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quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

SURGEM OS IMPÉRIOS PRIMITIVOS ..

 Mesopotãmia

Suméria

            É muito comum as pessoas menos avisadas imaginarem que os povos da antiguidade viviam apenas em cavernas. Na verdade, eles viviam em habitações rigorosamente decoradas.
                Na região denominada com o nome grego, Mesopotâmia, isto é, "país entre dois rios", floresceram duas civilizações grandiosas: a civilização dos Babilônios, que se desenvolveu do IV milênio a.C. até ao ano 538 a.C. e teve por capital Babilônia, junto ao Eufrates, e aquela dos Assírios, do ano 2.500 ao 612 a.C., cujo centro  foi Nínive, junto ao Tigre. Ambos os povos, semitas e de origem nômade, se influenciaram reciprocamente, embora a sede de domínio os induzisse a combaterem-se impiedosamente. Enquanto as casas dos pobres, em argila, juncos e bambus, por vezes encimadas por um terraço de madeira, pouco diferissem entre si, pela sua simplicidade, das construções dos Árabes, as habitações dos ricos habitantes de Nínive e de Babilônia tivessem, ao invés, um timbre faustoso, não certamente inferior ao dos Egípcios.

                  Zoroastro, Ciro e Dario. O mestre espiritual, fundador de uma religião sempre viva, e os reis dos reis, senhores de um dos primeiros e maiores impérios. Oriundos de uma linhagem aristocrática, esses homens excepcionais continuam a inflamar imaginações e a viver na memória dos homens. 
                Quem foram esses persas que, em alguns séculos conquistaram e unificaram a Ásia Menor e o Oriente Próximo? Esses persas foram fundadores de um império grandioso e extraordinário que unira tantas raças e religiões diferentes e que só pode ser comparado aos de Augusto e de César. Foram esses persas que ergueram as leves e audaciosas colunas de Persépolis, a capital destruída pelos guerreiros vindos do Ocidente. 
                  Cavaleiros-guerreiros, conquistadores. Sua história foi escrita na púrpura do sangue, no ouro dos fabulosos tesouros, na poeira das longas cavalgadas, na grandeza dos imensos monumentos. Ela foi conduzida pelo orgulho, pela sede de aventuras e também pela paciência de um povo que tanto soube manejar a espada como cultivar a terra para construir e pacificar. 
               Indo-Iranianos, os Persas pertencem á grande família indo-européia, sendo irmãos dos Indo-Arianos que perseguiram sua rota além do Afeganistão até o mundo indo-gangético. São primos desse guerreiros citas e hititas aos quais fizeram questão de se comparar. Na verdade, são parentes afastados dos guerreiros helenos, latinos, eslavos, celtas  ou germânicos que deram origem aos Europeus de hoje. A Hiperbórea, "matriz das nações", evocada pelos antigos, localiza-se nitidamente no Nordeste do continente do continente europeu. 
               Durante o terceiro milênio antes da nossa erra, a dispersão dos povos indo-europeus efetuava-se lentamente, em grupos sucessivos que se dirigiam em direção aos horizontes mais diversos, principalmente para sudoeste e sudeste. O rebaixamento montanhoso abria a rota aventurosa em direção à Ásia central, para a Rússia meridional. Foi o aquecimento da temperatura que permitiu a agricultura e a criação em substituição à pesca, à caça e a colheita. 
                Quando ocorreu a expansão desses povos, o cavalo era pouco utilizado pelas populações do perímetro mediterrâneo e pela Ásia central, mas foi justamente as invasões indo-europeias que o introduziram definitivamente no seu dia-a-dia.
              Vindos do Irã e da Armênia, os Hicsos partiram para o Egito e o invadiram aproximadamente em 1675 a.C.  e ocuparam o delta do Nilo durante dois séculos, antes de serem expulsos pelo Faraó Amósis. Eles deixaram sua marca e lembrança aos Egípcios: suas vastas criações de cavalos do tipo mongol que, em seguida, se propagaram por toda a África do Norte. 
          Por volta de 1500 a.C., a instalação dos indo-Iranianos efetuou-se em migrações sucessivas. Primeiro os bactrianos e os Cimerianos. Em seguida os Medos e os Persas. 
                  Por volta do século X de nossa era, os Indo-Iranianos chegaram ao planalto de Tepe-Sialk, nas bordas do mar Aral e do Cáspio, a leste da atual cidade de Teerã.
             Guerreiros-cavaleiros, chegaram com suas mulheres e filhos, mas também com suas tropas. As regiões férteis e cultiváveis já estavam ocupadas por populações asiáticas. Embora minoritários, os Indo-Iranianos lutaram e coabitaram. Em inúmeros casos, eles submeteram os povos asiáticos e impuseram suas leis. 
                 Testemunho tangível, a localidade de Sialk recosta-se numa colina da Média central, ao sul da atual cidade de Teerã, moldando o  Grande Deserto próximo a Kashan. Povoada desde o segundo milênio, nela foi encontrada uma necrópole cuja datação do conjunto situa-se entre o século X e o fim do século IX ou início do século VIII a.C. As escavações dessa necrópole evidenciam uma nítida mudança nas práticas de inumação. 
                 Outro fato importante: a localização de Sialk compreende um terraço poligonal de 2500 metros quadrados. Edificada a mais de 20 metros acima do solo, corresponde verdadeiramente à morada senhorial. É a origem de um castelo, denominado a "cidade baixa" reservada aos súditos do príncipe, é um elemento altamente significativo. 
              Atribuída aos Medos, Sialk testemunha a instalação de uma nova organização social; a aristocracia guerreira dos Arianos. Esta localidade marca também o surgimento de uma nova civilização, pois revela, segundo Ghirshman, "um novo espírito no urbanismo e nas tradições desconhecidas nas práticas funerais", como realizações artísticas originais. 
                  O poderio dos povos e dos impérios não nasce jamais do acaso ou da necessidade. Seu principal componente é o orgulho do grupo. No planalto iraniano, as tribos arianas conservam sua homogeneidade e a fidelidade às estrutura ancestrais. Elas reconstituem o quadro de suas sociedades de origem e nela empregam força e dinamismo. 
                  Sialçk, primeira manifestação conhecida desta civilização iraniana em seu alvorecer,marca no solo a via imperial de um grande destino. Mas é preciso esperar até o ano 834 a.C para obter o primeiro traço escrito que revela a existência  ariana no planalto iraniano. 
               A Ásia Anterior e o Oriente vivem, então, tempos conturbados. Os Assírios, "esses Prussianos da Ásia anterior" como são chamados por René Grousset, impõem um regime de guerra permanente e o poder massacrante de seu império totalitário. 
              O imperialismo dos reis de Assur vive, então, seus grandes momentos de crueldade de fogo e de sangue. Os profetas de Israel conservaram a lembrança dessa "animalidade humana" pois, dentre todos os povos deste mundo agitado, os Judeus foram seguramente os mais prejudicados pela ferocidade assíria. Não tiveram, porém, o infeliz privilégio de suscitar a indignação e a cólera deste reino devastador organizado em teocracia guerreira. 
              As regiões de terras povoadas, cidades numerosas e ricas, com rebanhos prósperos, a Média e a Pérsia, nas proximidades do reino de Urartu, não podiam escapar das cobiças do Assírio ávido de tributos e lucros. Algumas dezenas de anos mais tarde, os "Anais" reais evocam detalhes de uma nova expedição e contam as primeiras relações entre Assírios e Iranianos. Medos e Iranianos entram para a história escrita. 
             Contra Assur, os Medos apegam-se ao solo. "Nas guerras dos reis, nos campos de batalha, possa o deus atingir tudo que seu coração deseja." São os pensamentos de Assurbanípal. Para o Assírio, a guerra ocorre por vontade do deus Assur. A paz nunca é longa.
           Mudam os reis de Assur, a política continua a mesma. Incessantes conflitos opõem tropas assírias e medas no reinado de Adadnirari II (812 a 782 a.C.) Porém, ele pode orgulhar-se de ter conduzido sete campanhas na Média, e ter conduzido operações vitoriosas à oeste, que penetraram na Síria até o Mediterrâneo, o filho de Semíramis quase não pode atentar contra os territórios orientais. Enfrentando um adversário resolvido a manter  sua autonomia, deve contentar-se com incursões periódicas.     
