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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

O CAMINHO DE HITLER E A ASCENSÃO DO NAZISMO

 



        Hitler nasceu em 20 de abril de 1889, em Branau, pequena cidade da  fronteira austro-alemã; fez o curso secundário em Linz, mas, propositadamente, dedica-se pouco ao estudo. Espera com isso que o pai, empregado subalterno do serviço austríaco, deixe de insistir para que ele se torne também um funcionário público. Contudo o sonho de Adolf Hitler é ser pintor artístico. 
             Com a morte do pai, em 1903, vai, com a irmã e a mãe, morar num subúrbio de Linz. Em 105, Adolf tem uma doença pulmonar e abandona a escola por uma ano. Depois da cura, volta a estudar. Mas por pouco tempo: decide trocar a província Lins por Viena, a capital do Império Austro-Húngaro, onde poderia cursar a Academia de Belas-Artes. Reprovado duas vezes no exame de admissão, passa a viver da pintura de cartões postais e aquarelas. Isso rende muito pouco, e Adolf vê-se obrigado muitas vezes a dormir faminto em abrigos noturnos. Mas não procura emprego: prefere trabalhar por conta própria, que que seja ocasionalmente. 
             Desde essa época, acompanha os debates do Parlamento, em Viena, como admirador entusiasmado do Partido Nacionalista Germânico, cujos postulados - que mais tarde os nazistas adotarão em boa marte - são o anti-semitismo, e anti-socialismo e a supremacia germânica no império multinacional da Áustria-Hungria (formado por austríacos, húngaros e vários povos eslovacos, sérvios, croatas), com a união desse império ao alemão. 
          Observando Karl Lueger (1844/1910), burgomestre de Viena e chefe do  Partido Social Cristão, Adolf descobre a importância da propaganda entre as massas para a conquista de adeptos. E um dos pontos básicos da propaganda desse brilhante orador é também o anti-semitismo. 
              Essa vivência em Viena delineia na mente do frustrado artista os princípios de sua "filosofia" política. 
                  Em 1913, ele deixa o Império Austro-Húngaro. Mais tarde ele diria: "Repelia-me aquela mistura de tchecos, polacos, húngaros, rutenianos, sérvios, croatas e, por toda parte, esse cogumelo da humanidade.... judeus e mais judeus". 
            Vai para a Alemanha, instala-se em Munique, onde continua a viver  sem trabalho regular. Passa a frequentar círculos anti-semitas. 
              Em agosto de 1914, pouco mais de um mês depois do início da Primeira Guerra Mundial, Adolf entra como voluntários num regimento da Baviera. Durante quatro anos participa ativamente do conflito; chega a ser promovido á cabo e condecorado duas vezes com a Cruz de Ferro (de segunda classe em dezembro de 1914 e de primeira classe em agosto de 1918). 

          Terminada a Guerra, ele está hospitalizado, curando-se da cegueira temporária causada pelo gás lançado pelos britânicos na última batalha de Ypres. É no hospital que fica sabendo da derrota, e engrossa a corrente de opinião segundo a qual o Exército alemão não fora vencido no campo de batalha, mas "apunhalado pelas costas" pelos políticos. 
               A derrota enfraquece o governo imperial. No dia 3 de outubro de 1918, os marinheiros iniciam em Kiel uma revolta que se estende rapidamente. Em toda a Alemanha, formando-se "conselhos de operários e soldados", seguindo o modelo dos sovietes da revolução comunistas russa do ano anterior. A 9 de novembro, o Kaiser Guilherme II (1859/1941) abdica e o social-democrata Philipp Sheidemann (1865/1939)proclama a República em Berlim.
             A mudança de regime salienta as divergências entre os grupos políticos e aumenta a disputa entre eles, pelo poder. Os social-democratas, favoráveis a um combate gradual ao capitalismo, entram em aliança  com o Exército, contra a extrema esquerda (representada pelos "espartaquistas") Hitler é encarregado  pelo exército de dar cursos de civismo para as tropas, combatendo o comunismo. 
            Em 11 de janeiro de 1919, começa em Berlim uma greve geral, reprimida pelo Exército em dias que ficaram conhecidos como a "semana sangrenta" e durante os quais são moretos dois importantes líderes espartaquistas: Karl Liebknecht (1871/1919) e Rosa Luxemburgo. >>>>>
              Enquanto na conferência de Versalhes os vitoriosos da guerra discutem o futuro alemão, uma assembléia nacional constituinte reúne-se em Weimar, na Alemanha Central. 
