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sábado, 19 de dezembro de 2020

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL



                Em 1914, as potências  europeias estavam divididas em dois campos rivais. Após o início da guerra, os dois grupos procuraram aliados. A Alemanha e a Áustria-Hungria receberam a adesão da Turquia e da Bulgária. A Rússia, a França e a Grã-Bretanha ganharam o apoio do Japão, Itália Romênia e, após muito esforço, da Grécia. De longe o principal partidário da causa aliada foram os EUA, que só declararam guerra à Alemanha em 6 de abril de 1917. Na Europa, o preço em vidas humanas e destruição material alterou o concepção sobre a guerra. Estima-se que mais de 8 milhões de combatentes tenham morrido. 
             Na Primeira Guerra mundial surgiram grandes nomes da história universal. Foram importantes líderes, brilhantes estrategistas que até então não eram conhecidos do grande público. Entre eles podemos destacar o general alemão Paul L. von Hindemburg, que assumiu o comando do Exército germânico na frente oriental, obtendo uma brilhante vitória contra os russos em Tannemberg; o marechal francês Ferdinand Foch, comandante-em-chefe da frente, onde organizou  e dirigiu com êxito, a "batalha da França" em 1918; Guilherme II, imperador da Alemanha de 1888 a 1918, que declarou guerra à Rússia no dia 1º de agosto de 1914 e à França dois dias depois. 
              Grande parte da guerra da frente ocidental desenvolveu-se nas trincheiras, que até os finais de 1914 se estendiam a partir do Canal da Mancha até a fronteira com a Suíça. A ideia de uma guerra curta e de fácil vitória desvaneceu-se rapidamente, e as espantosas condições  que tiveram de suportar os soldados nas valetas cheias de barro custaram um alto número de vidas. Já se disse que a Grande Guerra cavou trincheiras  na alma mais profundas do que qualquer uma das cavadas em Flandres. Foi o fim traumático da Belle Époque, que enterrou o sonho de que o progresso só podia ser bom. A Teoria Darwinista da sobrevivência dos mais aptos no mundo animal foi estendida à sociedade humana. 
              A mecanização fez sua estréia neste conflito e a guerra terrestre viu-se transformada pelo uso de gases venenosos e metralhadoras. Foi justamente nesta guerra que Hitler surgiu como mensageiro nessas trincheiras. Era um jovem nacionalista que sentia-se orgulhoso de participar e realmente correu grandes riscos porque ia de trincheira em trincheira levando informações a todos. Na noite de 13 de outubro de 1918, foi apanhado por um violento ataque a gás britânico, numa colina situada ao sul de Werwick, durante a última Batalha de Ypres. Ele próprio contou: "Recuei cambaleante, os olhos a arder, levando comigo o meu último relato de guerra. Poucas horas mais tarde meus olhos se haviam convertidos em brasas vivas. Tudo escurecera em meu redor". Um fato curioso sobre seu bigode aconteceu justamente quando ele quase morreu asfixiado; tinha um bigode grande e por causa disso a máscara antigases não o vedava plenamente. Quando percebeu isso ele moldou seu tradicional bigode e o manteve para sempre. 
               A "Primeira Guerra Mundial" começou em agosto de 1914 e marcou o fim de um período da História Universal e começo de outro. Essa guerra, que se iniciou como um conflito europeu, converteu-se em 1917 numa guerra mundial e, como tal, pode ser considerada uma ponte entra a era do predomínio da Europa e a da política internacional. A centelha que acendeu o estopim foi o assassinato do príncipe herdeiro da Áustria, o arquiduque Francisco Ferdinando, por um terrorista bósnio em Sarajevo, no dia 28 de junho de 1914. A Áustria-Hungria viu aí a oportunidade de uma guerra que diminuísse ou destruísse as ambições sérvias junto aos povos eslavos em território austro-húngaro. Na crise que se seguiu ao atentado, nenhuma das potências revelou-se disposta  a aceitar uma derrota diplomática. Os  sérvios confiavam nas suas forças armadas e no apoio da Rússia. Os austro-húngaros contavam com sua aliança com a Alemanha para impedir a intervenção russa.  Finalmente, a guerra tomou o lugar das manobras diplomáticas. O que se iniciou como uma crise localizada se transformou rapidamente numa guerra global. 