                Um novo poder desenvolve-se e transforma-se em obstáculo. Aproveitando-se das fraquezas assírias, o reino de Urartu consegue conquistar a hegemonia na Ásia Menor. 
               Cidades nascem, aldeias edificam-se. O dinamismo e a eficácia parecem ter trocado de campo. Um novo poder se afirma. A supremacia assíria é severamente testada. 
             A resposta vem de um "rei de ferro". Recebendo as insígnias de seu poder real, Teglatfalasar II ( 747 a 727 a.C.) pensa na resposta a dar. Muito rapidamente, mostra que o objetivo de seu reinado é restabelecer e estender o poder assírio. A guerra renasce e intensifica-se. 
               Dez anos mais tarde, Teglatfalasar II lança uma nova campanha contra Urartu que  se reergue. Suas tropas atravessam o Eufrates sem encontrar resistência. Cavaleiros, lanceiros, ceifadores, carros de combate penetram brevemente no interior do pais. Tushpa, a capital é tomada. O Assírio usa suas terríveis máquinas de guerra. Sardur resiste e não capitula. Porém seu reino é duramente atingido: o Assírio aplicou-lhe um golpe mortal. 
              Nessa época Homero acaba a "Ilíada" e um decênio depois Hesíodo começa a cantar as virtudes camponesas. O Assírio conta suas vitórias. Emprega sua diplomacia como arma ofensiva. Ameaçado pelo Estado de Efraim, que se aliou à Síria, o jovem reino de Judá chama-o a seu socorro em 733 a.C. Novas campanhas, a Sudoeste, desta vez. As tropas assírias caminham flexíveis e decididamente. Os cavalos e os carros abrem caminho em direção à vitória. O Assírio aproveita para apoderar-se de Damasco, obrigando a Síria, o Tiro e a Palestina a lhe pagar o tributo dos vencidos. 
              René Grousset escreve: "A guerra assíria não matava só as sociedades urbanas mais brilhantes, como também, nas regiões em que ela oprimia a terra. As declarações dos reis de Assura a esse propósito parecem-se estranhamente com descrições que, 20 séculos mais tarde, nos transmitem da tormenta mongol os analistas árabes: poços e canais de irrigação obstruídos, águas correntes transformadas em pântanos, pomares e lavouras entregues à invasão das areias. A árvore é assassinada como o homem, o conquistador  sendo em toda parte cúmplice dessa morte da terra que, num país de estepe seca, sempre espreita as culturas."
                  E acrescenta Grousset: É apenas um sinistro balanço das cidades importunadas pelo solo, populações deportadas, vencidos esfolados vivos  ou escalpados com um refinamento de crueldade inaudito. Cada uma das conquistas assírias é a morte de uma civilização."
                Os povos abalam-se. Os medos resistem. Nos montes Zagros, entre a Mesopotâmia e o núcleo médio do planalto iraniano, o impulso ariano se faz mais opressivo e o elemento iraniano torna-se preponderante. Teglatfalasar, em direção à Média, exercita mais ainda uma vez seus temíveis exércitos. Aproveitando as divisões entre os medos, o Assírio ataca um a um os principados medos. 
                  As cidades fortificadas caem. Os arqueiros impressionam. Montados em seus cavalos, fulminam o adversário com suas flechas e suas lanças. Provocando verdadeiras chuvas de ferro, agem com rapidez e atacam de surpresa. A ofensiva é sua única tática. Volutas de fumaça cinzas e vermelhas, erguem-se no céu do planalto. Infelicidade ao vencido; as cabeças tombam após a batalha  e a feudalidade meda não pode resistir à máquina de guerra assíria. 
              O lucro assírio grande: 65 mil prisioneiros em filas silenciosas e coloridas de sangue, além de bois, carneiro, mulas e dromedários. Homens e animais acorrentados testemunham a glória dos exércitos e da pesada supremacia sobre os povos. Terror e deportação são a política do vencedor. 
               Para o Assírio, tirar um povo de sua terra é o melhor método de enfraquecê-lo, de prevenir qualquer desejo de rebelião. Os Medos são assim deportados para o solo dos Arameus da Síria e daí deverão dirigir-se ao planalto iraniano.  Os Medos, tenazes, são do tipo que reconstitui o que foi destruído. Pouco importa o gado roubado e os guerreiros mortos; eles guardam para si a ideia de um grande destino e a certeza de serem feitos para comandar. Simplesmente a hora ainda não chegou. O Assírio prossegue sua guerra permanente. Ele não sabe que com isso prepara sua própria perdição. 
             Corria o ano de 707 a.C. ,  prisioneiro de seu sistema, o império assírio deve intervir para consolidar suas bases perpetuamente abaladas por rebeliões ou novas ondas de invasões. Preocupado em manter a ordem de Assur, "a guerra simplesmente pela guerra", Sargão II decide criar uma administração central, unifica a economia de suas possessões e explora duramente os territórios conquistados. Essas medidas são insuficientes para conter as dificuldade do monstruoso Império Sargão II, logo, deverá estocar víveres e taxar os produtos alimentares para assegurar a subsistência de sua gente. 
                Preocupado com a solidez  de suas fronteiras orientais, deve também reforçar seu potencial militar e, para isso, cria um exército de mercenários que seriam mantidos com altos gastos. 
                 Sem dúvida, novas operações militares impõem-se. Sustentada secretamente pelo rei de Urutu, uma revolta eclode no país conduzida por um chefe iraniano. Sargão, intervém duas vezes (719 e 716 a.C.) Contudo é necessária uma terceira intervenção em 715 a.C.  À frente de suas tropas, o próprio rei de Urutu apóia o Ariano revoltado. Mas Sargão foi informado por um dos seus espiões e aproveitará a noite para aniquilar o acampamento urarteu, cujo apoio teria sido decisivo. 
               Ao fim dos combates, a soberania assíria é restaurada: 22 chefes medos farão voto de fidelidade a Sargão. Mas a ameaça persiste. Em 712 a.C., uma nova expedição dirige-se a Média. Quarenta e cinco cidades farão voto de submissão. Entre os presentes recebidos por Sargão estão 4.609 cavalos e mulas. 
                  Mas, mesmo assim a ameaça meda ainda persiste e se amplia. Estava apenas esperando a hora certa. 
                Analisando friamente, podemos dizer que o gigantesco império assírio não governava nada. Apesar de seu poderio e de seus notáveis exércitos, os melhores da época, ele é apenas uma carcaça vazia. É a época das grandes mudanças. Morrem povos; outros se agitam; sempre levados por sua própria vontade ou pela dos conquistadores anônimos. Em ondas repetidas, desloca-se e criam novas forças. 
              Do Cáucaso, essa porta da Ásia, novos imigrantes partem: os Cimerianos. Atacam o infeliz reino de Urutu, ameaçam a Frígia, a Síria e até mesmo a Asírria. Esses cavaleiros indo-europeus não estão sozinhos. Os Citas os seguem pelos mesmos caminhos. Estabelecer-se-ão perto do lago Urmia e não tardarão a desempenhar um importante papel. 
            As terras iranianas não conhecerão a paz. Centauros, escrevem a história no sangue e transportam tesouros. Conscientes de viverem seu destino, os povos enfrentam-se sem misericórdia. Os desfiladeiros são agitados pela tempestade de conquistadores e o sopro quente da guerra. Pressionados por esses últimos, os Medos unem-se. Um jovem império se esboça, o Império Medo. 
               A monarquia meda estabelece as bases do poder ariano na Ásia Anterior. Seu objetivo é a organização das forças iranianas e a conjuração dos perigos externos. Sua existência e seu desenvolvimento logo provocam violentos choques. 
             Opostamente ao reino de Urutu, que sonha suplantar o Império assírio, mas desaparece com ele, a jovem meda, com uma luta de vida ou morte, vencerá o gigante mesopotâmico. Arianos tornam-se senhores do jogo e breve deixarão de ser apenas marionetes na história dos outros, substituindo o império deposto e impondo suas próprias leis. 
              Na origem desse destino imperial: Dejoces (Daiakku) 728 a 675 a.C.) foi um príncipe famoso por sua sabedoria, embora, estranhamente, pouco tenha sido falado por Heródoto. Sobre suas façanhas guerreiras afirma que ele desfrutava de uma "grande reputação em seu país". 
