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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

FORMAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS - POLÍTICA E SOCIEDADE

 



                  América para os americanos. Nessa frase pode resumir-se a mensagem enviada ao Congresso norte-americano a 2 de dezembro de 1823. O quinto presidente dos Estados Unidos, James Monroe, definia nessa comunicação os princípios que norteariam a política externa da jovem nação por quase um século.
                 Embora tenha passado à História com o nome do presidente que a subscreveu, a Doutrina de Monroe foi redigida pelo Secretário de Estado John Quincy Adams. Diversas vezes invocada como justificativa para os movimentos de emancipação dos países latino-americanos, em essência ela dizia: "O continente americano não é um território destinado à colonização européia. Há uma diferença fundamenta de sistema político entre a Europa monárquica da Santa Aliança e a América. Toda tentativa das potências européias para estender sua influência sobre o Novo Continente será encarada pelos Estados Unidos como uma ameaça à sua segurança e à paz". 
           A referência à Santa Aliança era a explicação para a própria mensagem presidencial. Convém lembrar que a Santa Aliança foi um acordo firmado entre Áustria, Prússia e Rússia, ratificado por todas os monarcas europeus, exceto o rei da Inglaterra e o papa. Entre outras coisas, tal acordo permitia que a Rússia, então de posse do Alasca, pudesse interditar a navegação na costa noroeste do continente americano. Ao mesmo tempo, representava uma ameaça de intervenção das potências européias nas colônias, caso surgissem movimentos de emancipação. 
             No dia em que nasceu James Monroe - 28 de abril de 1758 - no condado de Westmoreland, a Virgínia era apenas uma das treze colônias que a Inglaterra possuía ao longo da costa atlântica da América do Norte. Filho de um juiz, Monroe cresceu num clima de ansiedade por uma pátria livre. Aosa dezessete anos, trocou seus livros de estudante por um fuzil e, como tenente do II Regimento de Virgínia, lutou nas batalhas de Harlem Heights, White Plains, Trenton, Germantown e Monmouth. Era a Guerra da Independência (1775 - 1783). 
           Nasciam os estados Unidos da América e surgia um jovem político. James Monroe, com 24 anos, era eleito para a Assembléia de Virgínia, assumindo depois um cargo no secretariano estadual. 
           Monroe exerceu quase todos os cargos eletivos da nova estrutura republicana. Foi membro do Congresso da Confederação, voltou a ser eleito para a Assembléia de seu Estado, daí saindo para o posto de senador. Foi embaixador na França por três anos e depois, em 1799, elegeu-se governador da Virgínia, deixando o mandato em 1802. Neste ano o presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, nomeou-o para uma delicada missão diplomática. 
             Por essa época, o território americano era limitado a oeste pelo rio Mississípi. Da outra margem em diante estendia-se a Louisiana, ex-colônia francesa cedida à Espanha em 1792. Com a devolução da Louisiana à França, em 1800, foi suspenso o direito de utilização do porto de Nova Orleans. Para a jovem nação a medida foi como uma punhalada. 
              Jefferson optou por uma saída diplomática e confiou a solução do problema a Monroe, que seguiu para a França para negociar em nome de seu Governo. O resultado não poderia ter sido melhor: os estados  Unidos compraram a Louisiana, duplicando seu território. 
Monroe agora iria para Londres, em nova missão: a Inglaterra, em guerra com a França de Napoleão Bonaparte, exercia rigoroso controle sobre a navegação no Atlântico. E apresava mesmo navios de nações neutras, entre os quais os da marinha mercante norte-americana. Em 1806, o navio inglês Leopard atacou a fragata americana Chesapeake. Fecharam-se as portas para o entendimento diplomático. 
              James Monroe regressou à pátria e à vida pública. Em 1810 era eleito novamente para a Assembléia de seu Estado; no ano seguinte, era eleito pela segunda vez governador de Virgínia, e, em seguida, o Presidente James Madison o levava para a pasta das relações Exteriores. 
             As divergências com a Inglaterra haviam degenerado em luta aberta, que ficou conhecida como II Guerra da Independência ou Guerra da Independência Comercial. Os ingleses tomaram Washington a 27 de setembro de 1814 e Monroe foi nomeado pelo Governo americano para Secretário da Guerra. Napoleão fora derrotado, cessando assim as razões da guerra entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Em dezembro era assinada a paz, com o Tratado da Gand. 
            Dois anos depois, James Monroe era eleito quinto presidente dos Estados Unidos. No plano interno, seu trabalho se destacaria pela trégua havida entre os dois partidos políticos dfa época -  federalista, que apoiara os dois primeiros presidentes, George Washington e John Adams, e o  democratas-republicano, que elegera os outros três, Thomas Jefferson, James Madison e o próprio Monroe. 
           Com Monroe, os dois clubes políticos harmonizaram-se e em 1820 o presidente conseguiu a reeleição, faltando apenas um voto para a unanimidade. Seus dois períodos de governo passaram para a história dos estados Unidos como a "Era dos Bons Sentimentos". 
         Durante sua gestão, outros Estados entraram para a Federação: Mississípi (1817), Illinois (1818), Maine (1820) e Missouri (1821), enquanto a Flórida era adquirida da Espanha (1819). Conseguiu manter o equilíbrio entre os estados que adotavam a escravatura e os que só permitiam a mão de obra livre. 
        No plano externo, Monroe apoiou os movimentos de libertação de vários países latino-americanos, inspirando-os com sua famosa doutrina. Terminado o segundo mandato, retirou-se para o cargo de reitor da Universidade de Virgínia, voltando à vida pública em 1829, como membro da Convenção convocada para emendar a Constituição. A morte o surpreendeu dois anos depois - na data da comemoração da Declaração da Indfependência, 4 de julho - quando visitava uma filha em Nova York. 

             A partir da Guerra da Secessão, os Estados Unidos completaram a ocupação de seu território, anexando a região do "Último Oeste", próximas às costas do Pacífico, antes habitada pelos indígenas (1865 a 1890). Os primitivos moradores foram agrupados em reservas do governo, e em seu lugar passaram a viver mineiros, criadores de gado e fazendeiros, principais elementos da colonização dessa área. 
                As mudanças no destino da guerra evidenciaram a importância das estradas de ferro: a rede de ferrovias no norte era maior, ligando regiões produtoras de alimentos às cidades, enquanto o sistema ferroviário do sul fora projetado para levar bens agrícolas aos portos. A falta de alimentos era comum. Já a economia do norte atendeu às necessidades bélicas sem impingir grandes sacrifícios aos civis. Os dois lados foram afetados por deserções e fadiga. A crescente relutância dos não proprietários de escravos, na maioria sulistas, em apoiar a "escravocracia" foi equiparada à má vontade do norte,após a emancipação de janeiro de 1863, em "combater pelos negros".                 
              Os reais vencedores da guerra foram os negócios do norte, com a ascensão e modernização de uma economia de corporações.  A industrialização iniciada cinquenta naos antes da Guerra tomou extraordinário impulso, e de 1865 a 1920 os Estados Unidos tornaram-se a mais poderosa nação industrial do mundo, graças à abundância e diversidade de recursos naturais, reservas de capitais e mão de obra, fomento oficial à imigração e aumento das vias de comunicação. No início do século XX já haviam constituído as grandes empresas industriais, que subsistem até hoje. Formou-se a United States Steel Corporation, que assumiu o monopólio de aço; a Standard Oil já controlava, em 1879, noventa por cento das refinarias norte-americanas; Henry Ford fundou, em 1903, a Ford Motor Company. 
             Embora muitos dos critérios de modernização, crescimento per capita do produto agrícola e industrial, inovação tecnológica, urbanização, expansão da educação, já existissem antes da guerra, eles eram restritos ao norte. Com sua predominância no Congresso nos anos de guerra, o norte aproveitou para impor seu sistema econômico, por meio das tarifas protecionistas para as manufaturas. O "Homesteade Aet" concretizou a ideologia do solo livre, de uma moeda uniforme e do apoio federal para a construção de ferrovias- medidas contrárias ao sul antes da Guerra da Secessão. 
           A modernização atingiu também o setor agrícola. Os pequenos proprietários, que não podiam seguir o progresso, mobilizaram-se para reivindicar maior proteção do governo e maior emissão de dinheiro, o que provocaria  uma alta no preço de seus produtos, permitindo-lhes resgatar suas hipotecas. Criaram-se organizações de agricultores, das quais a primeira foi a National Grange, fundada no fim do século XIX. Uma série de alianças a seguiu, culminando na formação do Partido Populista, constituído por agricultores que pugnavam por aumento dos preços dos gêneros alimentícios, e, além disso, pela estabilização das ferrovias  e telégrafos, pelo voto feminino e pela eleição direta de senadores da República. 
              Os operários também se organizaram em  associações sindicais. E, apesar das inúmeras dificuldades iniciais, duas assumiram caráter  nacional. A primeira dos Cavaleiros do Trabalho (Knights of Labour), era favorável à criação de uma só grande organização, de que participassem todos os trabalhadores. A segunda, que obteve mais sucesso, foi a Federação Americana do Trabalho (American Federation of Labour: AFL), fundada por Samuel Gompers em 1881; organizou apenas a  mão-de-obra especializada, e estruturou-se desde o início como um poderoso aparelho burocrático. 
                Nas primeiras décadas de sua história, sob a nova Constituição, os Estados Unidos conheceram um crescimento extraordinário. Em 1790, o país contava 3.900.000 de habitantes, 17m Estados e área total de 2.300.000 Km². Já em 1830, tinha 12.800.000 habitantes, 27 Estados e mais do dobro da superfície. Trinta anos depois, os habitantes eram 31.400.000, 35 Estados e as área era o triplo da primitiva.  A partir do desenvolvimento nos mais variados setores econômicos e sociais, definiram-se melhor as forças políticas. 
                Em 1790, foram organizados os dois partidos nacionais: o Federalista e o Democrata-Republicano (que deu origem ao Partido Democrata, em 1829. Já o Partido Federalista, cujo líder foi Alexandre Hamilton (1753 a 1804) contava com o apoio de pequenos industriais, banqueiros e comerciantes. Sua força maior localizava-se na Nova Inglaterra e áreas litorâneas. Seu objetivo era criar um governo de elite, que restringisse a liberdade de manifestação e de imprensa: auxiliasse os negócios, as finanças e o comércio;protegesse a indústria nascente e fomentasse uma aproximação maior com a Inglaterra. 
              À medida que o país se expandiu, também suas regiões se tornaram distintas. As diferenças entre o norte e o sul e entre o sistema de trabalho assalariado e escravo eram explosivos nos campos econômico, político e racial. Antes de 1860, mais de 90% da população negra vivia abaixo da linha Mason-Dixon, fazendo da raça um problema regional. 
                    A linha Mason Dixon é o limite de demarcação entre  Estados; fqaz parte das fronteiras da Pensilvãnia, Virgínia Ocidental, Delaware e Meryland. Depois de a Pensilvânia ter começado a abolir a escravatura em 1781, a parte oeste desta linha e o rio Ohio tornaram-se a fronteira entre os estados escravagistas e os abolicionistas. Foi traçada entre 1763 e 1767 para resolver um conflito de fronteiras na América do Norte colonial. 
                Apenas durante a Primeira Guerra  Mundial é que muitos negros foram para o norte. Com a expansão da economia, cresceu a desigualdade: ricos e pobres concentravam-se nas cidades e a classe média se mantinha no campo. 
                As eleições presidenciais refletiam a inter-relação dos padrões étnicos, religiosos, regionais e de classe. A campanha de 1800, quando o republicano Thomas Jefferson ganhou do federalista John Adams, assistiu a colonização entre as elites da Nova Inglaterra, cidadãos holandeses de Nova York e negros emancipados dos Estados centrais contra proprietários rurais batistas do norte, fazendeiros episcopais da Virgínia, imigrantes  irlandeses nas cidades e fazendeiros alemães da Pensilvânia. A complexidade desses padrões facilitou a transferência do poder. 
                Em 1828, o Partido Federalista havia desaparecido. Os partidários de Jefferson dividiram-se em republicanos-nacionalistas, encabeçados por John Quiney Adams, e democratas republicanos, liderados por Andrew Jackson (antecipando o aparecimento dos "whigs" e dos democratas. Jackson era o candidato do homem urbano do norte e do homem do campo do sul; seus adversários, desde 1828, eram mais fortes na área rural da Nova Inglaterra, no antigo noroeste e entre comerciantes e fazendeiros.  Os republicanos-nacionais "whigs" tiveram mais apoio entre os unitários, congregacionalistas, presbiterianos e episcopais. Os partidários de Jackson eram mais fortes  entre batistas e católicos; metodistas e luteranos estavam divididos. 
               Em 1860, a questão da escravatura dominava os partidos. O Partido Democrata, que sempre uniram diferentes grupos étnicos e econômicos, dividiu-se em dois, um no sul e outro no norte, que lançaram para presidente John C. Breckinridge  e Stephen  A. Douglas, respectivamente. Os "whigs" restantes formaram o Partido da União Constitucional, com John Bell como candidato, para tentar unir conservadores das duas regiões. Mas Bell só era popular nos Estados fronteiriços. Os republicanos anti-escravagistas, do norte dos EUA, lançaram Abraham Lincoln, voltado para a contenção da escravatura. Vencendo em todos os municípios da Nova Inglaterra e na maior parte de outros Estados livres (mas só em duas cidades do sul). Lincoln ganhou com apenas 39% do voto popular. Sua eleição precipitou a separação de 11 Estados escravagistas e deflagrou a guerra civil. 
                 Depois da guerra, padrões étnicos, religiosos e regionais dominaram as eleições por uma geração. A nação passou a abrigar um mosaico de religiões destacando-se os católicos, metodistas, batistas e luteranos. Como partido de união, emancipação e reforma, os republicanos ganharam a maior parte dos votos protestantes evangélicos no norte e dos negros no sul, enquanto os democratas tiveram o apoio da maioria dos brancos no sul e de protestantes não-evangélicos no norte. O peso da classe social foi pequeno, mas pode ter havido relação entre classe e partido em alguns Estados do norte, onde grande parte dos operários era imigrante católico. 
              Na eleição de 1896, questões econômicas venceram padrões étnicos e religiosos. William Jennings Bryan e os democratas, ao defenderem a expansão (embora inflacionária) da cunhagem de prata, ganharam apoio nos Estados do oeste ricos em prata (exceto três), nos Estados agrícolas de Kansas e Nebraska e no sul. Temendo impacto da inflação sobre os salários e atraídos pela rejeição, por McKinley, do tradicional anticatolicismo republicano, operários do norte (católicos ou protestantes) uniram-se aos protestantes de classe média e votaram nos republicanos. O Partido democrata, no poder durante o "Pânico" de 1893, ficou estigmatizado como partido da depressão. As divisões regionais e rurais/urbanas foram marcantes: McKinley venceu em todas as cidades da Nova Inglaterra, apesar da população predominantemente católica; perdeu em apenas um município de Nova York e em dois de Nova Jersey. Foi o único candidato republicano a vencer na cidade de Nova York no século XIX. Por 20 anos, antes de 1896, os dois principais partidos estiveram equilibrados nas eleições nacionais. O sucesso de McKinley ao ganhar votos de imigrantes e da população urbana, mesmo perdendo os dos fazendeiros e dos mineiros do oeste, levou o Partido Republicano a uma visão mais urbana e progressista, garantindo seu domínio até 1930. 
               O Partido Democrata-Republicano, mais forte no sul, sudoeste e nas fronteiras, era apoiado sobretudo por fazendeiros, agricultores, pequenos comerciantes e classe média em geral. Seu programa era obter a participação de todos os cidadãos na escolha dos representantes do governo; um poder central limitado pela relativa autonomia dos estados; liberdade de palavra e de imprensa; apoio à agricultura e nenhuma concessão especial aos negociantes. Embora defendessem ideais mais democráticos, e apesar da simpatia que muitos de seus adeptos professavam pela Revolução Francesa, os democratas-republicanos, não eram, no conjunto, o setor mais radical da política. Em 1801, seu candidato, Thomas Jefferson, foi eleito presidente. 
              Em 1812, o país empenhou-se na Segunda Guerra da Independência, também conhecida  como Guerra pela Independência Comercial, contra a Inglaterra. A questão envolvia os interesse americanos no Canadá e a ameaça constante dos ingleses aos seus navios mercantes. Ao findas essa nova guerra, em 1815, as condições do país já eram bem diversas. O fortalecimento do princípio de isolacionismo e da não-interferência em problemas externos, adotado desde a Independência, favoreceu o desenvolvimento industrial autônomo. Anteriormente, às vésperas da Independência, Thomas Paine proclamara que o "verdadeiro interesse da América é conservar-se longe das disputas européias". Em 1823, o presidente James Monroe (1758 a 1831) inspirado nessa ideia, formulou a clássica frase de sua doutrina: "A América para os americanos". Exprimia sobretudo o receio de  que a Quíntupla Aliança (Áustria, Rússia, Inglaterra, Prússia e e França) tentasse reconstruir os velhos impérios coloniais. 
             Com a crescente industrialização, as cidades do Norte adquiriram maior importância e passaram a exigir maior participação no poder. O Sul, baluarte da democracia jeffersoniana, perdia terreno no domínio político. Assim, nova forma democrática começou a tomar corpo. E Andrew Jackson, seu líder, foi eleito presidente em 1829. Os democratas jacksonianos consideravam todos os homens iguais, em direitos e privilégios. Defendiam o sufrágio universal masculino, a eleição e rodízio para todos os cargos públicos. Eram favoráveis a um executivo forte, restituíram o poder de veto aos governadores estaduais e aclamaram o presidente da República como verdadeiro representante da vontade do povo. No término do período jacksoniano (1837) a expansão para o oeste tomou novo impulso. Entre 1840 e 1880, as fronteiras acidentais dos estados Unidos chegaram até o Pacífico. Em 1845, o Texas foi anexado, provocando uma guerra com o México. Os Estados Unidos não só obtiveram a vitória, mas também todos os territórios que atualmente constituem o Sudoeste Americano. A descoberta de ouro na Califórnia atraíra grandes massas humanas, que, em curto prazo povoaram a região.; Ao norte a indústria provocava urbanização. Ao Sul, a base da economia continuava sendo o cultivo do algodão por mão escrava. E a mão escrava gerou nova guerra: (Guerra da Secessão (1861 a 1865).
              O crescimento econômico dos EUA do século XIX foi o mais rápido da história mundial. No mesmo período em que a indústria se desenvolveu, as cidades americanas transformaram-se em grandes centros não só industriais, mas também culturais. Apenas citando um exemplo, a população de Nova Iorque, em 1870, era de 942.300 habitantes, e em 1890, de 1.555.300. Além disso, na mesma época, 25 milhões de europeus (sobretudo irlandeses, alemães, ingleses, italianos e poloneses - muitos deles judeus) emigraram para os Estados Unidos.  Assustada com a torrente de estrangeiros, a opinião pública norte-americana  iniciou movimentos de protestos, que resultaram na apresentação de um projeto (lei em 1917), obrigando os recém-chegados a passarem por um teste de alfabetização antes de entrarem  no país. 
                 Se com essa lei aqueles velhos americanos acreditavam que iriam deter as grandes correntes migratórias, hoje ficariam frustrados. Nas ruas de uma cidade como Nova Iorque podem ser ouvidos muitos idiomas estrangeiros, além da língua nacional em variados sotaques. Circulam ali os mais diversos tipos humanos, todos forasteiros que um dia partiram de suas terras, atraídos pela pujança da civilização norte-americana, que ajudaram a forjar. 
            Entre 1825 e 1910, a produção cresceu a uma taxa média anual de 1,6%per capta, enquanto a população , por crescimento natural imigração, dobrou a cada 27 anos. A recuperação após a guerra civil foi rápida. Com a mecanização agrícola  acelerada pelos colonos  em marcha para o oeste, o uso de fertilizantes e a introdução de espécies vegetais, os EUA se tornaram o maior produtor agrícola mundial. 
               A ferrovia, porém, foi o elemento mais significativo para o crescimento, baixando custos, abrindo áreas de produção e mercados e unificando um país vasto me desigual.  Em 1890, a malha ferroviária dos EUA era maior que todo o sistema europeu. O País beneficiou-se ainda dos recursos naturais, população alfabetizada, revolução organizacional e gerencial, estabilidade política, investimentos estrangeiros e ética empresarial. Entre 1877 e 1892, o produtos industrial triplicou, fazendo dos EUA a maior potência industrial do mundo. 

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quarta-feira, 19 de agosto de 2020

A GUERRA CIVIL AMERICANA

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               A Guerra Civil americana (Guerra da Secessão) começou quando os Estados Confederados da América abriram fogo contra tropas dos Estados Unidos no Fort Sumter (Charleston, Carolina do Sul), em 12 de abril de 1861, e terminou quando os principais exércitos confederados se renderam, em abril de 1865. Perto de 3 milhões de americanos serviram nas forças da União e da Confederação - dois terços deles com menos de 23 anos. Cerca de 200 mil dos soldados da união eram negros, a maioria escravos  emancipados. Mais de 21% dos soldados da guerra civil morreram, uma proporção muito maior que qualquer exército da Primeira Guerra Mundial. As mortes causadas por doenças foram o dobro das mortes em batalha.  Como o sul não tinha a capacidade industrial do norte, a Confederação era obrigada a importar ou capturar a maior parte de suas armas. À medida que o bloqueio das União se tornou mais cerrado e o sistema de transporte confederado entrou em colapso por dificuldades de reposição de equipamentos, o sul agrícola enfrentou problemas até mesmo para prover sua alimentação. 

              Os nortistas, de modo geral, pouco se importavam com a escravatura. Apenas queriam que a escravidão se restringisse aos Estados sulinos; que não se alastrasse nem pela Luisiana nem pelos territórios do Sudoeste. Essas áreas, diziam eles deviam ser organizadas em Estados livres e colonizados por imigrantes da Nova Inglaterra e da costa central do Atlântico. Talvez o sul pudesse concordar com isso, não fosse a desigualdade de poder entre as duas regiões. Embora em 1840 houvesse o mesmo número de Estados nas duas partes, as populações diferiam: no Norte havia 9.728,000 habitantes, e no sul 7.334.000. Por essa razão cabia 135 cadeiras na Câmara  para o Norte e apenas 87 para o Sul. Dessa forma o Norte podia contar com maioria na Colégio Eleitoral, e até mesmo impedir que qualquer sulista se elegesse presidente.             

             O Norte promulgava leis que protegiam seus produtos manufaturados e prejudicava o Sul. Os nortistas defendiam a autoridade suprema do governo central, salientando a primazia da União em relação aos estados.Os sulistas, porém, queriam reduzir ao mínimo os poderes do governo central, afirmando que os Estados tinham preferência sobre a União.E, na verdade, cada Estado podia, livremente, ingressar na União ou abandoná-la, e tinha o direito de revogar as leis do governo central, sempre que contrariassem os objetivos do Estado. Com o passar do tempo, as questões relacionadas com o regionalismo e os direitos dos estados se ligaram mais intimamente ao problema da escravidão. Os sulistas achavam que o único meio de defender seus interesses era expandir a escravidão para outros estados, que tornando-se escravistas, ajudariam a restabelecer o equilíbrio entre o Norte e o Sul.

              Em 1860, Abraham Lincoln (1809  a 1865)  foi eleito presidente. Seu partido, o Republicano (criado em 1856), opunha-se à expansão da escravatura. Sugeria medidas favoráveis à maior parte dos nortistas: melhorias internas, tarifas elevadas no interesse dos industriais, 160 acres de terra gratuitos para quem quisesse estabelecer-se no Oeste, ausência absoluta de escravidão nos demais territórios. Assim que se teve certeza da vitória de Lincoln,  a Carolina do Sul separou-se da União. Logo, sete outros Estados seguiram-lhe o exemplo. Em 8 de fevereiro de 1861, reuniram-se todos em Montgomery (Alabama), e fundaram os Estados Confederados da América., presididos por Jefferson Davis. Era o início de um conflito que se desenrolou por quatro anos (1861 a 1865), deixando como saldo mais de 600 mil mortos: a abolição da escravatura e a consequente bancarrota econômica dos estados sulinos; e a anulação dos direitos políticos de todos os sulistas rebeldes. 

               A Guerra civil foi o conflito mais sangrento  da história norte-americana do que qualquer outra guerra entre EUA e outros países. Seus custos foram tão grandes quanto suas consequências; quatro milhões de escravos foram emancipados, fortalecendo o poder central e estabelecendo a hegemonia dos Estados do norte e do capitalismo. Após os ganhos territoriais da década  de 1840, o debate sobre a expansão da escravidão para oeste dominou a política dos EUA. Abraham Lincoln opôs-se a essa expansão, mas insistiu no fato de o governo federal não ter autoridade para interferir onde havia escravidão. Logo após a eleição de Lincoln, a Carolina do Sul desligou-se da União, seguida por seis estados do sul que formaram, em fevereiro de 1861, os Estados Confederados da América. Após os primeiros tiros dos habitantes da Carolina do Sul, em abril, no Fort Sumter, a Virgínia, Carolina do Norte, Tenessi e Arkansas juntaram-se aos separatistas. Para Lincoln, a questão fundamental era se uma república constitucional poderia preservar sua integridade em uma situação de subversão interna. Ele reconheceu não haver direito constitucional à separação. Em 1863, a pressão de radicais e as conveniências militares somaram ao compromisso de restaurar a União o objetivo de libertar os escravos nos Estados rebeldes.  

              Em 1861, exercícios voluntários de ambos os lados tinham grupos armados: as operações militares começaram em 1862. A estratégia nortista era a de impedir o acesso dos sulistas a recursos vitais, com bloqueio de rotas fluviais e fortes do oeste, Previa ainda a captura de Richmond, capital confederada. Apesar da superioridade em homens e recursos, a vitória da União só veio após quatro anos e por dois motivos principais: primeiro, o sul teve melhor comando militar nos dois primeiros anos de guerra; segundo, a estratégia nortista buscou a ocupação do sul e a destruição de seus exércitos, quando o objetivo de independência do sul exigia uma estratégia mais defensiva. No leste, em 1862, o general Robert E. Lee impediu duas invasões da Virgínia. Ele levou a guerra para o norte e foi detido em setembro de 1862, em Antietam, Maryland. Foi derrotado em Gettysburg, Pensilvânia, em junto de 1863. No oeste, a União obtivera o controle dos rios Mississípi e Tenessi e aberto caminho para a invasão do extremo sul. Em 1864, a União efetivou-se. A invasão da Virgínia pelo general Ulysses S. Grant, combinada com a marcha do general Philip T. Sherman sobre a Geórgia e Carolina do Sul, destruiu os exércitos sulistas no início de 1865. 

                 Por ocasião da Guerra da Secessão, a geografia determinou a aliança das economias baseadas na mão de obra escrava e na mão de obra livre. Os cinco Estados escravagistas localizados mais ao norte permaneceram na União, embora parte de suas populações apoiassem a Confederação. 

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GRANDE HISTÓRIA DO HOMO SAPIENS

terça-feira, 4 de agosto de 2020

A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA AMERICANA E GEORGE WASHINGTON



                 Até o século XVII a colônia inglesa na América ficou praticamente abandonada por não conter riquezas naturais para exploração imediata. Basicamente houve nessa colônia dois tipos de áreas claramente definidas: nas regi~]oes Norte  (Nova Hampshire, Rhode Island, Connecticut e Massachusetts) e Centro  (Noiva York,Nova Jersey, Delaware e Pensilvânia), e no Sul (Geórgia, Carolina do Norte  e do Sul, Maryland e Virgínia) da costa leste norte-americana. 
                  Grande parte dos colonos que se deslocaram para as regiões Central e Norte, a partir da segunda metade do século XVII, e principalmente ao longo do século XVIII, fugiam dos conflitos políticos e religiosos que assolavam a Europa ocidental. Famílias inteiras se estabeleceram em grande número no norte e centro da colônia, organizando seu modo de vida em comunidades religiosas baseadas na pequena propriedade, na manufatura, na pecuária e na pequena lavoura policultora. A maioria dos produtores agrícolas coloniais eram semelhantes aos da Europa, por isso não interessava à metrópole comercializar com as colônias do Centro e do Norte. Isso deu maior independência aos colonos para estabelecerem uma comércio interno próprio. 
                A mão-de-obra era essencialmente familiar, mas em algumas propriedades também existiam trabalhadores contratados na Europa. Seus contratos estabeleciam que, para pagar as despesas de viagem da Europa à América, os trabalhadores deveriam permanecer  nas propriedades de cinco a sete anos; na verdade era uma espécie de servidão temporária. Após obter a liberdade, eles partiam em busca de suas próprias terras, geralmente para o Oeste. Essa espécie  de colonização autônoma em relação à metrópole ficou conhecida como colônia de povoamento
             Em meados do século XVII, as relações entre as colônias e o Centro e do Norte começaram a mudar. Com o desenvolvimento da revolução Industrial, a a Inglaterra procurou aumentar o controle sobre essa região. Primeiro tentou impedir o livre comércio interno e externo e as atividades manufatureiras na colônia e, em seguida, criou algumas taxas e impostos para os colonos. 
                 A mudança da política inglesa para suas colônias também estava intimamente ligada às guerras pelo controle dos territórios coloniais. Há algum tempo a França e a Inglaterra disputavam regiões no interior da América do Norte, principalmente a oeste da cadeia montanhosa dos Apaches. A população da colônia inglesa estava em expansão e precisava penetrar nessa área rica  em animais de pele rara. Mas encontrava muita dificuldade em avançar porque ela era controlada pelos franceses e índios. 
               As tensões entre os franceses e ingleses acabou culminando na "Guerra dos Sete Anos" (1756 a 1763). A luta entre colonos terminou envolvendo soldados ingleses e franceses. A França saiu derrotada e foi obrigada a ceder uma grande parte de suas colônias na América. 
                  Enquanto a velha Europa se ensanguentava em longas e estéreis guerras, além do Atlântico, as treze colônias fundadas por proscritos ingleses prosperavam em uma paz fecunda de conquistas territoriais e econômicas. O exército inglês e os destacamentos coloniais tinham sustentado, com os Franceses, que ocupavam o Canadá, a região dos grandes lagos e as bacias do Ohio, do São Lourenço e do Mississípi, uma longa guerrilha; apesar do notável auxílio prestado pelos índios no interior, quase todos favoráveis aos Franceses, estes tinham continuado a perder terreno e, pelo tratado de Paris de 1763,deviam resignar-se à perda de todos os seus domínios americanos, cedidos em parte à Espanha e, em parte bem maior, à Inglaterra. Uma política hábil poderia garantir à Grã-Bretanha a posse de um dos mais vastos e ricos territórios do mundo; a América, do Atlântico ao Pacífico, com seus incalculáveis tesouros, estava ao alcance dos exércitos do Reino Unido. De outro lado, como sempre acontece com os povos separados da mãe-pátria, os colonos americanos, embora se mantendo fiéis à coroa, tinham já assumido uma certa independência, mais de fato do que de direito, a respeito do governo inglês. Não se sentiam mais ligados, em outras palavras, aos interesses de uma nação tão distante, material e espiritualmente, do Novo Mundo. Teria sido o momento oportuno, para o governo britânico, codificar esta situação de fato, concedendo aos colonos uma mais segura salvaguarda constitucional e uma certa autonomia, mas Londres não se apercebeu disso e, até, instigou a independência das colônias da pátria de origem, com algumas providências fiscais que não podiam ser menos intempestivas. Com efeito, não havia razão algumas para que os Americanos, como todos os demais súditos de Sua Majestade Britânica, não devessem pagar taxas, todavia, a nova taxa sobre transações comerciais, que impunha o uso de papel selado para contratos, vendas, sucessões, pareceu aos colonos um verdadeiro abuso. A rebelião foi unânime, em todas as camadas e, o que é tipicamente britânico, teve repercussão também na própria Grã-Bretanha,  onde cidadão e deputados se alinharam contra o governo, obrigando-o a retirar a lei. Pouco depois, outra pequena revolução se desencadeou, por causa das taxas e, em Boston, lançam ao mar um carregamento de chá proveniente de Londres; o governo respondeu com o bloqueio do porto e ordenando ao general Gage,comandante do presídio militar inglês, que tomasse severas medidas repressivas. Em Filadélfia, reuniram-se,então, autoridades das doze colônias, às quais se ajuntou, depois, também a Geórgia;fruto das deliberações foi aquela "declaração de Direitos" que, desejando ser apenas um protesto contra o governo inglês, acabou sendo um ato de acusação contra os velhos sistemas e um brado de protesto dos povos oprimidos contra o mau governo das oligarquias. O momento era propício; a "Declaração de Direitos" espelhava fielmente o pensamento da época, era o fruto da obra de Rousseau, dos enciclopedistas, de todas aquelas correntes filosóficas que foram denominadas "iluministas"; poucos anos depois, as ideias que fermentam em em toda a Europa, e das quais os americanos se haviam tornado os porta vozes, deviam abalar o mundo, com uma repentina e terrificante explosão. A aprovação que a atitude americana havia recebido entre todos os povos e nas próprias cortes européias não pareceu comover minimamente os governantes ingleses; poucos meses após o Congresso da Filadélfia, o general gage, tendo tido conhecimento de que, perto de Boston, se reuniam armamentos, mandou seus homens requisitá-los; os Americanos não se deixaram intimidar pelos "casacas vermelhas" e resistiram à força com a mesma força. A batalha de Lexington (1775) assinalou a primeira derrota britânica e foi a centelha que ateou o fogo à pólvora ainda bastante seca; a revolta alastrou-se ao longo de toda a costa; na Filadélfia, reuniu-se um novo congresso, estável, desta feita, e o comando supremo das forças americanas foi confiado a Jorge Washington.  Após quase um ano de assédio, as tropas de Gage foram obrigadas a retirar-se de Boston.  
            Entre os colonos ingleses, a guerra com a França estimulou um sentimento de nacionalidade, pois eles haviam se organizado e lutado em favor de seus interesses na América. Isto gerou entre eles uma postura anticolonialista que, mais tarde, viria a explodir em novos conflitos. 
                A Inglaterra teve muitos gastos com a guerra e ocupação do novo território conquistado, e precisava recuperar suas finanças. A forma imediata encontrada foi aumentar os impostos e a criação de mais taxas coloniais. Em 1764 criou a Lei do Açúcar ; em 1765 criou a Lei do Selo;em 1767 criou a Lei do Chá.
                 Os colonos reagiram contra essa última taxação em 1767. Soldados Ingleses foram enviados à cidade de Boston.  Em março de 1770, uma companhia de soldados  ingleses fora destacada para proteger os funcionários governamentais. É que a multidão de americanos amotinada protestava contra os pesados impostos e leis repressivas. De súbito, um dos soldados entrou em pânico e disparou contra os amotinados. Houve, então uma correria com gritos, estampidos e fumaça matando quatro manifestantes. Esse episódio ficou conhecido como o Massacre de Boston. Esse foi o início dos choques entre os ingleses, representantes da metrópole e os americanos, naturais das colônias britânicas da América do Norte. 
                  A primeira delas, Virgínia, embora organizada em 1587, só começou a ser efetivamente colonizada em inícios do século XVII. Ao longo de 83 anos, surgiram as outras colônias, povoadas por imigrantes ingleses, entre os quais muitos refugiados das perseguições religiosas de sua  pátria.
                Em 1776, a maioria dos americanos era de origem britânica e de fé protestante. Nos 150 anos seguintes, cerca de 40 milhões de pessoas migraram para os EUA. 
                Na segunda metade do século XVII, 13 colônias já se espalhavam pela costa atlântica. 
               No Norte predominava a pequena propriedade, com produção para consumo local. No Sul, cultivada por escravos, estendiam-se as plantações de algodão e tabaco, para exportação. 
                Não foram só os ingleses  que passaram a se interessar pelas terras norte-americanas. Os franceses se fixaram na região da foz do São Lourenço (limites meridionais do atual Canadá) e no golfo do México, onde fundaram a colônia de Louisiana. Os Espanhóis, a partir do México, atingiram o Texas, a Califórnia e a Flórida. Os Holandeses preferiram a baia de Hudson, onde estabeleceram a Nova Amsterdam  em 1624, quarenta anos mais tarde conquistada pelos ingleses e chamada então de Nova York. 
              Sempre houve querelas entre ingleses e colonos, sem que chegassem a constituir real obstáculo para a convivência dos dois grupos. Mas nos meados do século XVIII os interesses da metrópole e os da colônia entraram em choque. 
              Contudo, o Parlamento britânico legislava de modo a obstar a evolução econômica americana. Com as leis do Comércio e Navegação (1660 a 1672, proibiu aos navios que não fossem de propriedade ou construção inglesa transportar mercadorias das colônias para a metrópole e vive-versa; interditou ainda a exportação de tabaco, açúcar e algodão para qualquer outro país que não a Inglaterra. Não satisfeito com o resultado, o Parlamento promulgou leis que reduzia as tarifas sobre algumas importações, mas criava taxas adicionais sobre  o açúcar, vinho, café, seda e linho, comprados pelas colônias às Índias Ocidentais francesas e espanholas. Reformava o serviço aduaneiro, estabelecendo rígidas normas para a arrecadação de impostos. Foi um rude golpe para os comerciantes americanos, que não mais podiam importar diretamente açúcar e melaço.
