximidades de Pistóia, seu exército foi vencido, e ele próprio perdeu a vida. 
                  Pouco depois destes acontecimentos, tendo-se organizado o Triunvirato, composto por Júlio César, Pompeu e Crasso, as províncias romanas foram assim divididas: Pompeu recebeu o governo da Espanha e da África; Crasso, o da Síria, e Júlio César, o da Gália, uma das quais - a Transalpina - ainda não estava nas mãos dos Romanos. 
                  Cpésar, em oito anos de luta, durante os quais refugiou seu gênio militar e político, conseguiu a Gália Transalpina, estendendo as fronteiras da República até ao Reno. Ele mesmo escreveu, depois, esta guerra nos estupendos: "Comentários da Guerra Gálica". Entretanto, Crasso morrera combatendo na Síria. Pompeu, que pretendia permanecer sozinho no comando de Roma, lutou para que César não obtivesse o consulado, e até se fez nomear, ele próprio cônsul único, provocando indignação do rival. Mas Pompeu insistiu, fazendo com que o Senado ordenasse que o vencedor das Gálias entregasse o comando de suas legiões, mas César não era homem que se submetesse. Reuniu suas legiões, atravessou o Rubicão -limite entre a Gália Transalpina e a Itália - realizando, assim, um ato de verdadeira hostilidade contra a república: "Alea Jacta est!" - a famosa frase: a sorte está lançada, que exclamou ao impelir seu caval opara atravessar o rio. Bastaram a Júlio César apenas dois meses para que a Itália inteira lhe aceitasse docilmente o comando. 
              Pompeu fugira para a Grécia. Depois de haver desbaratado os adeptos deste, na Espanha, Júlio César derrotou Pompeu em Farsália, na Grécia. O vencido refugiou-se no Egito, mas aquele rei, Ptolomeu, esquecendo os benefícios que dele recebera no passado, mandou cortar-lhe a cabeça, oferendo-a, depois, ao vencedor. 
                 A morte de Pompeu assinalou o início da grande fortuna de César, que recebeu o título de "Imperador", isto é, "condottiere", e obteve a ditadura perpétua. Durante sete anos, dominou Roma e alcançou vitórias nas mais distantes regiões. 
                A vitória sobre Farnaces, filho de Mitridates, foi tão fulminante que César a descreveu com estas três palavras: "vini, vidi, vici!" - Vim, vi, venci. 
              A República dominada por um único homem, podia considerar-se terminada. A palavra da liberdade indignava  os melhores romanos. Foi iniciada uma conspiração, sob a orientação de Cássio. E também Bruto, jovem protegido de César e, ao que parece, seu filho ilegítimo, juntou-se aos conjurados. E, nos idos de março do ano 44 a.C., César foi apunhalado no interior do Fórum, justamente aos pés da estátua de Pompeu. Ele só teve tempo de Falar "Tu quoque, fili mi!" - também você, meu filho.  Esta frase ficou conhecida como: "Até tu Brutus!". Conta-se que ele murmurou a tal frase com profunda amargura, ao vislumbrar o jovem entre aqueles que o estavam atacando e que o liquidaram com vinte e três punhaladas. 
                   Depois da morte de César, um de seus adeptos, Marco Antônio, convenceu o povo e o atirou contra os matadores Bruto e Cássio, que se refugiaram, prudentemente, um na Grécia outro na Ásia. Marco Antônio também desejava proclamar-se ditador, mas o Senado preferiu o jovem Otaviano - César Otaviano Augusto, que terminou o período imperial Antes de Cristo e Iniciou o novo período Depois de cristo, nossa era. 

               
PARA LER DESDE O INÍCIO 
clique no link abaixo