            A biografia desse rei, tão importante para a história, não é claramente estabelecida. Clemente Huar destaca que, tendo muito pesquisado no século V, o historiador grego pode recolher apenas tradições e fatos deformados pela lenda. 
              Querelas, violências, desordens e injustiças tornam a ocorrer. Para acabar com essa anarquia, os medos encontram uma solução, bem democrática, a eleição de um rei. E, assim, designam Dejoces, levado ao poder pela vontade de seu povo. 
               Aos pés de um impressionante cume de mais de três mil metros, na grande planície fértil que se estende nos arredores, os artesãos ocupavam-se de seus trabalhos e progrediram. Logo eleva-se uma cidade cujas sete muralhas concêntricas e dispostas em andares, pintadas com cores do céu, cobrem aproximadamente a área de dois quilômetros  quadrados. 
               Com a morte de Sargão II em 705, a atenção volta-se para os Persas. 
                De Parsua, onde fazem uma parada,  os Persas chegam ao planalto iraniano, dirigindo-se para o sul seguindo os vales dos montes Zagros. Numa região pertencente ao reino de Elam, eles instalam-se.  A esta nova terra eles dão o nome de Parsumach (ou Paruash), e dela tomam posse. 
                Parsumach aparece pela primeira vez nos anais assírios em 692 a.C. O momento, para os assírios, é de inquietação. Medas, Citas e Cimerianos inquietam as fronteiras orientais do Império Assur. Os territórios passam para o controle dos Cimerianos. Sustentados pelos Citas, Ahshi, chefe manneense,  os problemas eclodem em revoltas. 
              Segundo Heródoto, Fraortes (Fravartis) sucede o pai Dejoces por volta de 675 a.C. Tendo o mesmo nome que seu avô, esse rei medo seria o Khshrhrita assinalado por Dartio e o Kashtatirtu dos textos assírios, mas, segundo René Labat, essa identificação seria duvidosa. A história não é uma ciência exata e muitas vezes nos priva de certezas. 
             Com a morte de Assaradão em 669 a.C. o poder é dividido entre seus dois filhos. Sahamash- Shum-Ukin governa a Babilônia e Assurbanípal reina na Assíria de 668 a 626 a.C. lentamente, Assurbanípal, bom diplomata, desfaz a colisão meda. Os Citas, fiéis a seu hábito unem-se ao mais forte e abandonam Fraortes.  
                Por volta de 660 a.C., Assurbanípal abandona a diplomacia e retoma a guerra para conduzir o país ao seu modo.
             Em  655, Assurbanípal pode finalmente  levar suas tropas contra a Média. 
             Para forçar com que os Assírios pagassem por sua incursão, Fraortes decide lançar-se na guerra aberta. Em 653 a.C, caminha contra as tropas assírias. O massacre é rápido. Lanças e dardos encurralam os guerreiros medos. Para Fraortes seu estratagema de batalha foi catastrófico. 
             Assurbanípal obtém, assim, uma vitória total e pode, enfim, invadir o longínquo país dos Medos e torna-se senhor de suas cidades fortificadas. 
              De volta a Nínive, sua capital, Assurbanípal passará quatro meses comemorando festivamente. 
              Colocado em um dos túmulos rupestres dos vales do Zagros, o corpo do herói dos Medos unem-se aos de sua linhagem e aos inúmeros chefes iranianos mortos em combate. 
               Contudo, o Império Medo não havia acabado. 
               A partir da morte de Fraortes, seu filho Ciaxares lhe sucede. Com energia e lucidez, ele restabelece sua autoridade na Média e manterá um poder brilhante na história meda. 
           A estrutura das tropas é modificada. Ciaxares lhes dá o equipamento tradicional dos nômades: longas túnicas com cinturão, largos calções de couro apetados no tornozelo, botinas de couro maciço. Para completar passam a usar barbas crespas e uma longa cabeleira,  e sobre esta uma boina de feltro duro. Com seus novos guerreiros pretende vingar seu pai e abalar o jugo assírio. Confrontos sucessivos acabam por lhe dar a vantagem e por permitir-lhe levar o exército assírio até Nínive, onde Ciaxares faz o cerco. Mas é preciso voltar atrás. Uma nova ameaça pesa sobre a Média: os Citas, que parecem ter-se fixado em pequeno número a nordeste, no país manneense, partem e invadem-na, mas são derrotados pelo filho de Partura que instala o domínio Cita, uma espécie de ocupação que deixa subsistir sob vassalagem o reino medo; ela durará 28 anos. 
                 Os Citas, instalados na Rússia meridional, também de origem ariana, que chegaram à Ásia ocidental através do Cáucaso, em seguida aos Cimerianos. Suas invasões situam-se por volta do século VII a.C. e se distribuirão até o século VII a.C.
               Povo nômade e guerreiro, constituído de tribos que, conduzidas por seus chefes, servem como mercenários entre os Medos e os Assírios em troca de presas de guerra, os Citas chegarão a impor seu domínio em diferentes territórios. Suas incursões alcançarão a Ásia Anterior desde o Cáucaso até a Palestina e de Uratu até o Irã. 
               Pessoas sem casas nem trabalho, os Citas deixam uma estranha lembrança na memória dos povos. Povo dedicado à aventura e aos grandes espaços, os Citas deixarão tantos fascinantes vestígios quanto sua civilização misteriosa. 
                 A libertação da Média, que ocorre por volta de 625 a.C, impulsionados por Ciaxares, não implicará no desparecimento do poder cita. Embora acuados em direção ao norte pelo rei dos Medos, os Citas, conservarão seu reino englobando o antigo país de Manné, onde o túmulo de um rico príncipe, sucessor de Madiés, será um dia colocado.  Apenas após o ano 600 a.C. eles serão definitivamente acuados para o norte do Cáucaso, onde encontrarão seus irmãos com os quais edificarão, sob outros céus, verdadeiros reinos sobre o qual a arqueologia revelará esplendores. 
               O Assírio baixa a cabeça. Os vencedores comemoram a vitória. Os soldados dividem as presas de guerra. A alegria reina. 
                Contudo, é preciso enfrentar os sobressaltos assírios, Assurbalit II o último monarca assírio, decide reagrupar as forças na Alta Síria, próximo a seus aliados egípcios. Ele acredita  numa reviravolta da situação. Mas, no fim do ano 610 a.C., Ciaxares retorna. Com a ajuda dos babilônios, ele apodera-se da capital do último assírio, Harran, 
              Ciaxares e Nabopolassar tornam-se senhores de todo o antigo reino assírio. Do Elam, atual região de Abadan, no fundo do golfo Pérsico; no Alto Egito, Medos e Babilônios destroem o grande império semito-asiático e aumentam seus domínios.
                Os vencedores dividem entre si o espólio do Império derrotado e cresce neles a ideia de formar um império. A planície mesopotâmica (Babilônia e Assíria) e a costa do golfo Pérsico são unidas sob o cetro do Babilônio Nabopolassar. Um novo império se forma: o da Babilônia. 
               Sucedendo a Nabopolassar, Nabucodonosor  (605 a 563 a.C.) ocupar-se-á durante seu longo reinado a embelezar a Babilônia, saqueada por Assurbanípal. Este procurará estender seu domínio e retoma as pretensões imperiais e ponto tolerante da falecida Assíria. Ocupando a Síria e a Palestina, tirará esses países da tutela egípcia e tornar-se-á famoso através de massacres e deportações. 
                  A queda do gigante de Nínive abrange também o Império medo. Da Média a Ásia Menor, toda a região setentrional e ocidental dos antigos territórios assírios vão para o seu poder. 
               Ao sul, mantém sempre como vassalos Parsa e Parsumach, territórios persas. 
               Essas novas fronteiras e esses povos encontrar-se-ão no início do reinado de Ciro. Neste vasto quadro, o poderio medo afirma-se e impõe-se. A turbulência cita ainda marca esses tempos. É ela, segundo a lenda, que provoca a guerra entre a Média e a Lídia. 
                   Ciaxares teria confiado aos Citas a tarefa de ensinar aos jovens de sua aristocracia os segredos da caça e do arremesso de arco. 
                Durante o sétimo ano de guerra, um eclipse do sol mudará o rumo dos acontecimento. Segundo Tales de Mileto, ele se dá durante o dia 28 de maio de 585 a.C.
