Para julgar é preciso conhecer a história.
No império houve 10 milhões de mortos de fome por inanição.
Neta de Mao tsé Tung
A partir de 1793, os ingleses, desejosos de assegurar o mercado dessa nação para suas manufaturas, quiseram estabelecer ali relações diplomáticas, ideia que foi repelida pelos chineses . Naquele momento havia um desenfreado crescimento do comércio do ópio e isto precipitou os acontecimentos. Tratava-se de um tráfico ilícito e a China realizava grandes esforços para deter esta prática. Os chineses comuns trocavam, com os traficantes, chá e seda por ópio e isto estava viciando a população de maneira descontrolada. Nos anos de 1839 x 1842 aconteceu uma guerra entre os dois países, na qual as forças chinesas foram vencidas pelas inglesas de maneira decisiva. Devido a essa derrota, a China teve de ceder Hong Kong e, em virtude do Tratado dos Portos, abriram-se cinco portos nos quais era permitido aos residentes estrangeiros comerciar livremente, ficando liberados da jurisdição Chinesa. Posteriormente, a China assinou tratados com a França e os Estados Unidos. depois Xangai substitui a cidade de cantão como centro de comércio e zona de influência estrangeira, enquanto as exportações de chá e seda floresceram e o tráfico de ópio seguia aumentando.
Podemos observar que os chineses não compreenderam o significado do novo desafio comercial das potências ocidentais porque, até o século XVII, a China foi superior ao Ocidente em muitos aspectos. Durante o século XVII, o Império Manchu alcançou sua maior prosperidade e estabilidade, enquanto seus exércitos conquistavam um novo e vasto império no interior da Ásia. Entretanto, nesse período de grande auge, a China foi ultrapassada perlo rápido crescimento da Europa. Ainda quando o império segui sendo auto-suficiente, viu-se obrigado a negociar com as potências expansionistas do Ocidente, as quais adquiriram uma superioridade tecnológica e uma maior riqueza e capacidade de organização graças à Revolução Industrial. À medida que avançava o século XIX, a classe dirigente chinesa, educada em uma tradição de supremacia cultural jamais questionada, não foi capaz de entender este novos desafio nem de modernizar o país. Em consequência, a China foi ficando cada vez mais atrasada em relação ao contexto internacional. Inclusive, caso o governo manchu reagisse perante esta situação e se dispusesse a modernizar o império, não seria muito o que poderia fazer, porque os acontecimentos internos o mantiveram envolvido em uma desesperada luta pela sobrevivência. A derrota chinesa na Guerra do Ópio enfraqueceu a autoridade imperial e, quando o comércio de exportação transladou-se de cantão para Xangai, exacerbaram-se os problemas econômicos no sul. Em 1850 eclodiu uma rebelião em Kuangsi, que logo se converteu em em uma insurreição total contra a dinastia, liderada pela seita t'ai-p''ing. Os rebeldes, avançando rumo ao norte pelo vale do Rio Yang-tsé, apoderaram-se de Nanquim em 1853 e tomaram o controle de grande parte de China central. A rebelião somente foi sufocada em 1864.
A rebelião dos t'1ai-p'ing foi a mais grave das grandes rebeliões que ocorreram nas décadas de 1850 e 1860 e que afetaram grande parte do império. A última delas só foi dominada em '1878.
As rebeliões provocaram terríveis baixas no extenso território chinês. Somente as dos t'ai-p'ing e Nien deixaram 25 milhões de mortos, enquanto as insurreições muçulmanas despovoaram vastas áreas de Yunnan e do noroeste. Por décadas a rica região ao redor de nanquim não pode recuperar-se. Em 1877 x 1879 houve uma espantosa fome no norte, durante a qual, pelo menos 10 milhões de pessoas morreram de inanição.
Estes graves acontecimentos favoreceram os regimes estrangeiros, que não podiam ainda manter relações diplomáticas e comerciais normais com a China. Quando em 1856 as aproximações para negociar foram repelidas, os ingleses e os franceses declararam guerra à China, que terminou com a ocupação de Pequim. O posterior acordo de paz assegurou, finalmente, a representação diplomática em Pequim, abriu mais portos em virtude de tratado e outorgou aos missionários estrangeiros uma maior liberdade de movimento dentro do país. Entretanto, os russos aproveitaram-se da situação para ocupar a região do Rio Amur em 1858 e, dois anos mais tarde, a Província Marítima. Em 1871, ocuparam o Vale do Ili no Turquestão e somente se retiraram em 1881, quando a China lhes pagou uma indenização. Nos anos de 1884 e 1885, os chineses sofreram uma nova derrota perante os franceses na Indochina. A última humilhação foi imposta pelo Japão, que, enfrentando com o mesmo desafio, começou a se transformar em uma potência industrial moderna, e já havia intervindo em Taiwan, nas Ilhas Riukiu e na Coréia. Finalmente, em 1894 e 1895, o Japão esmagou as forças chinesas em uma guerra total, que culminou com a anexação de Taiwan.
Esta derrota, incontestavelmente, convenceu os chineses de que era inevitável realizar mudanças drásticas. Em 1898, o jovem imperador e um grupo de reformadores introduziram um vasto programa de reformas, mas os conservadores manchus, liderados pela imperatriz herdeira, deram um golpe de Estado para evitar que este fosse levado adiante. Contudo, as potências estrangeiras convencidas de que a China se encontrava à beira do colapso, uniram-se para provocar numerosos conflitos e obter maiores direitos e concessões, formando esferas de influência e arrendando territórios como bases de operações. Isto produziu uma onda de xenofobia que inspirou a "Rebelião dos Boxers" no noroeste da China. Primeiro os rebeldes atacaram os missionários e, em seguida, as legações estrangeiras em Tientsin e Pequim. As potências estrangeiras enviaram tropas ao norte da China, enquanto a Rússia invadia grande parte da Manchúria. O acordo final arrancou ainda maiores concessões dos chineses e lhes impôs enormes indenizações.
Depois de 1901, finalmente, reconheceu-se que as mudanças eram imperativas, adotando-se uma série de reformas: modernizou-se a estrutura do Estado, criaram-se assembleias eleitas; as Forças Armadas foram modernizadas; atualizou-se o código legal, realizaram-se reformas educacionais e se aboliram os exames para ingressar no serviço civil, que foram os grandes responsáveis pelas atitudes ultraconservadoras da burocracia. No plano econômico, se introduziram modificações igualmente radicais. As ferrovias, a mineração, o sistema bancário e a indústria experimentaram um rápido crescimento. Entretanto, a modernização concentrou-se nos Portos do Tratado, onde não existia a intervenção estatal. Ali floresceram também a imprensa, as editoras e os modernos colégios e, junto a eles, os partidos revolucionários e reformistas.
A partir da década de 1890, um grande número de jovens foi enviado para estudar no estrangeiro, sobretudo no Japão, os quais regressavam convertidos às ideias políticas ocidentais. Em meados do ano de 1910, muitos deles estavam participando do governo nos negócios, na educação me nas Forças Armadas. Contudo, começou a evidenciar-se que os conservadores manchus, apesar das reformas, estavam decididos a manter-se no poder. Sobreveio um descontentamento geral com a autoridade imperial, e as ideias revolucionárias substituíram as políticas de reformas. Os grupos revolucionários proliferaram em todas as partes. En 1911, os Ch'ing estavam desprestigiados em todas as partes, apesar de suas reformas, e os grupos revolucionários haviam proliferado. Quando em 1911 em Wu-ch'ang, o governo manchu fugiu e no decorrer de dois meses quase todas as províncias declararam sua independência. Praticamente não houve confrontos armados. O O partido revolucionários T'ung-men'hui instalou um governo provisório em Nanquim, onde proclamaram seu líder Sun Yat-sen em 1º de janeiro de 1912.
No início da década de 1920 observou-se na China um ressurgimento da atividade revolucionária. Tanto os revolucionários como o nascente Partido Comunista viram-se favorecidos pela reação popular generalizada contra a intervenção estrangeira, as injustas condições da Conferência de Paz de Paris, que fortaleceu a situação econômica do Japão em Shantung, e a exploração econômica. Em 1919 o nacionalismo eclodiu no Movimento de 4 de maio, do qual surgiu uma nova força política formada por uma geração de estudantes e intelectuais com educação ocidental junto com os trabalhadores urbanos, que obrigou o governo a abster-se de assinar o Tratado de Versalhes.
O partido revolucionário de Sum Yat-sen estabelecera um poder regional em Cantão. A partir de 1923, com a ajuda e assessoria do Komintern. Sun reorganizou o Partido Nacionalista (Kuomintang) e seu exército, aliando-se a ele o ainda minúsculo Partido Comunista. Sum morreu repentinamente em 1925 e nesse ano a xenofobia alcançou uma intensidade desconhecida até então, com greve e boicotes em todos os setores, aos quais aderiram trabalhadores. A influência comunista expandiu-se rapidamente às cidades industriais. Em 1926, Chiang Kai-cheh, o general mais importante do exército do Kuomin-tang, organizou a "Expedição ao Norte" com o propósito de eliminar os caudilhos e reunificar o país. Ainda que os nacionalistas dominassem agora toda a China e fossem reconhecidos como governo nacional, os caudilhos não estavam totalmente eliminados. Inclusive depois que os mais poderosos, Yen Hsi--shab e Fen Y"u-hsiang, foram derrotados eram uma importante guerra entre 1929 e 1930, muitas províncias conservaram um grau de autonomia bastante grande e permanentemente se produziam confrontos armados com os exércitos provinciais. O governo de Chiang manteve um controle central muito firme sobre as ricas províncias do baixo Yang-tsé, onde modernizou a administração e o Exército, construiu uma eficiente rede de estradas e ferrovias e criou novas industrias, apesar da depressão mundial e a constante pressão japonesa. Contudo, grande parte do desenvolvimento concentrou-se nas cidades, especialmente em Xangai e Nanquim.
Os comunistas constituíram uma importante ameaça para Chiang. Após as batalhas de 1927 e uma série de insurreições frustradas,, o poder do Partido Comunista nas cidades foi sistematicamente destruído e seus dirigentes se refugiaram nas regiões montanhosas mais distantes, onde estabeleceram regimes locais. O mais importante foi o soviet de Kiangsi, com sede em Jui-chin, onde, a partir de 1929 até 1934, o Partido Comunista dominou uma região de vários milhões de habitantes e levou a cabo programas de reformas como um partido camponês, e não como partido do proletariado urbano, segundo o modelo russo. Os exércitos de Chang atacaram Kiangsi reiteradamente e em 1934, os dirigentes comunistas decidiram abandonar a região. A "Longa Marcha" que empreenderam a seguir os levou ao noroeste, onde se formou em 1930 outro pequeno bolsão comunista em Pao-an. Finalmente, na Conferência de Tsunyi, durante a "Longa Marcha", o setor camponês do partido, dirigido por Mao Tse-tung, assumiu a liderança. Mao pôs em prática suas políticas numa região comunista em torno de Yenan.
