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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A "SANTA" INQUISIÇÃO NA EUROPA

 



O currículo de cada um é uma história que não se pode mudar. 
             A Inquisição da Igreja Católica foi estabelecida na França pelo Papa Gregório IX em 1231. Segundo a história, sua intenção era combater a heresia dos cátaros (sociedade secreta que já existia na Idade Média), uma seita cuja doutrina contrariava todos os princípios que os Evangelhos e a Igreja defenderam desde o início do cristianismo. 
              Para entendermos a questão é importante levar em conta o contexto mental , histórico, cultural e político da época. É preciso ter consciência de que a moral humana evolui quando vamos analisar acontecimentos antigos. 
                A história nos mostra que o Sacro Imperador Romano-Germânico Fernando I deu, também, total liberdade aos luteranos contra os anabatistas (grupo cristão que não se adaptava às ideias da Igreja). Lutero, o responsável pelo cisma no cristianismo, foi considerado "herege" ele próprio também encorajava a perseguição daqueles que considerava herege. Portanto, houve também grupos de Inquisição Protestante; eles esfolaram vivos os monges da Abadia de São Bernardo e depois passaram sal em suas carnes vivas, antes de pendurá-los no campanário do mosteiro. Em Augsburbo, no ano de 1528, cerca de 170 anabatistas foram aprisionados pelos protestantes  e muitos foram queimados vivos. Na época, o célebre teatrólogo Johann Matthäus Meyfart (também protestante) descreveu a tortura aplicada pela inquisição protestante, que ele presenciou, qualificando-a como uma intolerável bestialidade. Portanto, é preciso lembrar que a Idade Média foi uma época de extrema crueldade. 
                A Espanha, que, fazia apenas um século, surgira das lutas internas e das guerras contra os Mouros, absorvida ,durante alguns decênios, naquele mosaico de povos que era o império de Carlos V, encontrou-se, à morte deste,sob o reinado de Filipe II, como o mais forte estado da Europa. Como sabemos, Carlos V dividira a herança de seu império entre seu filho e seu irmão: ao primeiro,com os imensos territórios que gravitavam em torno da coroa da Espanha, cabia também o ônus das  por seu pai, e sobretudo, aquele da velha pendência com a França. O exército espanhol, que irrompeu em território francês, sob a chefia de Emanuel Felisberto de Sabóia, encontrou desprevenidas as forças adversárias, porque o Duque de Guisa havia transferido grande parte delas para a Itália. Emanuel Felisberto seu máximo esforço contra o baluarte de São Quintino, que dominava as estradas de convergência do inimigo e, em uma épica batalha campal, derrotou as tropas francesas. Consequência lógica deste combate decisivo foi a paz, uma paz de que ambas as partes tinham necessidade. Firmada em Castelo Cambrésis em 1559, ela sancionava as conquistas européias de Carlos V, ratificando, assim, a posição hegemônica da Espanha. Diferente de seu pai, que era de nascimento e de educação flamengo, Filipe II era claramente espanhol, embora usasse o nome de uma família estrangeira, e durante todo o seu reinado, ocupou-se exclusivamente com a Espanha. Dizendo que se ocupou com a Espanha não se pode dizer que ele cuidasse muito dos interesses espanhóis, que dele tiveram somente humilhações e taxas pesadas, pode-se seguramente dizer que se comportou como um rei da Espanha e não qual um Habsburgo, ignorando os laços que sua família contraíra, desde séculos, com o mundo germânico. Homem ambicioso,teimoso, e por vezes cruel, Filipe governou como autocrata, não tolerando intromissões alheias em seus planos e chamando a si um enorme trabalho político e burocrático. Tendo subido ao trono no período de maior desordem religiosa, quando recrudesciam, em toda a Europa, lutas entre católicos e protestantes, ele se erigiu a defensor da Igreja, contra as "heresias", tanto em seus domínios como no exterior. Na Espanha, a intransig ência religiosa alcançara, então, o máximo rigor. Sobre a Inquisição espanhola, já se disse muita coisa, não  certo em tom laudatório, pois, ainda hoje, seu nome e o de Tomás de Torquemada, primeiro Grande Inquisidor, se encontram envoltos num sombrio reverbero de sangue e terror. Desta triste fama são, em boa parte, responsáveis os protestantes, que se recordam somente das perseguições sofridas por eles e não daquelas que infligiram aos católicos. Em uma época de conflitos religiosos, era muito explicável que a Igreja procurasse, por todos os meios, extirpar das consciências, a seu ver, o sutil veneno do protestantismo. De outro lado, os acusados eram entregues ao "braço secular", isto é, à fogueira, somente no último momento, quando não mais fosse possível qualquer esperança de redenção e, se exageros de rigor houve - nem é possível negá-los-, eles foram atribuídos aos homens, frequentemente obsecados por fins políticos e não à Igreja. Nesse aspecto político-religioso do reinado de Filipe II, reaparece a insurreição das Flandres, região marcadamente luterana, sobre a qual o rigorismo do Rei e de seus governantes se exerceu em toda a sua dureza. Chefiados por Guilherme de Orange, chamado o "Taciturno", pelo Conde de Egmont e pelo Conde de Hornes, os nobres dos Países-Baixos rebelaram-se ante a intransigência dos católicos: o "gueux", isto é, os mendigos, como orgulhosamente os denominou Margarida Farnésio, regente dos Países-Baixos, alargaram suas planícies, rompendo os diques, a fim de impedir ao exército do Duque de Alba, enviado por Filipe II para sufocar a revolta, de ocupar as cidades do litoral. A repressão foi igualmente implacável, mas isso não bastou para domar os valentes habitantes das costas holandesas (aos quais a Inglaterra dava boa ajuda), que acabaram por se declararem independentes da Espanha, elegendo seu "Statolder", ou seja, governador, o invicto Guilherme de Orange. Depois de haver libertado Leyla do sítio do Duque de Alba, o "Taciturno" foi assassinado por um sicário do rei. Isto, todavia, não serviu para abater o moral dos Holandeses, que,reunidos na Liga de Gand, separaram-se irremediavelmente da Espanha em 1576. 
            Como sabemos, Filipe, tendo morrido sua segunda esposa, Maria, a Católica, rainha da Inglaterra, hostilizou abertamente o reinado de Elizabeth, defendendo maria Stuart. Seu ato de maior relevo, naqueles anos, foi enviar contra a Inglaterra uma frota destinada a truncar-lhe a nascente influência. A "Invencível Armada"  esfacelou-se ante as defesas britânicas, depois de haver ficado semidestruída por uma tempestade em 1588. Em resumo, embora enormemente poderoso, Filipe II não soube valer-se de sua força, preparando, involuntariamente, a decadência da nação para a qual sonhava o perpétuo domínio mundial. 

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segunda-feira, 14 de setembro de 2020

A ERA MODERNA DA EUROPA


            Partindo do ano de 1500, isto é  - segundo um esquema tradicional, algo arbitrário e irracional - ao início da chamada Era Moderna. Um olhar sobre a Europa, nesta parte do século; um quadro extremamente variado, em cujos detalhes, todavia, não tardamos em perceber o influxo de um único impulso, quase um vento novo, que sopra por igual em todos os recantos do continente: a cidades se expandem, os navios aportam, após longas viagens, carregados de preciosos despojos, tudo  a reflorir na opulência de uma extraordinária primavera. E, na verdade, o Renascimento é a estupenda primavera da Europa, da velha e martirizada Europa, que ressurge, jovem e nova, do tenebroso período medieval. 
                A barbárie germânica, após esfacelar a muito sólida estrutura do Império Romano, não soubera substituir em nada aquele perfeito organismo jurídico e burocrático.  De um estado centralizador e bem coordenado que funciona perfeitamente; passara-se a um caótico aglomerado de feudos, que acabaram  por desinteressar-se completamente do poder central para viver vida própria. A economia do feudo era de tipo arcaico, fechada e nitidamente rural, baseada nos produtos locais e sobre permutas in natura; o dinheiro era escasso e circulava pouco. Felizmente, as cidades superaram o domínio e o velho escambo  e, aos poucos,  para ela afluíam os escorraçados pela prepotência dos grandes feudatários  que conseguiram extinguir. Às cidades, portanto, aos poucos  vieram os camponeses fugitivos, os soldados descontentes ou desocupados, criando uma população heterogênea, mas rica de novos fermentos. Chefiados por nobres cidadãos, adversários naturais daqueles provincianos, estes novos trabalhadores conseguiram eliminar quase que completamente a influência dos grandes feudatários, nos centros urbanos; implantaram indústrias, ampliaram redes comerciais, criando aquela classe burguesa que dentro em breve iria apoderar-se da riqueza da cidade. 
               A burguesia, única força viva que pudesse opor-se aos seus vassalos rebeldes, dirigiram-se soberanos, quando o ressurgente espírito nacional os compeliu a fazer valer seus direitos sobre territórios que já estavam fugindo completamente de suas mãos, ou melhor, à sua autoridade. Vimos como os reis da França, da Espanha e da Inglaterra e os próprios Imperadores procuravam propiciar a si mesmos a simpatia das cidades, concedendo-lhes privilégios e isenções. O resultado desse conjunto de fatores foi, antes de tudo, a formação de robustas corporações mercantis ou artesanais e, a seguir, de indústrias florescentes, com permutas comerciais de vasto alcance; em segundo lugar, a progressiva decadência dos privilégios e do poder feudal. Os nobres deixavam seus castelos pelos palácios citadinos, enquanto os servos da gleba se tornavam meeiros ou pequenos proprietários; finalmente, o nascimento de grandes Estados nacionais, concentrados em torno de uma dinastia, que assumia, mais de fato do que de direito, as prerrogativas soberanas. 
           Na França, o rei dispunha, enfim, de um exército permanente, de largos recursos financeiros, de uma burocracia organizada e eficiente; reinava como soberano absoluto, sem temer intromissões de parte do parlamento ou de oposição de parte dos feudatários. 
               O rei da Espanha, escorado pelas cortes dominava, incontrastado, sobre toda a península Ibérica, libertada dos Muçulmanos.
            O rei da Inglaterra, após extinta a maior parte da aristocracia na "Guerra das Duas Rosas", era o efetivo senhor do seu país, embora a constituição o conservasse preso ao respeito formal às Câmaras, a dos Lordes e a dos Comuns. 
                 Somente a Alemanha ainda estava subdividida em vários pequenos potentados, todos, porém, sob a influência da Casa da Áustria. Tal como a Itália, a Alemanha concebeu, embora muito tarde, a ideia de nacionalidade e reuniu-se num único Estado somente em um passado bastante recente. 
                À transformação política se juntava um profundo desenvolvimento cultural, uma sede de conhecimentos, de novas orientações e, ao mesmo tempo, redescobrimento de valores que jaziam, havia séculos, esquecidos; depois do brumoso parêntese barbárico, a civilização mediterrânea do homo sapiens, enriquecida por experiências amadurecidas e vivificadas pelo cristianismo, voltava a  encontrar a si mesma e retomava, sob novas formas, seu harmônico impulso. Da poeira dos arquivos conventuais, vinha à luz o tesouro da cultura latina, a muito custo conservada, pelos monges, no silêncio da noite medieval: em Florença, Gimesto Platão fazia reviver, para os humanistas latinos, a puríssima beleza da Hélade; rebuscava-se por entre as colunas  decepadas, escavava-se por entre as ruínas dos fôros imperiais e eis resplendendo novamente ao sol os mosaicos  e as estátuas de mármore e os bronzes cinzelados de um mundo muito maior e civilizado. Da Itália, modos de vida, peças de arte, idéias e homens de gênio conquistavam a Europa qual um tufão, varrendo das cortes e das cidades do norte as últimas brumas medievais. 
                   As expedições francesas na Itália só aconteceram depois da morte de Carlos VIII, em Fornovo di Taro no ano de 1498, que morreu depois de ter batido a cabeça numa porta muito baixa.  A herança  de seu trono e de sua política passou ao filho de seu primo, Luis de Orleans que, durante muitos anos, trabalhava  para tomar o trono do legítimo rei.  Luis XII, apesar da velha inimizade que o dividia das ideias de Carlos VII, abraçou-lhe imediatamente o programa.   No início de 1500 os exércitos franceses moveram-se e baixaram suas tropas  dos Alpes aprisionando Ludovico, o Mouro, todo o Ducado de Milão cai nas mãos de Luiz, que se apropriava, logo a seguir, do Reino de Nápoles. Para divisão deste último, surgiu uma questão com a Espanha, degenerada depois em guerra e encerrada com a perda do reino recém-conquistado. Mas nem por isso Luis abandonou seus planos de expansão e glória do império, concentrado na Itália, que então era a presa mais rica e mais fácil. 
Fornovo di Taro - Itália

            Em 1509 encontramos novamente as tropas francesas que avança em território veneziano. O Imperador, o rei da França e o Papa tinham firmado aliança, a Liga de cambrai, contra a muito poderosa República adriática. Veneza foi batida no campo de batalha, mas soube jogar tão bem suas cartas que acabou desfazendo a Liga e lançando o Papa contra a França. 
       Estava, então, sobre o trono de São Pedro, Júlio II, Della Rovere, bom político e homem de ação, italiano fervoroso. Mal tolerando a ingerência estrangeira e especialmente a francesa, aquém dos Alpes, ele promoveu uma nova união, a "Santa Liga", a fim de proteger o Estado Pontifício. O grito de "Fora os bárbaros!" devia ter tido o poder de sacudir os príncipes italianos, mas nem um só destes se alistou nas fileiras do grande papa guerreiro, de modo que a Santa Liga se tornou uma aliança anglo-hispano-pontifícia, contra Luiz XII. Este defendeu-se valorosamente. Junto a Ravena, um dos seus generais, o jovem e valente Conde Gastão de Foix, desbaratou o exército da Liga, cobrindo-se de glória, mas perdendo a vida. De todos os lados, todavia, os inimigos avançavam, e as tropas francesas sofreram duras derrotas em todas as frentes, dos Pireneus ao Franco Condado; os Ingleses vinham fortes de Calais - esta cidade, àquele tempo, era ainda uma possessão britânica - e com grande vitória na chamada batalha dos "esporões de ouro", ameaçavam o coração da própria França. Mas os aliados não conseguiram entrar em acordo para uma ação em conjunto e esmagar definitivamente a monarquia francesa. Entretanto, com a morte de Luis XII em 1515, o reino se encontrava igualmente em gravíssima situação. 
                   Subira ao trono um jovem de vinte e um anos, Francisco de Angoulême, valoroso, moço cheio de ardor e iniciativa; as biografias e os retratos o representam como um homem disposto e alegre, de requintada sensibilidade artística. Poucos meses depois de sua ascensão ao trono, ei-lo na Itália, para reafirmar as pretensões de seu antecessor sobre o Milanês. 
                   A batalha de Marignan assinalou seu primeiro triunfo militar. Derrotadas as milícias  de Sforza, o jovem rei tornou-se senhor do rico Ducado. Papa Júlio II, pontífice guerreiro que não desdenhava de cavalgar à frente de suas tropas,  (lembremo-nos que no sítio de Mirândola, ele escalara, pessoalmente, entre os primeiros, as muralhas da cidade) tinha morrido. Sucedera-lhe Leão X, dos Médicis, homem mais de gabinete e de corte do que de guerra. 
               A estrada das conquistas estava aberta: alemães e franceses batiam-se nas planícies italianas, sem recear oposição de parte dos príncipes locais. Em 1519, apesar das tentativas de Francisco I, que procurava impedir um fato tão ruinoso para ele e para a França, Carlos de Habsburgo assumiu o trono imperial e concentrava sobre sua pessoa as coroas da Espanha e da Áustria. A França estava circundada, por todos os lados, por gente dos Habsburgos. Agora, entre os dois soberanos não podia existir outra coisa que não fosse a guerra. Não mais se tratava do domínio da Itália, mas do predomínio da Europa. Em 1521 (Carlos estava com vinte e um anos e, Francisco I, com vinte e sete) a longa luta tinha início, com nítida prevalência de forças de parte do Habsgurgo, que conseguira levar ao sólio  pontifício um cardeal de sua confiança, Adriano de Utrecht (papa sob o nome de Adriano VI), que estreitara aliança com o rei da Inglaterra, Henrique VIII Tudor. A batalha decisiva ocorreu perto das muralhas de Pávia em 1525, onde o soberano francês se bateu feito um leão; foi desmontado duas vezes do cavalo e afinal sobrepujado pelo número e aprisionado. E pouco depois escrevia à sua mãe: "Tudo está perdido, menos a vida e a honra que estão salvas." Conta-se que rodeado por inimigos, Francisco I defendeu-se heroicamente. Dizem que, reerguendo-se, de espada em punho, após haver sido desmontado da sela, gritara: "Meu reino por um cavalo!"
Francisco I assinando a renúncia.
               Prisioneiro da corte de Madri, Francisco I é obrigado a renunciar á Borgonha, Flandres, Artois, ao Reino de Nápoles e ao Milanês. Seus filhos permaneceram na Espanha, como reféns, depois de sua libertações. 
              Mas, nem tudo fora perdido, como rei pudera supor no transtorno da derrota. O "Tratado de Madri", que ele foi obrigado a assinar, era, na verdade, desastroso, mas a França não se encontrava ainda prostrada e a luta recomeçaria pouco depois. 
               Entre as grandes figuras da história européia, notável é aquela de Carlos Habsburgo, sobre, a qual convergem riquezas e títulos de um monarca fabuloso. De sua mãe, Joana "a Louca", filha única de Fernando, o Católico, e de Isabel de Castela, recebeu o  Aragão,  Castela, os reinos de Nápoles, Sicília e Sardenha, as possessões americanas; do pai, Filipe, arquiduque da Áustria, herdou a Áustria, a Estíria, a Caríntia, as Flandres, os Países-Baixos. Portanto, Metade da Europa. E, quando Carl,os recebeu toda essa graça divina, contava apenas seis anos de idade. Nasceram em 1500, em Gand, e tinha sido educado num clima repleto de arte e de requintada cultura; à morte de seu pai, em 1506, a rainha Joana enlouquecera, e por isso seu avô materno, Fernando, teve que assumir a tutela do futuro senhor do mundo. Morto Fernando e desaparecido também Maximiliano, a candidatura do jovem de dezenove anos ao trono do Império se apresentava inevitável, pois era o herdeiro direto da casa de Habsburgo, que desde séculos detinha o título e era apoiado por grande parte da nobreza e pelo próprio Pontífice Leão X. Assim, em 20 de outubro de 1520, a coroa de Carlos Magno brilhou sobre a cabeça de Carlos V. 
               As primeira dificuldades, o novo imperador encontrou-as na Espanha: flamengo de nascimento e de educação, entrou em choque com as cortes,expressão do fervente nacionalismo espanhol surgido das guerras contra os Mouros. Para contornar a situação, ele acenou a tendência absoluta, de "soberano pela graça de Deus", já inaugurada pelo seu avô Fernando. 
              Contemporaneamente aos negócios da Espanha, ele devia cuidar daqueles da Alemanha, onde o cisma luterano provocava as primeiras perigosas desordens, e daqueles da Itália, onde seu poder estava sendo ameaçado pela expansão francesa. Com um domínio tão eriçado de contrastes, acabou lutando, quase que com armas iguais, contra seu grande antagonista, Francisco I, que tinha atrás de si uma nação unida e poderosa como era a França. Todavia, desde 1521, ano em que se iniciaram as hostilidades entre os dois jovens soberanos, a fortuna sorriu às armas imperiais; como se sabe, Francisco I foi repetidamente batido em todas as frentes, da Navarra às Flandres e ao Milanês. Nesta série de reveses, destacaram-se no campo francês, as excepcionais virtudes de Baiardo, cujo valor pessoal salvou o exército de completa derrota, e no campo espanhol a covardia e a traição do Condestável de Bordão, um primo do rei da França, que se passara para as hostes dos imperiais. Pierre du Terrail de Bayard, "o cavaleiro sem mancha e sem medo", foi e ainda continua sendo o protótipo do guerreiro e do cavaleiro leal. Durante a campanha de Luiz XII, ele invadira sozinho Milão, atacando as milícias de Sforza; na Apúlia, em 1501, salvara o exército defendendo com poucos homens a passagem do Guarigliano; na batalha de Agnadello, contra os Venezianos, dirigira pessoalmente o ataque, realizando prodígios de valor. Francisco I considerava-o quase como um pai. Em 1523, o exército francês é derrotado pelos espanhóis, perto de Sésia, e Baiardo defende-lhe a retirada, com uma retaguarda de cavaleiros. Afinal, tendo ficado sozinho na ponte, sozinho contra todo o exército espanhol, não é a lança de um seu par, mas sim uma pedra, atirada por um obscuro soldado, que o abate. Dizem que, agonizando, encontrou-se com o Condestável de Borbão e mostrou ao príncipe traidor como morre um fidalgo, enfrentando o inimigo. 
             A campanha de 1521 a 1525 encerrou-se com a batalha de Pávia e com a prisão de Francisco I, em Madri. mal se viu livre, Francisco declarou que o tratado por ele assinado não devia considerar-se válido, porque lhe fora imposto à força (argumento capcioso, como podemos ver, porque todos os tratados de  paz são impostos pelo vencedor ao vencido) e começou a movimentar-se a fim de granjear aliados. Obteve o apoio de todos os maiores príncipes italianos e a adesão do rei da Inglaterra. Desta vez, Francisco I não se mexeu, isto é, não mandou um exército para sustentar os aliados sobre os quais se lançava a ira do Imperador e o resultado foi que uma avalancha de Lansquenetes, mercenários alemães, baixou na Itália onde, reforçada por contingentes espanhóis e ferrarenses, saqueou todas as cidades e aldeias. Giovanni delle Bande Nere, o "condottiere" famoso por sua audácia e pela sua crueldade, procurou contê-los; sua família, isto é, os Médicis, estava ao lado de Francisco I. Mas, em Bogoforte, Giovanni foi ferido mortalmente. Foi preciso amputar-lhe uma perna (ele mesmo fez luz aos cirurgiões) e logo depois morreu. Os lansquenetes dirigiram-se para Roma, (também o Papa estava ao lado dos Franceses), sitiaram-na e saquearam-na horrivelmente em maio de 1527. Clemente VII saiu do Castelo Santo Ângelo, onde se encontrava, somente depois de haver assinado um tratado humilhante e haver repudiado sua aliança com a França. Carlos V era, realmente, o senhor da Europa. 
                 Como se viu, Carlos V e Francisco I tinham escolhido, como campo de batalha e de conquista a Itália, que era, na primeira metade do século XVI, a região mais rica da Europa e, ao mesmo tempo, a mais fraca. Cada cidade possuía uma corte ducal ou principesca e enriquecia-se dia-a-dia, de mais palácios e de jardins, de ouro e de obras de arte; os campos eram esplendidamente cultivados, especialmente no Milanês e na Emília; dezenas de milhares de artesãos, de oficinas, produziam  o melhor que se pudesse encontrar no mundo civilizado. A esse estado de graça correspondia, porém, uma fraqueza cívica; a extrema subdivisão em pequenos Estados, se era fecunda de obras de paz era, por outro lado, fonte de uma extrema instabilidade política. A profissão de soldado era confiada a mercenários, reunidos em pequenos pelotões de ventura, a soldo dos vários príncipes. A única preocupação dos grandes senhores era aquela de alimentar-se  ao lado do provável vencedor, ainda que estrangeiro. A segunda guerra, contra Francisco I, deu a Carlos V a posse efetiva da Itália, da qual ele foi coroado rei, em Bolonha, no mês de fevereiro de 1530; os pequenos soberanos italianos tornaram-se fantoches, nas mãos do imperador que,como primeiro ato de sua nova soberania, derrubou a república de Florença, restaurando os Médicis, na pessoa do Duque Alexandre. Outro ato importante desse período foi a entrega da ilha de Malta à antiga Ordem Militar dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, expulsos pelos turcos de sua sede em Rodes. Nesse ínterim, outras e mais graves preocupações atormentavam o jovem imperador, suja sorte, gravando-o com tantas e tão imensas responsabilidades, não lhe tinha, por certo, preparado uma vida fácil. No interior, justamente no coração do Império, o cisma luterano flamejava, dividindo os príncipes e os povos e pondo Carlos V, herdeiro da tradição católica da coroa espanhola, eram uma bem difícil posição: Já muitos senhores, entre os quais os eleitores da Saxônia e de Brandenburgo, tinham-se unido em uma liga e ameaçavam, com suas aproximações a Francisco I, a própria estabilidade do Império. Nos confins orientais, em terras da Hungria, apresentavam-se ameaçadoras as vanguardas de Solimão II, sultão da Turquia, que marchava sobre  a Áustria e Viena. O imperador tinha necessidade de todas as suas forças para enfrentar a ameaça muçulmana. Assim, Carlos V teve que,temporariamente, pactuar com os protestantes, concedendo-lhes o livre exercício do culto luterano, a fim de reunir todas as suas forças e lançá-las contra Solimão; este julgou conveniente evitar o choque e retirou-se, sem combater, para além das fronteiras húngaras, enquanto um de seus melhores homens, o pirata Khair-ed-Din, conhecido por "Barba-Roxa" (um cristão renegado que, à frente das galeras turcas, devastava o Mediterrâneo) era expulso de Tunísia pelo valor de Andrea Dória,  grande almirante genovês a serviço de Carlos V. Durante os combates, refulgiu o valor de Catarina Segurana, uma jovem nicense, que se atirou sobre os Turcos, que irrompiam pelas muralhas, arrancando-lhes o estandarte do Profeta.  
              Entretanto, a morte de Francisco Sforza II, em 1535, oferecia a Francisco I oportunidade para uma nova guerra; uma guerra que terminaria em nada, por haver-se interposto o Papa Paulo II Farnésio, quando as sortes estavam indecisas.  A "trégua de Nice", promovida pelo Pontífice, durou até 1542, ano em que as tropas francesas e imperiais se enfrentaram para uma quarta guerra. A paz de Crépy, concluída em 1544, deixava as coisas mais ou menos como antes.
Concílio de Trento
              No entanto, contra o alastrar da heresia luterana, o mundo católico estava preparando uma adequada reação: em 1545 o Papa Paulo II instala solenemente o Concílio de Trento, destinado a lançar as bases  de uma eficaz reação católica ante a avassaladora, então chamada,  "heresia protestante". O Concílio durou de 1545 a 1563, contribuiu, sobretudo, para moralizar  os costumes do clero católico que estava totalmente à vontade para praticar seus desmandos. O principal objetivo do Papa era restabelecer a força da igreja de Roma que, pelo fausto e as ambições mundanas do prelados, as lutas dinásticas e o desenfreado nepotismo, haviam afastado da verdadeira prática cristã. Enquanto Carlos V e as tropas francesas - (Francisco I já tinha morrido, e seu sucessor, Henrique II, aliara-se aos Turcos, contra os Imperiais (se digladiavam de novo, asperamente, os Cardeais, reunidos no castelo de Trento, elaboravam as novas regras que deviam moralizar a vida do clero e tornar inoperantes as acusações luteranas. A Alemanha, apesar dos muitos esforços do Papa e do Imperador, estava perdida para o catolicismo, pelo menos em parte. O grande domínio, que Carlos V sonhara abrigar sob o cetro, evaporara-se, por obra dos protestantes e dos franceses. Carlos V  resolveu, então, abdicar, confiando a seu irmão Fernando os domínios alemães e a coroa imperial e, a seu filho Filipe, a Espanha, a Itália e os Países-Baixos, retirando-se para um cela do convento  de São Justo, na Extremadura. Cansado do poder, o home sobre quem já pairava a sombra da morte, que nivela os prícipes aos humildes, viveu seus últimos anos em silêncio, meditando, talvez sobre a precariedade das glórias e das ambições humanas. 
                 Enquanto, nos campos de batalha da Itália e França, Carlos V e Francisco I  estavam empenhados em luta sem quartel, que tinha alvo o domínio da Europa, além da Mancha, o poderio inglês ia lentamente se consolidando. A aristocracia, cerne da nação, saíra esgotada e empobrecida da Guerra das Duas Rosas; a monarquia, ao contrário, liberta do controle por vez tirânico dos lordes, ganhara em autoridade e prestígio. Como bem nos lembramos, ao fim da guerra civil, subira ao trono Henrique Tudor, que encarnava em sua pessoa a herança e os direitos dos Lancaster e dos York, e na realidade, como sempre acontece após um longo período de desordem e sangue, sob seu reinado, a Inglaterra retomou a senha do progresso, expandindo seu comércio e reforçando aquilo que estava destinado a tornar-se o instrumento de seu poder: a frota. Sempre sob o reinado de Henrique VII Tudor, o navegador veneziano João Cabot, que estava, desde anos, a serviço da coroa inglesa, alcançou Terra Nova e as costas do Labrador, assegurando à Inglaterra, com esta expedição, a posse sobre aqueles imensos territórios. De qualquer forma, os tempos ainda não estavam maduros para que Henrique VII pensasse em desenvolver a expansão inglesa rumo ao Ocidente. 
                Henrique VIII, que sucedera ao seu pai em 1509, encontrou-se em uma situação de notável preeminência, seja no interior, onde o Parlamento estava quase sem prestígio, seja no exterior; ; o rei da Inglaterra, no momento em que a França e a Espanha estavam para engalfinhar-se, representava um aliado cobiçado por ambos os contendores. Este novo rei, que subira ao trono com apenas dezoito anos, era dotado de caráter forte e violento, um misto de engenho - em dose assaz notável - energia juvenil, orgulho e obstinação. 
                Ele jamais demonstrara muitos escrúpulos a respeito da vida ou da liberdade alheias e, quando julgava oportuno , agia com impecável dureza, desfazendo-se de seus inimigos ou opositores, sem o mínimo respeito pela opinião pública. Nos primeiros anos de seu governo, administrou com pulso forte e iluminada sabedoria. Negaceando entre a Espanha e França, Henrique VIII procurava reconquistar, no continente, os territórios perdidos depois da Guerra dos Cem  Anos e até, quando a sorte parecia estar contra Francisco I, tentou fazer valer velhos direitos da coroa inglesa ao trono da França.  Mas, sua mais importante ação, pelo menos aquela que teve mais graves consequências, desenrolou-se no campo religioso. Henrique, a princípio combatera os Luteranos e até, tendo escrito um opúsculo contra suas teorias, granjeara do Papa o título de "Defensor da Fé". 
              Em seguida, o rei desposara, com autorização especial do Pontífice, sua cunhada Catarina de Aragão, e este matrimônio o ligava, em certo sentido, à política espanhola; quando resolveu aliar-se à frança, em 1530, procurou conseguir do Papa Clemente VII a anulação do casamento, mas o Papa permaneceu irredutível. Isso provocou a irada rebelião do autocrata inglês, que resolveu desligar a igreja britânica de Roma e proclamou-se, com a cumplicidade de uma parte do alto clero, chefe espiritual de seu país. Contemporaneamente, fez decretar pelo arcebispo de Cantuária a nulidade de seu casamento e contraiu novas núpcias com uma nobre dama de origem italiana, Ana Bolena. Contra esse golpe do rei, sancionado no ato da Supremacia em 1534, com o qual se impunha a todos os ingleses o reconhecimento da nova hierarquia religiosa, insurgiram-se alguns dentre os maios dignos homens da época, entre eles Tomás More, (personagem que havia recentemente sido canonizado pela Igreja), eminente estudioso e homem político, que recusou categoricamente dobrar-se ante o capricho do soberano, afrontando o patíbulo com a serena e heroica resignação dos antigos mártires. 
               A nova Igreja Anglicana conserva, em sua origem, quase que inteiramente, o patrimônio litúrgico e dogmático do catolicismo, mas, subtraindo-se à autoridade do Papa, maculava-se com a mais grave das "heresias", criando motivos para uma série de acontecimentos de grande importância, tanto no campo político como no espiritual. Para começar, Henrique VIII usou de sua posição de Chefe da Igreja a fim de anular também seu casamento com Ana Bolena, que ele mandou decapitar. A seguir, casou-se mais quatro vezes, ora se divorciando, ora incumbindo o carrasco de livrá-lo da esposa. À sua morte, a coroa passou para a cabeça de um menino de apenas dez anos, Eduardo VI, filho de Henrique e de sua terceira esposa, mas o reizinho, enfermiço, não passou de um brinquedo nas mãos do lorde Seymour que, sob o título de Protetor, governou a Inglaterra praticamente durante seis anos do reinado de Eduardo VI, que morreu (de doença ou de veneno), em 1553. Na corte real, vivia então, uma menina de rosto inteligente, bastante vivaz, mais do que a sua estirpe exigia. E essa menina, Elizabeth, filha de Henrique e de Ana Bolena, estava destinada a tornar-se uma das maiores rainhas da Inglaterra.
                Quando morreu Henrique VIII, viviam em Londres, três herdeiros diretos do seu título, nascidos de diferentes matrimônios: Maria, filha de Henrique e de Catarina de Aragão, Elizabeth, filha de Ana Bolena, e Eduardo, filho de Joana de Seymour. Naturalmente, foi o varão que subiu ao trono, mas sua tenra idade, fez com que, durante os poucos anos de seu reinado, ficasse à mercê dos maiores senhores da corte. De têmpera bem diferente era sua irmã, que lhe suceda em 1533. Crescida no culto à mãe, católica, autoritária e violenta que nem o pai, desembaraçou-se logo dos adversários. Sua ascensão ao trono, ocorrida em flagrante contraste ao testamento do irmão, foi, por si própria, uma ato de força; e sua política, a política de uma soberana católica num país de cismáticos, foi a natural consequência disso. As piras e as forcas floresceram nas praças da Inglaterra; os "hereges" foram exilados, mortos, obrigados a conversões que não desejavam; as leis de Henrique VIII foram revogadas e o culto católico restaurados oficialmente. Para essa tão decidida atitude de Maria contribuíram diversos fatores: além de seu caráter e de sua educação, o casamento com Filipe, herdeiro do trono espanhol e católico militante, e a surda rivalidade com sua irmão Elizabeth, que os protestantes haviam quase eleito como seu símbolo. Como sempre, a política de violência servia apenas para criar mártires e fomentar a reação dos cismáticos. A reação católica, promovida por Maria, contra o culto cismático instaurado por seu pai, foi tão violenta que lhe valeu o apelido de sanguinária. fogueiras queimando hereges surgiram em toda as praças inglesas.
               E também na política externa Maria foi desastrada; seu casamento com Filipe compeliu-a a uma guerra bem catastrófica para as armas inglesas e que terminou com a perda do último baluarte britânico no continente: Calais. A derrota foi um verdadeiro traumatismo moral para a rainha, já acabrunhada pelo cansaço de uma política que suscitava novos adversários; no mesmo ano, ela morreu, com notável alívio de seu povo, ofendido pela aliança com a Espanha e pela opressão religiosa. A perda de Calais e, com isso, as últimas esperanças inglesas no continente, tinha sido sua maior mágoa. Talvez Maria não tivesse previsto que, justamente aquela derrota, trucando as derradeiras veleidades britânicas quanto ao continente, acentuava o isolamento geográfico do país, obrigando-o a ir procurar no mar aquela  fortuna que lhe fora negada em terra firma. Tal situação, de fato, ficou desde logo bem patente à soberana que sucedeu a Maria, Elizabeth, a jovem  de vinte e cinco anos, mulher de caráter firme e autoritário ainda mais do que a irmã, mas muito melhor dotada de intuição política, e que soube exaltar aqueles valores nacionais e aquele patrimônio que Maria, indiferente ao destino do povo, havia ignorado. Desde os primeiros anos  de seu reinado, viu-se circundada pela geral simpatia e apoiada tanto pela burguesia como pela nobreza. Elizabeth contava, sobre a irmã, a grande vantagem de ser protestante; na Inglaterra o catolicismo possuía bem poucos prosélitos convictos. Com uma série de leis, Elizabeth impôs novamente sua supremacia ao clero britânico, proibiu, de maneira sempre mais draconiana, o culto católico, perseguindo, enfim, os adversários religiosos com aquele encarniça,mento que propiciara a Maria o apelido de "Sanguinária". Em sua figura de mulher austera e fria (pelo menos na aparência), em seu desdém pela casamento e as alianças continentais, os Ingleses viram a exaltação dos caracteres da estirpe; o próprio parlamento abdicou, voluntariamente, de suas prerrogativas, deixando a Elizabeth mão livre tanto na política interna como na externa. A crise religiosa, que perturbava a Europa, viu a Inglaterra elisabetiana situada decididamente ao lado dos luteranos, posição a que a rainha foi obrigada ainda pela presença no trono da Escócia de sua prima, Maria Stuart, perigosa defensora do Catolicismo. Também a Escócia, de outro lado, estava perturbada por tumultos. Maria Stuart precisava defender-se das conspirações e das prepotências de seus lordes, quase todos protestantes, e, por sua vez, procurava entender-se com a Espanha e com a França para restaurar o culto romano na Inglaterra. 
                 Quando, em 1568, em seguida a um novo levante de seus adversários, Maria viu-se obrigada a fugir da Escócia e procurar asilo junto à sua poderosa prima, foi ali recebida com aparente cortesia, pois sua presença era demasiadamente perigosa para ser grata. De fato, duas conspirações ameaçaram de perto a vida de Elizabeth, e a todas as duas Maria não ficara neutra: a primeira, em 1572, que terminou com a morte dos cabeças - o banqueiro italiano Ridolfi e o Duque de Norfolk;  a segunda, em 1585, com a cumplicidade de Filipe II e dos Guisa, chefes do catolicismo francês. Maria Stuart foi então decapitada, por ordem da soberana, na fortaleza de Fotheringay em 1587. A morte de Maria Stuart, acusada de conspirar contra Elizabeth , truncou para sempre as esperanças dos católicos ingleses. Maria deu provas, nos últimos instantes, de sua grande firmeza, recusando-se a abjurar sua crença.  Foi sua morte, verdadeiramente heroica, que decidiu Filipe II a concretizar a expedição contra a Inglaterra que, desde muito tempo, estava organizado. Mas sua frota de invasão, denominada pomposamente "Invencível Armada", foi literalmente desbaratada pelos ingleses, validamente coadjuvados por tempestades e pela experiência dos comandantes espanhóis. E, com essa vitória, a Grã-Bretanha apresentava-se ao mundo na qualidade de dominadora dos mares. 
                 O reinado de Elizabeth foi marcado por inúmeras insurreições nas fronteiras escocesas e, desde essa época, a rivalidade entre os dois povos tão afins provocou episódios de sangue e verdadeiras batalhas.

              O fim do imenso império colonial que a Espanha conquistara e tão mal administrara no Novo Mundo; um desfecho repentino e deplorável, que demonstrou como o poderio espanhol se baseava em alicerces inseguros, como um faustoso edifício corroído pelos anos, que um magote de revolucionários fez ruir, enquanto a maior das grandes potências se expandia e fortificava seu domínio de além-mar, não com a força das armas mas com a outra, bem mais válida, de uma apurada expansão comercial e política. A perda das colônias americanas, duríssimo golpe, que teria aniquilado a fibra e as esperanças de qualquer país, não tinha diminuído a irresistível ascensão da grandeza britânica, pois, desta feita, um insucesso serviu para que seus homens de governo corrigissem seus próprios erros e mudassem de rumo. A Grã Bretanha percebeu., e isto já estava na consciência do povo antes que na das classes dirigentes, que o mundo mudava de aspecto, que não mais se poderiam empregar os métodos displicentes com que a Espanha e Portugal se haviam enriquecido, que se deviam acautelar, evitar uma nova revoltya de colonos, ou seja, adotar uma política bem mais esclarecida. E, ainda mais, que não era lícito ufanar-se dos próprios princípios de humanidade e, ao mesmo tempo, comportar-se de maneira de todo oposta a tais princípios. Nesta obra reformadora, a Grá Bretanha foi grandemente amparada pelo seu regime parlamentar, que permitiu à voz do bom senso fazer-se ouvir, cedo ou tarde, também entre os homens do governo. Em 1807, tinha sido abolido o tráfico dos escravos, graças à eficaz ação do partido "whig", e a marinha britânica conduzira, em todos os mares, uma verdadeira guerra contra todos os navios negreiros; mas centenas de milhares, talvez milhões, eram ainda, os homens de cor sujeitos à escravidão, em todas as partes do mundo. Pois bem, 1833, o ministério Grey - ainda uma vez os "whigs" estavam no poder - propôs e obteve que, em todos os territórios sujeitos à coroa britânica, a escravidão fosse abolida, o que foi prontamente cumprido, naquele mesmo ano, depois que o governo britânico pagou nada menos que vinte milhões de esterlinas aos senhores dos escravos, para ressarci-los  do prejuízo sofrido. Se pensarmos que, trinta anos depois, metade do povo americano enfrentava uma guerra sangrenta para manter a escravatura, mais podemos apreciar a prova de civilização dada pelos ingleses.  
                  A libertação dos escravos, realizada pelos ingleses, em 1833, poderá parecer-nos uma óbvia providência, a nós latinos, mas no mundo anglo-saxão, de civilização relativamente recente, constituem uma grande vitória das correntes renovadoras, milhares de seus irmãos gemiam sob o chicote, nos campos e nas fábricas dos Estados Unidos.
           O advento da revolução industrial e o melhoramento das condições de vida tinham determinado, nos primeiros decênios do século XIX, um brusco incremento numérico da população britânica. A válvula natural destes abalos demográficos é sempre a imigração (quando não é a guerra), e assim, o êxodo para as colônias tinha notavelmente aumentado.  Eis, então, na Colônia do Cabo, na África do Sul, que se apresenta o choque inevitável entre os recém-chegados e os "boers", os colonos holandeses já radicados ali desde muito tempo; estes julgavam prejudicados seus próprios interesses e iniciaram uma lenta, colossal emigração para o norte, no intuito de se libertarem para sempre dos odiosos dominadores. Tudo em vão, porque, pouco depois que os "boers" tinham dominado as ferozes tribos zulus de Natal e se haviam já estabelecido naquele território, os ingleses anexaram ao seu domínio também aquela província, lançando as bases de uma futura breve e sangrenta guerra.

           Outra importante corrente migratória convergiu das Ilhas Britânicas para o Canadá, a mais evoluída entre as colônias da Coroa e a que mais facilmente poderia imitar o exemplo dos estados Unidos. Aqui, porém, os fermentos seccionistas foram dominados, com habilidade, pelo governador Lorde Durham que, a custo de tornar-se impopular entre os numerosos colonos franceses da região e junto à parte mais reacionária do parlamento britânico, coordenou e obteve uma espécie de autonomia para a colônia, que teve um parlamento próprio, constituindo, assim, um primeiro rudimentar exemplo daqueles que seriam os "dominions", colunas do império britânico. 
               Nas antípodas, duas colônias iam adquirindo importância preeminente: a Áustria, ainda em grande parte inexplorada, mas que já prometia proporcionar imensas riquezas, e a Nova Zelândia, arrancada a duras penas das miras coloniais dos franceses. A Nova Zelândia, tão distante da metrópole, nasceu e floresceu como um verdadeiro Estado democrático, de cunho realmente religioso, graças a algumas seitas protestantes que fizeram prosélitos.  Na Austrália, porém, a população branca não era o que se poderia desejar de bom, dado o hábito inveterado de para lá se enviarem delinquentes; os pobres indígenas, pertencentes à raça mais atrasada do mundo, pouco mais evoluída, física e espiritualmente, dos nossos ancestrais de duzentos mil anos, sofreram a prepotência e a crueldade dos criminosos, que em alguns casos,chegaram até a cometer verdadeiros morticínios. Mas já duas novas riquezas, a criação de carneiros e a extração do ouro, chamavam da Inglaterra uma nova, mais calma e civilizada corrente migratória, base da futura prosperidade australiana.            
             
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sábado, 12 de setembro de 2020

CULTURA - ARTE E FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA

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             Ao invadir a Europa, no século V, os bárbaros destruíram a maioria das bibliotecas. Poucas escaparam. As que sobreviveram geralmente estava instaladas nos mosteiros. 
               As bibliotecas dos mosteiros não eram muito grandes. Dificilmente possuíam mais de uma centena de volumes. Os livros eram escritos  em latim ou grego. Além da Bíblia e de livros religiosos, nessas bibliotecas encontravam-se também obras de filósofos gregos, como Platão e Aristóteles, e de escritores romanos, como Cícero, Virgílio, Plínio e outros.    
              Os monges tornaram-se assim as únicas pessoas a ter contato com as obras dos antigos pensadores gregos e romanos. E a Igreja passou então a monopolizar o saber durante toda a Idade Média, pois nesse período as pessoas não sabiam ler nem escrever. Somente os monges copistas conseguiram manter a tradição da leitura e da escrita. 
Monge copista da Idade Média.
                   Foi graças aos monges copistas que os textos escritos pelos pensadores da Antiguidade chegaram até nós. Nas bibliotecas dos mosteiros medievais, os monges trabalhavam copiando os velhos manuscritos gregos e romanos. Essas cópias  eram feitas em pergaminhos de pele de cordeiro e, para copiar os textos, eram utilizadas canetas feitas de pena de pássaros. Uma pedra polida era utilizada para raspar a tinta e assim apagar os erros. Depois de pronto o texto era decorado com desenhos muito delicados- as chamadas "iluminuras". Naquela época alguns monges já usavam óculos, mas eram raros. 
              As mudanças que marcaram a sociedade européia na Baixa Idade Média despertaram novas necessidades nas pessoas. Saber ler e escrever, por exemplo, tronou-se requisito fundamental para os cidadãos ligados às atividades de produção e comércio. Desse modo, no século XII, os burgueses criaram as primeiras escolas leigas da Idade Média, ou seja, escolas cujo ensino não era estritamente religioso. A evolução dessas escolas culminou com o surgimento das universidades.
                Provavelmente, a mais antiga universidade da Europa tenha sido a de Salerno na Itália, fundada no século XI. Entre 1200 e 1300 foram criadas muitas universidades em algumas das principais cidades europeias, especialmente no norte da Itália. Mas no século XIII a universidade de maior prestígio era a de Paris. Ali se reuniam os melhores mestres da época, como o frade dominicano  Tomás de Aquino, professor de Teologia. As aulas eram dadas em latim, para alunos vindos de diferentes países.  
                Na primavera, as aulas da universidade de Colônia, na Alemanha, eram ministradas  ao ar livre. O mestre subia  na cadeira para dar a lição, ler um texto, ou abrir um debate entre seus alunos. Terminado o curso, os melhores discípulos  tornavam-se mestres em outras universidades. Desse modo as ideias dos pensadores gregos como Aristóteles e Platão, antes conhecidos apenas nos mosteiros, foram difundidos nas praças e nas salas de aula de toda a Europa.     
               Os estudantes iniciavam a universidade fazendo um curso de formação geral, que incluía Gramática, Matemática, Filosofia, Música e Astronomia. Em seguida, caso quisessem aprofundar-se nos estudos, os alunos optavam por um dos três cursos oferecidos: Medicina, Direito ou Teologia. 
              A Teologia era a matéria mais estudada e discutida entre os estudiosos da Idade Média. O professor das universidades, porém, mudaram o método de abordar esse conhecimento. Influenciados pela filosofia grega, introduzida no Ocidente   pelos árabes da península Ibérica, os sábios medievais aplicaram à Teologia a forma racional de pensar dos gregos. Da relação  entre o modo de pensar racional dos gregos e os princípios da Igreja, surgiram uma nova maneira de explicar o mundo. As diversas teorias teológico-filosóficas que surgiram daí e que dominaram todo o conhecimento medieval receberam o nome de escolástica
                Os estudiosos medievais escreveram muito. A obra mais conhecida desse período foi escrita por Tomás de Aquino e se denomina Suma Teológica. Essa obra resume as ideias mais importantes da Idade Média e durante muitos séculos foi o manual mais usado em todas as escolas católicas para a formação de sacerdotes. 
               Os escolásticos reformaram certas ideias da Igreja e auxiliaram muito no combate às "heresias". Mas o pensamento escolástico não contribui para o progresso dos fenômenos da natureza, pois era abstrato e não levava em conta a realidade. O interesse pela natureza e o desejo de explicar os fenômenos que ocorriam no mundo natural só começaram a aparecer nos séculos XIII e XIV. Nesse período, alguns estudiosos, como Roger Bacon (1214 - 1294), começaram a dizer que era necessário fazer um exame mais crítico da escolástica,observar mais a natureza e realizar experiências em laboratórios. Segundo Roger Bacon, a verdade deve ser buscada no mundo, nos experimentos e não na Bíblia. 
              Nos séculos XIV e XV, no momento em que os Estados nacionais começaram a se formar, a burguesia introduziu nas universidades o estudo do Direito Romano. O objetivo desse estudo era justificar a centralização do poder na pessoa do rei. A universidade de Bolonha, na Itália, por exemplo, especializou-se no ensino dessa disciplina. 
            As transformações gerais ocorridas na estrutura da sociedade européia, na Baixa Idade Média, provocaram uma renovação também nos valores artísticos. 
             Na literatura, surgiram obras que procuravam uma forma de expressão diferente da dos textos sagrados. Uma das mais importantes desse período é a Divina Comédia, escrita pelo poeta italiano Dante Alighieri (1265 - 1321). A Divina Comédia tem como inovador o fato de ter sido escrita em Toscano, um dialeto italiano, e não em latim, como eram todas as obras desse período. Além disso, ela trata os seres humanos de forma realista. São pessoas que lutam por suas vidas e não mais criaturas espirituais, cuja vontade se anula diante de Deus. 
               Durante a Idade Média, predominaram as construções religiosas. A  Europa desse período  foi coberta de igrejas, o que mostra a importância  da religião para a sociedade medieval. 
                As igrejas foram construídas de acordo com dois estilos arquitetônicos: o romântico e o gótico. O estilo romântico predominou entre os séculos XI e XII; o gótico, por sua vez, começou a tomar forma a partir do século XII. A evolução do romântico para o gótico representou uma renovação artística e expressou as transformações que estavam ocorrendo na sociedade  feudal. 
                No século XI, as igrejas românticas eram de pedra e nas aberturas das janelas e portas usavam-se arcos redondos, na forma de uma semicircunferência, típicos das construções dos antigos romanos. Daí o nome romântico, que recebeu esse estilo. A planta das igrejas tinha a forma de cruz. 
A igreja de Santa Maria Laach, situada nas proximidades do Reno.

                 Como os arcos redondos são pesados, trazem risco de desabamento. Por isso, a abertura das janelas é muito pequena. Daí resulta que o interior dessas igrejas era mal iluminado e, portanto, sua decoração muito simples.
               Na Baixa Idade Média, novas técnicas de construção auxiliaram o aparecimento de um estilo de construção original: o gótico.
              O que caracteriza os estilo gótico são os arcos em forma oval. Os arcos dessa forma oferecem menor risco de desabamento. Por isso, as igrejas góticas puderam ter mais e maiores aberturas para o exterior. Essas aberturas foram decoradas com vitrais, que proporcionam a passagem da luz  do sol. Por isso, ao contrário das igrejas românticas, o interior das igrejas góticas era claro e colorido. ainda por causa dos arcos ovais, as igrejas góticas puderam ter paredes menos espessas e mais altas. Como seu interior era claro, ele passou a ser decorado de santos e de pessoas da época. 
              O estilo gótico, originário da França, simbolizava o movimento dinâmico da sociedade européia em transformação e o gosto pelo requinte, despertado nos cristãos do Ocidente pelo contato estreito com as civilizações orientais. 
Esta igreja de Barcelona (Espanha) é estilo gótico. 

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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

A RELIGIÃO E O PODER DO PAPA NA IDADE MÉDIA



          O papel espiritual da Igreja na Idade Média sempre esteve associado à sua atuação no campo político. No século XII, a Igreja era a instituição mais rica e poderosa da Europa. 
            Porém, com o fim do sistema feudal e o surgimento do capitalismo na Baixa Idade Média, a Igreja entrou em crise. À medida que a burguesia prosperava intelectual e financeiramente, muitos passaram a ignorar as proibições da Igreja às atividades  econômicas lucrativas, e também  com o fato  de que seus reis centralizavam a autoridade política, o poder do papa e do alto clero entrou em crise.
             Essa crise repercutiu no interior do próprio clero: os bispos passaram a exigir que o papa fizesse reformas na Igreja, e muitos fiéis aderiram às novas formas religiosas alternativas, que procuravam recuperar a essência dos "ensinamentos de Jesus". 
            O burguês - homem dos tempos modernos - impôs à sociedade em transformação a sua mentalidade dinâmica, voltada para as preocupações terrenas. O conhecimento e a arte dos séculos XII e XIV expressaram claramente essa mudança. 
               Em 1122, ao terminar a guerra entre o papa e o imperador do Sacro Império, a Igreja atingiu seu apogeu. A atuação do papa Inocêncio II (1189 - 1216) mostra bem isso. Ele ampliou os Estados da Igreja na Itália, convocou a Quarta Cruzada e subjugou reis, como João Sem-Terra, da Inglaterra, e os fiéis que haviam aderido a doutrinas contrárias aos ensinamentos da Igreja. 
                Afirmando que a Igreja tinha sido fundada por Cristo, os papas passaram a dominar a política internacional com base em sua autoridade de "representantes de Jesus na Terra". O sistema feudal, dividindo o poder entre numerosos nobres e reis, contribuiu para esse domínio do papa sobre todo o mundo ocidental. 
               Mas com as novas condições econômicas e sociais implantadas pelo capitalismo em desenvolvimento, o poder da Igreja começou a ser disputado pelas monarquias nacionais. 
            O conflito entre Felipe, o Belo, rei da França, e o papa Bonifácio VIII é um bom exemplo dos conflitos entre o Estado e o papa do século XIV. 
             Felipe, o Belo, e seus colaboradores pretendiam obrigar a Igreja a pagar impostos à França, como os demais súditos do reino. O papa, no entanto, reivindicava o direito de suserania (decisão) mundial sobre o poder dos reis. Essa pressão para não pagar impostos, apesar de toda a evolução da sociedade perdura até nossos dias, e acontece porque muitos políticos atuais aproveitam-se disso para se elegerem e reelegeram indefinidamente na sombra do cristianismo.
              Em 1303 o papa Bonifácio VIII foi aprisionado e morto. Em 1305, Felipe conseguiu impor um papa de origem francesa, Clemente V.  Finalmente, em 1309, a própria sede do papa foi transferida da Itália para Avignon, no sul da França. 
                 No século XIII, a Igreja criou um novo meio para se defender das ameaças à sua autoridade: os Tribunais da Santa Inquisição. Através desses tribunais, as pessoas acusadas de heresia eram presas, tinham seus bens confiscados e eram submetidas a interrogatórios por, bispos e abades. Para obter a confissão dos acusados, os inquisidores os submetiam a torturas cruéis. Quem fosse considerado herege ou dado a praticas de bruxaria era condenado à morte na fogueira, em praça pública. Esse espetáculo servia para espalhar o terror entre as pessoas e assim forçá-las a abandonar as doutrinas consideradas heréticas e a se submeterem aos ensinamentos da Igreja. Essa foi a época mais cruel daquele "negro período" da Santa Inquisição: "aos heréticos a fogueira!" Essa era uma sentença comum nos julgamentos dos tribunais inquisitivos, estabelecidos pela papa Inocêncio II no final do século XII e início do século XIII. Eram considerados heréticos os curandeiros e as bruxas, as pessoas que ministravam "passes", os conhecedores das plantas medicinais, os alquimistas que procuravam a formula para fabricar ouro, e todos os adeptos de correntes místicas que, que buscando recuperar a simplicidade da vida de Cristo, eram acusados de desviar-se da "verdadeira" fé cristã, aquela que realmente interessava à Igreja. Os Tribunais da Inquisição usavam de extrema violência contra essas pessoas. A morte na fogueira, a tortura e o exorcismo público dos "possuídos pelo demônio" espalhavam o terror entre as populações  da França, Itália e Espanha, que não ousavam mais contestar o poder da Igreja. 
               Crueldades semelhantes a humanidade só voltou a conhecer com o surgimento do holocausto de Hitler. 
            No ano 1377, quando a Igreja pretendeu transferir novamente sua sede para Roma, ocorreu o cisma, isto é, uma divisão dentro da própria Igreja, através da liderança simultânea de dois papas: Clemente VII, eleito em Avignon, e Urbano VI, escolhido em Roma. 
               A fim de resolver a crise do papado, eram necessárias reformas na estrutura eclesiástica. Os bispos que desejavam essas reformas pretendiam ocupar o poder deixado pelo enfraquecimento da autoridade do papa. 
               Os problemas da Igreja agravaram-se ainda mais em 1409, quando o Sacro Império elegeu um terceiro papa. Os três papas entraram em choque, cada qual buscando legitimar sua liderança sobre a cristandade. 
            A disputa foi resolvida no Concílio de Constança (1414 - 1418), que reuniu cardeais, bispos e doutores de toda a Europa. Os três papas foram depostos e um novo chefe supremo da Igreja foi eleito. O Concílio também julgou e condenou João Huss e Jerônimo de Praga à morte na fogueira, por liderarem um movimento reformista na Boêmia. Esse movimento denunciava a ambição do clero por prestígio político e bens materiais. 
              O aumento de riquezas materiais pela Igreja e o envolvimento do alto clero em questões políticas criaram tensões dentro da própria comunidade eclesiástica, que, de modo geral, começou a perder seu prestígio junto aos fiéis. 
            Mas, se estas prática existiam na Igreja desde a Alta Idade Média, por que então, durante séculos, ela exerceu seu poder sem ser acusada de nada? Porque, na Alta Idade Média, as ideias e os valores pregados pela Igreja justificavam  sua dominação sobre as sociedades européias: a crença no paraíso e a salvação da alma após a morte e a ameaça do inferno às pessoas que não seguissem o caminho indicado pelos sacerdotes católicos.  
               Com  o desenvolvimento do capitalismo e a ascensão da burguesia, na Baixa Idade Média, a posse de terra deixou de ser a base da economia. O comércio, ou seja, a compra de mercadorias por baixo do custo e sua revenda com lucro passou a ser a fonte de riqueza. 
             A fim de agir com maior liberdade, livre das proibições da Igreja em relação ao lucro e à usura, os burgueses precisavam introduzir novas idéias e valores na sociedade. Passou-se, assim, a duvidar de que o homem era dono de seu próprio destino, diminuindo sua subordinação a Deus.
               A insatisfação dos cristãos em relação ao comportamento do clero favoreceu o aparecimento de doutrinas contrárias aos ensinamentos da Igreja. Essas doutrinas foram chamadas pela Igreja de heresias. Heresia é uma palavra de origem grega que significa erro, opinião divergente. Lembrando que tudo o que era considerado heresia acabavam em julgamento pela Santa Inquisição e a condenação poderia ser até a queima do herege vivo numa fogueira. Lembrando também que todos os bens materiais do "herege" condenado passava automaticamente para a Igreja. 
             Nos séculos XII e XIII, os movimentos heréticos proliferaram muito, especialmente na França, atraindo de modo particular a população mais humilde. As heresias mais importantes desse período foram a valdense, que pregava o desapego aos bens terrenos, e a albigense, que legitimava a mortificação do corpo como forma de alcançar a pureza de espírito. 
                  Na Espanha a maior defensora das atitudes da Igreja foi a rainha Isabel de Castela (1451 - 1504), apelidada de "a católica". Casou-se com Fernando de Aragão seu primo. Devido ao parentesco pediu autorização a Igreja, que fez uma exceção e  prontamente atendeu.
                 Desde então a Igreja sempre esteve na defensiva de suas pregações absurdas.
            Além de perseguir os considerados heréticos, a Igreja procurou recuperar sua boa margem junto aos fiéis, oferecendo-lhes um exemplo real de imitação da pobreza de Cristo. Para isso, o papa Honório II reconheceu e aprovou as ordens mendicantes dos Dominicanos e dos Franciscanos, respectivamente nos anos 1216 e 1223. Também a Igreja perseguiu os judeus e muitos foram mortos simplesmente por serem judeus.  Segundo a história, no governo de Isabel  de Aragão foi construído o mosteiro das Carmelitas no terreno que teria sido o maior cemitério de judeus na Espanha.  Essas ordens eram formadas por religiosos que se entregavam a uma vida de orações, renunciavam à riqueza e viviam apenas do que as pessoas lhe davam, como fazia o Buda. 