                De repente, o dia transformou-se em uma noite muito escura. O terror abate-se sobre os exércitos. Medos e Lídios, no auge da batalha. Consideram o fenômeno como um sinal  da cólera  dos deuses. Apavorados, eles param o combate , retiram-se para suas respectivas posições e decidem concluir a paz.
                Como prescrevem os usos diplomáticos da época, essa paz também será selada com um casamento. Aliate da Lídia dará sua filha Ariene Astíages, filho mais velho do rei da Média. No ano seguinte, o grande Ciaxares morre (584 a.C.) e o império meda, em plena acensão, passa ao comando de seu filho Astíages. Mas este provocará a rápida decadência do império criado por seu pai. Resignado, ele governará sem talento. Seu reinado foi pacífico, e isso se deveu ao fato dele estar mais preocupado em desfrutar da imensa riqueza deixada por seu pai. Não media esforços em experimentar todas as alegrias proporcionadas pela paz e em sentir o prazer  de ter do poder. 
               A média entrega-se, portanto, aos prazeres. Segundo nos informa Heródoto, "procuravam viver voluptuosamente, vestir-se em escarlate, usar colares e braceletes."
             Astíages teve dois filhos: Mandanes, da primeira mulher e Ciaxeres, do casamento com a princesa Lídia Arienes. Astíages decide unir sua filha Mandanes com o rei persa vassalo Cambisses; homem simples que o próprio Astíages vê como bem inferior a um Medo. Mandanes concebe uma criança que recebe o nome de "Ciro" que, um dia, reinará em todo o Império de Astíages. Contudo Atíages pede a seu parente Harpage que o mate. Este chama um vaqueiro e lhe diz: "Astíages ordena que pegues esta criança e deixe-a na montanha deserta a fim de que morra logo. Ordenou-me também que te dissesse que se ela não morrer ou se tu salvares sua vida de qualquer modo que seja, tu serás morto pelo mais cruel dos suplícios. Disse também que quer saber por mim mesmo se tu abandonaste a criança. 
              O pobre vaqueiro decide com sua esposa abandonar seu próprio filho, que acabara de nascer morto, na montanha e criar Ciro como seu filho. 
          Ciro cresce e, aos dez anos, durante um jogo, ele discute com um jovem nobre. O fato é comentado e Ciro deve comparecer diante de Astíages. 
             A semelhança de traços da criança com os seus, suas respostas e atitudes, além de sua idade, coincide com a época em que seu neto foi abandonado na montanha. Astiges permanece algum tempo sem poder falar. Imaginou: seria possível?
              Na maior cólera, convoca Harpage e faz com que lhe seja servido o corpo, sem a cabeça e os membros,  de seu próprio filho. Harpage, assim, obrigado a comer a carne do seu próprio filho, obedece, dizendo que tudo o que quer seu rei lhe é agradável. Porém pensa em sua vingança. Na versão de Heródoto, Astíages, tendo reconhecido seu neto salvo por um vaqueiro e já adolescente, devolve-o a seus pais  
               Passaram-se 35 anos. Durante esse tempo o equilíbrio de forças praticamente estabilizou-se entre a Média, a Babilônia, a Lídia e o Egito; a Pérsia, então vassala, revolta-se. 
                 Os persas são comandos por "Ciro" a partir de 558 a.C. O jovem rei Persa desfruta do apoio  de Harpage.  Ao mesmo tempo, os Medos, que queixavam-se de seu rei, abandonam Astíages e aceitam Ciro. 
                Uma só batalha foi suficiente para que a potência meda fosse conquistada e submetida por seu vassalo persa.  Em 555 a.C., Ecbátana, a cidade real de Astíages, é pilhada. O império medo não existe mais. Agora a supremacia pertence aos Persas. A partir de então, a bandeira aquemênida guia as expedições arianas. 
                Ecbatana, a capital meda das muralhas pintadas com as cores do céu, cai com as investidas de Ciro. Antes, Astíages, o rei da decadência, foi entregue pelos seus ao Persa vencedor. Cavalheiresco e magnânimo, Ciro poupou seu avô. A luta fratricida chega ao fim. A partir de então os dois povos arianos uniram suas forças e compartilharão do mesmo destino sob a bandeira dos Aquemênidas.  Sobre as bases medas, Ciro cria um novo império. Com ele, os Persas entram em cena na história. 
                 Tomada Ecbátana, os Medos exigem que o vencedor se torne rei. Reunindo, então, a Média a seu reino, Ciro troca o modesto título de "rei de Ansan" pelo de "rei dos Persas. O trono de seu império nascente instala-se na capital meda. 
                   Vindos da mesma leva que os Medas, os Persas instalam-se no planalto iraniano, onde ocupam vários territórios: o Parsumach e o Ansan. Seu povo divide-se em 10 tribos: os Pasárgadas, os Derusianos, os Germanianos, os Darenses , os Mardos, os Drópicos e os Sagartianos. Essas quatro últimas tribos continuam nômades; as demais adotaram um modo de vida e uma organização parecida com a dos Medos. 
               Abençoado pelos deuses, postura nobre e rosto belo, Ciro impressionará muito o mundo antigo. Os Gregos sempre o considerarão respeitosamente.
                Mas a paz só é obtida através da guerra. Estranhos rumores chegam à Pérsia. É preciso organizar as tropas e preparar as armas. Mithra e Vayu recebem preces. O crescimento do poder aquemênida inquieta Creso, o Lídio. 
               Quando Ciro, o Grande, entra em cena, o reino da Lídia tinha um lugar de destaque na situação político-econômico da época. Aliado ao Babilônio Nabonido e também aos Egípcios. Às cidades gregas da Ásia o regime lídio oferece "uma mistura de eficácia autoritária e de liberalismo.
           Estava distante o tempo em que os pilhadores cimerianos devastavam a região, incendiando o templo de Éfeso e ameaçando Sardes. A Lídia, que levou suas fronteiras orientais até à margem esquerda do Hális, vive momentos doces e prósperos. 
               A formação de um novo reino ariano o inquieta. Esperando submetê-lo antes que se torne muito poderoso, Creso decida intervir. Ele ataca primeiro, atravessa o Hális e invade a Capadócia sob o protetorado medo-persa. Ele pode contar com a solidez de seu exército e a energia de seus cavaleiros. Sabe que pode também contar com seus mercenários espartanos, treinados e disciplinados, do mesmo modo que sabe que pode contar totalmente como apoio da Babilônia e do Egito. As grandes potências de então não gostam de intrusos. 
                  No  acampamento persa, um agente-espião revela a Cirto os detalhes dos projetos do Lídio. Ciro sabe que o confronto decisivo com a Lídia é inevitável. É preciso agir depressa e evitar a junção das tropas egípcias, babilônicas e lídias. O Persa decide contra-atacar. 
                 As tropas aquemênidas lançam-se numa longa caminhada pelas montanhas. Ciro acelera a marcha e logo atravessa o Tigre e a Mesopotâmia.  
               Chegando à Capadócia Ciro instala seu acampamento. Enquanto seus homens ajustam suas forças, Ciro medita longamente. Acho um absurdo a guera simplesmente pela guerra. Algumas horas mais tarde, seus emissários levam uma proposta a Creso: "Ciro não te matará e deixar-te-á à frente do reino da Lídia, mas é preciso que jures que te conduzirás como leal vassalo do rei dos Persas. "
                Créso, às gargalhadas, recusa a proposta e a batalha começa. Mais numerosos  que seus adversários, os Lídios obtém uma primeira vitória. Há uma trégua de três meses. Mas as hostilidades recomeçam em Petria, região da Capadócia. 
                À frente das tropas persas, avança  com um esquadrão de camelos. Sabedor da repulsa dos cavalos ao cheiro desses animais, Ciro ordenou que eles fossem colocados na vanguarda. 
                 Ao sentir o odor dos camelos, os cavalos lídios são tomados pelo pânico. Relinchando, com as narinas dilatadas, muitos empinam e dão coices, caindo uns sobre os outros. Desmontados, os cavaleiros lídios morrem em combate. Ciro olha a cena e um leve sorriso brilha em seus olhos. 
                Heródoto nos informa que: "Os Lídios eram dentre os povos da Ásia, os mais bravos e mais belicosos. Sua principal força era a cavalaria...."
               O Lídio volta para Sardes. O babilônio Nabonido aceita a paz proposta por Ciro. As chances de Creso ficam totalmente enfraquecidas. 
                Atravessando as montanhas cobertas de neve, Ciro mantém a caminhada em direção ao reino da Lídia. 
             Corajosamente, Creso sai a seu encontro e reúne-se aos aliados egípcios. Os combates se dão nas planícies de Hermos. 
              De seu carro de guerra, onde subiu para retomar o comando de suas tropas, após ter sido morto o cavalo em que montava, Ciro vê a planície coberta de cavalos, homens e carros fugindo perseguidos pelos vencedores. Então ordena que seus arqueiros entrem em ação. Os Lídios cedem terreno e retiram-se para sua cidade. Ciro quer uma saída rápida. No cerco de Sades arisca  o esgotamento de suas forças. Ciro fala claramente: "Ofereço uma recompensa ao primeiro de nossos homens que conseguir nela penetrar." Sem perder tempo, Hyroiades e alguns homens entram no fosso e descobrem uma passagem secreta. Entram na cidade e abrem as portas  aos sitiantes. Sardes é tomada por Ciro. 
              Acreditando-se desonrado, Creso quer morrer e entra na fogueira preparada por sua ordem. Mas a intervenção dos Persas arranca-o das chamas. Magnânimo e cavalheiresco, Ciro salva a vida do rei vencido e impede o saque à cidade.  A partir de então nasce uma longa fidelidade. 
                 A conquista da Lídia, que passa para a administração dos Aquemênidas, desencadeia também a de outras colônias gregas e a das regiões montanhosas da Anatólia meridional. A revolta dos Lídios, conduzida por Paktias, favorecerá essas investidas. 
            O Medo Mazarés, que governa em nome de Ciro, logo restabelece a ordem. Paktias foge e encontra refúgio  entre os Gregos. Os exércitos de Ciro cercam, então, as cidades gregas da Ásia menor. 
             Os Jônios, que se haviam recusado a aliar-se a Ciro, e socorreram Creso, contam como esse último, com a ajuda de Esparta. Será em vão. 
               A cidade guerreira contentar-se-á em ameaçar Ciro com represálias, se ele continuar suas investidas contra os Gregos da Ásia. A resposta Persa é severa: "Tomem cuidado para que eu não lhes dê brevemente ocasião de maldizer, não as desgraças da Jônia, mas as suas." E sem dificuldade, as tropas Aquemênidas destroem as poucas resistências gregas da costa. 
              Ciro pode, então, dirigir seu olhar de águia para as regiões do Leste distante. 
               A tomada de Bactres (Balkh)  acarreta a submissão da Bactriana montanhosa. Mas também de Margiana (Merv) e da Sogdiana (Samarcanda). É um país incrivelmente acidentado que passa para o poder de Ciro. Ciro faz avançar até Lasearte. Chegados às margens desse rio que constituirá o mais distante limite norte-oriental do império, Persas e Medos dão de beber aos cavalos. 
                 Ciro ordena uma parada para descanso. 
             O Laxarte, que fascinará Alexandre, vê então, erguerem-se as tendas dos guerreiros da Pérsia. 
                  Ciro,  pensativo, olha para os confins daquele belíssimo lugar. Os cavaleiros retomam o caminho pela poeira. Em territórios subjugados, mas sempre incertos, Ciro eleva fortalezas, ilhotas de pedras sólidas perdidas no espaço vertiginoso. 
                   Cada vez mais longe, os cavaleiros tornam a partir. Inesgotáveis, os cavalos carregam os guerreiros aquemênidas em direção a outras terras. Medos e Persas atingem Seistão, rica bacia interior que hoje pertence ao Irã e ao Afeganistão, e lá submetem os Saces.   Ainda mais ao sul, seus cavaleiros submetem povos e terras.
 Roçando os Indus e as portas da Índia, penetram na Gedrósia  (atual Mekran, ao lado sul do Baluquistão). Um exército inteiro desaparece nas claras dunas de um deserto de areia seca. Sedentos e suados, os Peras atingem, enfim, o mar de Omã. 
                 O circulo está finalmente fechado. Ciro deu uma nova fronteira a seu império. 
               Levando consigo a ideia das imensidões vertiginosas, Ciro volta a Ecbátana. O belo rosto se contrai e o olhar de águia  endurece-se. Ciro decide enfrentar as cidades mesopotâmicas que controlam as portas do Egito. 
                  Os preparativos começam em 539 a.C. e Ciro lança seus exércitos a novas batalhas.                         Chega à Babilônia pelo norte da Mesopotâmia. Sua dupla muralha não permite o assalto. Ordena que seja feito um canal para desviar as águas que abastecem a cidade. Kabaru, seu aliado, penetra na cidade pelo leito seco do Eufrates. O exército aquemênida está no coração da antiga capital sem que isso seja notado.
               O Persa vencedor poupa os vencidos, e o sangue não corre nas ruas da cidade das 100 capelas. Ciro restitui seus deuses à cidade conquistada, protege os templos, proíbe a pilhagem, ordena o respeito aos costumes locais, autoriza os judeus cativos dos Babilônicos a voltarem para a Palestina. A vitória de Ciro acaba com a escravidão do povo judeu. O povo clama sua alegria e seu reconhecimento. 
                 Diante de seus olhos erguem-se os famosos "jardins suspensos" que as palmeiras protegem do ardor do sol e que os antigos situarão entre as "Sete Maravilhas do Mundo". 


             Cinquenta anos antes Nabucodonosor reinava no reino da Babilônia, no apogeu de seu poder. Acabava de destruir definitivamente o gigante assírio (612 a.C.). O soberano babilônico, que se casa com a filha do Medo Ciaxare aumenta a Babilônia e manda erguer o Etemanangui, a famosa "torre de Babel" que Ciro contemplará após sua vitória.
               Retornando ao passado da política assíria, portanto, antes de Ciro. Nabucodonosor lançara-se nas guerras de conquista e em 605 a.C. massacrara o Faraó Necao em Karkemish. Essa vitória lhe permitiu estender seu poder até o sul da Palestina, nos reinos de Judá e de Israel, então vassalos do Egito. 
                  Na época o rei de Judá era Joaquim (o filho) reinou de 609 a 598 a.C.  Submete-se a Nabucodonosor, mas procurando libertar-se das correntes babilônicas, tem encontros secretos com o faraó. Nabucodonosor descobre e para evitar qualquer rebelião, lança suas tropas sobre a Palestina em 597 a.C. apodera-se de Jerusalém e captura o jovem rei judeu. 
                 Nabucodonosor estabelece Sedecias no lugar de Joaquim, mas, apos alguns anos de submissão, este decide organizar uma nova revolta contra a Babilônia. 
                 A reação de Nabucodonosor foi brutal. Cerca Jerusalém em 558 a.C. Os vencedores saqueiam, massacram, destroem  o templo de Salomão e queimam totalmente a cidade. Os filhos de Sedecias foram degolados diante do pai que teve seus olhos arrancados. A população de Jerusalém foi totalmente deportada para a Babilônia. Todo o povo teve que tomar o caminho do exílio e da escravidão. Com a chegada de Ciro esse grande cativeiro judeu acaba. Nascidos no cativeiro, as jovens gerações judias não conheceram a Palestina. Alguns exilados adotaram os deuses babilônicos ao mesmo tempo que os hábitos fáceis dessa megalópole. Não tiveram nenhum papel ativo na tomada da Babilônia. Porém, a exemplo dos adoradores de Marduk, eles se regozijaram com a vitória do conquistador ariano. 
                Entrando  na Babilônia, Ciro, mostra uma grande habilidade apresentando-se como enviado do deus Marduk que veio restaurar seu culto e libertar a Babilônia dos erros do "rei sacristão".  Essa atitude surpreendera os profetas judeus. Porém, rapidamente eles atribuirão as virtudes do Libertador à graça de Yahvé, enquanto os sectários babilônicos reivindicarão o mesmo para seu deus o mérito de ter guiado Ciro, o Grande rei. Por sua vez, Ciro não quer impor à ninguém sua religião nem a de seu povo. 
                  Seguindo sua forma de fazer justiça, Ciro mandou instalar, nas diversas cidades, as imagens de divindades que Nabonido havia transferido para sua capital. Restitui aos judeus os tesouros do tempo de Jerusalém. Em vez de manter o sistema de escravidão, ou deportação de comunidades judias, Ciro generosamente lhes dá a liberdade, publicando o famoso decreto do ano 538 a.C., autorizando o retorno dos Judeus para a Palestina e decidindo a reconstrução do templo de Salomão às suas custas. Além disso, os utensílios de ouro e prata do templo, que Nabucodonosor tirou dos santuário de Jerusalém e levou para a Babilônia, são restituídos para que tudo volte ao seu lugar no santuário de jerusalém. 
           Ciro não se contenta em dar aos judeus o direito de voltar às suas terra. Resolve também ajudá-los, dando-lhes meios para realizar esse velho sonho. 
                 Muitos, principalmente os jovens, que já se enraizaram exitam em deixar a Babilônia. Alguns ficarão, outros emigrarão para o planalto iraniano, onde fundarão ativas colônias detre as quais algumas ainda existem até hoje. 
              Dois anos depois da chegada de Ciro, uma primeira colônia de 40 mil exilados faz a viagem de três meses que os conduz ao solo deixado há meio século. 
                 Sob a proteção da Pérsia, os Judeus rebatizam Jerusalém. Com o acordo de Dario I, o Príncipe Zorobabel poderá reconstruir o templo de Salomão. A Judeia organiza-se como teocracia. Brevemente, sob o impulso de Esdras, seus sacerdotes promulgarão um conjunto de leis que se tornou famoso: essa "Lei de Moisés", que passa a ser a constituição da nova nação judia,  que até hoje fixa as regras do judaísmo. 
           Ciro chega ao apogeu de sua glória como "Rei do Mundo", o Grande rei. Rei legítimo da Babilônia, da Suméria, de Acádia, e rei das quatro extremidades.
               Ciro, o Grande, desenvolve uma nova concepção de império. Cria as bases de uma monarquia universal. Cosmocrata, como desejara ser Alexandre, Ciro é o rei de todos os povos. Exerce a realeza procurando sempre evitar o derramamento de lágrias e sangue. Magnânimo, fala sempre em paz, ordem e compreensão. Sua missão não é a de um tirano exaltado por suas vitórias ou cego devido a seus rancores, conduzindo-se co o protetor dos povos conquistados. O ariano não faz proselitismo. Sua religião e suas crenças são apenas suas; não procura impô-las aos outros. Sua atitude é guiada pela sua ética que sustenta a religião iraniana e que o zoroastrismo desenvolverá mais tarde e a paz instala-se pela primeira vez na Ásia ocidental.
                No túmulo de Ciro, o epitáfio escrito em pedra branca trás a seguinte mensagem: "Eu sou Ciro, que conquistou esse império para os   Persas. Não coice um ínfimo punhado da terra que recobre meu corpo".
                O local do sepulcro domina a planície de Pasárgada que no seu tempo foi uma capital espiritual . Um pedestal monumental, blocos talhados com cuidado, o mausoléu é sóbrio: paredes largas parecidas com mármore, duplo teto nórdico das sepulturas de Sialk. Ciro repousa solitário no coração do território persa. 
                   Dario, rei, disse: "Por graça de Ahura Mazda, em Susa, muitos trabalhos excelentes foram feitos. Que Ahura Mazda me proteja, e também a meu país!"
                   Ali havia uma monumental arte monárquica.  
                  Redigida em elamita e gravada sobre um mármore cinzento, esta carta de fundação diz o quanto a construção de um palácio podia ter importância para os Aquemênidas. Com efeito, a arte áulica ocupará um lugar capital na arte iraniana desta época. Aos trabalhos guerreiros, à administração do império, os soberanos aquemênidas souberam acrescentar a realização de grandes conjuntos arquiteturais. 
                  Aparentemente esta monumental arte monárquica quase não parece romper com as tradições das antigas civilizações mesopotâmicas. No entanto, a realidade é outra. Se ela produz a síntese destas, ela vai muito mais longe. Integrando tanto as contribuições egípcias e indianas como as da Ásia Menor influenciadas pela Grécia, a arte aquemênida manifesta uma originalidade. Fazendo-se herdeira de um vasto mundo mais antigo que ela própria, assim, ela saberá revelar as pretensões universalistas da dinastia e exaltar a soberania do povo-chefe que conduz o império. Afirmando suas características próprias, ela inscreverá na pedra a ideologia imperial dos reis aquemênidas. 
                Suas características são originárias das tendas primitivas. A disposição dos prédios realmente tem sua origem na tenda principesca primitiva, e a audaciosa utilização da coluna que ultrapassa em altura todas as do mundo antigo. 
                  A primeira manifestação desta arquitetura encontra-se em Pasárgada, o campo dos Persas. Fiel ao seu país, Ciro escolheu o Fars, parte meridional dos montes Zagros, à leste do golfo Pérsico, o coração do País persa e o berço de sua dinastia, para aí fundar sua capital. De uma fortaleza de um príncipe vassalo, ele fara a capital de um império. 
               Evocando este sítio, Robert Boulanger escreve: "Sobre estes altos planaltos que uma espessa inclinação de montanhas pesadas e atarracadas protege ao norte, nasceram com muito poder os ilustres descendentes de Aquemenes e de Sassã. No setentrião, nos confins da província, a alta planície do Golvar, silenciosa e lúgubre, reivindica a honra de ter visto o voo de Ciro, a águia aquemênida, partindo para a conquista do primeiro império universal com o qual tantos poderosos déspotas, faraós, reis da Assíria ou da Babilônia haviam sonhado antes dele, sem jamais chegar a satisfazer suas ambições."
                Neste quadro grandioso e seguro, Ciro escolheu "uma planície desolada e estéril, circundada de ninhos de águias e de covis de lobos" para instalar Pasárgada, "o campo dos persas", atualmente a nordeste de Chiraz. Essa primeira cidade, lembra Godard, "compunha-se quase exclusivamente de prédios reais, construídos num parque fechado por muros e circundados, segundo as estações, de um número mais ou menos grande de tendas e de rebanhos". Mas logo, o rei mandou edificar um terraço artificial dominando o recinto. Grossos blocos, alguns dos quais ultrapassando quatro metros, reunidos sem argamassa, constituem a proteção. Pequenas pedras servem de enchimento. 
             Entre jardins, fontes e um imenso parque de caça, distribuem-se os edifícios reais como também tendas guerreiras. 
                  No ângulo sudeste do recinto, Ciro manda construir a entrada monumental que compreende uma sala hipostilo e dois anexos.  Duas fileiras de quatro colunas sustentam o teto. Do lado de dentro, touros alados flanqueiam a porta principal. Do lado de fora, dois touros androcéfalos, ou seja, com cabeça de homens, a ornamentam.
               Ao sul da esplanada, na planície desolada, erguesse o túmulo de Ciro. 
       Muito excêntrica para continuar a ser a capital de tão vasto império, Pasárgada permanecerá, como disse Joseph Wiesner, na forma que lhe deu Ciro, "a sede sagrada original e o local da coroação dos reis da dinastia". 
                  Mas como o império ultrapassando agora os limites do mundo iraniano, Susa, a velha cidade do Elam, mais próxima da Mesopotâmia, vai assumir o papel de tornar-se o centro de gravidade da política e da administração dos Aquemênidas. 
                  A admirável situação da cidade certamente comoveu Ciro. O golfo Pérsico, a 200 quilômetros, permite a comunicação com o Egito. Além disso, permite também o contato com a Índia. Pelo Tigre, a Babilônia está mais próxima. 
              Sobre a acrópole devastada por Assurbanípal, logo se elevam uma cidadela e palácios reais. Foi aqui que Dario mandou construir um edifício em tijolos crus, à moda babilônica. Ele acrescenta uma sala com colunas, decorada de tijolos esmaltados em azul. O Apadana foi colocado sob a proteção  de gênios benevolentes, mas Dario desejara aí fazer representar seus bravos "Imortais" sem o apoio dos quais ele não teria podido conquistar o poder e retomar o império. Este maravilhoso palária, mais tarde, foi incendiado durante o reinado de Artaxerxes I , seu neto. Contudo, Artaxerxes II o fará substituir por uma outra residência real, erigida na extremidade sul da cidade. 