          Em 3 de julho de 1919, a assembleia vota a Constituição de Weimar, que estabelece um regime federal e parlamentar, com eleições direta para a presidência da república. Mas, um mês antes de votar a Constituição, a asembléias aprova o Tratado de Versalhes, que separa a Prússia Oriental do resto da Alemanha, eplo corredor de Danzig, e obrigava que se entregassem às nações vitoriosas praticamente todos os navios mercantes, equipamentos industriais e materiais ferroviários alemães, além de estabelecer  um efetivo máximo para o Exército (100.000 homens). 
           Com a aceitação do Tratado de Versalhes, a agitação nacionalista contra o governo aumenta bastante. Hitler identifica-se com as ideias fortemente nacionalistas de Anton Drexler, líder do Partido dos Trabalhadores Alemães, de Munique. Aceita o convite para entrar nesse grupo, em 1920; é encarregado do setor de propaganda, e revela-se um eficiente orador. 
         A 24 de fevereiro de 1920, os chefes do partido promovem uma reunião de massa e expõem um programa de 25 pontos, que inclui: negação do Tratado de Versalhes, união de todos os alemães numa "grande Alemanha", eliminação da cidadania dos judeus, proibição da participação de judeus em cargos públicos, expulsão de todos os judeus que tivessem entrado no país depois de 1914. Outros pontos expressavam as reivindicações da facção de esquerda do partido (que, afinal, sem apoia nos trabalhadores); abolição de toda renda que não seja ganha pelo trabalho, nacionalização dos trustes, participação estatal no lucro das grandes indústrias, socialização dos grandes estabelecimentos comerciais e seu arrendamento por preço baixo a pequenos pequenos comerciantes. A 1º de abril, o partido recebe um novo nome: Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores - NAZI. 
           Em uma ano, Hitler ganha o controle do partido, afasta Drexler e, em 29 de junho de 1921, torna-se o presidente. Em agosto participa da organização do SA (Sturn Abteilung =  Grupo de Assalto), organização paramilitar cuja tarefa original  é manter a ordem em comícios e concentrações nazistas. A partir daí, o movimento se expande pelo sul do país e conquista adeptos importantes como Herman Goering, Ernst Rohem ( 1887/1934)  e Otto Strasser (1897/ >>>>, que farão parte do governo nazista. Em 1923, Hitler já detém uma liderança que, além de emocional, baseia-se na capacidade de organização, numa utilização racional dos meios de comunicação de massa, em seus dons oratórios e no fascínio que consegue exercer sobre seus liderados. Mas ainda é apenas o começo. 
          As más consequências da guerra criam uma insatisfação  que se agrava em 1923, com a ocupação do Ruhr pelos franceses, em janeiro, e a desastrosa desvalorização da moeda nacional. Hitler acha que é o momento adequado para um golpe de Estado e, inspirado na "marcha sobre Roma" de Mussolini (outubro de 1922), tenta tomar  Munique para depois marchar sobre Berlim (dias 8 e 9 de novembro de 1923). Mas o governo esmaga a manifestação de rua e, em abril de 1924 é condenado a cinco anos de prisão. 
           Na cadeia, ele estuda o fracasso recente e conclui que o melhor caminho é a conquista ilegal do poder, com base na propaganda. Aproveita os meses de prisão para ditar a seu secretário parte da obra que se torna  um manual do movimento nazista: Mein Kamf - (Minha Luta). 
          Consegue ser libertado em dezembro do mesmo ano e vai continuar o livro na região sul-oriental da Baviera. Nessa época, apaixona-se por sua jovem sobrinha Geli Raubal, com quem mantém uma ligação acentuadamente neurótica. (Em 1931, depois de violenta discussão do casal, Geli pratica o suicídio). 
         Paralelamente, Hitler trata de rearticular o partido, que fora dissolvido depois do frustrado golpe.  Cria a SS (Schutztaffel), uma polícia interna da organização, e, em 1926, a Juventude Hitlerista (Hitler Jugend). Mas com o fluxo de capitais americanos e a estabilização do marco, devido ao plnao elaborado pelo banqueiro e político norte-americano Charles G. Dawezs (1865/1951), e aplicado em agosto de 1924, a Alemanha se recupera economicamente. E o nazismo entra em recesso. 
          A crise econômica de 1929 fornece aos nazistas nova oportunidade de ascensão. Os capitais norte-americanos se retiram, as exportações caem, há milhões de desempregados e pequenos burgueses arruinados, que voltam sua estima para Hitler. No mesmo ano, o partido aumenta sua força aproximando-se de grandes industriais, que passam a contar com as milícias da organização para reprimir os comunistas. O partido que em 1928 tinha doze representantes no Reichstag (Parlamento), passa a ter 107 com as eleições de 1930. 