                  Ao criar a Lei do Açúcar, a Inglaterra visava não só regular o comércio, mas também aumentar seus lucros: o tesouro britânico estava empobrecido desde a Guerra dos Sete Anos também conhecida com Guerra dos Franceses e dos Índios (1756 a 1763) - que envolvera a Inglaterra e a França.  Ao terminar o conflito, a América estava com seu território aumentado e a Inglaterra achava justo que a colônia arcasse com parte das dívidas. Várias medidas fiscais referentes aos débitos circularam no Parlamento e culminaram na Lei do Selo de 1765, que obrigava a afixar em todos os jornais, folheto, contas comerciais, documentos legais e outros papéis congêneres, estampilhas no valor de meio penny  até vinte xelins. Os americanos criticaram acerbadamente a lei, pregaram o boicote às mercadorias inglesas, depredaram a residência do Governador Hutchinson, em Boston, desalojaram de seus postos os agentes vendedores de estampilhas e queimaram-nas nas ruas. 
              O descontentamento dos colonos já estava bastante insuflado com a proclamação régia de 1763, que, ao organizar o território conquistado na Guerra dos Sete Anos, reservou aos índios as terras do oeste, situadas entre os montes Alegânis e o Mississípi, e entre a Flórida e Quebec, impedindo que os colonos nelas se estabelecessem. O golpe decisivo para os americanos foi a Lei de Quebec (1774), que anexava à Província de Quebec todo o território ao norte do rio Ohio. 
               Desencadeou-se então a violência descontrolada; primeiro foi o "Massacre de Boston", depois no "Boston Tea Party" em 1773, quando um grupo de americanos disfarçados de índios atirou ao mar todo um carregamento de chá, em represália ao monopólio desse artigo concedido pela Inglaterra à Companhia das Índias Orientais. Como resposta, a Coroa Britânica mandou fechar o porto de Boston até que o chá fosse pago e ordenou a deportação dos rebeldes para a Inglaterra, onde seriam submetidos a processo e julgamento. O encarregado de executar aquilo que os colonos chamaram de "Decretos Intoleráveis" foi o general britânico e governador da colônia Thomas Gage. Informado de que os americanos estavam armazenando munições em Concord, ele ordenou o confisco desse material por um destacamento militar, em 18 de abril de 1775, quando os ingleses chegaram a Lexington , na manhã seguinte, foram emboscados por um bando de "minute-men" (patriotas que se comprometiam a apresentar-se no campo de batalha um minuto depois de convocados). No fim do combate havia 8 mortos e milhares de americanos em debandada. Os ingleses prosseguiram até Concord e, ao voltarem a Boston, novamente foram surpreendidos pelos "minute-men". O saldo da luta foi maior com 247 baixas inglesas, entre mortos e feridos. Essas duas batalhas - a de Lexington e a de Concord - deram início pá revolução Americana ou Guerra da Independência (1775  a 1781).  
                                     Contra a chamejante rebelião americana, alimentada pela simpatia de todos os povos civilizados, que viam na luta dos atrevidos homens de além Atlântico, a tradução em ato dos princípios de liberdade promulgados pelos pensadores iluministas, contra o novo Estado  surgido da firmeza unânime de um jovem povo, a Inglaterra lançava todas as suas forças, materiais e morais. Seu prestígio em perigo, o prejuízo imenso que estava para sofrer sua economia, o princípio da soberania britânica para salvaguardar também nos demais territórios de além-mar, compeliam a Inglaterra a reagir com extrema dureza ante a revolta. 
            Logo após a promulgação dos "Atos Intoleráveis" (1774), os colonos organizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia, no qual foi aprovada a interrupção do comércio dom a Inglaterra até a suspensão dos Atos. 
                Os conflitos entre a metrópole e a colônia se radicalizaram. Em 1775, tropas americanas enfrentaram soldados enviados pela Inglaterra, com a derrota da metrópole. 
                Por causa desse conflito armado, no mesmo ano os colonos convocaram o Segundo Congresso da Filadélfia. Na ocasião decidiram formar um exército nacional, comandado por George Washington, e declararam guerra à Inglaterra. 
                  Os sucessos inicias de Washington iam sendo seguidos por outros povos mais duros. Mesmo com todas as dificuldades e falta de dinheiro, os americanos davam  sequência à luta pelo seu sonho de liberdade, sempre obtendo mais algumas vitórias, embora parciais. 
                  Enquanto improvisados diplomatas, com Franklin, solicitavam, na Europa, ajuda de homens e dinheiro, já alguns particulares partiam a fim de oferecer sua vida à causa americana;da França, o jovem marquês de La Fayette chegava o quartel-general de Washington e distinguia-se  em alguns combates. A batalha de Saratoga, em 1777, onde o general inglês Burgoyne, assediada na fortaleza, fora obrigado a render-se ao general Gates, aumentou o prestígio dos americanos não só diante do povo, mas também perante os governos europeus. A princípio a França, depois a Espanha, e finalmente a Rússia, a Dinamarca, a Suécia, a Austrália, a Holanda e Portugal e o reino de Nápoles, enfileiravam-se, embora permanecendo neutros, ao lado dos rebeldes. Na realidade, além de um ato de adesão política à causa dos estados Unidos, a aliança anti-britânica era um movimento de legítima defesa de parte de todos os países que possuíam interesses comerciais no Atlântico contra a pretensão inglesa de bloquear o tráfego marítimo entre a Europa e a América. 
                   O general Jorge Washington foi realmente a alma da revolução americana; durante todo o período da guerra, ele viveu no campo, entre as tropas, pagando pessoalmente, como p mais humilde dos soldados, seu tributo à causa nacional. 
                   As ingerentes forças lançadas pela Inglaterra no conflito volveram novamente a sorte contra os rebeldes; o general Clinton ocupava a carolina e a Geórgia; o general Cornwallis apoderava-se da Virgínia e a saqueava sistematicamente. A vingança inglesa sobre todos quantos se haviam declarado pela revolta, isto é, sobre a maioria dos súditos americanos, foi terrível: processos, desapropriações, enforcamentos, rapinas, sucediam-se em todos os territórios ocupados pelas tropas britânicas. Enquanto as fazendas eram atacadas por corpos isolados de tropas que se entregavam à violência e destruíam aquilo que não podiam pilhar; nos grandes centros vigorava de regime de terror e os cárceres regurgitavam de patriotas. Se algum americano ainda vacilava nas primeiras derrotas de Washington, agora todos estavam de acordo quanto à necessidade de continuar uma guerra que, nascida da necessidade de salvaguardar os direitos econômicos das colônias, tornara-se uma luta pela própria vida  dos cidadãos e da comunidade.  Contra Cornwallis partiram um corpo americano comandado pelo general Greene; trecho por trecho, os Ingleses perderam todo o território ocupado na Carolina e na Geórgia, acabando por entrincheirar-se nas cidades principais das duas regiões; e Cornwallis, com o grosso do exército, encerrou-se em Yorktown. Apoiado pela frota francesa do almirante de Grasse, que manobrava de acordo com ele, na baía de Chesapeake, Jorge Washington avançou por sua vez na Virgínia e sitiou Yorktown, obrigando Cornwallis a ceder, mesmo após uma estrênua resistência em 1781. Agora, já perdida a maior parte do território americano, com os inimigos que surgiam de todos os lados, a Gã-Bretanha continuava a guerra mais por  uma questão de honra do que para vencê-la. A rendição do general Cornwallis, o terrível chefe do corpo expedicionário inglês, que conquistou para si uma fama atroz, devido aos saques a ás crueldades praticadas na Virgínia, foi o golpe de misericórdia para as esperanças inglesas; desder esse dia em diante, os últimos partidários do rei Jorge não fizeram outra coisa senão defender-se, encerrados nas principais cidades da América do Norte, até à assinatura de paz. 
                  O sítio de Yorktown, cidade situada no rio York, onde o corpo expedicionário inglês se retirara, foi praticamente o último ato da guerra; para o bom êxito da empresa, contribuiu notavelmente a frota francesa. 
                   Nova York, Charleston, Savannah, últimos redutos ingleses no continente americano, todavia, resistiam ainda fortemente; nesse ínterim, perto da ilha Guadalupe, o almirante Rodney reerguia o prestígio da marinha britânica, destruindo a frota do almirante de Grasse, que assim não mais pode levar auxílio algum aos aliados. As coisas arrastavam-se assim até 1783; neste ano, a Inglaterra resolveu desistir de uma guerra que já se tronara uma calamidade pública e econômica, e a paz de Versalhes reconheceu a soberania dos estados Unidos da América do Norte sobre todos os territórios outrora pertencentes à coroa britânica naquele continente. 
                 O júbilo dos cidadãos norte-americanos, ao saberem da paz de Versalhes, em 1783, foi da mesma força do esforço dispensado durante o conflito; soldados e oficiais foram levados em triunfo pelas ruas, enquanto, de todos os lados, eram desfraldadas as bandeiras de estrelas e listras. 
                 Jorge Washington, o herói puro da independência americana, dispensou as tropas, entre o imenso tripúdio da população, que também saía esgotada do conflito, resignou seu cargo de comandante supremo nas mãos do Congresso e retirou-se, como um cidadão qualquer, à propriedade que tinha em Mont Vernon. Nesse ínterim, a constituição política da nova nação já se estava delineando; as treze repúblicas resolviam abdicar em favor do governo federal, ao qual eram restituídos os poderes supremos. E em 1787, quando o Congresso resolveu eleger o primeiro presidente dos estados Unidos, foi ainda o nome de Jorge Washington  que saiu das  urnas. E o homem que criara os Estados Unidos da América do Norte agora tinha de deixar suas curtas férias e voltar para orientar a nova nação nos seus primeiros passos rumo ao seu grandioso destino. 
            Thomas Jefferson ficou responsável pela redação da declaração de Independência, profundamente influenciada pelas ideias iluministas. A Declaração foi aprovada em 4 de julho de 1776, mas a independência de fato somente se concretizou após muita luta contra a metrópole. Os ingleses, tenazes como sempre, apresentaram-se para reagir; mobilizaram um corpo de veteranos, recrutaram tropas escolhidas nos principados alemães (a isto os obrigava, então, o favor de que gozava a causa americana na Inglaterra) e expediram para além-mar o novo exército. Os ingleses, comandados pelo general How, desembarcaram perto de Nova York, ocuparam Long-Island, dispersando as tropas de Washington -que, indisciplinadas e mal treinadas, não resistiram ao choque com homens calejados nos campos de batalha - e avançaram no estado de Nova York. As copisas pareciam caminhar bastante mal para os rebeldes; entre outros fatos, os rápidos sucessos ingleses tinham abalado a confiança de muitos, de maneira que numerosos foram os descrentes e os desertores. Mas Washington reorganizou seus homens e conseguiu alcançar alguns pequenos êxitos. Era necessário, porém, que outros países se enfileirassem  ao lado dos colonos, para que a independência se tornasse um fato consumado. 
               O exército americano levava a desvantagem em relação ao inglês; havia sido recém-organizado e faltavam recursos. Benjamin Franklin, entretanto, conseguiu o apoio da França e da Espanha na luta contra a inimiga Inglaterra. Com  esses auxílios, a guerra pela independência chegou ao fim em 1781, em Yorktown, com a vitória dos colonos. 
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                 Em 1783 foi assinado o Tratado de Versalhes, em que a Inglaterra reconhecia a independência das colônias. 
             É inegável que George Washington foi o grande responsável pela Independência dos Estados Unidos. Ele conseguiu manter as  tropas unidos no seu entorno. Mesmo com fome e frio intenso, e muitas vezes atém sem pólvora  para os canhões, seus soldados nunca o adonaram. Foram anos de lutas contra os ingleses que era o maior império da época. A vitória chegou quando recebeu o auxílio das tropas francesas, então inimigas dos britânicos. 
                  Sob a inspiração da declaração de Independência de 1776, as treze colônias viviam um regime confederado, isto é, os estados tinham autonomia completa. Com a independência, essa situação permaneceu e gerou numerosas dificuldades para a governabilidade do novo país, pois cada estado lutava por seus interesses particulares. 
              Para solucionar os problemas políticos foi convocada, em 1787, uma Convenção Constitucional (uma espécie de Assembléia Constituinte). No  projeto de Constituição, que criou os estados Unidos da América, aprovado pela Convenção constava: 
  • a República Federativa Presidencialista;
  • o equilíbrio entre os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário; 
  • a existência de uma Corte Suprema com a função de resguardar a constituição.
                 A independência dos EUA foi muito importante basicamente por duas razões: 
  •  pela primeira vez um país adotava de forma clara na sua Constituição e forma de governo os princípios iluministas; os ideais, promessas e sonhos dos filósofos iluministas ganharam nos EUA uma realidade histórica concreta; 
  • foi também a primeira colônia a romper com a metrópole, lutando por sua independência; esse fato agravou a crise do Antigo regime na Europa e, durante o século XIX, serviria de exemplo para as lutas de independência no restante da América. 
                 Contudo, nessa época, ninguém na Europa, muito menos a coroa inglesa, acreditava na sobrevivência da jovem nação. De fato, num mundo dividido entre grandes potências coloniais - dentre elas a poderosa Inglaterra e a França -, como imaginar que a nova nação fizesse sua soberania respeitada? 
                 O governo criado logo após a independência devia exercer sua autoridade sobre os territórios entre o Atlântico e o rio Mississípi, de leste a oeste, e dos Grandes Lagos, ao norte, até as possessões espanholas da Flórida, ao sul. Mas os observadores europeus seguiam duvidando de que a autonomia da nova nação se sustentasse por muito tempo. Realmente, o governo americano parecia dispor de poucas possibilidades para exercer sua autoridade de fato; a moeda perdia rapidamente seu valor e vários motins eclodiam nas forças armadas. 
                No entanto, ainda assim, os fatos foram demonstrando o quanto o Velho Mundo estava enganado. A própria situação da Europa, que estava profundamente dividida pelas lutas entre as potências coloniais, favorecera a consolidação do jovem país. Na França, por exemplo, havia um sentimento de mágoa pela perda de suas possessões canadenses em favor da Inglaterra e, talvez como vingança, deu apoio integral aos estados Unidos, conseguindo ainda a adesão da Espanha e dos Países Baixos. 
                É nesse contexto que em 1789 George Washington foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos. Ele era o único homem que tinha condições de manter seu exército unido sob seu comando (Comandante em Chefe). Caso ele não aceitasse o cargo, que era muito penoso tanto para ele como para sua esposa, tudo poderia ruir. Quando terminou seu primeiro mantado em 1793 ele já sonhava com uma aposentadoria com a amada esposa em sua fazendo, mas este plano teve de ser adiado, pois ainda havia muitos riscos porque a Europa  estava abalada por anos seguidos de revolução; nos estados Unidos dois partidos se consolidavam e havia muita rivalidade que poderia desencadear numa guerra civil. Dessa forma, mais uma vez, George sentiu-se na obrigação de aceitar mais um mandato e ali ficou até 1797.
                 No início, a revolução Americana foi apenas um protesto contra o governo britânico, mas em menos de um ano a ideia de emancipar-se da Inglaterra tomou vulto. Tudo aconteceu de forma intempestiva e a 4 de julho de 1776, foi assinada uma declaração que proclamava "Estas colônias unidas são, e devem ser, de direito, Estados livres e independentes". 
           As novas constituições, então adotadas, diminuíram o poder dos governadores estaduais, privando-os do direito de veto sobre o legislativo, reduziram seu mandato para um ano, e submeteram-nos à supremacia das suas respectivas câmaras. Todas as ex-colônias passaram a ser governadas, como um grupo, pelos Artigos da Confederação, que instituíam um governo confederado, porém  não feudal ou centralizado. O governo dos estados era soberano, e a autoridade central não podia agir contra os indivíduos. Contudo, ao lado das reformas políticas, surgiram também esforços no sentido de uma reforma social. Alguns Estados procederam à separação entre a Igreja e o Estado, ou aboliram as qualificações religiosas para a elegibilidade dos cargos públicos. Foram ainda confiscadas algumas terras  da Coroa e as grandes propriedade dos ricos lealistas (partidários da Inglaterra, divididas entre pequenos fazendeiros e veteranos da Guerra da Independência. 
                   Depois da Independência, as tendências mais radicais, representadas pelo jornalista Samuel Adans (1722 a 1803), pelo panfletário Tomas Paine (1737 a 1809) e por John Hancok (1737 a 1793), primeiro governador do estado de Massachusetts, fizeram passar, em alguns Estados, leis em benefício das camadas devedoras dos pequenos proprietários. Em 1786 alastrou-se uma rebelião armada em favor destes, no Estado de Massachusetts. Chefiada por Daniel Shay, antigo capitão do exército, visava a impedir que os tribunais se reunissem para julgar o pagamento de dívidas. Mas essa rebelião foi esmagada. E a ameaça do radicalismo, aliada à fraqueza dos primeiros governos, tanto o central quanto os estaduais, levou a uma revisão drástica da Constituição Nacional. 
                A maioria dos líderes políticos norte-americanos estava disposta a enfrentar uma tendência radical e descentralizadora, e a mudar o sistema. Marcaram uma convenção em Anápolis (Massachusetts), mas apenas cinco representantes estaduais compareceram. Os debates foram adiados para maio de 1787. Dessa data até setembro do mesmo ano, os delegados reunidos em Filadélfia, examinaram os Artigos da Constituição e votaram por uma Constituição totalmente nova, que originou um complicado sistema de equilíbrio de poderes: foi criado um Colégio Eleitoral, cujos membros, eleitos pelo povo, escolhiam o presidente da nação; instituiu-se um executivo com poder de vetar as decisões do Congresso e fazer cumprir as leis por seus próprios agentes; formou-se um judiciário federal, cujas determinações era invioláveis: em todos os estados os juízes deviam obedecer a elas rigorosamente, mesmo que ferissem as leis estaduais. 
                Com a criação de uma estabilidade  interna e regulamentados os poderes, os Estados Unidos constituíam-se na mais liberal e democrática nação da época. A experiência americana inspirou vários movimentos de emancipação latino-americanos, e foi um estímulo aos revolucionários de 1789, na França. Aliás, a "Declaração dos Direitos do Homem" (francesa) incorporou boa parte dos princípios da "Declaração da Independência" americana. 
               Os federalistas chefiados por Alexander Hamilton, insistiam na necessidade de um poder federal forte e centralizado. Sua principal base de apoio eram os comerciantes e os industriais do norte. Preocupados com a Revolução Francesa, que desencadearia diversas insurreições populares, os federalistas conseguiram assumir o poder (presidente  de John Adans de 1797 a 1801) e deram seu apoio às nações que estavam em guerra contra a França (esse fato causou muita estranheza na política de então pelo fato da França ter apoiado e ajudado na independência dos estados Unidos). Os democratas, liderados por Thomas Jefferson, contavam com o apoio de pequenas indústrias e proprietários de terra, e eram contrários à ingerência excessiva do poder central, em detrimento da Constituição e da autonomia dos Estados. 
                  Com a presidência de Jefferson, de 1808 a 1809, e com a de James Monroe de 1817 a  1825, a nação conheceu um longo período de paz interna, conhecido com "a era dos bons sentimentos". O país  ampliou, então, suas fronteiras pela América do Norte. Novos Estados haviam sido criados com o início da colonização do Oeste: Ohio (1803), Kentucky (1796) e Vermont (1791). A Luisiana, comprada à França por 15 milhões de dólares, em 1803, dobrou o território da União, aumentando em 1819 pela inclusão da Flórida, cedida pela Espanha. Nesta época, a marcha para o Oeste alcançava excelentes resultados. Em 1846, a Inglaterra reconheceu a posse estadunidense do Oregon, que estendeu o país da costa do Atlântico, à costa do pacífico. 
               Sob a presidência de James K. Polk, a fronteira do país avançou em direção ao sudoeste. Com a anexação do território do Texas, eclodiu uma guerra contra o México.(1846 a 1848). No fim do conflito, o México perdeu dois quintos do seu território, incorporados aos Estados Unidos: o Texas, a Califórnia, Nevada, Arizona, Novo México e as regiões que formariam o Utah. 
               Em um período de apenas cinquenta anos, os treze estados unidos passaram a 51 , ocupando um território que triplicaria. A população crescia sem cessar, principalmente com a vinda maciça de imigrantes europeus. 


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domingo, 2 de agosto de 2020

A CONSTRUÇÃO DA PRÚSSIA POR UM POVO GUEREREIRO



                 O historiador romano Tácito chamou de aestili as populações que, nos primeiros séculos da era cristã, habitavam a região entre  os rios Vístula e Niemen, voltada para o mar Báltico. Mais tarde, nos séculos II e II, a área sofreu a invasão dos godos, que eram povos germânicos vindos da Escandinávia. Aos godos se seguiram os borússios ou prussianos, aparentados aos letões e lituanos. 
                Pensando nos 180 mil homens bem armados e treinados na obediência cega a seu chefe supremo, o rei, o escritor francês disse em 1788:  "A Prússia não é um Estado que possui um exército, mas um exército que possui um Estado". 
                 Formavam a mais temível e numerosa força armada da época. Foi com esse poderoso instrumento que a Prússia garantiu seu lugar entre as grandes potências européias do século XVIII. 
               Originalmente os prussianos eram um povo de caçadores guerreiros e acabaram por entrar em conflito, no século XIII, com o ducado polonês da Masóvia, constituído no médio Vístula, em torno da cidade de Varsóvia. O duque da Masóvia sabia o tipo de inimigo  que tinha pela frente e, para contê-lo recorreu ao auxílio da ordem dos Caçadores Teutônicos, criada no período das Cruzadas com a  missão de dar combate aos infiéis na Terra Santa. Depois de um século de muita briga, os Cavaleiros Teutônicos dominaram a região,  que daí em diante começou a prosperar. 
               No entanto, a dominação teutônica apoiava-se na força das armas e numa organização de tipo feudal, que reduzira os prussianos à servidão. Eram inevitáveis as revoltas internas, promovidas pelos nobres proprietários de terra e pelos comerciantes das cidades. Isso,somado aos conflitos com a Polônia, abalou o poderio teutônico no século XV. Resultado: a Polônia, defrontou-se com um inimigo enfraquecido por convulsões internas saiu ganhando. Quando a paz foi assinada em 1466, a Ordem Teutônica teve que ceder as regiões da Pomerélia, Mariemburgo, Kulm e Ermland, incorporadas à Polônia com o nome de Prússia Real; e foi obrigada a aceitar a suserania polonesa sobre o restante de suas terras, a "Prússia Oriental", ou seja, aparentemente autônoma, a área era apenas um feudo, vassalo do rei da Polônia. 
              Em 1525, finalmente, toda a Prússia era transformada num ducado hereditário sob suserania polonesa. Quem promoveu essa modificação foi um alto dignatário prussiano, o Grão-mestre Alberto de Hohenzollern ou de Brandemburgo, como passou a denominar-se, ao concluir a paz de Cracóvia com o Rei Sigismundo da Polônia. 
               Esse ducado passaria como herança, em 1618, a joão Sigismundo de Brandemburgo. Nasceu, assim, o Estado brandemburguês-prussiano, que incluía, além do Eleitorado de Brandemburgo, tipo de Estado que tinha direito a voto na eleição do imperador, e do Ducado da Prússia, pequenos territórios ao longo do curso inferior  do rio Reno (Clèves, Mark, Ravensberg). Mas o novo Estado , sem consistência territorial, uma vez que suas diferentes áreas não tinham fronteiras comuns, pois não possuía plena independência. E os Hohenzollern eram duplamente vassalos: do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico (pelo Eleitorado de Brandemburgo) e do rei da Polônia (pelo Ducado da Prússia). 
                A união com o Brandemburgo ligou o destino da Prússia ao dos Estados alemães. A região alemã não conhecera o movimento que,nos séculos XV e XVI, levara à constituição de grandes Estados nacionais centralizados pelo poder monárquico, em outras áreas da Europa (Portugal, Espanha, França, Inglaterra). Manteve, à semelhança de península itálica, a feição herdada do período medieval: um mosaico de pequenos domínios, onde predominavam os vínculos feudais. Ao todo, eram mais de 360 Estados, diferentes em extensão, recursos e sistemas de governo. 
              O Sacro Império, cujos domínios não se reduziam aos territórios alemães, era governado da Áustria pela família dos Habsburgos. Mas as diversas políticas e a debilidade militar da maioria dos Estados tornaram a região alemã alvo do interesse de algumas nações européias, em expansão econômica e territorial. A França, por exemplo, conseguiu subtrais a Alsácia em 1648 e o Estrasburgo em 1681 do domínio dos Habsburgos. Já a Suécia, interessada no controle do Báltico, tomou a Pomerânia Ocidental em 1648. Pelo  leste, a ameaça vinha da Rússia, que estava em plena expansão. Com esse cenário iniciou-se a ascensão da Prússia, primeiro em aliança e a seguir em conflito com os Habsburgos. 
               Não se pode negar que, realmente, a grandeza prussiana foi obra dos Hohenzollern, a partir de Frederico Guilherme, o Grande Eleitor, que governou de 1640 a 1688. No seu governo, alargaram-se as fronteiras do Brandemburgo-Prússia, que recebeu a Pomerânia Oriental, os antigos bispados de Miden e Halberstad e o Ducado de Magdeburgo, ao seu concluída a Paz de Vestfália, assinada em 1648, ela pôs fim à "Guerra dos Trinta Anos", travada entre os Habsburgos e os Bourbons, este da França. 
            Enquanto procura dar mais coesão aos dispersos territórios dos Hohenzollern,  Frederico Guilherme consegue em meio de guerras e tratados pôr fim à suserania polonesa sobre o Ducado da Prússia. E com uma hábil política de alianças, obtém sucessos militares, que transformam o Brandemburgo-Prússia em líder dos Estados protestantes alemães. A exemplo das grandes nações  européias, sonha com a criação de um grande império colonial; para isto estabelece  entrepostos comerciais na Guiné. Mas essa realização teve vida curta. 
               No plano interno, o esforço de Frederico Guilherme é voltado para a construção de um Estado forte; com ele, nasce a monarquia  absoluta prussiana. Formou um exército que em pouco tempo se tornou o primeiro da região alemã, e com apoio nele dobrou impiedosamente as resistências locais ao absolutismo. 
              A obra de Frederico Guilhermne sobreviveria à sua morte. Foi continuada por seu filho e sucessor Frederico, que reinou de 1688 a 1713. Excelente político, Frederico, em troca de apoio militar ao imperador Habsburgo, obteve que este o reconhecesse  como rei da Prússia. E a 18 de janeiro de 1701, fez-se coroar em Koenigsberg, com o nome de Freedrico I; a partir de então todos os territórios do Brandemburgo-Prússia passaram a chamar-se simplesmente Prússia. 
             O dinamismo da região, nessa época, contrasta com a estagnação dos outros Estados germânicos. Enquanto cresce a população urbana, a Academia de Belas-Artes e a Academia de Ciências de Berlim transformam esta cidade em importante centro cultural. 
                À vida faustosa e alegre da corte de Koenigsberg, Frederico Guilherme I, sucessor de Frederico I, preferiu a austeridade de seu gabinete de trabalho em Berlim. Honrando a tradição dos Hohenzollern, foi um incansável defensor do estado forte prussiano, que governou com mão-de-ferro de 1713 a 1740. 
             Um grande problema era o estado territorialmente disperso. Para superá-lo, criou uma administração burocrática exemplar, dividida em departamentos especializados. O numeroso corpo de funcionários era regido por uma disciplina férrea e por um devotamento absoluto ao Estado. 
                 No tempo de Frederico Guilherme I, a economia prussiana cresceu a passos largos. A agricultura beneficiou-se da recuperação das terras pantanosas do leste, totalmente colonizadas, e da abolição da servidão em todas as propriedades da coroa. Com uma política protecionista, o rei taxou pesadamente as importações, ao mesmo tempo em que estimulava a exportação. Com isso, beneficiou o comércio e a produção locais, possibilitando por outro lado a acumulação de moeda nos cofres do Estado. 
              Mas a grande preocupação do monarca,que lhe valeu o apelido de "Rei-sargento", foi o poderio militar prussiano. Enquanto a população total do estado não ultrapassava dois milhões de pessoas, seus efetivos militares chegavam a 83 mil homens. Para ter ideia do que isso significava, considere-se que, na mesma época, a França , dez vezes mais populosa, tinha um exército de 160 mil homens, apenas. Com essa força , Frederico Guilherme I participou da Guerra de Sucessão da Espanha, conflito que começara em 1701 e só terminou em 1714, e que opôs os Habsburgos à França na disputa do trono espanhol. Como saldo dessa participação, a Prússia recebeu pelo Tratado de Utrecht  (1713) a região da Gueldria. 
               O exército de Frederico Guilherme I envolveu-se ainda na Guerra do Norte, entre a Suécia e os estados do litoral báltico (Dinamarca, Rússia, Saxônia e Polônia). E graças a isso obteve, com a Paz de Estocolmo, a posse da Pomerânia Ocidental (ou Pomerânia Sueca) e sobre a vizinha região de Stettin. 
               Mas, se eram muitas as satisfações vindas das vitórias que ampliavam o mapa prussiano, o "Rei-sargento" também tinha desgostos. O maior de todos: seu filho Frederico, um rapazinho franzino, que detestava a vida militar e evitava a companhia do pai. Preferia o convívio com a mãe e a irmã, junto das quais ouvia música, tocava flauta e lia os últimos livros dos romancistas, poetas e filósofos franceses. E por isso o velho Frederico Guilherme I chamava-o, com desprezo, de "francesinho". 
              O rei temia pelo futuro da Prússia, mas sem razão. O "francesinho" subiria ao poder em 1740, com o nome de Frederico II, e ele logo provaria que era da mesma estirpe dos Hohenzollern. E com uma vantagem sobre seus antecessores; era homem cultíssimo . 