            Mas Dario não pode desviar seu olhar do coração do país persa, de sua orgulhosa dinastia. Se ele governa em Susa e daí dirige a guerra e a diplomacia, se ele reside em Ecbátana no verão, para fugir do calor da Susiana, se ele vai a Pasárgada, que continua a ser o grande centro religioso da Pérsia, também sonha com outra coisa: um lugar importante que celebre o poder imperial, que seja para os povos vassalos um centro  comum. De forma que, terminado os trabalhos de Susa, ele dirige, então, os esforços de seus arquitetos para a fundação da capital projetada por Ciro, o Grande: Persépolis, " cidade dos Persas". 
                   Persépolis é concebida para acolher multidões numerosas e servir de imenso teatro. Sobre um vasto esporão rochoso, Dario mandou construir um grande terraço de 450 metros por 300. 
                   Esta cidade, mais tarde, foi incendiada por Alexandre para vingar as devastações cometidas em Atenas pelas tropas de Xerxes. Persépolis continua até hoje cercada de lendas. 
                  Transformado em centro místico do poder ariano, Persépolis exalta a ideologia imperial dos Aquemênidas e serve de quadro  à maior solenidade  do ano, durante o equinócio da primavera. 
              Em flagrante contraste  com as casas dos pobres, extremamente míseras e desataviadas, os palácios dos ricos, em que o material de construção predominante era o barro cozido, apareciam basicamente faustosos, enquanto a parte externa era enfeitada de decorações policromáticas. Estas senhoris habitações , originadas sobre pequenas colinas artificiais, constavam de um único andar e terminavam encimadas por um terraço. 
                O apartamento das mulheres da casa assíria e babilônica era ricamente ornamentado por tapetes e decorações em estuque: os móveis, as poltronas, as banquetas, os castiçais eram, realmente, entalhados e marchetados de marfim e pedras preciosas. 
            Obrigados a aguçar o engenho, dada a raridade, naquelas paragens, de pedra e construção, e sendo a argila de seus rios diferente daquela do Nilo, Babilônios e Assírios imprimiram, na edificação, numa importante inovação técnica: eles, de fato, limitando o emprego da argila crua às paredes internas, introduziram e fizeram uso prevalente da cozida. Graças ao novo material, mais leve, elástico e resistente, em Nínive, as paredes levantaram-se perfeitamente "a prumo" e pode ser largamente usado o sistema de abóbada, para cobertura dos cômodos. A posição social da mulher, na sociedade assíria e babilônica, onde era permitida a poligamia, ditou, além disso, novas leis na divisão das dependências, que foram divididas em três apartamentos bem distintos e todos possuindo um lado para o pátio principal; o apartamento destinado às mulheres e às crianças, mobiliado de maneira bem mais rica do que o resto da casa e ao qual se podia chegar somente através de um corredor tortuoso e vigiado; aquele masculino, que compreendia, também, numerosos cômodos de recepção; e aquele destinado aos trabalhos, bastante complexo, pois era constituído de cozinhas, fornos, paióis, colheiras para cavalos e dromedários, armazéns e depósitos. A cada apartamento correspondia um pátio interno, circulado por uma alta colunata, que clareava os recintos, geralmente mal iluminados. Em Nínive, as casas mais bonitas eram construídas sobre  as pequenas colinas artificiais, da altura de 10 a 15 metros, a fim de protegerem-se da unidade e para  satisfazer a vaidade do proprietário, desejoso de residir numa posição dominante; a mesma coisa se verificava em Babilônia, onde, porém, as habitações tinham planta trapezoidal. Uma larga rampa conduzia ao ingresso, ás vezes ornamentado por imponentes estruturas (touros com busto humano, e cabeças barbudas, muito comuns na arquitetura monumental assíria),  que se abria sobre uma fachada inteiramente pintada  e interrompida apenas por muito raras aberturas, na parede superior. Em Nínive, a habitação tinha apenas um andar, sempre encimado por uma loja culminante em terraço. Característicos, nas ricas habitações de Babilônia (que segundo Heródoto, compreendiam três ou quatro andares) foram, no II Império babilônico, os jardins, introduzidos, pela primeira vez, pelo rei Nabucodonosor. 
              Entre os povos que sofreram a influência dos Egípcios e dos Assírios, na construção de suas habitações, estavam os Fenícios, os Hebreus e os Persas. 
                Estabelecidos, cerca do ano 2.400 a.C., sobre a vertente do Líbano, os Fenícios viveram, a princípio, em casas entalhadas na rocha, as casas monólitos, cujos restos ainda se vêem hoje nas proximidades de Saída, a antiga Eidon. Somente lá pelo ano 1.400 a.C., com o surgir de seu poder mercantil, os Fenícios conheceram o prazer de uma verdadeira morada, a qual, porém, embora nos enfeites e nas decorações se inspirasse naquelas dos Assírios e dos Egípcios, nunca lhes atingiu a comodidade e a elegância. Nem mesmo as cidades, Tiro e Sídon, verdadeiros portos de mar desordenados e superpovoados, deviam oferecer uma agradável permanência, de modo que os ricos preferiam transcorrer grande parte de seu tempo, durante o ano, nos campos, em suntuosas mansões de um só andar e circundadas de vastos jardins. 
            A parreira, a figueira, a romãzeira  alegravam os jardins suspensos de babilônia, onde, à sombra de bosquezinhos e pérgulas, as famílias gozavam do frescor, recostadas em cômodos leitos. 
            Os Fenícios não empregaram terracota, mas, além da pedra, preferiam a madeira, tão abundantemente fornecida pelas florestas do Líbano; nas habitações mais suntuosas, usaram o revestimento em madeira entalhada e marchetada de metais e marfim, como motivo principal das decorações, além de colunas com capitel em estilo egípcio, cortinas e tendas coloridas profusamente, provenientes das então conhecidíssimas tinturarias de Tiro.  Embora escasseiem notícias, é provável que, nas cidades, e, em Cartago, talvez se erigissem edifícios de seis andares; a classe média usufruía de residências individuais, encimadas por lojas e por um terraço privado de jardim; nenhuma janela sobre a fachada, mas somente para o pátio interno, dotado de cisternas. 
           Depois da influência fenícia, o apartamento hebraico ficou subdividido em maior número de aposentos. Os interiores possuíam pavimentos recobertos de luxuosos tapetes, leitos e divãs, adornados de bonitas fazendas e almofadas. Antes da influência  fenícia, os Hebreus costumavam entreter-se à vontade no terraço de suas mansões, onde podiam, comodamente, conversar com os vizinhos; geralmente, ali levantavam uma tenda e dormiam.  É bom lembrar que na época primitiva, os Fenícios viviam em casa "monolíticas". Tudo ali era de pedra: não só as paredes, mas também as tinas, os espremedores, os poços. Nichos cavados na parede serviam de escaninhos. 
             Se os Fenícios sempre foram dedicados ao comércio para cuidar bem de suas casas, os Hebreus foram, ao invés, bastante observadores das normas religiosas, que prescreviam sobriedade nos costumes e que afastavam da arte qualquer representação figurativa para conferir a suas casas um aspecto luxuoso. Instalados na Judeia, depois de longos séculos de nomadismo, eles conservaram, por muito tempo, usos do pastoreio e, verdadeiros trogloditas da idade histórica, escolheram como habitações as grutas (das quais se vêem ainda os restos, perto de Jerusalém, em toda a Galileia e em Samaria) adaptando-as, por meio de galerias e de escadas cavadas na rocha, às próprias exigências e às dos rebanhos. Mais tarde, recordando a casa egípcia, os Hebreus construíram habitações retangulares, muito simples, de um único andar, com traves de palmeira e de sicômoro, revestidas de argila e de palha, tendo ao alto um terraço e precedidas de um amplo pátio, onde os homens mais ricos costumavam desenvolver todas as suas atividades mais ordinárias da vida doméstica e agrícola; no pátio, de fato, cozinhava-se, lavava-se, tecia-se, batia-se o trigo, tosavam-se as ovelhas. A mobília, simples e leve, facilmente transportável, recordava o antigo arranjo de suas tendas. Constava, de fato, de cestos, tapetes, travesseiros, e de um vasto estojo de vasilhame.  O único luxo, que só os ricos podiam permitir-se, era uma belo jardim, rico de plantas aromáticas. Somente depois do século XI a vida dos Hebreus modificou-se. Sob o influxo dos Fenícios, que enviaram a Jerusalém seus melhores arquitetos, substituiu-se a pedra à argila, enriqueceram-se as casas com mais um andar, ao qual se chegava mediante uma escadinha externa; e fazendo, frequentemente, chegar material das florestas do Líbano, usou-se a madeira como revestimento interno das casas mais ricas, decorando-as, às vezes, com vergas de ouro e de marfim. Os aposentos então se multiplicaram, o pátio deixou de ser o lugar mais importante da casa e foi usado como jardim. Os móveis escassearam sempre; às decorações tradicionais juntaram-se apenas castiçais, com três pés, e ricos tapetes, oriundos da Assíria e da Fenícia. Depois da incorporação de Jerusalém ao II Império Persa, os escabelos da sala de jantar foram substituídos por leitos, segundo o costume oriental. 
                  Grandes assimiladores da civilização alheia, os Persas imitaram a arte dos povos com que estiveram em contato; por isso, grande influência teve, sobre a construção civil persa, a arquitetura assírio-babilônica, e, com todo a probabilidade, aquela hindu; todavia, os elementos arquitetônicos e estilísticos estrangeiros foram modificados e por vezes aperfeiçoados, segundo as exigências particulares deste povo que, no período de seu máximo esplendor, chegara a tal ponto de requinte, de ser alvo de zombaria e tachado de mole pelos Gregos. Esquecidos de que seus ancestrais, que, sobre o planalto do Irã, tinham vivido longamente em casas de madeira e de barro, os Persas, enriquecidos por conquistas, construíram para si residências com muitíssimos aposentos e encimados por terraços semelhantes àqueles das casas assírias. Mais tarde, por influência hindu, nos palácios, usou-se de preferência cobertura em cúpula ou barril. As casas tinham sede em jardins, que se tornaram conhecidos em toda a antiguidade pelo seu esplendor, onde se costumava transcorrer grande parte do dia, em feliz ociosidade, á sombra de quiosques e de pérgulas. Como na Assíria, os apartamentos para homens sempre foram separados daqueles das mulheres; estes últimos, até surgiram em pavilhões separados por altos muros. No interior, como na casa assíria, os aposentos da habitação eram, geralmente, menores e mais desadornados daqueles de recepção. A estes últimos, todavia, não eram os móveis, levíssimos e escassos como em todas as moradas orientais, que devam a impressão de riqueza, mas sim os tapetes, as cortinas, as almofadas, e, sobretudo, a riqueza e a preciosidade do vasilhame que, com jóias e cerâmicas decoradas, com estilização de animais e flores, constituíam o máximo orgulho dos Persas.
              Entrementes, no médio e no extremo Oriente, já na época pré-histórica, se haviam delineado duas grandes civilizações que, se não influíram em nada sobre os  povos ocidentais, igualaram-se, porém, o esplendor e tiveram a mesma difusão: a civilização chinesa, e aquela hindu, talvez ainda mais antiga. 
                 A Mesopotâmia meridional entre Nippur e o início do Golfo Pérsico, foi ocupada pelos sumérios e acadianos, vizinhos ao  norte. Na primeira metade do 3º milênio a.C. (primeiro período dinástico), a organização política de ambos baseava-se em cidades-estado sob domínio de Uruk, Ur e Kish, onde a hegemonia se alternava.
                     A primeira tentativa importante para criar um império deu-se na dinastia de Ágade. Fundado por Sargon, acádio de origem imigrante (2371 x 2306 a.C.), e seus sucessores, que reduziram o poder das Cidades-Estados  e avançaram para um sistema de governo centralizado. As conquistas os levaram desde o sudoeste da Pérsia até a Síria, e possivelmente (segundo a tradição), ao centro da Ásia Menor. Os reis de Ágade governaram um império que se estendia do planalto iraniano até o Mediterrâneo. Posteriormente, Ur III e Hamurábi da Babilônia governaram impérios menores. Mas conseguiram exercer um controle mais direto nas áreas sob sua administração. 
                   Durante esse período as áreas de influência e de controle são definidas, porém, não são conhecidas com certeza as fronteiras exatas, e em alguns casos, como a fronteira de Ágade ao sul de Susa, são desconhecidos.  
                Todas as cidades sumerianas encontravam-se junto a um rio importante ou estavam ligadas a ele por um canal. Essas vias aquáticas faziam conexão da Mesopotâmia com o Golfo Pérsico e os países mais afastados. O comércio era fundamental, porque a Mesopotâmia meridional carecia de matérias-primas básicas, tais como madeira, metais e pedras. No período entre 3.000 e 2.000 a.C., as cidades-estado concorrentes da Suméria e de Ágade estavam ligadas por uma rede de canais; antigos curso de água foram reconstruídos a partir de um estudo de textos contemporâneos e levantamentos arqueológicos. A riqueza destas cidades vinha da agricultura e do comércio.
                   Com o surgimento do império, os luxos exóticos eram ambicionados e tinham que ser importados de outros lugares. O comércio se desenvolveu com distantes países como, por exemplo, o Afeganistão, de onde vinham o lápis-lazúlis; do Indo vinham pedras preciosas  como a cornalina e exóticas madeiras duras. Viagens eram feitas até às montanhas da Anatólia e da Pérsia para obter minerais metálicos. Dos montes Zagros e da Síria, se trazia madeiras nobres.
                                      Na Assíria a cidade-fortaleza construída em Khorsabad pelo rei Sargão II cobria mais de dois quilômetros quadrados com palácios, templos, arsenais e moradias para nobres e funcionários que ajudavam o monarca a dirigir o império. O grande palácio principal ficava no centro, foi erguido sobre uma plataforma elevada de tijolos, cobria 10 hectares e tinha mais de duzentos cômodos. A oeste dele havia um complexo religioso com três templos e um zigurate pintado.  Os edifícios principais eram revestidos de pedras esculpidas; enormes estátuas de pedra guardavam cada portão decorado com tijolos multicoloridos que formavam desenhos intrincados. As paredes, com 6 metros de espessura, eram reforçadas por várias torres de defesa e interrompidas por sete portões monumentais. Sua construção iniciou-se em 717 a.C. e fora concluída após a morte se Sargão II em 705 a.C. Portanto ele nunca chegou a usá-la.
                   Apesar de toda sua força e grandiosidade, a construção da cidade-fortaleza foi um desperdício dos imenso recursos, materiais e humanos, mobilizados para torná-la realidade. Logo após a morte do rei a cidade foi logo abandonada e caiu em ruínas.
                É pertinente aqui lembrar que a organização política dos sumerianos durante a primeira metade do terceiro milênio (o período Proto-dinástico) baseava-se em Cidades-Estados que lutavam entre si sempre procurando o poder hegemônico. Os êxitos foram pouco significantes  para cada Estado. Nippur e Kish sempre mantiveram um certo domínio cultural. No sul, os Estados ricos e Ur e Lagash controlavam a região, lutando continuamente com Umma, o seu vizinho do norte.
                 A desordem interna combinada com a invasão estrangeira dos amoritas (povo semítico do leste da Síria)  provocou a destruição do império Ur, por volta do ano 2.000 a.C.  Os amoritas foram gradativamente estabelecendo dinastias nos reinos antigos e nas Cidades-Estados, abrangendo desde a Síria até a região de Diyala e a Mesopotâmia Meridional. A Assíria e a Babilônia mostraram finalmente ser as de maior importância. Assíria, que já possuía colônias comerciais na Anatólia, da dinastia nativa, transformou-se na dinastia do amorita Shamishi Adad I, que estendeu suas fronteiras até os montes Zagros e o Eufrates central, transformando-a num poderoso Estado na Mesopotâmia. Depois da morte de Shamshi Adad, a babilônia surgiu como a cidade mais importante durante o reinado de Hamurábi (1792 x 1750 a.C.). O breve império de Hamurábi estabeleceu um modelo para um só reino ao sul da Mesopotâmia, com sua capital na Babilônia. 
               Não temos muitas informações sobre este período, mas o que sabemos provém dos restos de palácios e de arquivos de tábuas de argila de valor incalculável, nas quais registravam-se atividades comerciais, administrativas e diplomáticas. Mari, na Síria, foi a sede das dinastias de oposição, porém todas acabaram sendo conquistadas por Hamurábi, e seu palácio proporcionou uma enorme coleção de 17.500 tábuas de argila. 
             

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