Portanto, a primeira prioridade de Chiang era esmagar os comunistas e seus rivais provinciais, em vez de opor resistência aos japoneses. Entretanto, viu-se obrigado em 1936, sob penas de ser deposto ou inclusive assassinado, a formar uma frente única contra o inimigo comum. A resposta dos japoneses foi a invasão da China e, no final de 1938, ocuparam a maior parte do norte e centro do país, junto com os principais portos do litoral e todos os centros industriais modernos. Os nacionalistas retrocederam para as inexpugnáveis montanhas de Szechwan e o sudoeste, a a luta perdeu intensidade até que, em 1944, os japoneses voltaram a atacar, caindo outras regiões em seu poder.
Ao terminar a Segunda Guerra Mundial, em 1945, o governo nacionalista regressou a Nanquim. Durante a conflagração, começou a depender cada vez mais da assistência e ajudaeconômica norte-americana, chegando a converter-se em governo reacionário e corrupto. Em 1945, estava muito desprestigfiado, com uma inflação fora de controle e a Forças Armadas desmoralizadas. Após a rendição do Japão, os nacionalistas e comunistas correram a tomar posse dos territórios que estiveram em mãos dos japoneses até então; os comunistas apoderaram-se de grande parte do norte e da Manchúria, que foi ocupada pelos russos em 1945. Durante algum tempo continuaram as negociações para chegar a um acordo político e formar um governo nacional, mas as hostilidades entre as forças nacionalistas e comunistas continuaram e, em 1947, terminaram em uma guerra civil declarada. Em 1948, a iniciativa passou às mãos dos comunistas, que derrotaram os exércitos nacionalistas na Manchúria e entraram em Tientsin e Pequim em janeiro de 1949. Entre novembro de 1948 e janeiro de 1949, travou-se mais ao sul uma grande batalha nas cercanias de Hsú-chou, na qual participaram meio milhão de homens de cada lado. Os nacionalistas foram derrotados; Nanquim caiu em abril, Xangai em maio e Cantão em outubro de 1949. No dia 1º de outubro de 1949, fundou-se a república Popular da China. Em maio de 1950, o governo nacionalista refugiou-se em Taiwan.
A guerra civil completou a destruição que iniciou-se na época dos caudilhos e continuou durante a guerra com o Japão. Em 1949,a maioria das indústrias estava em ruínas; o centro industrial japonês da manchúria foi saqueado pelos russos; grande parte da rede ferroviária fora de uso. Anos de hiperinflação destruíram a moeda, o sistema bancário e o comércio urbano. Entretanto, pela primeira vez desde 1911, o território da China teve um governo forte e com uma planificação, já provada em algumas regiões, para a reorganização da economia e a transformação do país.
Do dia 21 a 30 de setembro de 1949, celebrou-se em Pequim a primeira sessão plenária da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, com a participação de representantes dos diversos partidos, organizações populares e círculos sociais. Ali definiu-se um programa comum com caráter de Constituição provisória, elegeu-se o Conselho do Governo Popular Central com Mao Tsé-tung como presidente e Chou En-lai como primeiro-ministro.
Os três primeiros anos da república Popular constituíram um período de reorganização econômica: confiscaram-se as empresas, levou-se a cabo uma reforma agrária e foi impulsionado o desenvolvimento da indústria pesada. A década que cobre o período de 1957 a 1965 foi de um desenvolvimento acelerado. Em 1965 conseguiu-se um auto-abastecimento de petróleo, surgiram numerosas indústrias e a agricultura recebeu o apoio da tecnologia.
Contudo, nesses anos apareceram severas falhas nas políticas que regiam o Partido Comunista. No plano político, a repressão dos direitistas foi excessiva e, no econômico, buscaram-se rápidos resultados.
A conhecida "Revolução Cultural" de Mao iniciou-se em maio de 1966 e pretendia liberar a China das reminiscências do passado, eliminando a forma de governar, pensar e viver herdada da velha sociedade feudal e da burguesia. No IX Congresso do Partido Comunista de 1969, que reiterou a tese maoista da continuidade da luta de classes, inclusive nos países com regime socialista, reafirmou-se a crítica a URSS por ter se afastado da pureza doutrinária stalinista. Assim, em meio ao contexto de uma clara bipolaridade mundial, a China pretendia reservar para si uma identidade política-ideológica que considerava indispensável para salvar sua autonomia: afastar-se da estreita pressão exercida pelas duas superpotências nacionalistas da Segunda Guerra Mundial.
No dia 1º de outubro de 1949, os revolucionários comunistas haviam conseguido destruir os últimos focos de resistência dos nacionalistas. Nascia a República Popular da China. O líder Mao se manifestou dizendo: "O povo chinês está de pé". Diante da multidão na Praça da Paz Celestial ele prometeu a liberdade de pensamento, discurso e religião, além de direitos iguais para as mulheres. Filho de camponeses, um de seus primeiros objetivos era transformar as cidades consumidoras em produtoras. Chegava ao fim a longa Revolução Chinesa, que teve quatro etapas principais: de 1919 a 1927, com a "revolução nacionalista"; do final de 1927 a 1935, com a "revolução agrária"; de 1937 a 1945, quando assumiu caráter de luta de "libertação nacional"; de 1945 a 1947, com a "revolução popular" contra o regime de Chiang Kai-Shek.
O conflito resistira à invasão japonesa ao país (desde 1931) e à Segunda Guerra Mundial, que chegara ao Oriente em 1941, após o ataque do Japão à base americana Pearl Harbor, no Havaí. Acreditando que os Estados Unidos derrotariam o Japão na guerra mundial, o presidente Chiang Kai-Shek deu mais importância à derrota final dos guerrilheiros comunistas que à dos japoneses. Entretanto, o confronto entre a China e o Japão, ao contrário do previsto, favoreceu à vitória comunista. Quando ocorreu a rendição japonesa em 1945, quase todas as suas guarnições , que ocupavam parcialmente dois terços do território chinês, estavam cercadas pelas tropas revolucionárias, preponderantes na zona rural.
A interferência americana em favor dos nacionalistas não impediu que a guerra civil continuasse. O general americano George Marshall foi enviado à China para negociar uma trégua e um acordo, entre nacionalistas e comunistas, mas os dois lados descumpriram o trato. O conflito tornou-se ainda mais intenso em 1946.
Apesar de as tropas oficiais serem quatro vezes maiores que as dos revolucionários e de estes não contarem com nenhum tipo de força aérea, os comunistas venceram, seja por possuírem um exército disciplinado e convicto de seus ideais, por tratarem a população com honestidade ou por terem conquistado os camponeses como seus libertadores. Já os soldados de Chiang Kai-Shek, mal remunerados ou até mesmo sem salários, eram autorizados e estimulados a saquear cidades e povoados. Isso os levou a perder apoio popular.
De janeiro a junho de 1947, batalhas violentas aconteceram na Manchúria. No fim do ano, o exército regular havia perdido metade do território conquistado e foi cercado na região.
En 1948, os comunistas tomavam sua primeira grande cidade, Tsinan, capital de Shentung,e trocaram a tática guerrilheira pelos combates convencionais. Pequim o Tientsin caíram em janeiro; Nanquim, em abril; Xangai, em maio; e cantão, em outubro. Nos últimos confrontos, os nacionalistas estavam fracos e desmoralizados. Lider chinês por 22 anos Chiang Kai-Shek fugiu para a ilha de Formosa, onde fundou a China Nacionalista.
A liderança de Mao Tsé Tung se firmou no Partido Comunista Chinês em polêmica direita com estas concepções "aventureiras". Portanto, é curioso que ele tenha se tornado o protagonista de guinadas "esquerdistas" e "aventureiras" nas políticas da nova Replública Popular.
Mao Tsé Tung acelerou bruscamente o ritmo de coletivização da economia chinesa via a montagem de "Comunas Populares" que deveriam combinar produção agrícola com peuqne produção industrial (ambas socialistas). Os resultados foram desastrosos, sobretudo na agricultura. A produção caiu 23 % entre 1957 e 1960, resultando em milhões de mortes por desnutrição. Do ponto de vista político, esses resultados enfraqueceram a liderança de mao e fortaleceram a autoridade dirigente como Liu Shoashi e Deng Xiaoping.
A "Grande Revolução Proletária" foi deflagrada em 1966 como um movimento político para desalojar o núcleo articulado em torno do então presidente do Estado, Liu Shaoshi. O estopim foi uma crítica, aparentemente inócua, publicada num jornal de xangai no final de 1965. A peça do historiador Wu Han tinha como personagem principal um assessor do imperador da China na dinastia Ming que, ao ser exonerado, ia viver no campo, deparando-se com injustiças sociais. Era uma clara crítica ao comportamento de Mao no período do "Grande Salto", o que detonaria um movimento cultural com fortes conotações políticas.
Em fevereiro de 1966, a atriz Xiang Xing, então mulher de Mao Tsé Tung, organizou o "Forum sobre o Trabalho de Literatura e Arte nas Forças Armadas. O encontro concluiu que a China vivia sob a ditadura de uma "sinistra linha "anti-socialista" e lançou um apelo para o "aprofundamento da grande revolução socialista na frente cultural". O fórum aproximou dois grupos que desempenhariam papeis políticos decisivos: O Grupo Central da Revolução Cultural, integrado por Xiang Xing, e o grupo de Lin Piao, um dos comandantes militares da "Longa Marcha" que se firmou com dirigente do Exército Popular de Libertação. Na função de presidente do PC, Mao encaminhou as resoluções do fórum de Xangai para o Comitê central do partido e deflagrou uma luta pelo poder, lançando a China numa espiral de violência.
Sob o lema de que "a grande desordem na Terra levará à grande ordem", Mao conseguiu aprovar uma circular no Comitê central conclamando as massas a criticar, repudiar e expurgar os "representantes da burguesia" infiltrados no Partido do Governo, no Exército e em todas as esferas da cultura. Assim, grupos de "guardas vermelhos", compostos majoritariamente por jovens e estudantes, começaram a luta. O sistema de ensino médio e universitário foi paralisado, com as aulas suspensas para que os estudantes pudesse "fazer revolução". Professores e alunos que discordassem eram taxados de "contra revolucionários", julgados por "tribunais populares" montados pela próprias organizações de guardas vermelhos,e punidos, às vezes executados. As ações praticadas pelos "guardas vermelhos" tinham o apoio de Mao, que os saudava em gigantescas manifestações em Pequim, onde muitas vezes reuniam mais de um milhão de pessoas.
Mao lançou um apelo para que a juventude fosse para o campo para ser "reeducada ideologicamente", e mais de 16 milhões de jovens saíram dos centros urbanos para trabalhar nas Comunas Populares. Toda essa turbulência da Revolução Cultural não tardaria a transbordar para a economia: o plano econômico nacional de 1967 foi abandonado, e o de 1968 nem chegou a ser elaborado. A produção industrial e agrícola caiu 9,6% e 4,1%, respectivamente, nesses dois anos.