          No ano seguinte, Hitler se naturaliza alemão e tenta a presidência. Perde para o Marechal Paul von Beneckendorff und vom Hindemburg, que chefiara o Exército na Primeira Guerra Mundial (13.400.000 votos contra 19.300.000). Nas eleições de 1932, os nazistas elegem 230 deputados e se torna a maior força parlamentar. Mas o Reichstag é dissolvido, pois os nazistas negam-se a aceitar qualquer Gabinete que não seja chefiado por Hitler, e os comunistas recusam-se a colaborar com os social-democratas. Na nova eleição, os nazistas conseguem 196 deputados, e o dilema persiste. Para não enfrentar a ameaça de um golpe de Estado articulado pelos chefes políticos dos Gabinetes anteriores, Hindenburg concorda em designar Hitler como chanceler primeiro ministro) em janeiro de 1933. É a chegada legar ao poder. 
           No poder, Hitler age com grande rapidez e em seis meses consolida seu governo ditatorial. Explora o incêndio do Reichstag, atribuindo-o aos comunistas, para obter de Hindenburg  um decreto suspendendo as liberdades fundamentais. Há outra dissolução do Reichstag e as eleições consequentes (5 de março de 1933) fazem-se num clima de violência incentivado pela SA. Os nazistas conseguem 44% dos votos e Hitler obtêm do Parlamento plenos poderes  por quatro anos. Dissolve todos os outros partidos e acaba com o particularismo político alemão, designando governadores para cada estado. Faz uma depuração política e racial nos cargos administrativos, promove o boicote aos comerciantes  judeus e ainda em março abre os primeiros campos de concentração (que no ano seguinte serão dirigidos pela SS). Em abril, cria a Gestapo (Geheime Staatspolizei =  Polícia Secreta de Estado). 
            As SA, tropas de assalto do partido, criam problemas com o Exército, pois pretendem tornar-se o Exército Popular Alemão, e comprometem a aliança de Hitler com os grandes industriais, pois representam o setor esquerdista do partido. Na noite de 30 de julho de 1934, Hitler promove o expurgo sangrento das SA, eliminando Roem (comandante dessas forças desde 1930) e outros chefes. 
          Hindenburg morre a 19 de agosto de  1934 e Hitler acumula as funções do presidente e chanceler, depois de um plebiscito em que obtém 88% dos votos. O Estado hitlerista se centraliza cada vez mais, embora seja constituído da união, em torno do Führer (guia), de vários chefes  com grande liberdade em sua esfera de ação. Mas a ligação pessoal de todos com Hitler garante a unidade. 
             As realizações econômicas do governo asseguram o apoio popular; quando, em 1933, a indústria está quase paralisada e há 6 milhões de desempregados, Hitler concede crédito aos investidores e estimula a indústria armamentista. Em 1938, o problema do desemprego está praticamente superado. A economia passa do índice 100 em 1932 a (índice) 225 em 1939. E o desenvolvimento da indústria de guerra prepara a concretização dos principais planos de política externa traçada em Mein Kampf : anulação do Tratado de Versalhes, reunião das populações germânicas num só país através da conquista do "espaço vital" nas terras da Europa do leste, Polônia, Ucrânia e Rússia. 
           Essa recuperação, aparentemente  tão fantástica, só foi possível pela atuação do próprio Hitler que saqueou os judeus, ciganos e outros, além de muitos industriais e pessoas que foram extorquidos. Foi nessa época que começou a expropriação de todo o tipo de bens, principalmente ouro, jóias e especialmente obras de arte. Ainda existem muitas obras de arte que nunca voltaram aos seus donos. Foi esse dinheiro que financiou Hitler e seus delírios. 
               Em 1935, Hitler restabelece o serviço militar obrigatório. A 17 de março de 1935, o Exército ocupa a Renânia e, em setembro de 1938 (com Hitler como comandante supremo das Fôrças Armadas, a invade e toma a  Áustria. 
         A conferência de Munique ( de 29 a 30 de setembro de 1938), da qual  participam França, Grã-Bretanha, Itália e Alemanha, permite que Hitler anexe um quarto do território da Tchecoslováquia, onde vivem alemães. Em abril de 1939, anexa a Boêmia, a Morávia e Memei. Nesse mês reivindica territórios alemães  da Polônia. Depois de reforçar a aliança com a Itália de Mussolini (feita em 1936) e assinar um pacto de neutralidade com Stalin (23 de agosto de 1939) Hitler sente-se seguro para invadir a Polônia, certo de que as potências mundiais, mais uma vez, nada farão ante um fato consumado. Mas, com a invasão da Polônia, a 1º de setembro de 1939, Hitler desencadeia a "Segunda Guerra Mundial". Esse é o começo do seu fim. 
