Japão moderno
A convivência da tradição com a modernidade.
O japão moderno pode orgulhar-se de suas universidades, escolas e monumentos, que nada tem a invejar, quanto à beleza e estilo, aos europeus e americanos. E como, nos usos e trajes hodiernos, pode-se notar uma mescla de antigos e atuais, asiáticos e ocidentais, o mesmo se pode afirmar quanto às artes, literatura e instituições civis.
Deve-se, sobretudo, ao imperador Mutso-Hito e aos seus sucessores se o Japão, é um dos países mais evoluídos. Ele, realmente, após haver transferido a capital de Kioto para Iedo (agora Tóquio), em 1868, renunciou, voluntariamente, aos privilégios que a dinastia imperial gozava já fazia mais de 2.500 anos, e iniciou um vasto plano de reformas aptas a remover as velhas instituições feudais e a dar um feitio democrático à nação. O Governo está realmente constituído de um Parlamento, dividido em duas Câmaras: a dos Pares e a dos Representantes, e possui uma constituição monárquica, semelhante à européia. O novo Governo deu forte impulso à agricultura e à indústria; fundou instituições de instrução pública, vazadas em modelos europeus, abriu novas vias de comunicação e, para limitar a emigração em larga escala, sobretudo para os Estados Unidos, devido ao enorme desenvolvimento democrático, encaminhou a população para as zonas daquelas quatro ilhas, que ainda não haviam sido suficientemente exploradas.
As fábricas de tecidos instaladas em Osaka, em 1889, foram o primeiro sinal do renascimento do Japão, de sua marcha industrial. Hoje, suas indústrias mais florescentes são as de tecidos, metalúrgicas, cerâmica, hidrelétricas, charão, papel, automóveis, trens, cerveja e o tradicional "saquê". Amplamente exploradas, são, também os recursos minerais de que o Japão é particularmente rico, entre eles o cobre, o ouro, a prata, o zinco, o carvão fóssil.
Bastaria percorrer as ruas de Tóquio para verificar quanto caminho percorreu o país nestes últimos anos. Totalmente reconstruído, após o terrível terremoto de 1923, Tóquio, que conta com mais de 12.700.000 habitantes, (censo de 2019), oferece aos visitantes a visão de amplas avenidas, fervilhantes de transeuntes, de arranha-céus e edifícios moderníssimos, de veículos reluzentes, de homens e mulheres modernamente trajados. O antigo e o moderno Japão, hoje, confunde-se, formando uma mixórdia de trajes. As japonesinhas, deixando o quimono, passaram a usar os vestidos e calças ocidentais e já frequentam os cabeleireiros com naturalidade. O encantador mistério e a fragilidade das filhas do "Sol Nascente" já pertencem ao passado.
Outras importantes cidades do Japão são o centro industrial de Osaka, recortada por canais, que é considerada a segunda cidade do extremo Oriente, Iokohama, destruída e reconstruída depois do terremoto de 1923, Simonoseki, Nagasaki, Sendai e Hokodate.
Com muita habilidade e sua peculiar paciência, na segunda metade do século XIX, o Japão conseguiu evitar excessiva interferência de potências ocidentais em sua economia.
Implementou política bem sucedidas que visaram a uma rápida modernização e ao desenvolvimento econômico. Os próprios países que antes ameaçavam sua independência tornaram-se modelos de desenvolvimento incentivando suas ambições imperialistas. O processo começou na década de 1850 e por volta de 1920, o império Japonês já estava solidamente estabelecido.
Os novos líderes fizeram reformas, esperando que a economia moderna e o militarismo assegurassem a independência e igualdade internacional do Japão. Aboliram os domínios feudais e os substituíram por sistema de prefeituras controladas por uma burocracia central. Uma nobreza , um gabinete governamental e um Parlamento bicameral nos moldes ocidentais deram a base para a estabilidade política. O privilégio concedido aos samurais foi abolido,criou-se um Exército recrutado e formou-se uma Marinha equipada com navios modernos. O sistema nacional de educação, hoje um dos mais avançados do mundo, foi instituído em 1872. Em 1900 atingiu a cifra de 90 % das crianças em idade escolar. Foi em 1882 que começaram a ser introduzidos códigos legais baseados nos modelos francês e alemão.
A modernização econômica não foi fácil, embora no início o Japão tivesse mais vantagens que a maioria dos países asiáticos. Em 1863, já possuía rede de crédito e comércio doméstico e, apesar da falta de terras cultiváveis, a agricultura intensiva ocupava 30 milhões de pessoas. Importante produtor de cobre, o Japão tinha ainda depósitos de carvão e minérios suficientes para suprir a indústria metalúrgica. Estudiosos japoneses iniciaram experiências com ciência e tecnologia ocidentais. Por volta de 1869, um navio totalmente construído no Japão, seguindo os padrões ocidentais, atravessou o pacífico com tripulação japonesa. Daí em diante muitos estudantes partiram para o exterior, ganhando conhecimentos técnicos, econômicos e políticos. O desenvolvimento posterior dependia da adoção de instituições como sociedades anônimas e bancos, de estabilidade social e de um ambiente financeiro capazes de permitir reformas econômicas e políticas.