              Frederico II, chamado de o Grande, é com siderado como um dos principais representantes do despotismo esclarecido - doutrina que contestava a teoria do poder divino dos reis. Os déspotas esclarecidos - uma das marcas do século XVII na Europa - justificavam o poder absoluto, mas desde que pautado pelos preceitos da razão. todos eles foram reformadores e amigos e protetores dos intelectuais. 
               Frederico, o Grande, não fugiu à regra. promoveu grandes reformas jurídicas, aboliu a tortura, deu liberdade religiosa a seus súditos, terminou com a censura sobre a imprensa, ampliou o movimento de colonização, protegeu os intelectuais (entre os quais o pensador francês Voltaire). 
               O início do reinado de Frederico II, que os historiadores chamariam de "o Grande", tinha dado a impressão de que uma era de paz iluminada se abriria para a Pérsia; na verdade, a primeira metade de seu reinado, durante cerca de quarenta e seis anos, foi uma guerra contínua. No ano 1740, morria o imperador Carlo VI e, em base da "pragmática sanção", que autorizava a sucessão em linha feminil, subia  ao trono Maria Teresa. Era evidente que muitos príncipes europeus fariam oposição; Frederico resolveu invadir imediatamente a Silésia, para ocupar algumas terras sobre as quais os Hohenzollern se achavam com direito, oferecendo a Maria Teresa, em compensação destas perdas, seu apoio militar contra os adversários. De fato, poucas semanas depois, durante uma festa da corte, enquanto nada fazia prever sua intensão, o rei deixou secretamente Berlim, alcançou as tropas e marchou para a fronteira silesiana. Maria Teresa recusou, porém, negociar com o invasor, de modo que Frederico se encontrou automaticamente em aliança com os Franceses, que avançavam do Ocidente; a campanha durou pouco mais de um anos; foi uma sequência de brilhantes vitórias prussianas e terminou com a conquista  total da Silésia de parte de Frederico II. Após um início tão fulgurante de sua carreira de chefe de estado e de comandante de exércitos, o rei da Prússia devia esperar uma adequada reação de parte dos potentados europeus, interessados em manter o equilíbrio de forças em uma região densamente povoada e sem limites naturais, como era a Alemanha.  Realmente, esta reação, chefiada por Maria Teresa, que via ameaçados de perto seus domínios, não se fez esperar; Inglaterra, Áustria, Holanda e saxônia uniram-se para trancar as nescedouras veleidades expansionista de Frederico. Este, que sofrera notável desfalque em seu potencial bélico, na última campanha, considerou , todavia, oportuno tomar a ofensiva e, em poucos choques vitoriosos, debelou um por um seus adversários, obrigando-os à paz; os príncipes alemães, que tinham contado humilhar o rei da Prússia, degradando-o para o título de marquês de Brandeburgo, tiveram que se arrepender e e admitir que ninguém, naquele momento, poderia competir com ele. Mas, assim que ficou livre dos pesados encargos de guerra, Frederico dedicou-se àquelas atividades para as quais se sentia mais inclinado. Reformou o exército sobre bases mais elásticas, desembarcou, ulteriormente, a burocracia estatal e a justiça. Infelizmente, enquanto Frederico estava entretido nessas obras de paz, seus ex-adversários, em nada tranquilizados pelos tratados assinados com ele, começaram novamente a movimentar-se, a armar soldados e a estreitar secretamente alianças. 
           França, Áustria, saxônia e Rússia teceram uma rede de tratados de mútuo socorro e, quando Frederico pediu explicações quanto àquelas manobras diplomáticas e concentração de tropas nas suas fonteiras, responderam-lhe tão evasivamente que ele, com a rapidez de decisões que o caracterizava, resolveu atacar primeiro. Em agosto  de 1756, um corpo de 60.000 prussianos entrava subitamente na saxônia, sitiava a fortaleza em que se encerrara o exército saxão e batia sanguinolentamente os reforços austríacos, prontamente acorridos. O início da campanha não poderia ser mais brilhante. O ano seguinte foi pleno de combates em todas as frentes; rodeados de inimigos, que possuíam forças pelo menos em triplo às dele e recursos praticamente inexauríveis, Frederico podia contar  apenas com seu gênio para sair vitorioso da luta. Suas manobras eram sempre as mais rápidas; movimentando-se com a massa de suas forças, ele batia os adversários separadamente, antes que eles se reunissem e o sobrepujassem pelo número; uma tática id~entica a essa, porque derivada justamente do estudo daquelas campanhas, usaria mais tarde Napoleão Bonaparte. Na terrível luta conduzida por Frederico contra toda a Europa, que o queria morto, vitórias e derrotas se alternaram durante sete anos, de 1756 a 1763. 
              Um por um, os adversários a de Frederico foram afrouxando; a paz firmada em Hubertsbourg, em 1763, ratificava o estado de fato adquirido em 1845, consignando à Prússia, definitivamente, o papel de grande potência.  Daí até sua morte, Frederico embainhou a espada, salvo por uma breve cruenta campanha contra a Áustria, em 1778; preocupou-se mais com a administração de seu país, em que se revelou sempre mais hábil e sábio; publicou numerosas obras sobre vários assuntos, interessou-se pela arte e pela filosofia, manteve correspondência com os maiores cientistas de seu tempo. Seu prestígio na Europa, depois da "Guerra dos Sete Anos", era fortíssimo; foi ele quem, depois do efêmero reinado de Estanislau Poniatowsky, conduziu as negociações que levaram à retalhação do território polonês entre Áustria, Rússia e Prússia (1772). 
              Sob a gestão de Frederico, o Grande, o absolutismo monárquico atingiu o apogeu. O rei era o primeiro juiz, o primeiro general, o primeiro financista, o primeiro ministro, mas também o "primeiro lacaio do Estado", totalmente submetido ás necessidades do estado prussiano. E meio à Europa aristocrática do século XVII, a Prússia sobressaía como Estado militar, possuidor do maior exército europeu da época. Para Frederico II, uma das necessidades do Estado prussiano era expandir-se: e o "primeiro lacaio do estado" lançou-se, com seu poderoso exército, a essa tarefa. 
               No ano em que Frederico II subiu ao trono, declarava-se uma crise por causa da sucessão da coroa austríaca. Com a morte do imperador Carlos VI, a coroa foi para Maria Teresa, filha primogênita do rei, que tinha apenas 23 anos de idade. Imediatamente, Carlos Alberto, da Baviera, e Filipe V, rei da Espanha, apoiados pela França, reivindicaram a coroa, contestando a lei de Carlos VI que outorgava às mulheres o direito de sucessão. 
              Aproveitando-se da situação, Frederico II invadiu os domínios austríacos. Em duas campanhas, que levaram o nome de Guerras da Silésia ( de 1740 a 1742) e (de 1744 a 1745), conseguiu subtrair a Silésia aos Habsburgos. Mas a revanche viria, violenta, na chamada Guerra dos Sete Anos que durou de 1756 a 1763, onde os prussianos tiveram que enfrentar a Áustria, aliada a franceses, russos, poloneses, suecos e ainda a alguns Estados alemães. 
                O exército prussiano era forte e, depois de alguns reveses contra o forte inimigo, obteve uma série de vitórias. E ao ser assinado o Tratado de Hubertsburgo em 1743, a Prússia garantia para sia a posse da Silésia. Em 1772, Prússia, Rússia e Áustria fariam a primeira partilha da Polônia, com a qual Frederico, o Grande, anexou o Ermland e a Prússia Ocidental ou real. Assim, formou-se um Estado prussiano continental, que se estendia do rio Elba ao rio Niemen. Apenas pequenos territórios do ocidente continuavam separados. 
                 No dia 17 de agosto de 1786,  Sans-Souci, (Potsdam) palácio que o monarca prussiano fizera construir no melhor estilo francês, amanhece de luto. Frederico, o Grande, morrera. Agora a Prússia será governada sucessivamente por Frederico Guilherme II (1786 a 1797) e Frederico Guilherme II (1797 a 1840). Mas os Hohensollern continuam no poder; os territórios prussianos não param de crescer. 
              Rússia e Prússia, em 1793, Áustria, Rússia e Prússia, em 1795, fazem a segunda e a terceira partilha, dividindo entre si o que restara do território polonês depois de 1772. O território prussiano quadruplica com a incorporação da Posnânia, da Masóvia e de regiões orientais até Niemen. E a ascensão de Napoleão ao trono da França em 1840 aparecia como fato auspicioso para os Hohensollern; o imperador francês entregou  a Frederico Guilherme II importantes regiões no centro da Alemanha. 
              Mas a formação da Confederação do Reno, união dos estados alemães aliados a Bonaparte, assustou o rei da Prússia, que se passou para o lado dos inimigos da França, estabelecendo com a Rússia uma aliança em 1806 (a chamada Quarta Coligação). As consequências foram desastrosas. Os franceses, no mesmo ano, invadiram Berlin e o Tratado de Tilsit (1807) acabou por retirar da Prússia a maior parte de seus territórios, além de impor pesada indenização de guerra e o acantonamento das tropas napoleônicas em solo  prussiano. 
               Napoleão, mais tarde, é derrotado pelas potências européias que se lhe opunham e, pelo Congresso de Viena em 1815, a Prússia ficaria sem as possessões de leste obtidas pela terceira partilha da Polônia e sem a maior parte das anexadas na segunda partilha. Em compensação, recebe áreas consideráveis da Alemanha Ocidental. de Subsolo rico, esta regiões e mais a Silésia possibilitaram-lhe grande desenvolvimento industrial no século XIX. Rica, industrial e, ainda, militarmente forte, a Prússia pode realizar, em 1871, a unificação de toda a Alemanha, sob sua hegemonia. 

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