            Todos pensaram que seria uma guerra curta, que já estaria terminada no Natal de 1914. A Luta não seguiu de acordo  com as estimativas militares; em vez de grandes  batalhas decisivas, que durariam apenas alguns dias, encerrando a guerra em semanas, a realidade foi a de um combate quase contínuo em todos os pontos em que as tropas estavam em contato. Ficou evidente que era impossível sustentar esse ritmo de combate com os estoques de munição planejados para as batalhas, quase inteiramente consumidos nas primeiras semanas; foi necessário desmobilizar tropas, devolvendo trabalhadores às indústrias. 
            Os alemães sabiam que suas possibilidades de travar com êxito uma guerra prolongada em duas frentes eram escassas. Sua estratégia bélica, idealizada por Schlieffen em 1905 era cercar e aniquilar o Exército francês passando pela Bélgica antes de que os russos tivessem tempo de mobilizar suas tropas; mas estes reagiram de maneira incrivelmente rápida; invadiram a Prússia Oriental, derrotaram o Oitavo Exército Alemão em Gumbinnen (no dia 20 de agosto) e forçaram o deslocamento das tropas reservas da Alemanha para a frente oeste. Os alemães conseguiram derrotar os invasores russos em Tannenberg (entre o dia 26 e 29 de agosto), mas não contavam com tropas suficientes para aproveitar  esta vitória. Os alemães também foram vencidos no oeste pelos aliados, na batalha do Marne, entre os dias 5 e 8 de setembro. O Plano Schlieffen constituía um risco para os alemães; se falhasse, não tinham outra alternativa. Entre os dias 8 e 12 de setembro, os russos infligiram uma esmagadora derrota aos austríacos em Lemberg. Por último, em novembro, o Exército alemão e o dos aliados fracassaram na tentativa de deslocar-se mutuamente em Flandres, e os dois inimigos se dedicaram a cavar trincheiras numa linha de aproximadamente 650 quilômetros entre o Canal da Mancha e a fronteira suíça. No leste, como o número de homens e armas era menor, ainda era possível continuar com a guerra móvel, possibilidade que foi brilhantemente aproveitada pelos alemães em Gorlice-Tarnov, em 1915, e pelo general russo Brusilov, em 1916. 
             A oeste, em compensação, desde o início de 1915 dominaram o cenário bélico as trincheiras, as cercas de arame farpado, a artilharia, as metralhadoras  e o barro. O plano de Schliffen era arriscado; com seus fracasso, não restou aos alemães estratégia alternativa. De 8 a 12 de setembro, houve grande vitória russa sobre a Áustria, em Lemmberg. Uma tentativa  simultânea do exército alemão e dos aliados, de vencer o outro, fracassou em Flandres, em novembro, e ambos entrincheiraram-se numa linha de frente de 644 Km.                  >> A guerra móvel converteu-se em uma guerra de desgaste. Um soldado entrincheirado com uma metralhadora era mais que suficiente para deter o avanço de centenas de homens em campo aberto. As ferrovias podiam trazer os defensores muito mais rapidamente  do que podia avançar a infantaria através das rupturas da frente de batalha, obtidas a um custo humano muito grande.
            Entretanto, os aliados não podiam tolerar a ocupação da Bélgica e o norte da França pelos alemães e, inevitavelmente, procuravam forma de expulsá-los dali. Isso deu lugar, em 1915, a repetidas ofensivas francesas em Artois e Champagne, que foram apoiadas por pequenas arremetidas dos ingleses em Neuve Chapelle e Laos. os aliados programaram uma ofensiva conjunta para o ano de 1916 na região do Somme, mas os alemães se adiantaram e atacaram primeiro em Verdum com a intenção de debilitar o Exército francês. As perdas humanas se elevavam a mais de 700 mil homens. No dia 1º de julho de 1916, os britânicos lançaram sua primeira grande ofensiva da guerra no Somme. A luta durou até novembro e as baixas superavam pelo menos a um milhão de soldados.Contudo, não conseguiu romper o impasse no qual se encontrava a guerra.  
           O conflito converteu-se em uma guerra total e requeria a mobilização da indústria, que foi levada a cabo por Loyd George na Grã-Bretanha. Buscaram a resposta à paralisação nas trincheiras através da tecnologia. Pela primeira vez um gás venenoso foi utilizado pelos alemães em Bolinova, em janeiro de 1915; os ingleses inventaram os tanques e e utilizaram 32 deles na última etapa da batalha do Somme, mas,  devido às dificuldades de fabricação, somente puderam ser utilizados de forma maciça na batalha de Cambray, em novembro de 19917, onde tampouco foram decisivos.