A reforma tributária sobre as terras de 1873, que substituiu os impostos feudais, deu lugar a uma instabilidade agrária e à consolidação de propriedades. No entanto, garantiu uma fonte de renda para o governo, com os impostos sobre a terra representando mais da metade da receita antes de 1900. Mais de um terso dos gastos do Estado destinava-se à expansão do comércio e da indústria. para estimular a transferência de tecnologia e investimento particular, o governo construiu fábricas-modelo em setores estratégicos, como o de aço e têxtil, além de investir em transportes e comunicações. Também ofereceu subsídios para armadores, indústria naval, controle de qualidade de produtos de exportação, esquemas de treinamento técnico. Após curto período de inflação e crise cambial , chegou-se à estabilidade financeira na década de 1880 e ao estabelecimento de sólido sistema bancário. Neste contexto, o capitalismo logo se propagou na indústria têxtil já na década de 1880 e na indústria pesada depois de 1895, fazendo do Japão um exemplo de industrialização no mundo não ocidental.
O segundo incentivo veio do ingresso crescente do Japão nos mercados estrangeiros na Primeira Guerra. O comércio exterior aumentou a partir de 1890, à medida que o Japão explorou mercados na China e nos Estados Unidos. Sua estrutura comercial mudou, tornando-se importador de matérias primas e exportador de manufaturados.
Este progresso trouxe mudanças no estilo de vida japonês. A população cresceu de 35 milhões em 1873 para 55 milhões em 1918. Nessa época a metade da população ainda se dedicava à agricultura, quase um terço morava em cidade de 10 mil habitantes ou mais, especialmente nas áreas industriais de Honshu e norte de Kyushu e ao longo da faixa costeira entre ambas. Essas áreas estavam ligadas á maior parte do país por uma rede ferroviária de 10 mil quilômetros, nacionalizada em 1906 e unida a estradas de ferro particulares.
Embora a penetração alienígena tenha introduzido esportes e outros divertimentos nitidamente ocidentais, como o futebol, o teatro e o cinema, sobrevivem, por toda parte apreciadíssimos, os espetáculos de luta, danças e o canto das gueixas, a recitação de poemas antigos e histórias populares, conservadas por hábeis declamadores nos"yoses" (teatros indígenas), jogos de cartas e, finalmente, o jogo dos perfumes, que consiste em adivinhar o nome e a variedade dos incensos, que um dos participantes faz arder num turíbulo.
O povo japonês é muito amante de festas; além das nacionais, todos os meses, festeja uma flor, entre estas a ixia, no dia 5 de maio, e o crisântemo, em 9 de setembro. Pode-se dizer que todas as coisas que servem para inspirar um poema são celebrados, pelos japoneses, com uma pompa inimitável e inimaginável para nós. Em 7 de julho, por exemplo, festejam as estrelas, no dia 15, as lanternas, em 6 de junho, os fantoches e, afinal, em 3 de março, as bonecas. Esta última é uma das cerimônias mais geniais. Cada menina tira de seus guardados as bonecas e as alinha à porta de sua casa, "para tomarem ar", depois lhes serve o chá e exibe diante delas uma inteira série de reverências e movimentos dignos dos mais altos personagens imperiais. E são inúmeras as bonecas que cada menina possui, pois, de acordo com a tradição, as mães as transmitem às filhas, desde tempos remotos.
Tal é o aspecto do povo japonês; trabalhador incansável, escrupuloso e atento, súdito fiel à tradição de seus antepassados, cônscio de que a grandeza de sua pátria repousa nas sólidas bases da disciplina, da ordem e da crença religiosa.
Na sociedade japonesa, rigidamente hierarquizada, as pessoas não eram designadas por seu primeiro nome, mas pela posição que ocupavam na família ou grupo social a que pertenciam.
As mulheres desempenhavam um papel secundário nesse Estado militar. O homem tinha o direito de desposar uma segunda mulher, caso a primeira não lhe proporcionasse "herdeiros masculinos". Elas eram responsáveis por determinada práticas rituais, como a cerimônia do chá e a arte de arranjos florais (ikebana) e vestiam-se com distinção, superpondo vários vestidos de seda multicoloridas, substituídos pelo kimono, no século XVII.
As gueixas, "pessoas que praticavam a arte", tinham por função divertir as reuniões dos guerreiros nas casas de chá. Para tanto, elas recebiam uma educação esmerada de canto, música,poesia e eram educadas na arte de bem servir.
Já o teatro era uma área de atuação exclusivamente masculina. O zen-budismo influenciou a criação do teatro nô, no século XV. Caracterizado pela economia de gestos, uma linguagem poética simbólica e um cenário apenas sugerido, o nô era apreciado pelas elites.
De apelo popular eram o teatro de marionetes, originário da Ásia Central, e o Kabuká, uma sátira da realidade japonesa nos grandes centros urbanos, como Tóqui e Osaka, onde surgiu no século XVII.
Também a arquitetura das casas japonesas expressava os valores desta cultura. Feitas de madeira, palha e papel-arroz, com suas divisórias móveis e seu mobiliário baixo, as residências eram de resistir aos constantes tremores de terra que assolavam o arquipélago.
Hoje os hábitos mudaram. O teatro continua apresentando peças como antigamente; uma forma saudável de reviver o passado que nunca mais voltará.
As mulheres se vestem na maneira das ocidentais, embora muitas ainda resistam às mudanças e, em casa mantém os hábitos tradicionais.
As belas casas, nos centros econômicos, foram substituídas por prédios, onde os apartamentos são músculos, chegando a medidas inacreditáveis de 2 por 3 ms²; verdadeiros cubículos. Isto ocorre devido á necessidade de morar em centros superdesenvolvidos, perto do trabalho. As pessoas se submetem a este sacrifício e usam seus pequeninos apartamentos apenas para ter um lugar próprio para dormir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário