Mesopotâmia
As primeiras civilizações surgiram nas férteis bacias aluviais dos principais rios, que desciam dos contrafortes montanhosos, onde a agricultura começou. Os primeiros sítios habitados ficavam próximos das serras, lugar de origem das espécies selvagens de trigo e cevada. Todos estavam dentro do limite crítico de precipitação de chuvas de 300 mm por ano, quantidade necessária para a agricultura. Também foram surgindo nos oásis na planície aluvial e lavoura era possível. Os dois principais e maiores foram desenvolvidos em Jericó, no vale do Jordão e na planície central da Turquia.
Jericó é o mais antigo dos dois e aconteceu 8.000 anos a.C, quando a Europa ainda se recuperava da última Idade do gelo. O local era um povoado com cerca de 1,6 hectares, protegido por uma vala cortada na rocha de um muro de pedra com sólida torre circular.
Sociedades complexas surgiram da necessidade de organização para controlar populações sustentadas por sistemas agrícolas das baixadas férteis.
À medida que as comunidades agrícolas se estendiam das colinas para as planícies aluviais, desenvolveram-se sociedades hierarquicamente semelhantes nas bacias dos rios Tigre-Eufrates, Nilo, Amarelo e Indu. A primeira foi a da Mesopotâmia, por volta de 3500 a.C. com influência já identificada no Egito primitivo, tendo instituído a civilização urbana por volta de 3.200 a.C.
Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos naturais. Um deles era as violentas e irregulares cheias dos rios. Para conter a força das águas e, ao mesmo tempo aproveitá-las, construíram barragens, diques, reservatórios e também canais de irrigação. Com essas medidas o homem aprendeu conduzir as águas para regiões secas.
Foi a partir do ano 3.000 a.C que a civilização definida pelo estilo de vida urbana e pelo uso da escrita, começou na Mesopotâmia e no Egito, expandindo-se logo para Elam, o Vale do Indo, Creta e partes da Ásia Menor. A difusão da escrita, principalmente dos dois troncos mais importantes, o cuneiforme da Mesopotâmia e o hieróglifo do Egito, é uma amostra da qualidade da influência dos centros dominantes, e a conseguinte disseminação da civilização.
Há mais de 100 anos os antropologistas vitorianos dividiram a história da evolução da humanidade em três etapas: Selvageria, barbárie e civilização.
A Selvageria foi o período na qual o homem vive da natureza mediante a caça e a coleta de frutas, sementes e raízes.
- A barbárie foi o período das primeiras comunidades agrícolas.
- A civilização surgiu naquelas partes favorecidas do mundo, onde o homem criou a arte da escrita.
Apesar de ser uma característica importante de muitas sociedades antigas, normalmente denominadas civilizações, não é o único critério que devemos usar no momento de determinar a origem da civilização.
Na verdade a palavra civilização está intimamente ligada à ideia de viver em cidades. É ali que vemos a arquitetura monumental, templos suntuosos e palácios. A divisão das sociedades em hierarquias de governantes e subordinados foram consideradas como elementos importantes na definição da civilização. Embora, quando fazemos referência à civilização sumeriana ou à civilização Chang, ou ainda à própria civilização de nossos dias, aludimos a algo mais do que a uma simples enumeração de critérios; referi-mo-nos às manifestações das conquistas culturais e intelectuais dos seres humanos.
Sem dúvida, um dos acontecimentos mais importantes na história da humanidade foi o aparecimento das primeiras cidades, que ocorreu no sul da Mesopotâmia no quarto milênio a.C. Isto aconteceu devido ao acelerado crescimento da população e consequente aumento da produção agrícola, a mão de obra familiar foi fundamental e, por essa razão e pelo fato de estarem fixadas tiveram grande aumento no número de familiares; a agricultura passa a ser adotada como forma de vida, em oposição à caça e à coleta aleatória. Seus numerosos vestígios hoje dominam a paisagem. Já naquela época dominavam essa mesma paisagem no sul do Iraque, embora essas comunidades não fossem muito grandes.
Essa mudança radical na forma de viver tiveram enorme impacto na sociedade, nas religiões, na política e na vida intelectual.
O rio Nilo, as planícies de boa fertilidade e os vales irrigados naturalmente pelo Tigre e pelo Eufrates, constituíram, na antiguidade a região com maior potencial agrícola junto às do Indo. Foi ali que se desenvolveram as primeiras comunidades agrícolas do mundo.
Em Jericó cultivavam-se cereais desde o ano 8.;000 a.C., porém, essas eram terras que mantinham delicado e frágil equilíbrio, onde era preciso defesa constante, tanto da natureza como dos vizinhos famintos e predatórios vindos do oeste do deserto e das montanhas do norte e do leste.