A partir de 1967, guardas vermelhos passaram a lançar ataques armados contra organizações locais e regionais do PCC e do estado chinês em diversas partes do país. "Comitês revolucionários" foram montados no vácuo político deixado perlo colapso dessas organizações. Enquanto isso, os guardas vermelhos se dividiram e subdividiram em facções rivais. A situação beirava a anarquia.
O Exército popular de Libertação desempenhou um papel decisivo no restabelecimento da ordem no país. isto fortaleceu a liderança política do seu principal dirigente, Lin Piao, que já vinha organizando um culto à personalidade de Mao Tsé-Tung mas fileiras do Exército , tendo sido responsável pela complicação do seu famosos livro vermelho de citações no início dos anos 60. Om prestígio político alcançado por Lin Piao era tão elevado que o Congresso Nacional o nomeou "sucessor" de Mao na liderança do partido. Sua movimentação política, no entanto, suscitou temores entre os demais dirigentes (incluindo o próprio Mao) de que ele estaria preparando uma espécie de golpe ao estilo de Bonaparte.
Num episódio cercado de mistério, Lin Piao morreu num acidente de avião em 1971, supostamente tentando fugir da China após uma fracassada tentativa golpista. Era o início do descenso da Revolução Cultural. A autoridade do PCC foi gradativamente restabelecida e dirigentes expurgados voltaram a ocupar postos de comando. Um dos reabilitados foi Deng Xiaping, que mais tarde viria a ser o sustentáculo do crescimento da China.O núcleo mais "esquerdista", articulado em torno de Xiang Xing, tentou reeditar a ofensiva Cultural em 1975 e 1976 , sem sucesso. Após a morte de Mao, o grupo foi desbaratado e seus dirigentes presos. A herança da Revolução Cultural só foi definitivamente enterrada em 1979, com a consolidação de Deng Xiaoping e o lançamento do programa das "Quatro Modernizações", estratégia que deu certo e comanda a Chia até hoje.
Esta derrota, incontestavelmente, convenceu os chineses de que era inevitável realizar mudanças drásticas. Em 1898, o jovem imperador e um grupo de reformadores introduziram um vasto programa de reformas, mas os conservadores manchus, liderados pela imperatriz herdeira, deram um golpe de Estado para evitar que este fosse levado adiante. Contudo, as potências estrangeiras convencidas de que a China se encontrava à beira do colapso, uniram-se para provocar numerosos conflitos e obter maiores direitos e concessões, formando esferas de influência e arrendando territórios como bases de operações. Isto produziu uma onda de xenofobia que inspirou a "Rebelião dos Boxers" no noroeste da China. Primeiro os rebeldes atacaram os missionários e, em seguida, as legações estrangeiras em Tientsin e Pequim. As potências estrangeiras enviaram tropas ao norte da China, enquanto a Rússia invadia grande parte da Manchúria. O acordo final arrancou ainda maiores concessões dos chineses e lhes impôs enormes indenizações.
Depois de 1901, finalmente, reconheceu-se que as mudanças eram imperativas, adotando-se uma série de reformas: modernizou-se a estrutura do Estado, criaram-se assembleias eleitas; as Forças Armadas foram modernizadas; atualizou-se o código legal, realizaram-se reformas educacionais e se aboliram os exames para ingressar no serviço civil, que foram os grandes responsáveis pelas atitudes ultraconservadoras da burocracia. No plano econômico, se introduziram modificações igualmente radicais. As ferrovias, a mineração, o sistema bancário e a indústria experimentaram um rápido crescimento. Entretanto, a modernização concentrou-se nos Portos do Tratado, onde não existia a intervenção estatal. Ali floresceram também a imprensa, as editoras e os modernos colégios e, junto a eles, os partidos revolucionários e reformistas.
A partir da década de 1890, um grande número de jovens foi enviado para estudar no estrangeiro, sobretudo no Japão, os quais regressavam convertidos às ideias políticas ocidentais. Em meados do ano de 1910, muitos deles estavam participando do governo nos negócios, na educação me nas Forças Armadas. Contudo, começou a evidenciar-se que os conservadores manchus, apesar das reformas, estavam decididos a manter-se no poder. Sobreveio um descontentamento geral com a autoridade imperial, e as ideias revolucionárias substituíram as políticas de reformas. Os grupos revolucionários proliferaram em todas as partes. En 1911, os Ch'ing estavam desprestigiados em todas as partes, apesar de suas reformas, e os grupos revolucionários haviam proliferado. Quando em 1911 em Wu-ch'ang, o governo manchu fugiu e no decorrer de dois meses quase todas as províncias declararam sua independência. Praticamente não houve confrontos armados. O O partido revolucionários T'ung-men'hui instalou um governo provisório em Nanquim, onde proclamaram seu líder Sun Yat-sen em 1º de janeiro de 1912.
No início da década de 1920 observou-se na China um ressurgimento da atividade revolucionária. Tanto os revolucionários como o nascente Partido Comunista viram-se favorecidos pela reação popular generalizada contra a intervenção estrangeira, as injustas condições da Conferência de Paz de Paris, que fortaleceu a situação econômica do Japão em Shantung, e a exploração econômica. Em 1919 o nacionalismo eclodiu no Movimento de 4 de maio, do qual surgiu uma nova força política formada por uma geração de estudantes e intelectuais com educação ocidental junto com os trabalhadores urbanos, que obrigou o governo a abster-se de assinar o Tratado de Versalhes.