             As forças hitleristas dominam a França a partir de junho de 1940 e atacam a Inglaterra, esperando forçá-la a um acordo de paz. Na Rússia, o ditador, dominado pela própria imagem propagandista, recusa-se a ordenar em tempo a retirada ("O Exército alemão jamais recura") e perde a decisiva batalha de Stalingrado (2 de fevereiro de 1943). também enfrenta adversários internos, que, a 20 de julho de 1944, colocam uma bomba numa sala de conferencias. O Führer pe apenas ligeiramente ferido e faz um expurgo no alto comando, na administração e nos meios diplomáticos. 
            Em novembro de 1944, com o avanço dos aliados, Hitler dirige, de um subterrâneo em Berlim, os últimos combates. Vendo-se perdido, ordena destruições maciças no próprio país. No fim, tem a seu lado apenas Josep Paul Goebbels, Martin Borman (1900/1945?) e a companheira Eva Braun (1912/1945). 
         Entre uma ordem e outra, dita a Borman algumas notas, que seriam publicadas mais tarde sob o nome de Testamento Político de Hitler. É uma tentativa de explicar a derrota iminente, acompanhada de um incentivo à retomada futura da luta pel,os alemães. Nessas notas, ele diz que não esperava enfrentar os Estados Unidos nem a Inglaterra, e atribui esse confronto aos judeus: " O acaso da história que , enquanto eu tomava o poder na Alemanha, Roosevelt, escolhido pelos judeus, assumisse o governo dos Estados Unidos. Em princípio de 1941, a Grã-Bretanha teria podido (...) retirar-se da luta e celebrar a paz branca com a Alemanha. (...) Quando Churchill se negou a celebrar comigo um entendimento, arrastou o país (dele) à política do suicídio. (...) Eu tinha estimado muito mal o poderio da dominação dos judeus sobre os ingleses de Churchill. (...) A Inglaterra tradicional teria ajustado a paz. (...) A Alemanha, por fim, com a retaguarda bem garantida, poderia lançar-se à realização de sua principal tarefa, a meta da minha vida e a razão de ser do nacionalismo: o aniquilamento do bolchevismo. Daí resultaria, como consequência, a conquista de grandes espaços a leste, que deveriam assegurar o futuro do povo alemão". 
           Seu ódio aos judeus servia também de argumentação para explicar o marxismo: "O judeu Mardoqueu Marx, como bom judeu, esperava o Messias. Transpôs o Messias para o materialismo histórico. (...) Com um truque desses dominam-se os homens!"
            Os franceses o desorientavam: "A França é velha rameira que não deixou nunca de nos enganar, de fazer-nos burlas e chantagens". Os italianos o decepcionavam: "O maior serviço que a Itália poderia ter-nos prestado seria manter-se afastada do conflito". E conclui: "Penso que esta guerra estabeleceu pelo menos a decadência irremediável dos países latinos". 
              Nos últimos momentos, já via a derrota mais perto: "A vida não perdoa nunca a fraqueza.(...) Se tivermos de ser vencidos nesta guerra, não será possível considerar para nós senão derrota total. (...) Quanto mais sofrermos, mais resplandescente será a ressurreição da Alemanha eterna. (...) Todavia, eu, pessoalmente, não suportarei viver nessa Alemanha de traição que sucederá ao nosso Terceiro Reich vencido".  
             A 30 de abril de 1945, com as tropas dos aliados já em Berlim, Hitler teria praticado o suicídio. Junto ao seu cadáver estava, Eva Braun, sua esposa (haviam se casado um dia antes). 
          Uma das últimas notas revela, junto aos ódios irracionais de uma mente doentia, e ao fanatismo que usara como arma e pelo qual terminara envolvido, uma inteligência que raramente lhe foi negada e que lhe permitiu fazer previsões em parte  acertadas sobre o futuro do mundo: "Caso o Reich  seja derrotado, enquanto se espera a elevação dos nacionalismos asiático, africano e, quem sabe, sul-americano, somente ficariam no mundo duas potências  capazes de se confrontarem eficazmente: Os Estados Unidos e a Rússia Soviética. As leis da história condenam estas duas potências a se medirem, ou em plano militar ou então simplesmente em plano ideológico". Na conclusão, reafirma o mito da raça superior: "Uma e outra (as potências citadas) tenderão necessariamente para o desejo de conseguir, em prazo mais ou  menos custo, o apoio do único grande povo europeu que subsistirá depois da guerra: o povo alemão". 

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