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sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

O HOMO ERECTUS ..


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                    O animal que, há mais de 20 milhões  de anos, diferenciou-se dos macaco precisou percorrer um longo caminho antes de se chamar homem. Os primeiros foram, talvez, o Kenyapithecus e o Ramapithecus.  
              Três grandes grupos de homens, em todo o caso, mereceram este nome antes do Homo sapiens. Trata-se, inicialmente, dos Australopitecos. Eles viveram na África, na época terciária, durante quatro a cinco milhões de anos, desaparecendo depois, no início  do quartenário. Trata-se, em seguida, dos Arcantropianos (Pitecantropos, Sinantropos, Atlantropos), que se espalharam pela África, pela Europa e pela Ásia, durante mais de 500.000 anos. Trata-se enfim, dos Neandertalianos, que viveram na Europa e na Bacia mediterrânea durante 50.000 anos antes da chegada, há 30.000 anos, dos homens modernos de Cro-Magnon. 
                   Foi em Java, no ano de 1860, que Eugéne Dubois encontrou os primeiros fragmentos de um "momem-macaco. Houve uma espécie de espanto, e ninguém sabia oque fazer com eles. Esse era, certamente, um exemplo do primeiro tipo de descobertas. Foi uma descoberta muito avançada para aquela época e serviu principalmente para dar manchetes em jornais. Certamente foi uma descoberta muito avançada para a época e teve de enfrentar uma sociedade incrédula e um mundo científico que não estavam preparados para recebê-la. Era, sem dúvidas, o mais antigo e mais primitivo dos fósseis humanos até então encontrados. Como consequência, deu-se mais importância a suas características de antropoides que às de homem primitivo.  Conhecia-se tão pouca coisa da geologia de Java que não era possível calcular sua idade; suas características eram tão radicalmente diferentes de tudo quanto tinha sido visto até então, que as opiniões não concordavam sobre se era um hominídeo ou um antropoide. 
           Uma conclusão a que chegaram os antropólogos é de que grandes carnívoros costumavam ocupar as cavernas com a de Choukoutien. Depois de escavar pacientemente várias camadas de argila, calcário, pedras caídas do teto da caverna e, por sua vez, prensando outros estratos de restos humanos e de animais, apareceram ossos de grandes felinos, como o tigre de dentes de sabre e uma gigantesca hiena já extinta, juntamente com os restos de animais que tinham apanhado. Tornava-se evidente que grandes carnívoros tinham vivido nas cavernas de Choukoutien durante largo tempo. Em muitos casos ficou evidente que os homens tinham expulsado os carnívoros e ocupado as cavernas. Em baixo, os extratos com vestígios humanos e de animais se alternavam com muita regularidade, mas nas camadas superiores os vestígios humanos prevaleciam. Seus despojos incluem ossos que variam em tamanho entre os de pequenos roedores e morcegos, até os de ursos, cavalos e camelos, ou mesmo rinocerontes e elefantes, somando ao todo umas 60 espécies. Uma das comidas favoritas era a carne de veado; em Choukoutien . os fósseis de veados são mais do triplo dos de qualquer outro animal. 
                 Mesmo que não se tivesse encontrado carvão vegetal, era razoável supor que o "Homo erectus" usava fogo. Vivia em épocas glaciais e portanto, extremamente frias. Além disso era basicamente um vegetariano que se estava tornando carnívoro. Como todos os antropoides, o homem tem um aparelho digestivo que foi feito essencialmente para receber vegetais; para extrair as gorduras e as proteínas da carne precisava cozinhá-la. O homem de Pequim, no entanto, não era exclusivamente carnívoro; isso foi comprovado com a descoberta de vestígios de plantas e sementes em alguns estratos. 
                  Quando e onde ele começou a cozinhar, e quando foi a primeira vez que aprendeu a usar o fogo, nuca se saberá. Os primeiros indícios de que já o usava aparecem em Choukoutien e têm cerca de 400.000 anos. Há duas explicações admissíveis para o fato. A primeira é que o fogo pode ter sido provocado por descargas elétricas ou por vulcões. Naquela época esses fenômenos eram muito comuns e o homem primitivo deve ter assistido milhares de vezes esses fenômenos naturais. 
                 Provavelmente o uso do fogo esteve primeiramente limitado à eventualidade de poder ser retirado de algum mato em chamas, incendiado por descarga elétrica. 
                   Outra explicação provável para a descoberta do fogo e que já atribui ao homem sua produção, é que ele próprio o tivesse "fabricado" acidentalmente ao confeccionar artefatos de sílex. Percutindo pedados de sílex, muitas vezes saltam faíscas, e essas podem ter caído em montes de folhas, usadas como colchão, ou no pelo de algumas peles de animais, começando a arder.  
                  Supor que o "Homo erectus" incendiava o mato para batidas de caça pode parecer uma ideia muito especulativa, mas há fortes suspeitas de que o fazia, particularmente depois de pesquisas que foram feitas num vale de uma zona árida do centro-norte da Espanha. Há mais de um século foi instalada uma tubulação de água que atravessa esse vale; quando foi cavada a trincheira para o leito da tubulação começaram a aparecer ossos de vários animais de grande porte. O fato tornou-se atração turística do local, durante vários anos, até que um arqueólogo amador, o Marquês de Cerralbo, começou a fazer escavações em caráter científico. Posteriormente publicou um relatório sobre suas descobertas. 
