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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

O CULTIVO DA TERRA, NASCIMENTO E PROGRESSO DA AGRICULTURA ..


                   O homem tem vivido na Ásia meridional há bem mais de um milhão de anos; as ferramentas de pedra dos habitantes mais antigos, que sobreviviam da caça e coleta de alimentos silvestres, podem ser encontradas nas colinas de Punjab, nos vales de Soan  e de Beas e mais ao sul, em Madras. À semelhança do que aconteceu com as grandes civilizações mundiais, a agricultura era a chave, pois dava ao homem um maior controle sobre seu meio ambiente, permitindo às populações crescer centenas de milhares de vezes mais do que aquelas sustentadas pela caça e pela coleta. A mesma derivação da palavra "civilização" a relaciona com o conceito de cidade, como se as cidades pudessem existir sem a agricultura. Os primeiros passos rumo à formação da civilização asiática ocorreu quando os caçadores e coletores começaram a semear e a criar animais domésticos. 
                   Nos últimos de 10 mil anos, à medida em que aumentava a temperatura na outrora imensidão ártica e surgia a vegetação nos desertos que rodeavam o equador, aparecendo bosques e pradarias ricos em recursos vegetais e animais, as camadas de gelo que tinham coberto grandes extensões da superfície da Terra começaram a se afastar. Graças à melhoria do clima, os caçadores-coletores conseguiram se transferir para latitudes que durante  milênios tinham sido absolutamente inóspitas, e as comunidades humanas do mundo glacial  foram obrigadas a desenvolver novas formas de aproveitamento dos recursos naturais. A mais importante destas novas adaptações ao meio, que iria transformar a face da Terra, foi a adoção da agricultura para a subsistência da tribo. 
                 É bom lembrar que as atuais condições climáticas são apenas a última de uma dezena ou mais de fases que interromperam a Idade do Gelo. Nesse período aconteceu o início de uma explosão sem precedentes do número de seres da espécie humana que hoje ultrapassa 7 bilhões e ainda não sabemos quais serão as verdadeiras consequências disso. 
                 Estudos nos tem mostrado que um dos primeiro produtos agricultados pelo homem foi a cevada. Posteriormente jogaram outras cementes à terra e o cultivo foi se ampliando. Nenhum arado foi descoberto em ruínas, provavelmente porque as relhas fossem de pau (uma forquilha de árvore com um sílex encastoado no vértice; mas um entalhe em pedra da era neolítica nos mostra um homem guiando um arado de dois bois. Isso revela a aparição duma das mais relevantes invenções humanas. Antes da agricultura, a Terra (segundo cálculos de Sir Arthur Keith) havia suportado apenas uns vinte milhões de habitantes, de vida muito curta em consequência dos riscos de caça e de guerra; depois da agricultura começou a multiplicação da espécie, a ponto de espalhar-se por todo o planeta. Ao mesmo tempo em que iniciava o cultivo de cementes, os homens da Nova Idade da Pedra estabeleciam outro alicerce da civilização: a domesticação e criação de animais. Isto deve ter sido, sem dúvida, um lento progresso, anterior à era neolítica. Uma certa sociabilidade pode ter contribuído para a associação do homem com o animal. O homem ainda hoje tem grande atração por filhotes de animais selvagens, e naquela época não era diferente. Costumavam encher a moradia com filhotes de macacos, papagaios e similares.  Os mais velhos ossos dos resíduos neolíticos  (8.000 a.C.) são os do cão que até hoje é o companheiro número um da raça humana. Séculos depois, por volta de 6.000 a.C vieram a cabra, o carneiro, o porco e o boi. Finalmente apareceu o cavalo, que nos tempos paleolíticos, ao que se deduz dos desenhos nas cavernas, não passava de caça. Mais tarde o cavalo foi capturado, amansado e transformado num querido servo; de mil maneiras puseram-no a trabalhar, de modo a acrescer o tempo de folga do homem. O novo senhor da Terra já enchia os seus celeiros não só com os produtos da caça como com os animais de criação; e talvez haja nesta mesma idade neolítica, aprendido a utilizar o leite da vaca como alimento. 
               Com o domínio do cavalo, o homem passa a utilizá-lo para montaria e descobriu uma maneira mais fácil de correr atrás das caças com grande vantagem. 
                 A agricultura não foi inventada apenas num único lugar. Na verdade ela surgiu de maneira mais espontânea do que pela ação intencional de alguém. Acredita-se que surgiu em vários lugares ao mesmo tempo há cerca de 10 mil anos. O estudiosos concluíram que aconteceu numa área banhada por rios do Oriente Médio que deram o nome Crescente Fértil. Quando os humanos perceberam que podiam cultivar os próprios alimentos foram deixando de lado as coletas de plantas. Ao mesmo tempo passaram a domesticar os animais e então estava formada uma nova forma de  viver. Cultivando as plantas e criando animais para abate eles passaram a se alimentar melhor do que os seus contemporâneos. 
                Aos poucos esse novo sistema de vida se popularizou, mas eles se tornaram sedentários e, em muitos casos, reduziram a altura. Ao que tudo indica, diminuiu a diversidade dos alimentos e ficavam muito tempo parados e a população se tornou mais numerosa. Já naquela época tomavam medidas para proteger ou fomentar a produtividade natural, mediante atividades que de alguma maneira poderiam ser qualificadas de agrícolas. Sabemos, por exemplo, que os aborígenes do nordeste da Austrália, quando extraiam o inhame para consumo, cortavam parte do mesmo e tornavam a plantá-lo para garantir sua propagação. Outra questão importante que já sabemos é que eles protegiam as fêmeas grávidas do rebanho. Isso nos mostra que o homem dessa época tinha um estreito relacionamento com o seu meio ambiente natural e, desde que tivesse o necessário para sua subsistência, não procurava outros recursos. As técnicas agrícolas incorporadas pelo homem primitivo significou, em primeiro lugar, uma nova forma de entender e de se relacionar com o entorno, compreendendo e até transformando-o quando necessário. Essa situação foi mudando com o crescimento das comunidades à medida que o meio ambiente tornava-se mais favorável. 
                 No ano 8.000 antes de Cristo havia ainda apenas pequenos bandos de homens que caçavam e colhiam com estilo de vida pouco diferente de seus antecessores de até 100  mil anos antes. Mas nos 2 anos seguintes já surgiram  consideráveis vilarejos em certas regiões. Daqui nasce a necessidade e o caminho que termina, necessariamente, na grande revolução agrícola no início do período conhecido como Neolítico. 
                   A agricultura permitiu um extraordinário crescimento da população humana que se calcula ter aumentado 16 vezes entre 8.000 e 4.000 anos a.C., mas também tornou possível o surgimento de aldeias comunitárias que ainda caracterizavam a Europa até a metade do século XIX, prevalecendo ainda hoje em várias partes do mundo. E é justamente essa excessiva explosão demográfica que, em nossos dias, estão nos colocando em risco de extinção. Em nenhum outro lugar a continuidade da história é mais visível. As duradouras estruturas da sociedade humana, que transcendem e sobrevivem às mudanças políticas, levam-nos de volta ao fim da Idade do Gelo, às modificações que se iniciaram com o derretimento da calota de gelo dando lugar a um novo mundo a ser explorado e dominado.  
                  Alguma tribos logo se adaptaram ao novo sistema de vida com agricultura própria e criação de animais para abate. No entanto, outras tribos não tiveram esta mesma iniciativa e, quando surgia falta de alimentos por questões climáticas e naturais, eles passaram a atacar as tribos que agricultavam. Era o início dos primeiros conflitos. As primeiras armas utilizadas foram os próprios instrumentos da lavoura e os antigos apetrechos utilizados nas caçadas. Era o prenúncio do que viria a chamar-se de gerra intertribal e, mais tarde, guerra entre impérios.
                O cultivo levou levou algumas espécies à completa dependência do homem. É o caso dos cereais, os principais alimentos que sustentam o crescimento populacional desde a Idade do Gelo. 
                A agricultura desenvolveu-se, aparentemente, de forma independente nas mais diversas zonas do mundo, e mesmo distantes, isso aconteceu aproximadamente na mesma época. No Oriente foi por volta de 8.000 a.C; na Mesopotâmia por volta do sétimo milênio a.C.; na China, ao que tudo indica, foi por volta de 6.000 anos a.C.
               Outro fator interessante a ser observado é que em cada região cultivavam-se plantas diferentes: o trigo, a cevada e as leguminosas no Oriente Médio e na Europa; o arroz e o sorgo no Sudeste da Ásia; o milho, o feijão e as batatas na América. Na América Central e Peru, o milho era o principal cereal. 
              Passados 2 mil anos as cidades-Estados viraram impérios que não pararam mais de crescer. Com o aumento da população humana, a agricultura precisou de novos espaços de terra cultivável. Além disso, para garantir uma fonte de boa qualidade de proteínas, foi necessário ampliar o rebanho de ovelhas, cabras, porcos e também gado bovino. Isso demandava maior quantidade de terras que nem sempre estavam disponíveis. 
                 Ao fim da última Idade do Gelo, as comunidades humanas já tinham boa organização social e tecnologia mais complexa e estavam bem mais equipadas para corresponder ao desafio das mudanças ambientais à medida que as geleiras derretiam, o nível dos mares subia e as florestas voltavam a cobrir a paisagem.  A caça e a coleta não podiam por si só continuar sendo o sustento permanente da comunidade  durante o ano todo, à medida que não existiam recursos naturais suficientes facilmente atingíveis. 
                   A agricultura intensiva requer alto nível de organização social, além disso, existia uma tendência natural para o desenvolvimento de sociedades mais complexas à medida em que a população crescia. Isso obrigou as comunidades a empregar novas técnicas, com a finalidade de produzir uma quantidade maior de grãos e, ao mesmo tempo, incorporar ao cultivo terras marginais não exploradas até então. 
                 No Velho Mundo, o cultivo de plantas foi complementado por novas formas de criação animal. Carneiros, cabras, gado, aves e porcos passaram a ser criados próximos às moradas e nos campos, e foram domesticados pelo isolamento em relação à sua população selvagem de origem. Depois descobriram que alguns animais podiam fornecer lã e leite, além da carne. Já bem domesticados passaram a ser utilizados para puxar carroças e arado, facilitando, assim, o aperfeiçoamento da agricultura. 
                   Já no Novo Mundo, com poucos animais domesticados, a falta de adequados animais de tração impedia o desenvolvimento da técnica do arado, por exemplo. Das várias plantas cultivadas, muitas foram adotadas na Europa após a descoberta das Américas e são de importância mundial até hoje, como o milho,  a abóbora e o feijão da América Central; batata, pimentão e tomate da região tropical no Extremo Sul. 
                A agricultura crescia tanto junto às cidades como em áreas do campo. A escassez trouxe  como consequência a migração de algumas comunidades para novas terras férteis. Como consequência tivemos o vertiginoso povoamento da Europa. Nessas novas terras, férteis e úmidas, não havia necessidade de irrigação. Portanto, o aumento da produção foi consequência do uso de arado e não da irrigação como no Oriente Médio. 
            Depois da invenção do arado, já não havia mais necessidade exclusiva de paus e enxadas; a terra passou a ser facilmente  aberta, possibilitando a ocupação de novas superfícies atém então inexploradas.
               O tamanho maior e a permanência dos assentamentos agrícolas são, em parte, o resultado direto de uma produtividade excepcional das principais espécies cultivadas, suficientes para alimentar grandes concentrações humanas numa base anual. 
                   Com maior produtividade, os primeiros agricultores tiveram mais tempo disponível para se dedicar à construção de casas, estradas, pontes  e outras estruturas, bem como  utensílios de cerâmica, de ornamentos, instrumentos de pedra e, finalmente, objetos de metal. Portanto, a agricultura representou basicamente uma mudança na maneira de sobreviver, mas as suas consequências foram enormes, chegando a transformar praticamente todos os aspectos da vida humana, ao mesmo tempo em que serviria de sustentação para inumeráveis avanços que viriam a acontecer  mais tarde. 


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