O partido revolucionário de Sum Yat-sen estabelecera um poder regional em Cantão. A partir de 1923, com a ajuda e assessoria do Komintern. Sun reorganizou o Partido Nacionalista (Kuomintang) e seu exército, aliando-se a ele o ainda minúsculo Partido Comunista. Sum morreu repentinamente em 1925 e nesse ano a xenofobia alcançou uma intensidade desconhecida até então, com greve e boicotes em todos os setores, aos quais aderiram trabalhadores. A influência comunista expandiu-se rapidamente às cidades industriais. Em 1926, Chiang Kai-cheh, o general mais importante do exército do Kuomin-tang, organizou a "Expedição ao Norte" com o propósito de eliminar os caudilhos e reunificar o país. Ainda que os nacionalistas dominassem agora toda a China e fossem reconhecidos como governo nacional, os caudilhos não estavam totalmente eliminados. Inclusive depois que os mais poderosos, Yen Hsi--shab e Fen Y"u-hsiang, foram derrotados eram uma importante guerra entre 1929 e 1930, muitas províncias conservaram um grau de autonomia bastante grande e permanentemente se produziam confrontos armados com os exércitos provinciais. O governo de Chiang manteve um controle central muito firme sobre as ricas províncias do baixo Yang-tsé, onde modernizou a administração e o Exército, construiu uma eficiente rede de estradas e ferrovias e criou novas industrias, apesar da depressão mundial e a constante pressão japonesa. Contudo, grande parte do desenvolvimento concentrou-se nas cidades, especialmente em Xangai e Nanquim.
Os comunistas constituíram uma importante ameaça para Chiang. Após as batalhas de 1927 e uma série de insurreições frustradas,, o poder do Partido Comunista nas cidades foi sistematicamente destruído e seus dirigentes se refugiaram nas regiões montanhosas mais distantes, onde estabeleceram regimes locais. O mais importante foi o soviet de Kiangsi, com sede em Jui-chin, onde, a partir de 1929 até 1934, o Partido Comunista dominou uma região de vários milhões de habitantes e levou a cabo programas de reformas como um partido camponês, e não como partido do proletariado urbano, segundo o modelo russo. Os exércitos de Chang atacaram Kiangsi reiteradamente e em 1934, os dirigentes comunistas decidiram abandonar a região. A "Longa Marcha" que empreenderam a seguir os levou ao noroeste, onde se formou em 1930 outro pequeno bolsão comunista em Pao-an. Finalmente, na Conferência de Tsunyi, durante a "Longa Marcha", o setor camponês do partido, dirigido por Mao Tse-tung, assumiu a liderança. Mao pôs em prática suas políticas numa região comunista em torno de Yenan.
Portanto, a primeira prioridade de Chiang era esmagar os comunistas e seus rivais provinciais, em vez de opor resistência aos japoneses. Entretanto, viu-se obrigado em 1936, sob penas de ser deposto ou inclusive assassinado, a formar uma frente única contra o inimigo comum. A resposta dos japoneses foi a invasão da China e, no final de 1938, ocuparam a maior parte do norte e centro do país, junto com os principais portos do litoral e todos os centros industriais modernos. Os nacionalistas retrocederam para as inexpugnáveis montanhas de Szechwan e o sudoeste, a a luta perdeu intensidade até que, em 1944, os japoneses voltaram a atacar, caindo outras regiões em seu poder.
Ao terminar a Segunda Guerra Mundial, em 1945, o governo nacionalista regressou a Nanquim. Durante a conflagração, começou a depender cada vez mais da assistência e ajudaeconômica norte-americana, chegando a converter-se em governo reacionário e corrupto. Em 1945, estava muito desprestigfiado, com uma inflação fora de controle e a Forças Armadas desmoralizadas. Após a rendição do Japão, os nacionalistas e comunistas correram a tomar posse dos territórios que estiveram em mãos dos japoneses até então; os comunistas apoderaram-se de grande parte do norte e da Manchúria, que foi ocupada pelos russos em 1945. Durante algum tempo continuaram as negociações para chegar a um acordo político e formar um governo nacional, mas as hostilidades entre as forças nacionalistas e comunistas continuaram e, em 1947, terminaram em uma guerra civil declarada. Em 1948, a iniciativa passou às mãos dos comunistas, que derrotaram os exércitos nacionalistas na Manchúria e entraram em Tientsin e Pequim em janeiro de 1949. Entre novembro de 1948 e janeiro de 1949, travou-se mais ao sul uma grande batalha nas cercanias de Hsú-chou, na qual participaram meio milhão de homens de cada lado. Os nacionalistas foram derrotados; Nanquim caiu em abril, Xangai em maio e Cantão em outubro de 1949. No dia 1º de outubro de 1949, fundou-se a república Popular da China. Em maio de 1950, o governo nacionalista refugiou-se em Taiwan.
A guerra civil completou a destruição que iniciou-se na época dos caudilhos e continuou durante a guerra com o Japão. Em 1949,a maioria das indústrias estava em ruínas; o centro industrial japonês da manchúria foi saqueado pelos russos; grande parte da rede ferroviária fora de uso. Anos de hiperinflação destruíram a moeda, o sistema bancário e o comércio urbano. Entretanto, pela primeira vez desde 1911, o território da China teve um governo forte e com uma planificação, já provada em algumas regiões, para a reorganização da economia e a transformação do país.
Do dia 21 a 30 de setembro de 1949, celebrou-se em Pequim a primeira sessão plenária da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, com a participação de representantes dos diversos partidos, organizações populares e círculos sociais. Ali definiu-se um programa comum com caráter de Constituição provisória, elegeu-se o Conselho do Governo Popular Central com Mao Tsé-tung como presidente e Chou En-lai como primeiro-ministro.