Já o Nilo tinha suas cheias regulares e benéficas; o fluxo das águas destes rios gêmeos, ao subir à leste pelos montes Tauro, é irregular e imprevisível, produzindo condições de seca em um ano e de inundações violentas e destrutivas em outro. A inteligência humana buscou uma solução prática para controlar, em parte, a vontade do rio construindo açudes e canais. Foi enfrentando essas situações imprevisíveis que as civilizações conseguiram suas conquistas.
As primeiras cidades cresceram na Mesopotâmia Meridional durante a última parte do quarto milênio a.C. Nessa época o homem já tinha fortes idéias religiosas e, dessa forma, a religião sempre estava presente, e cada cidade estava sob a proteção de um deus específico que era mantido num magnífico templo construído para ele e seu séquito sempre numeroso. Como se pode ver as crenças religiosas, com todas as suas ideologias e superstições, já estavam presentes na mente do homem. Tal como acontece até hoje, arrecadavam dinheiro e administravam as finanças do templo; como esses deuses eram apenas uma fantasia, o dinheiro era utilizado para benefício próprio e manter mordomias. Também como acontece hoje, o templo era dono de enorme quantidade de bens e terras. O complexo religioso dominava a cidade tanto física como socialmente; seus amplos pátios, depósitos e habitações, bem como as salas de culto, que ficavam elevadas sobre uma plataforma situada acima das vivendas amontoadas no setor mais baixo da cidade.
Os responsáveis por esse desenvolvimento no sul da Mesopotâmia foram os sumerianos, os criadores da primeira literatura do mundo. A enorme arrecadação dos templos foi um fator decisivo para o desenvolvimento da escrita. A crescente complexidade das contas nos templos obrigou-os a emitir os primeiros recibos, partindo da primeira escrita pictografada, que já se encontrava em uso desde 3.100 a.C.
A administração dessas primeiras civilizações foi muito beneficiada pela invenção da escrita. Os registros escritos encontrados foram para ajudar os mercadores a fazer contas. Em Tell Brak foram encontradas tábuas de argila contendo material escrito, datadas de 3.200 a.C. que provavelmente são as inscrições mais antigas do mundo. Por volta de 2.800 a.C., as inscrições já tinham-se reduzido a símbolos convencionais feitos em tábuas de argila batidas em forma de cunha. A esses elementos, os descobridores deram o nome de "escrita cuneiforme".
Quase tão valiosa como a invenção da escrita foi a medição do tempo e a criação do calendário. Foi dos sumerianos que herdamos a divisão da hora em 60 minutos e um minuto em 60 segundos; o dia de 24 horas teve origem na combinação da medição do tempo na Mesopotâmia e no Egito. O próprio calendário de 365 dias foi criado no Egito. Chegar a esses números exigiu grande conhecimento matemático.
Por volta de 1.800 a.C. os escribas dos templos de Sumer e da Babilônia tinham criado a tabuada, já trabalhavam com frações e até podiam resolver equações de segundo grau. Portanto, foram os mestres da ciência exata dessa época que assentaram as bases das matemáticas modernas.
Segundo os geólogos, as áridas regiões da Ásia Central já foram mais úmidas, temperadas e nutridas por grandes lagos. A recessão da última onda de gelo lentamente ressecou essa área, e a falta de chuvas já não permitiu ali a expansão do homem em Cidades e Estados. As cidades existentes foram abandonadas, à proporção que os homens refluíram em várias direções à procura de água; semienterradas no deserto jazem ruínas como as de "Bactra", que devia ter fervilhado de população dentro de sua área de 22 milhas de circunferência. Em 1868 a.C. uns 80.000 habitantes do Turquestão ocidental foram obrigados a emigrar ; suas terras estavam sendo inundadas de areia solta. Muitos estudiosos admitem que essas regiões, hoje mortas, assistiram aos primeiros desenvolvimentos do que constitui a civilização.
Em 1907 Pumpelly desenterrou em "Anau", ao sul do Turquestão, vasos e outros remanescentes duma cultura possivelmente datável de 9.000 anos a. C., e também outra possivelmente de 4.000 anos a.C. Cultivavam-se cereais, usava-se o cobre, domesticavam-se animais e ornavam-se em estilo que sugere muita tradição anterior. Aparentemente a cultura do Turquestão já era velha em 5.000 a.C. Talvez até possuísse historiadores que investigavam o passado, na vão procura das origens da civilização, e filósofos que eloquentemente lamentavam a degeneração duma raça decadente.
Deste centro, um povo tangido pela seca emigrou em três direções, levando consigo suas artes e sua civilização. Estas artes foram ter à China, à Manchúria, à América do Norte, ao sul da Índia, à oeste de Elam, à Suméria , ao Egito e mesmo à Índia e Espanha. Em Susa, na antiga Elam (hoje a moderna Pérsia), foram encontrados restos tão semelhantes aos encontrados em Anau que a hipótese de migração muito se afirma. Um igual parentesco de artes e produtos sugere idêntica hipótese ligação histórica entre o Egito e a Mesopotâmia.
Não podemos ter certeza sobre qual destas culturas aparecem em primeiro lugar, o que, aliás, pouco importa. Se aqui voltarmos honrosos procedentes e colocarmos Elam e a Suméria antes do Egito, não o faremos por espírito de inovação, mas porque a idade destas civilizações asiáticas, comparada com as da África e da Europa, aumenta à proporção que o nosso conhecimento a respeito cresce. Todas as probabilidades são hoje de que o rio Delta, dos rios da Mesopotâmia, fosse o espectador das mais velhas cenas do drama histórico da civilização.
Sempre que olharmos para o passado, inevitavelmente encontraremos populações que foram extintas como a Polinésia (ilha da Páscoa) e Atlântida.
É certo que provavelmente já existiram muitas civilizações que por razões diversas desapareceram. Não podemos deixar sem menção as lendas correntes sobre civilizações destruídas por catástrofes da natureza ou por guerras e que deixaram traços visíveis atrás de si; o recente desaparecimento das civilizações de Creta, Suméria e do Iucatã vem dar apoio a essas lendas.
O Oceano Pacifico acumula as ruínas de, pelo menos, uma desses perdias civilizações. A gigantesca estatuária da Ilha de Páscoa, a tradição Polinésia de poderosas nações que, em tempo remotíssimo, se transformaram na Samoa e no Taiti, a capacidade artística e a sensibilidade poética de seus atuais habitantes, indicam uma glória passada, mostram um povo que não se está erguendo para civilização, mas que decaiu da civilização para um estado inferior. É no Oceano Atlântico, da Islândia ao Polo do Sul, a elevação central marítima dá algum apoio a lenda que Platão, de modo tão fascinante, nos transmitiu, da civilização florescida num continente situado entre a Europa e a Ásia, e que de súbito foi tragado por uma subversão geológica. Schillelmann, o ressuscitador de Troia, admitia que a Atlântida fosse a ligação entre as culturas da Europa e do Iucatã, e que a civilização egípcia proviera da Atlântida. Talvez a própria América fosse parte da Atlântida, a alguma cultura pré-maia estivesse em contato com a Europa e a África nos tempos neolíticos. Possivelmente cada descoberta é uma redescoberta.
Também é muito provável, como o admitiu Aristóteles, que várias civilizações se formaram, com grandes invenções de luxo, e foram destruídas e obliteradas da memória humana. A história, disse Bacon, é palco de naufrágios; o que se salvou do passado é muito menos que o que se perdeu. Nós nos consolamos com o pensamento de que assim como a memória individual perde a maior parte das experiências do homem por motivos de sanidade, ou insanidade, assim também a raça humana só preservou das suas experiências culturais o que era mais vivido, ou mais bem fixado. Mesmo que essa herança racial fosse apenas um décimo mais rica do que é, ninguém poderia absorvê-la toda. A história já está muito cheia.
O homem moderno, mais do que nunca, corre o risco de extinção. Vários fatores estão presentemente ameaçando a raça humana e também os demais seres vivos que com ele coabitam. Vírus poderosos ameaçam dizimar populações inteiras, como é o caso do "Ebola"; as superbactérias, para as quais o ser humano não está conseguindo antídoto eficaz; o aquecimento global, que pouco a pouco está provocando a invasão das terras próximas ao mar; a poluição ambiental que irá transformar o organismo dos atuais seres vivos. A cada dia fica mais presente a ameaça de um cataclismo nuclear. Explosões estranhas que estão acontecendo no "Sol" e que os cientistas ainda não conseguiram entender. 25 supervulcões espalhados pelo mundo que estão lentamente expelindo gases estranhos, até então nunca observados. Os pontos negros e os meteoros gigantes que se aproximam lentamente da terra, são algumas das mais palpáveis ameaças à raça humana e a outros seres vivos aqui existentes. Certamente daqui a talvez mil anos, uma civilização diferente e bem avançada irá estudar o que aconteceu com a nossa atual civilização. A questão não é se isso irá acontecer, mas sim quando e como acontecerá.
PARA LER DESDE O INÍCIO
clique no link abaixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário