Esses homens apareceram pela primeira vez na Europa há perto de 110.000 anos, pouco antes da última idade glacial. Mas é provável que tenham vivido num período relativamente suportável, ou seja, mais quente, antes de os gelos terem avançado. A época mais fria da idade glacial provavelmente não impôs aos homens de neandertal vicissitudes intoleráveis. É provável que a vida na idade glacial, bastante fria, pode ter sido até mais fácil, pois os animais eram mais abundantes. Tal como os atuais esquimós e lapões, o homem de Neanderthal tinha muitos recursos e podia se adaptar a qualquer ambiente, por mais inóspito que fosse.
Os homens de Neanderthal, considerados os primeiros verdadeiros membros da espécie Homo sapiens, não eram assim tão estúpidos como muitos pesquisadores os consideram. Tudo o que seu antepassado Homo erectus pudesse fazer, o homem de Neanderthal poderia fazer melhor. Eram excelentes caçadores e hábeis na confecção de artefatos, e provavelmente já falavam numa linguagem muito rudimentar.
De todos os povos pré-históricos, o homem de Neanderthal é certamente o que nos pode fornecer melhores informações. Para muitos de nós, ele é o verdadeiro homem da Idade da Pedra; é aquele sujeito peludo, atarracado e carrancudo que nos vem à memória sempre que pensamos em nossos primitivos antepassados. Imaginamo-lo à porta de uma caverna, de machado em punho, com uma peles cruas ao ombro e perto de uma pilha de ossos de mamute, olhando com ar estúpido para uma paisagem nevoenta, como se estivesse pensando nos problemas cotidianos dessa idade do gelo ou no gigantesco urso das cavernas.
A razão pela qual esta imagem é tão comum é que há nela algo de verdadeiro. Os homens de Neanderthal eram mais primitivos que nós (em alguns aspectos): viviam em climas frios (às vezes), vestiam-se com peles (às vezes) e também moravam em cavernas. Foi assim que foram descritos pela primeira vez e é assim que são recordados. O primeiro crânio fóssil a ser realmente identificado como pertencente a um homem primitivo foi o de um homem de Neanderthal. Não tendo nada para comparar com ele, a não ser o crânio de um homem moderno, os cientistas da época ficaram mais intrigados com as diferenças entre ambos que com as semelhanças. Sabe-se hoje que a hipótese verdadeira é a contrária. Comparado com um Australopithecus primitivo, que pouco mais era que um antropoide bípede, um homem de Neanderthal é um modelo de aperfeiçoamento pela evolução. Se o vestíssemos com uma roupa atual e mandássemos ao mercado fazer compras, veríamos que passaria despercebido. Talvez fosse um pouco mais baixo que o empregado que o atendesse, mas não seria com certeza o homem mais baixo do bairro. Poderia até ter aspecto mais rude, seria mais atarracado e mais musculoso que a maioria dos fregueses, mas não o seria mais que o carregador do caminhão de mudanças.
Em outras palavras, as características evolucionistas do homem de Neanderthal e do homem moderno sobrepõe-se. Na verdade, quanto mais sabemos sobre o primeiro, mais o encontramos parecido com o segundo. Isso motiva uma pergunta que tem atormentado o espírito dos antropólogos nos últimos anos: O homem de Neanderthal pertenceria realmente a um espécie diferente da do Homo sapiens?
Entre o período de 110.000 e 35.000 anos o Homo sapiens estava bastante espalhado pelo Velho Mundo. Um tipo, o homem de Neanderethal, habitava toda a Europa e a região do Mediterrãneo. Tinha congeneres no sudeste da Ásia e na África, que são representados respectivamente pelo homem Solo e pelo homem rodesiano. No entanto, a Europa Ocidental deu grande número de tipos primitivos de Homo sapiens.
Os homens primitivos da Europa Ocidental suportaram grandes oscilações de temperaturas durante os últimos 80.000 anos. Os povos CroMagnon e de Neanderthal, viveram neste período. A temperatura foi quase sempre muito mais fria que atualmente. Por exemplo, há cerca de 20.000 anos a temperatura média anual da região onde hoje fica Partis era provavelmente de 6º C, mais baixa que atualmente.
Não se sabe ao certo por que o homem de Neanderthal começou a caçar ursos das cavernas. Era um animal enorme, com quase dois metros e meio de altura quando se empinava enfurecido, e deve ter sido muito feroz. Também vivia em lugares muito menos acessíveis que a maioria dos outros animais. Apesar disso era caçado, talvez para servir de algum ritual de caça primitivo. A descoberta de crânios de ursos empilhados num túmulo de pedras em Drachenloch, na Suíça, faz pensar nisso. Tais crânios podem ter sido os primeiros troféus de caça.
Outra prova que o urso das cavernas tinha significado simbólico para o caçador de Neanderthal e uma mistura de crânio de um urso de três anos e um fêmur de um urso mais novo encontrados em Drachenloch. Ambos estavam apoiados em dois ossos de outros dois ursos diferentes, dispostos de maneira que dificilmente poderia ter ocorrido por acaso.
Em La Ferrassie (França), torna-se bem patente o cuidado que o homem de Neanderthal dedicavam aos mortos. Ali os antropólogos descobriram o que parece ter sido um cemitério de família com 40.000 anos, com os esqueletos de dois adultos e quatro crianças. Os presumíveis pais estavam com a cabeça voltada um para o outro; dois esqueletos provavelmente de seus filhos com cerca de cinco anos cada um, estavam cuidadosamente enterrados aos pés da mãe. Além disso a mesma sepultura continha ossos tão pequenos que devem ter sido de um recém-nascido. O minúsculo esqueleto e três bonitos pedaços de sílex foram encontrados no topo de um de nove misteriosos montículos, todos do mesmo tamanho e dispostos em filas de três. Esse foi o único montículo que continha ossos ou lascas de sílex; ou os outros foram saqueados por algum vândalo pré-histórico ou a disposição tinha algum significado ritual que ainda não compreendemos.
A sepultura que continha o esqueleto de uma criança de seis anos, estava coberta com uma laje triangular, que tinha sido escavada na face inferior. Com ele foram encontrados dois raspadores de sílex e uma ponta de lança.
Toda essa descoberta veio nos confirmar que o homem de Neanderthal já pensavam muito sobre a morte. Já tinham plena consciência da finitude da vida, coisa que muita gente dos nossos dias ainda não têm.
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