Total de visualizações de página

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

ASCENSÃO DO NACIONALISMO NA EUROPA

 






         A Revolução Francesa, ao destruir  o antigo regime, foi o grande catalizador  das mudanças na Europa. Os exércitos revolucionários espalharam não apenas o lema "liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas também as idéias de liberalismo, auto-governo e nacionalismo, que se tornaram os principais temas da história européia do século 19. Mesmo antes de 1789, como reação do espírito racional do iluminismo, escritores como Helder (1744/1803) enfatizaram o sentimento de identidade nacional. O Estado, porém, ainda era considerado um patrimônio dinástico a que nobres de menor importância deviam obediência e fidelidade. este conceito foi questionado  pelos governos revolucionários franceses que incitavam os povos oprimidos contra  seus senhores e governos. O regime  opressivo de napoleão Bonaparte provocou reações nacionalistas na Espanha, Rússia, Tirol e, após 1807, na Alemanha. 
           No início do século XIX, o espírito nacionalista  não era tão intenso. Até 1866, a maioria dos alemães e italianos vinculava-se mais a suas cultura provinciais (bávaros, toscanos, emilianos) do que a um ideal de  unidade nacional. Os protestos limitavam-se às regiões sob o domínio estrangeiro, vindos da classe média (advogados, professores, homens de negócio): na Itália, contra a Áustria; na Irlanda, contra a Inglaterra; na Bélgica, contra a Holanda; na Grécia, contra a Turquia; na Polônia, contra  a Rússia; na Noruega, contra a Suécia. Raramente tais protestos chegavam às massas camponesas, ainda a maior parte da população. Mesmo no Império Otomano, apesar  do opressivo e progressivamente incompetente governo turco e do ressentimento dos cristãos contra a arbitrariedade dos  muçulmanos, havia pouca resistência nacionalista. A exceção era a região que, na década de 1920, constituiria a moderna Grécia. No Império Austríaco, que abrangia inúmeras nacionalidades, apenas os tchecos e húngaros mostravam-se rebeldes.  Mas eles buscavam não a independência, mas a autonomia dentro do império. 
          Após a derrota de napoleão em 1815, as potências vencedoras se posicionaram contra aspirações nacionalistas, que associavam ao liberalismo e viam como ameça  ao poder constituído. No Congresso de Viena, sob influência de Talleyrand e Meternich, foi adotado o princípio da "legitimidade" para redesenhar o mapa da Europa. Para Metternich, concessões ao nacionalismo  seriam fatais para a Áustria e contra isso se opôs até 1848. Neste período, só a Grécia e a Bélgica (1830) alcançaram a independência. As revoltas nacionalistas fracassaram na Polônia (1831 e 1846), Alemanha (1848), Itália (1848) e Hungria (1849), devido a dissidências internas e à solidariedade entre os poderes conservadores.  Os poloneses, dispersos por três  impérios, continuaram dominados até 1918/19. Já os húngaros, aproveitando os pontos  fracos da Áustria na guerra com a Prússia, alcançaram posição semelhante à da população de língua  alemã do "Ausgleich" (compromisso) de 1867. 
             Na Itália e na Alemanha, o provincianismo  e a apatia foram sobrepujados pelo expansionismo do Piemonte e da Prússia. Após 1848, a nova geração de estadistas europeus deixou de defender a antiga ordem e a expansão industrial impulsionou os anseios  de unidade nacional. O Nacionalismo passou a ser visto como uma força estabilizadora. Defensores do  nacionalismo, como Mazzini (1805/72), previam uma nova era em que nações unificadas  cooperariam pacificamente, formando federações democráticas  entre os povos.  Após 1870, tornou-se evidente que isto era uma ilusão. Ainda que seja verdade que os Tchecos da Boêmia nunca tenham, antes de 1918, desejado mais do que a autonomia dentro do Império dos Habsburgos e que os Eslavos da Bósnia-Herzegóvina tenham ficado satisfeitos em trocar o domínio austríaco pelo turco, as ideias nacionalistas logo se difundiram, especialmente entre os povos balcânicos. Embora o critério básico para definir a nacionalidade fosse a língua, grupos linguísticos estavam tão misturados que a separação pelo idioma era quase impossível, principalmente na península  balcânica. As divisões linguísticas raramente podiam ser estabelecidas com precisão e as fronteiras políticas deixaram muitas vezes minorias linguísticas, e até mesmo maiorias, sob o domínio estrangeiro. Algumas línguas eram muito dispersas. Entre elas podemos destacar o servo (ou vênedo, lusácio  na Prússia e saxônia; o masuriano, na Prússia Oriental; o valáquio, na Macedônia, Epiro e Transilvânia; o galego, dialeto português, na Gália, Espanha; e o iídiche, falado por parte dos judeus. Havia cerca de 5 milhões de judeus na Europa, muitos em grandes cidades, mas a maioria vivendo em guetos (Lituânia, Rússia, Polônia , Ucrânia, Bessarábia e Crimeia). 
          Na Macedônia, gregos, sérvios e búlgaros, assim como os nacionalistas Habsburgos, reivindicavam a inclusão, na construção do mito de nacionalidade, de tema como folclore, literatura, história nacional,  teorias linguística e racial. Como resultado  dessas ações nacionalistas, em 1913, os turcos haviam perdido quase todas as possessões na Europa.  As inquietações nacionalistas não estavam restritas aos impérios Turco e dos Habsburgos. A Grã-Bretanha enfrentou "distúrbios" na Irlanda e a Noruega exigiu a separação da Suécia. 
             As atividades nacionalistas dos sérvios na Bósnia e a decisão da Áustria-Hungria de combatê-las foi a causa mais imediata da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Esta guerra levou à desagregação dos impérios dos Habsburgos. Alemão e Russo e à formação da Tcheco-Eslováquia, Polônia, Iugoslávia, Hungria, Estônia, Letônia e Lituânia.  Ainda que constituídos dentro do princípio da autodeterminação nacional, dois desses Estados, a Tcheco-Eslováquia  e a Polônia, abrigavam grande contingente de alemães, cujo resgate tornou-se objeto da política alemã. 
            A partir do  final do século XVIII, os russos incentivaram levantes nas províncias turcas dos Bálcãs. As grandes potências, temendo o domínio russo no Oriente Médio e desejando mantes o império Otomano, esforçaram-se em pacificar os Bálcãs, obtendo concessões para eslavos, gregos e romanos. Após a Guerra da Crimeia, em 1856, impuseram um acordo para a Rússia e a Turquia. Em 1878, no Congresso de Berlin, reconheceram a independência da Sérvia, Montenegro e Romênia, mas reduziram o território que o Tratado Pan-Eslavo de San Stefano havia determinado para o novo Principado da Bulgária. Essa convulsão política mostrou às potências a rivalidade entre os povos da península balcânica e a Incompatibilidade de suas próprias ambições para aquela região. No 30 anos seguintes, apesar das crescentes discórdias religiosas e raciais na  Macedônia e da guerra greco-turca de 1897, as potências defenderam a configuração territorial existente, buscando pacificar os Bálcãs cristãos através de um programa de reforma administrativas sob a supervisão de austríacos e russos. mas a anexação da Bósnia pelo Império Austro-Húngaro (1908) reavivou o nacionalismo e destruiu a unidade das potências.  Em 1912, os países balcânicos formaram uma liga para expulsar os turcos da Macedônia. Após a  vitória, porém, reacenderam-se antigas rivalidades. A Segunda Guerra Balcânica deixou em poder da Sérvia e da Grécia a maior parte da Macedônia e partes da Albânia. 


PARA LER DESDE O INÍCIO 
clique no link abaixo
           

Nenhum comentário:

Postar um comentário