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terça-feira, 8 de setembro de 2020

DAS CORPORAÇÕES ARTESANAIS NA BAIXA IDADE MÉDIA AO CAPITALISMO

 

                 No sistema feudal, existiam basicamente dois grupos sociais: o dos trabalhadores da terra (servos) e dos proprietários das terras (os nobres e clérigos).
             O lugar que o indivíduo ocupava na hierarquia social era dado pelo seu nascimento filho de servo era servo,. filho de nobre era nobre. Era praticamente impossível um servo melhorar seu padrão de vida e ascender socialmente á condição de nobre. 
               A economia desse período estava baseada na produção agrícola para consumo imediato. As atividades comerciais praticamente inexistiam. 
               O trabalho dos servos era realizado coletivamente. Não havia especialização de funções e, portanto, todos faziam de tudo.  Os servos não tinham interesse em aumentar a produção. Produzir mais significava apenas que os senhores teriam mais para explorar, aumentando as obrigações servis. Por isso, não havia nenhum interesse em melhorar as técnicas agrícolas.
                Mas a partir do século XI esse sistema entrou em crise. Em grande parte, a crise do feudalismo poder ser explicada pelo crescimento da população européia, sobretudo da camada senhorial, o que levou os senhores a aumentar a aumentar a pressão sobre os servos, com vistas a ampliar suas rendas. 
           Com o fim das invasões bárbaras no século XI, a Europa passou a viver um clima de estabilidade. Esse fato possibilitou o crescimento da população e o aumento da circulação de mercadorias, pois os excedentes de produção passaram a ser vendidos nas pequenas feiras locais.
              Mas o crescimento do mercado consumidor entrou em choque com abaixa produtividade do trabalho servil. 
                 Para elevar seus rendimentos, os senhores feudais aumentaram as obrigações feudais dos servos. Em decorrência dessa medida, um grande número de servos abandonou as terras em que vivia ou foi expulso dela. Assim, as rendas senhoriais ao invés de aumentar diminuíram, forçando os senhores feudais a deserdar os filhos mais jovens para evitar a subdivisão da propriedade feudal. Com isso, criou-se um vasto contingente de homens sem propriedade, desejosos de conquistarem terras. 
                A transformação do sistema feudal para o capitalismo tem início com a fuga dos servos, que abandonam o campo, e com a mudança gradativa dos feudos, passam a funcionar como unidades produtivas para os novos mercados urbanos que começavam a surgir. Isso representou a passagem da economia feudal auto-suficiente para a economia mercantilizada, que caracteriza o capitalismo. como conhecemos hoje. 
                 Com o servos abandonando o interior e os filhos deserdados pelos senhores, a Igreja encontrou a massa indispensável para convocar as Cruzadas.
                  Entre os séculos XI e XIII, várias Cruzadas partiram em direção ao Oriente motivados pelo dever religioso de libertar a Palestina (Terra Santa) das mãos dos infiéis. Sob este pretexto religioso, as Cruzadas foram, de fato, a manifestação mais evidente da crise do feudalismo. Tratava-se da mobilização dos deserdados rumo às novas terras e às ricas cidades comerciais do Mediterrâneo oriental, em que o comércio era controlado pelos árabes muçulmanos desde o século VIII. Isso explica porque, na Quarta Cruzada, os cruzados conquistaram Constantinopla, uma cidade cristã, transformando-a num lucrativo centro comercial de especiarias originárias da China, da Índia e do Japão e dominado pelos venezianos. 
                  Os grupos de mercadores que passaram a controlar esse comércio eram originários das  cidades italianas de Veneza, Gênova e Pisa, principalmente. Mas também do norte da Europa, nas regi~]ões do mar do Norte e Báltico, desenvolveu-se um dinâmico intercâmbio comercial, que tinha na região de Flandres (Bélgica e Holanda atuais) um de seus centros mais importantes. 
                 Nos século XIII e XIV, os mercadores e artesãos das cidades começaram a se reunir em associações defenderem seus direitos frente aos poderosos do sistema feudal; a Igreja e os nobres.
               Do século XII ao século XV, os pequenos mercados locais da Idade Média prosperaram, transformando-se em grandes feiras. Aí eram negociadas mercadorias de todas as partes do mundo conhecido e efetuadas transações financeiras. O dinheiro passou a ser largamente empregado para facilitar o intercâmbio de mercadorias. 
                 Na Baixa Idade Média, surgiram muitas cidades na Europa ocidental, onde passaram a se concentrar mercadores e artesãos. As cidades atraíram também os antigos servos e os nobres sem terras, marginalizados pela crise do sistema feudal. Aí, eles iam em busca de oportunidade de  trabalho e de riqueza. 
               No novo sistema econômico que surgia com o fim do feudalismo, a riqueza em capital era mais importante do que a riqueza em terras. Os senhores feudais, desejosos de possuir as novas mercadorias à venda  nas feiras, necessitavam de dinheiro. Para tanto, libertaram parte dos servos, a quem passaram a arrendar partes de suas propriedades. A produção agrícola passou a orientar-se para a venda nas cidades e não apenas para o consumo local. Esse fato estimulou o aumento da produção agrícola. Assim, novas técnicas de cultivo começaram a ser empregadas  para aumentar a produtividade do solo. 
               O progressivo desenvolvimento do sistema capitalista, em substituição ao feudalismo em crise, determinou novos caminhos para a história do homem, cujas representações ainda hoje podemos sentir. 
               No entanto, com o enriquecimento de uma parte da burguesia, tornou-se cada vez maior a distância que separava os ricos dos pequenos comerciantes e mercadores.  
                Na segunda metade do século XIV, a peste negra intensificou a crise do feudalismo e as revoltas de trabalhadores nas cidades e nos campos.  A peste negra matou milhares de pessoas na Europa. Em Florença (Itália), por exemplo, os mortos eram tantos que eram colocados na entradas das casas e recobertos com um pano, até que trabalhadores - com o nariz e boca protegidos para não respirar o ar "empestado" - levassem em caixões para sepultá-los em algum lugar. Nesse clima de instabilidade, a alta burguesia começou a poiar os reis, pois lhe interessava uma autoridade centralizadora. É sempre nesses momentos difíceis     que surgem novas ideias.
                No século XV, grande parte das nações européias já se configurava como monarquias. Os reis concentravam o poder político em suas mãos e a alta burguesia tornava-se o grupo social dominante. 
                Os mercadores instalados nas novas cidades da Europa agrupavam-se em associações denominadas guildas. Essas associações tinham dois objetivos: ampliar a liberdade de seus membros diante das restrições impostas pela Igreja e pela nobreza feudal e defender os interesses comerciais dos mercadores locais frente aos concorrentes de outras cidades. 
               Nos séculos XIII e XIV, também os artesãos (fabricantes) organizaram-se em corporações de acordo com seu ofício. Assim, os fabricantes  localizados numa rua ou algum bairro, formaram corporações; eram sapateiros, alfaiates, ferreiros, e assim por diante. 
              O mestre artesão - proprietário da oficina e seus auxiliares - oficiais e aprendizes - eram membros da mesma corporação. Eles passaram, então, a gozar de inúmeros privilégios em relação aos artesãos que não eram associados. Por exemplo, tinham facilidades para obter matérias-primas e maior facilidade para colocar à venda seus produtos no mercado. Em contrapartida deveriam submeter-se ao regulamento da corporação, que exigia e fiscalizava o controle da qualidade e preço das mercadorias. 
               Controlando a produção e a circulação dos artigos, as corporações de artesãos garantiam os interesses comerciais de seus associados. Mas, se num primeiro momento esses interesses eram comuns aos mestres e a seus subordinados, com o desenvolvimento do comércio internacional surgiram divergências. À medida que enriqueciam, os mestres passaram a formar corporações à parte e a dificultar a ascensão social dos aprendizes e oficiais. Por sua vez, os trabalhadores começaram a rebelar-se, reivindicando melhores condições de vida. 
                Ao final do século XIV, em função da peste negra, as revoltas sociais intensificaram-se: nas cidades, lutava-se contra a classe dominante, formada pelos burgueses ricos; na zona rural, os camponeses lutavam contra a nobreza, proprietária das terras. 
               A fim de combater as rebeliões populares durante a crise do século XIV, tanto a nobreza como a alta burguesia buscaram o apoio militar dos reis da Europa. 
                Ao longo da Idade Média, o sistema monárquico continuou existindo, mas o poder do rei era bastante limitado. Os senhores feudais continuavam sendo a maior autoridade dentro de seus domínios, e as cidades medievais tinham também um elevado grau de autonomia. Diante dessa fragmentação política, a Igreja atribuiu a si mesma o direito de intervir nos assuntos de todas as nações europeias, tornando-se assim a instituição mais poderosa da Europa. Porém, com a crise do sistema feudal, a Igreja, os senhores feudais e os mestres das principais corporações, que também compunham o governo das cidades, ficaram enfraquecidos. Os reis aproveitaram-se desta situação para organizar suas próprias forças armadas, desmantelar o antigo exército de cavaleiros medievais e conquistar muitas terras pertencentes aos nobres. 
                Por fim alterou-se a própria estrutura de funcionamento da economia pré-capitalista, baseada na autonomia das cidades e na atuação independente das guildas e das corporações. As leis dessas associações foram substituídas por novas leis escritas, que justificavam a superioridade do rei sobre toda a nação. 
              A centralização do poder real foi uma necessidade da expansão do sistema capitalista. Os interesses e as necessidades econômicas da burguesia eram bastante diferentes dos da velha nobreza feudal. Para o desenvolvimento de seus negócios, a burguesia precisava de um poder centralizado que unisse as leis, as moedas, os padrões de pesos e medidas. A burguesia exigia também a abolição da cobrança de pedágio cada vez que se passava pelas propriedades dos senhores feudais. Eliminar esses direitos feudais e criar mercados nacionais eram condições indispensáveis para o desenvolvimento da economia capitalista. Foi por isso que a burguesia apoiou financeiramente os reis: somente uma autoridade centralizadora  e forte, com poder sobre toda a nação, poderia proporcionar a consolidação do mercado interno. 
              Com o apoio da burguesia, os reis dominaram grandes territórios, impondo a todos os povos que viviam em seus domínios a mesma língua, a mesma religião e a mesma cultura. Assim, surgiram na Europa ocidental as diversas monarquias nacionais, baseadas na aliança de interesses entre os reis e a burguesia. 
                Mas o poder real apresentou diferenças de uma nação para outra. Enquanto na França, no início do século XVI, os reis exerciam um poder praticamente ilimitado, na Inglaterra, entre os séculos XIII e XVI, a monarquia esteve subordinada a uma nobreza poderosa. A administração do reino inglês era feita pelo Parlamento, composto de duas câmaras: a Câmara dos Comuns, cujos deputados participavam das sessões em pé, e a Câmara dos Lordes, formada por duques, condes, barões e o alto clero, que ficavam sentados durante as sessões. 
                  Em seu desenvolvimento, o sistema capitalista passou por quatro fases, desde a Baixa Idade Média até a atualidade.
               A primeira, que podemos denominar de pré-capitalismo, ocorreu entre os séculos XII e XV, aproximadamente. 
                   

                  As cidades eram centros de produção artesanal. Em Florença, ourives e artesãos  confeccionavam jóias e móveis, com motivos inspirados nas obras dos pintores e escultores florentinos. Em seguida, vendiam seus produtos por toda a Europa, tal a fama que já haviam conquistado. 
               Nesse período, a Europa passou por um renascimento comercial e surgiu uma nova campanha social: a dos mercadores. A produção de bens, que era destinada ao consumo imediato, foi sendo aos poucos substituída pela produção destinada ao comércio. E as trocas, que eram feitas em espécie, foram substituídas pelas trocas monetárias. As cidades, praticamente in existentes, voltaram a crescer. Para elas dirigiam-se os artesãos dos campos em busca de trabalho, nas pequenas oficinas familiares. Nessa fase do capitalismo, ainda eram raros os trabalhadores assalariados. A maioria dos trabalhadores continuava ligada à terra e ao trabalho servil. 
                A segunda fase do desenvolvimento do capitalismo é denominada capitalismo comercial ocorreu entre os séculos XVI e XVII. Nessa fase, o capital se concentrou nas mãos dos comerciantes, que compravam e revendiam mercadorias de quase todas as partes do mundo. Nesse período, a circulação de mercadorias (comércio) gerava mais lucros do que sua produção (indústria). 
                O trabalho artesanal ainda predominava na fase comercial do capitalismo. Os artesãos trabalhavam em pequenas oficinas e cada um era dono de suas ferramentas e da matéria-prima (menos de produção) utilizadas na confecção do produto. Nos centros maiores, no entanto, os homens livres passaram a trabalhar em troca de um salário, para outra pessoa - o industrial -, que era dono das instalações, das máquinas e da matéria-prima. Assim, aos poucos foram deixando de ser donos dos meios de produção. Por sua vez, todos os bens produzidos pelos trabalhadores ficavam com o industrial, que os comercializava, aumentando assim seus lucros e acumulando capital. 
                  A terceira fase do capitalismo é denominada capitalismo industrial e ocorreu entre a segunda metade do século XVIII e o século XX.  O capital acumulado na fase anterior do capitalismo passou a ser aplicado na produção de mercadorias. Consequentemente, os industriais, donos de fábricas e máquinas, ganharam  força dentro do sistema capitalista. As mercadorias, por sua vez, deixaram de ser feitas artesanalmente e passaram a ser produzidas em série e a baixo custo. Isso eliminou o trabalho artesanal independente e deu origem a uma grande massa de trabalhadores assalariados. Esse processo, denominado industrialização, teve início na Inglaterra e difundiu-se pela Europa, América do Norte e partes da Ásia, no século XIX. Finalmente, no século XX, ganhou o mundo. Muitas nações ainda lutam para atingir a condição de país industrializado. 
                   A quarta e última fase do capitalismo é denominada capitalismo financeiro. Teve início no final do século XIX  e estende-se até hoje. 
               Nos países desenvolvidos, que já passaram pelo processo de industrialização, o capitalismo concentrou-se nos bancos e nas grandes instituições financeiras. Essas instituições assumiram o controle das atividades economicamente produtivas da nação: agricultura, pecuária, comércio e industria. As indústrias,por sua vez, associaram-se em poderosas empresas e passaram a ter negócios em vários países ao mesmo tempo. São as multinacionais. Essas empresas, utilizando as técnicas que empregavam em seus países de origem, instalaram indústrias em países estrangeiros, onde as condições de produção e consumo são lucrativas.

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