           Recentemente, pesquisadores javaneses complementaram os trabalhos de Von Koenigswald, fazendo escavações controladas em larga escala, coisa que não tinha sido feita na ilha, até então. Antes disso, quase todas as descobertas eram de superfície, quando os fósseis estavam expostos pela erosão; em alguns pontos tinham-se feito escavações, mas pouco profundas.  
                 Olduvai é uma região única em todo o globo, como catálogo de referência sobre o passado do homem. Sua estratégia é nítida, seus estratos são numerosos, a sucessão de fósseis de animais é incrivelmente variada e abundante. Igualmente abundantes são os artefatos da cultura primitiva de Olduvai. Nos níveis mais inferiores aparecem tanto o "Australopithecus" como o "Paranthropus", com idade aproximada de dois  milhões de anos. Perto das camadas superiores do Estrato II, com cerca de 500 mil anos, encontrou-se um ótimo exemplo de "Homo erectus", que se inclui perfeitamente na amplitude de variação da série de espécies provenientes da China. 
                Depois de 1954 Louiz de Mary Leakey estudaram ativamente esse estágio intermédio. Suas ultimas tentativas para descobrir algo de novo foram feitas no fundo do Estrato II, e aí encontraram partes de crânios e dentes que só podem ser considerados com intermediários entre o "Australopithecus" e o "Homo erectus".  Em toda a gama da evolução humana nada é mais extraordinário que esta sucessão de provas que nos conduzem de algo que ainda não é homem para um ser que já o era. 
                 A conclusão é que o viajante mais antigo da família homo foi o homo erectus. Movido por uma curiosidade que seus antepassados não tiveram, pela primeira vez ele prestara atenção no horizonte e ficara com vontade de descobrir o que escondia aquela distante linha do horizonte. 
                 As viagens inaugurais partiram da região do Quênia e da Etiópia, há aproximadamente 2 milhões de anos. O continente africano foi o primeiro a ser desvendado, mas à medida que o homem primitivo melhorava sua habilidade em construir ferramentas para coletar alimentos e se defender de animais, mas avançava pelo mundo. Como nômades, permaneciam em uma região apenas enquanto houvesse comida. Nessa época eles ainda não sabiam cultivar a terra nem criar animais. 
               Antropólogos concluíram que a descoberta do fogo, há 500 mil anos, permitiu que o homo erectus avançasse para regiões distantes. Saindo do norte da África, nômades dirigiram-se à Europa pelo Estreito de Gibraltar, que liga a África e a Península Ibérica. Outro grupo caminhou para o leste, na direção do Oriente Médio, e dispersou-se pelo continente asiático. Em pouco tempo, já havia população na região das Ilhas Britânicas, em boa parte do sul europeu, no norte da China e no sul da Índia, conforme apontam os sítios arqueológicos. 
               Sabe-se atualmente que o homem só conseguiu perpetuar a espécie porque foi capaz de adaptar-se a diversos ambientes. O período que comprova essa teoria corresponde à Era do Gelo, movimento de glaciação da Terra ocorrido entre 100 mil e 10 mil anos a.C. 
               Durante a fase glacial a temperatura média  no planeta caiu vertiginosamente e extensas regiões foram cobertas de neve, destruindo a vegetação e inviabilizando a pesca, até então as duas principais fontes de alimento. Para sobreviver, o homem primitivo aprendeu a explorar o potencial do fogo e aperfeiçoou as técnicas de caça. Durante o longo e desafiador inverno, despontava uma nova linhagem da família humana: o homo sapiens, do qual descende o homem moderno. 
                A água congelada de mares e rios formou pontes naturais que permitiram a travessia a pé entre terras antes separadas por distâncias intransponíveis. Foi o momento em que grupos humanos espalharam-se em novas regiões, ampliando as fronteiras conhecidas e aumentando seu domínio sobre a Terra.  
                Como o "Homo erectus" se espalhou pelos continentes é coisa ainda desconhecida. Tudo que se pode afirmar é que deve ter sido um tipo de indivíduo extremamente adaptável, pois seus espécimes estão profusamente espalhados por toda parte. De Olduvai  a Java, contornando por toda a terra o oceano Índico, são 12.800 quilômetros. Se, como hoje se pensa, os homens surgiram na África, tiveram que ir a pé para ambos aqueles lugares.  Devem ter-se deslocado lentamente, século após século, de um vale para outro, fixando-se num lugar durante algumas gerações, expandindo-se outra vez e até fugindo de bandos mais numerosos de outros seus semelhantes; impossibilitados de atravessar corrente de água de certas proporções, foram forçados a contorná-las e a vaguear em suas imediações, adaptando-se não apenas para a incômoda umidade dos trópicos na Índias Orientais como a vários períodos de frio glacial ao norte da China. Também foram até a Argélia e, possivelmente, até a Alemanha.
       Fisicamente o "Homo erectus" representa um avanço considerável sobre o "Australopithecus", cujos ossos da bacia e da perna indicam que podia correr muito bem, mas que naturalmente caminha com grande dificuldade; provavelmente se locomovia com um andar gingado, virando os pés desajeitadamente para fora. Por outro lado, o "Homo erectus" caminhava com grande  desembaraço.  
                Para finalizar podemos dizer que o "Homo erectus" pode ser classificado como um andarilho migratório, com habitat muito variado, um indivíduo que retorna a certos lugares com certa regularidade. Provavelmente fazia suas viagens de acordo com as estações, vivendo de caça ou de frutos, quando eram abundantes na região. Isso porém está tão fora do nosso conhecimento como o está o tipo de vida que levava. 

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