Os três primeiros anos da república Popular constituíram um período de reorganização econômica: confiscaram-se as empresas, levou-se a cabo uma reforma agrária e foi impulsionado o desenvolvimento da indústria pesada. A década que cobre o período de 1957 a 1965 foi de um desenvolvimento acelerado. Em 1965 conseguiu-se um auto-abastecimento de petróleo, surgiram numerosas indústrias e a agricultura recebeu o apoio da tecnologia.
Contudo, nesses anos apareceram severas falhas nas políticas que regiam o Partido Comunista. No plano político, a repressão dos direitistas foi excessiva e, no econômico, buscaram-se rápidos resultados.
A conhecida "Revolução Cultural" de Mao iniciou-se em maio de 1966 e pretendia liberar a China das reminiscências do passado, eliminando a forma de governar, pensar e viver herdada da velha sociedade feudal e da burguesia. No IX Congresso do Partido Comunista de 1969, que reiterou a tese maoista da continuidade da luta de classes, inclusive nos países com regime socialista, reafirmou-se a crítica a URSS por ter se afastado da pureza doutrinária stalinista. Assim, em meio ao contexto de uma clara bipolaridade mundial, a China pretendia reservar para si uma identidade política-ideológica que considerava indispensável para salvar sua autonomia: afastar-se da estreita pressão exercida pelas duas superpotências nacionalistas da Segunda Guerra Mundial.
No dia 1º de outubro de 1949, os revolucionários comunistas haviam conseguido destruir os últimos focos de resistência dos nacionalistas. Nascia a República Popular da China. O líder Mao se manifestou dizendo: "O povo chinês está de pé". Diante da multidão na Praça da Paz Celestial ele prometeu a liberdade de pensamento, discurso e religião, além de direitos iguais para as mulheres. Filho de camponeses, um de seus primeiros objetivos era transformar as cidades consumidoras em produtoras. Chegava ao fim a longa Revolução Chinesa, que teve quatro etapas principais: de 1919 a 1927, com a "revolução nacionalista"; do final de 1927 a 1935, com a "revolução agrária"; de 1937 a 1945, quando assumiu caráter de luta de "libertação nacional"; de 1945 a 1947, com a "revolução popular" contra o regime de Chiang Kai-Shek.
O conflito resistira à invasão japonesa ao país (desde 1931) e à Segunda Guerra Mundial, que chegara ao Oriente em 1941, após o ataque do Japão à base americana Pearl Harbor, no Havaí. Acreditando que os Estados Unidos derrotariam o Japão na guerra mundial, o presidente Chiang Kai-Shek deu mais importância à derrota final dos guerrilheiros comunistas que à dos japoneses. Entretanto, o confronto entre a China e o Japão, ao contrário do previsto, favoreceu à vitória comunista. Quando ocorreu a rendição japonesa em 1945, quase todas as suas guarnições , que ocupavam parcialmente dois terços do território chinês, estavam cercadas pelas tropas revolucionárias, preponderantes na zona rural.
A interferência americana em favor dos nacionalistas não impediu que a guerra civil continuasse. O general americano George Marshall foi enviado à China para negociar uma trégua e um acordo, entre nacionalistas e comunistas, mas os dois lados descumpriram o trato. O conflito tornou-se ainda mais intenso em 1946.
Apesar de as tropas oficiais serem quatro vezes maiores que as dos revolucionários e de estes não contarem com nenhum tipo de força aérea, os comunistas venceram, seja por possuírem um exército disciplinado e convicto de seus ideais, por tratarem a população com honestidade ou por terem conquistado os camponeses como seus libertadores. Já os soldados de Chiang Kai-Shek, mal remunerados ou até mesmo sem salários, eram autorizados e estimulados a saquear cidades e povoados. Isso os levou a perder apoio popular.
De janeiro a junho de 1947, batalhas violentas aconteceram na Manchúria. No fim do ano, o exército regular havia perdido metade do território conquistado e foi cercado na região.
En 1948, os comunistas tomavam sua primeira grande cidade, Tsinan, capital de Shentung,e trocaram a tática guerrilheira pelos combates convencionais. Pequim o Tientsin caíram em janeiro; Nanquim, em abril; Xangai, em maio; e cantão, em outubro. Nos últimos confrontos, os nacionalistas estavam fracos e desmoralizados. Lider chinês por 22 anos Chiang Kai-Shek fugiu para a ilha de Formosa, onde fundou a China Nacionalista.
A liderança de Mao Tsé Tung se firmou no Partido Comunista Chinês em polêmica direita com estas concepções "aventureiras". Portanto, é curioso que ele tenha se tornado o protagonista de guinadas "esquerdistas" e "aventureiras" nas políticas da nova Replública Popular.
Mao Tsé Tung acelerou bruscamente o ritmo de coletivização da economia chinesa via a montagem de "Comunas Populares" que deveriam combinar produção agrícola com peuqne produção industrial (ambas socialistas). Os resultados foram desastrosos, sobretudo na agricultura. A produção caiu 23 % entre 1957 e 1960, resultando em milhões de mortes por desnutrição. Do ponto de vista político, esses resultados enfraqueceram a liderança de mao e fortaleceram a autoridade dirigente como Liu Shoashi e Deng Xiaoping.
A "Grande Revolução Proletária" foi deflagrada em 1966 como um movimento político para desalojar o núcleo articulado em torno do então presidente do Estado, Liu Shaoshi. O estopim foi uma crítica, aparentemente inócua, publicada num jornal de xangai no final de 1965. A peça do historiador Wu Han tinha como personagem principal um assessor do imperador da China na dinastia Ming que, ao ser exonerado, ia viver no campo, deparando-se com injustiças sociais. Era uma clara crítica ao comportamento de Mao no período do "Grande Salto", o que detonaria um movimento cultural com fortes conotações políticas.
Em fevereiro de 1966, a atriz Xiang Xing, então mulher de Mao Tsé Tung, organizou o "Forum sobre o Trabalho de Literatura e Arte nas Forças Armadas. O encontro concluiu que a China vivia sob a ditadura de uma "sinistra linha "anti-socialista" e lançou um apelo para o "aprofundamento da grande revolução socialista na frente cultural". O fórum aproximou dois grupos que desempenhariam papeis políticos decisivos: O Grupo Central da Revolução Cultural, integrado por Xiang Xing, e o grupo de Lin Piao, um dos comandantes militares da "Longa Marcha" que se firmou com dirigente do Exército Popular de Libertação. Na função de presidente do PC, Mao encaminhou as resoluções do fórum de Xangai para o Comitê central do partido e deflagrou uma luta pelo poder, lançando a China numa espiral de violência.
Sob o lema de que "a grande desordem na Terra levará à grande ordem", Mao conseguiu aprovar uma circular no Comitê central conclamando as massas a criticar, repudiar e expurgar os "representantes da burguesia" infiltrados no Partido do Governo, no Exército e em todas as esferas da cultura. Assim, grupos de "guardas vermelhos", compostos majoritariamente por jovens e estudantes, começaram a luta. O sistema de ensino médio e universitário foi paralisado, com as aulas suspensas para que os estudantes pudesse "fazer revolução". Professores e alunos que discordassem eram taxados de "contra revolucionários", julgados por "tribunais populares" montados pela próprias organizações de guardas vermelhos,e punidos, às vezes executados. As ações praticadas pelos "guardas vermelhos" tinham o apoio de Mao, que os saudava em gigantescas manifestações em Pequim, onde muitas vezes reuniam mais de um milhão de pessoas.
Mao lançou um apelo para que a juventude fosse para o campo para ser "reeducada ideologicamente", e mais de 16 milhões de jovens saíram dos centros urbanos para trabalhar nas Comunas Populares. Toda essa turbulência da Revolução Cultural não tardaria a transbordar para a economia: o plano econômico nacional de 1967 foi abandonado, e o de 1968 nem chegou a ser elaborado. A produção industrial e agrícola caiu 9,6% e 4,1%, respectivamente, nesses dois anos.
A partir de 1967, guardas vermelhos passaram a lançar ataques armados contra organizações locais e regionais do PCC e do estado chinês em diversas partes do país. "Comitês revolucionários" foram montados no vácuo político deixado perlo colapso dessas organizações. Enquanto isso, os guardas vermelhos se dividiram e subdividiram em facções rivais. A situação beirava a anarquia.
O Exército popular de Libertação desempenhou um papel decisivo no restabelecimento da ordem no país. isto fortaleceu a liderança política do seu principal dirigente, Lin Piao, que já vinha organizando um culto à personalidade de Mao Tsé-Tung mas fileiras do Exército , tendo sido responsável pela complicação do seu famosos livro vermelho de citações no início dos anos 60. Om prestígio político alcançado por Lin Piao era tão elevado que o Congresso Nacional o nomeou "sucessor" de Mao na liderança do partido. Sua movimentação política, no entanto, suscitou temores entre os demais dirigentes (incluindo o próprio Mao) de que ele estaria preparando uma espécie de golpe ao estilo de Bonaparte.
Num episódio cercado de mistério, Lin Piao morreu num acidente de avião em 1971, supostamente tentando fugir da China após uma fracassada tentativa golpista. Era o início do descenso da Revolução Cultural. A autoridade do PCC foi gradativamente restabelecida e dirigentes expurgados voltaram a ocupar postos de comando. Um dos reabilitados foi Deng Xiaping, que mais tarde viria a ser o sustentáculo do crescimento da China.O núcleo mais "esquerdista", articulado em torno de Xiang Xing, tentou reeditar a ofensiva Cultural em 1975 e 1976 , sem sucesso. Após a morte de Mao, o grupo foi desbaratado e seus dirigentes presos. A herança da Revolução Cultural só foi definitivamente enterrada em 1979, com a consolidação de Deng Xiaoping e o lançamento do programa das "Quatro Modernizações", estratégia que deu certo e comanda a Chia até hoje.
Quando se estuda a China de nossos dias, devemos sempre levar em conta a sua imensa população. Cada chinês tem seu próprio pensamento sobre as atuais dificuldades diariamente enfrentadas pelo governo. Por isso devemos sempre ter em mente como é difícil governar um país dessas dimensões. Portanto para julgar é preciso, antes de tudo, conhecer sua história.
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incrivel vc e demais muito interessante seres tao disposto a se inteirar pela literatura dos paises. minhqa filha morou na china em benjim 6 meses e adorou a cultura deles. parabens pelo seu intelecto
ResponderExcluirObrigado por me visitar. É bom quando encontramos alguém que gosta de cultura; hoje isto é tão raro, principalmente no Brasil.
ResponderExcluirAs pessoas falam mal dos dirigentes da China, mas não conhecem nada sobre eles. Ninguém que pensa assim imagina como é difícil dirigir um país com um bilhão e trezentos milhões de vidas humanas.
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