              Para repelir a ocupação alemã na Bélgica e norte da França, foram feitas, em 1915, ofensivas francesas em Artois e na Champagne, ajudadas por ofensivas britânicas em Neuve Chapele e Laos. 
             A luta também chegou aos céus, onde um grupo de aviões de reconhecimento, em 1914, deu lugar a aviões de caça, bombardeiros e detectores de artilharia. Com o Zepelim e o bombardeiro Gotha de longo alcance, os alemães introduziram o bombardeio estratégico das cidades inimigas. Os aliados recorreram aos bloqueios navais para paralisar as indústrias e matar  de fome a população das Potências Centrais. A Alemanha replicou com ataques de submarinos à frota inglesa. 
              Com o fracasso a oeste, os aliados procuraram sucesso em outras frentes: em Dardanelos (abril de 1915 a janeiro de 1916), na Mesopotâmia contra os turcos, em solônica em apoio aos sérvios. Tudo acabou em fracasso. A Itália, que entrou na guerra do lado aliado em maio de 1915, também falhou.
               Os aliados planejavam, para 1916, uma ofensiva conjunta no Somme, mas os alemães atacaram primeiro, em Verdum. As baixas foram superiores a 700 mil soldados. Em 1º de julho de 1916, os ingleses lançaram a primeira ofensiva maciça,no Somme. A luta foi até novembro, com 1 milhão de baixas. 
          Derrotados no Ocidente, os aliados buscaram a compensação em outras frentes: nos Dardanelos (de abril de 1915 a janeiro de 1916); na ofensiva contra os turcos na Mesopotâmia; no desembarque em Salônica para ajudar aos sérvios. Entretanto, tudo fracassou. A Itália, que se incorporou à guerra ao lado dos aliados em 23 de maio de 1915, também não pôde vencer as forças austríacas em Isonzo. 
             Nessa época, o conflito tornou-se guerra total, exigindo mobilização da indústria, conduzida por Rathenau, na Alemanha, e por Lloyd George, na Grã-Bretanha.  Contra o impasse, buscou-se tecnologia: o Gás venenoso foi usado pelos alemães em Bolinów, em janeiro de 1915; os ingleses inventaram  o tanque e usaram 36  deles na batalha do Somme. Por dificuldade de produção, só em novembro de 1917, em Cambrai, houve o primeiro ataque em massa de tanques, também incapazes de resolver o impasse. 
          Na frente oriental, apesar da ofensiva austro-germânica de 1915 em Golice-Tarnov e um transcendental  avanço russo sob o comando do general Brusilov em 1916, não houve ações decisivas. A resistência sérvia foi destroçada, mas os alemães enfrentavam agora a guerra em duas frentes que tanto haviam temido. Em fins de 1916, todos os combatentes reconheciam que ainda estavam muito longe da vitória. Havia quem acreditasse na paz, mas as exigências expansionistas descartavam uma solução pacífica. A guerra continuou sob novos e implacáveis líderes: os militares Hindenburg  e Ludendorff, da Alemanha, e os civis Lloyd George, da Gã-Bretanha, e Clemenceau, da França. No dia 10 de fevereiro de 1917, a Alemanha declarou guerra submarina sem quartel com a esperança de submeter a Inglaterra. Os ingleses puderam neutralizar esses ataques graças a um sistema de comboios posto em prática em maio de 1917. Entretanto, a ofensiva com os submarinos precipitou a entrada  dos Estados Unidos na guerra, no dia 6 de abril de 1917, o que constituiu uma ajuda potencialmente decisiva para os aliados.
             Em março desse mesmo ano eclodiu a revolução na Rússia, provocada pelas grandes perdas humanas, o cansaço da guerra e a má situação econômica. O czar abdicou em 15 de março de 1917. O futuro da Rússia como aliado era incerto. Em maio, a França também de defrontava com graves problemas. Uma ofensiva dirigida pelo novo comandante-em-chefe, Nivelle, não conseguiu o objetivo prometido de obter uma vitória que conduzisse à paz. Quase todo o Exército francês se amotinou, e na frente interna o descontentamento era geral. os ingleses ´programaram uma ofensiva em Ypres como a melhor maneira de evitar a pressão sobre os franceses e animar a Rússia. A ofensiva de "Passcheendaele", arruinada pelo mau tempo, não pode romper a frente alemã; os dois lados sofreram cerca de 250 mil baixas cada um. 
          Na frente ocidental somente houve guerra móvel nas etapas iniciais e finais. Desde o fim de 1914 até a primavera de 1918, a superioridade do sistema de defesa de trincheiras e metralhadoras, sobre o lento avanço da infantaria, impôs mobilização. Somente quando os exércitos de debilitaram por anos de desgaste, continuaram os avanços. Na Europa do Leste e nos Bálcãs, a guerra não foi mais ágil apesar da menor densidade de homens e de defesas mais fracas. A frente italiana junto ao Rio Isonzo também se viu afetada pelo imobilismo, que somente foi quebrado em outubro de 1917 pela vitória germano-austríaca em Caporetto e a vitória italiana em Vittório Vêneto, um ano depois. 
           Durante o último ano de guerra, os avanços no bombardeio da artilharia tornaram possível a destruição total e precisa de áreas selecionada. O mesmo ocorreu com numerosas cidades próximas às fronteiras; Ypres foi alvo de fogo incessante até ficar reduzida a escombros. 
            Em novembro de 1917, os bolcheviques apoderaram-se do governo da Rússia e em dezembro solicitaram a paz em Brest-Litovsk. Por fim os alemães podiam concentrar todas as suas forças na frente ocidental. Em 21 de março de 1918, Hindenburg e Ludendorff lançaram uma série de ofensivas que indicavam a vitória no Ocidente, antes que os norte-americanos chegassem com toda a sua força. Apesar do êxito inicial, os alemães fracassaram. No dia 18 de julho, o novo generalíssimo aliado, Foch, lançou um contra-ataque francês. Em 8 de agosto, foi seguido por Haig com um êxito deslumbrante no Somme. Daí em diante, os aliados golpearam o inimigo sem piedade e romperam a Linha Hindemburg entre os dias 27 e 30 de setembro. Entretanto, os aliados da Alemanha - Áustria,Turquia e Bulgária - começavam a ceder diante dos ataques aliados. Em 29 de setembro, Ludendorff reconheceu a derrota e exortou seu governo a pedir um armistício imediatamente. Em outubro a esquadra alemã se amotinou, seguindo-se a revolução e a abdicação do Kaiser. O novo governo alemão aceitou as condições do armistício dos aliados. A luta armada terminou no dia 11 de novembro de 1918. 
                O caráter traumático e chocante deste conflito global ainda molda o juízo que temos sobre a guerra, alertando-nos sobre o preço que se paga quando se crê, erradamente, que os assuntos militares possam ser puramente militares.
             O custo material e humano da guerra foi enorme; as consequências políticas e sociais, incalculáveis. A Europa de 1914 desapareceu. 
           É difícil, hoje, entender  o entusiasmo com que as declarações de guerra foram recebidas pelas populações dos países envolvidos; milhares se apresentaram  como voluntários. Houve manifestações patrióticas entusiasmadas de todos os setores das sociedades envolvidas. Esse entusiasmo ingênuo via a guerra como um momento glorioso, um recurso necessário para o engrandecimento das nações. As paixões populares inflamadas pelas promessas de glória e insufladas pelo sentimento de superioridade de cada povo, exigiam resultados e cobravam a promessa militar de uma vitória completa, definitiva e imediata. Logo no início, as tropas entusiasmadas e estimuladas pelo culto à ofensiva, se confrontavam com o horror de uma guerra dominada  pelo poder de fogo e onde a defensiva era suprema. Mas logo e realidade tomou conta dos combatentes. As baixas eram enormes.
            Graças à indústria, cada potência européia era capaz da criação e sustento de forças em tempo de guerra com um efetivo de milhões. A complexidade do processo de reunião, despacho por trens e concentração das tropas mobilizadas era tal que, uma vez iniciado, pouco ou nada podia ser feito para impedi-lo, sob pena de se estar desarmado diante de um inimigo mobilizado. 
             Assim que a mobilização começou, os altos comandos assumiram o controle da guerra e, em nome do profissionalismo militar, isolaram seus governos das decisões. Independentemente do fato fato de que a Alemanha entrara na guerra para respaldar a Áustria-Hungria, o Grande Estado Maior Alemão só tinha um plano: uma ofensiva completa contra a França, que produzisse vitória antes que a lenta mobilização russa pudesse estar completa. 
             O grande avanço tecnológico dos meios de destruição fazia supor uma guerra inteiramente nova, embora começada sob o espírito romântico. A duração de  quatro anos (1914 a 1918),  a estabilização prolongada das frentes de atrito e a universalização do conflito, tudo acompanhado das dificuldades de grande monta geradas por escassez, cansaço, grande destruição e imensa mortalidade, transformaram a Primeira Guerra Mundial. 
            Diante da progressiva convocação de homens, mortos aos milhões, mulheres substituíram-nos em serviços urbanos e na produção industrial, acentuando as reivindicações feministas.  Antigas dependências políticas encontraram ocasião de fortalecer aspirações  de autonomia, como na Irlanda e na Índia. Contradições acentuadas motivaram motins militares dentre os beligerantes e movimentos  socialistas na Rússia e na Alemanha. Aspirações nacionalistas viram no desastre o império austro-húngaro a oportunidade de alcançar ou reforçar a independência ou mudar o estatuto sob o qual viviam boêmios, tchecos, húngaros, croatas, italianos, sérvios, bósnios, montenegrinos. O mundo todo mudou. No Oriente Médio e na Ásia Menor, tudo mudaria com a tomada do poder pelos jovens turcos e pela definição de novos protetorados árabes da Inglaterra e da França, em maio ao avanço do movimento sionista que buscava a nova fundação do Estado de Israel. Redesenhava-se o mapa político daquela região, como se fazia na Europa, onde retalhavam-se os vencidos e surgiam países novos, como a Iugoslávia, e Hungria e a Tcheco-Eslováquia.
               Mas, a guerra não ficou confinada apenas à Europa. Para proteger os poços de petróleo persas, uma força anglo-indiana ocupou Basra em 22 de novembro de 1914, e marchou sobre Bagdá  em outubro de 1915. Foi forçada a retirar-se e render-se aos turcos em Kut (abril/916). Enquanto isso, os britânicos reiteraram uma tentativa turca de cruzar o canal de Suez em 1915, e uma força de contra-ofensiva entrou na Palestina, em 1916. Ali os britânicos foram beneficiados pela revolta árabe que eles próprios instigaram contra o governo otomano e que eclodiu em junto de 1916 sob o xerife Hussein de Meca. Mas foram repelidos pelos turcos em Gaza (1917).  Ao norte, os russos ocuparam a Armênia Turca em Julho de 1916, e a mantiveram sob controle até a Revolução Russa devolver a iniciativa aos otomanos. No final de 1917, as forças britânicas, sob o general Allemby, reagruparam-se e conseguiram passar de Gaza até Jerusalém em 11 de dezembro. Na Mesopotâmia, Kut foi retomada e Bagdá capturada em 10 de março de 1917. Mossul foi ocupada após o armistício anglo-turco em 20 de outubro de 1918, enquanto Damasco caiu sob o ataque das tropas britânicas e árabes no início do mesmo mês. 
              A guerra espalhou-se pela África e Extremo Oriente, onde a Alemanha perdeu suas colônias. Os sul-africanos conquistaram a África do Sudoeste Alemã, em julho de 1915, e os ingleses e franceses tomaram Camarões e Togo. Na África do Leste Alemã, os ingleses enfrentaram uma tarefa mais difícil, devido à defesa alemã, sob o comando do general Von Lettow-Vorbeck. No Pacífico, nos primeiros quatro meses de guerra, tropas australianas, neozelandesas e japonesas capturaram as colônias alemãs. As concessões na China também caíram nas mãos de japoneses e ingleses. 
                 Na frente ocidental, apenas os estágios inicial e final viveram uma guerra de movimento. Do final de 1914 à primavera de 1918, a superioridade da defesa, baseada no sistema de trincheiras e metralhadoras, contra a lenta ofensiva da infantaria, precedida pelo fogo concentrado de artilharia, levou a um impasse. Só quando os exércitos já estavam enfraquecidos, após anos de atritos, foi possível avançar rapidamente. Na Europa Oriental e nos Bálcãs, com menor concentração de efetivos e defesas mais fracas, a guerra foi mais móvel. A frente italiana, ao longo do rio Isonzo, viveu outro impasse, apesar de 11 ofensivas contra os austríacos, até a vitória germano-austrícaca em Caporetto, em outubro de 1917, e a vitória italiana em Vittorio Veneto, um ano mais tarde. 
             Nos anos finais do século XIX e nos iniciais do XX, o nacionalismo exacerbado francês se soma ao apego militar à ofensiva na ideia de que os franceses, de todos os povos, eram imbuídos de um espírito de combatente único - o furor gálico - que lhes daria a vitória contra o fogo de seus inimigos. Quando o front se estabilizou, inspirados  por essa convicção e açulados pelo General Foch, que recusava a aceitar o impasse, comandantes e soldados franceses se atiravam com abandono ao ataque, confiantes de  de seu èlan triunfaria. Centenas de milhares  de jovens poilus, em seus vistosos uniformes  de pantalonas vermelhas, se lançaram contra as metralhadoras e canhões alemães em ataques inúteis. A carnificina foi enorme; a maior parte dos generais que comandavam as unidades francesas no início da guerra foram substituídos antes do fim do ano; indivíduos arruinados, remoídos pela culpa e incapazes de dar conta da tragédia que viviam. Do milhão e meio de franceses que tombaram na Primeira Guerra, metade morreu nos primeiros quatro meses, buscando vencer o fogo germânico com ímpeto gaulês. 
            O impacto dessas baixas foi enorme, tanto para as convicções dos sobreviventes, desiludidos, quanto para as populações e famílias dos países envolvidos. Antes mesmo da primeira neve cair, as linhas de frente estavam onde ficaram, com pequenas alterações, até 1918. Entre as linhas de fogo, ao longo de todo o front, o contínuo de refregas  e tiroteios passou a ser interrompido aqui e ali pelo início de arranjos informais do tipo "viver e deixar viver". 
          Os sonhos românticos que os soldados  alimentavam ao ir para a guerra metamorfosearam-se num cinismo realista em que a única meta era continuar vivo. 
            No  Natal de 1914, aconteceu algo de extraordinário; ao longo do front, os combates cessaram. Ao amanhecer, franceses, ingleses e alemães saíram de suas trincheiras.  Dezenas, talvez centenas de milhares de homens  abandonaram suas armas e seguiram para a chamada  "terra-de-ninguém". Confraternizaram-se trocando lembranças e presentes, exibindo fotos e cartas da família, comemorando o natal, desejando a paz. Os altos comandos viram nisso a ante-sala da revolução. A disciplina militar era percebida como a única capaz de sustar o processo pelo qual os soldados pudessem decidir-se a tomar o poder. O espectro do inusitado motim desta guerra e da revolução, que visitaria a Europa em 1917, passou como uma sombra gélida  por sobre os generais e altos comandos. A reação foi imediata e incisiva: fogo de artilharia  sobre a "terra-de-ninguém"; estritas medidas disciplinares contra os envolvidos; punições e perseguições, visitas e discursos. Pela primeira vez em muitas semanas, os oficiais visitaram as trincheiras, trazendo presentes, identificando líderes, exortando os soldados ao esforço de luta, escolhendo informantes, lembrando o dever e o ódio ao inimigo. 
            O armistício de 11 de novembro de 1918 confirmou de um lado os grandes perdedores: Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia (império otomano) e Bulgária;  de outro lado, Grã-Bretanha, França, Bélgica, Itália, Estados Unidos, Japão e outros países, dentre os quais o Brasil. A Rússia, que começara ao lado da França, assinara a paz em separado em março, em meio ao caos revolucionário e a grande sofrimento. Contra ela ainda se fariam, sem êxito, operações militares  para apoiar a contra-revolução. Destacar-se-iam a Polônia e a Finlândia e criou-se uma fieira de países neo-independentes retirados do antigo império czarista (Estônia, Letônia e Lituânia) formando o "cordão sanitário" para isolar geograficamente que viria ser a União das Repúblicas Socialistas  Soviéticas em 1923. O armistício foi seguido pelo tratado de Versalhes em 1919, sob a ameaça de remobilização contra a Alemanha, findando hostilidades bélicas, fixando dividas e ampliando ressentimentos. Se a guerra estava vencida, o meno não aconteceu com a paz que para muitos pareceu perdida, particularmente a Itália. 
             A  Liga das Nações proposta pelo presidente Wilson, dos EUA, não daria solução pacífica aos desentendimentos internacionais, como também foram apenas sonhos os tratados de desarmamento começados em 1921. O fraco crescimento e pouca prosperidade que se seguiram á depressão do fim da guerra foram efêmeros. E especulação econômica levaria á crise de 1929 com a devastação que se lhe seguiu. As impossibilidades da crença liberal para conduzir favoravelmente as grandes questões postas nos ano 20, diante do desemprego, das greves, das arruaças, da instabilidade, da desordem e do medo resultariam no drama do fascismo e do nazismo.  


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