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domingo, 31 de janeiro de 2021

AMÉRICA LATINA A PARTIR DE 1930 --

 


             A Grande Depressão de 1929 representou  um duro golpe para a América Latina, cortando o fluxo de capital estrangeiro e baixando os preços dos produtos primários no mercado mundial. Como consequência, muitos países foram levados a implantar  programas de industrialização destinados a substituir importações. Isso provocou situações difíceis em países sem força política para se proteger. A tradicional economia de  exportação primária foi modificada, embora não totalmente,  tanto pela Grande Depressão   como pela Segunda Guerra Mundial. Trabalhadores urbanos perderam confiança em partidos radicais e liberais da classe média, que até então representavam seus interesses, e voltaram-se para líderes populistas - como Getúlio Vargas, no Brasil, e Juan Perón, na Argentina - que acenaram com soluções mágicas imediatas para a situação e aceleraram o processo de industrialização. Com apoio de organizações de trabalhadores, esses líderes cativaram as massas prometendo aumentos salariais, mais empregos e possibilidade de sindicalização (ainda que sob controle do Estado, como foi o caso do Brasil). Mas foram incapazes de opor-se aos interesses dos militares ou de facções da oposição. Em 1954, com o enfraquecimento de sua base de apoio, Getúlio Vargas acabou se suicidando. No ano seguinte, na Argentina, Perón foi deposto pelos  militares. 
           A busca do desenvolvimento econômico e da independência obteve sucesso parcial em alguns países onde foi promovida a substituição de importações. Contudo, a região continuou a depender dos países desenvolvidos para exportação de bens de produção, além da dependência em tecnologia e capitais.
         A perspectiva de reformas começava a minguar até o México, país da revolução. Foi na década de 30 que Lázaro Cárdenas incrementou a distribuição de terras para camponeses e nacionalizou a indústria petrolífera. Nos anos 40, a ênfase dada à industrialização, ao investimento estrangeiro e ao estreitamento dos laços com os EUA enfraqueceu as reformas da década anterior. 
           Em alguns países como Uruguai, México, Brasil e Argentina, as mudanças produziram resultados visíveis. Mas dois fatores limitaram a expansão industrial. Em primeiro lugar, o aumento da população superou o desenvolvimento econômico. Em segundo lugar, com a industrialização durante a Segunda Guerra, grandes lucros foram acumulados, mas pouco sobrou para os trabalhadores, ampliando o abismo entre ricos e pobres. 
          Se a industrialização não resolvia os males econômicos e sociais, o marxismo e o exemplo da URSS forneciam inspiração ideológica alternativa. Os partidos comunistas já existiam na América Latina desde os anos 20, mas tiveram pouca influência até o presidente Árbenz da Guatemala, simpatizante do marxismo, empreender um programa de reforma agrária  em  1951, mas seu projeto teve curta duração. Árbenz foi deposto em 1954 por conservadores apoiados pelos EUA.  A revolução guatemalteca evidenciou  o dilema dos anos 50, de instituir  um estado do bem-estar social sem recursos para sua manutenção. E questionou até que pontos os investimentos em bem-estar social impedem o crescimento econômico em vez de promovê-lo. O problema foi sentido após a revolução nacionalista boliviana, em 1952, quando as minas de estanho foram nacionalizadas e a reforma agrária promovida. Mas a inflação e a queda de produtividade corroeram os ganhos. 
           Em 1959, a revolução cubana buscou conquistar mudanças sociais e crescimento econômico. Durante todo o governo comunista de Fidel Castro, a posse da terras tornou-se coletiva, as empresas foram nacionalizadas, o ensino tornou-se exclusivamente público e a saúde foi disponibilizada para todos. Mas o custo dessas vantagens  foi a perda de liberdade política e a existência de rígido controle centralizador. Apesar dos esforços de Cuba em se industrializar, o açúcar continuou o principal artigo de exportação e cresceu a dependência  de países comunistas. Cuba está falida até hoje.
           Mesmo com o empobrecimento maciço, a revolução cubana tornou-se modelo para movimentos urbanos e rurais na América Latina, no Uruguai, Argentina, Brasil e Bolívia. Na Bolívia, o movimento de guerrilha  rural de Che Guevara representou séria ameaça às forças de segurança  até sua morte em 1967. A guerrilha urbana apresentava um enfoque revolucionário alternativo, mas sua base política era muito limitada para atingir seus objetivos. Ao mesmo tempo, partidos de centro-esquerda tentavam provar  que reforma e liberdade não precisavam ser incompatíveis. Na Venezuela e no Chile, a pressão popular por reformas tornou-se irresistível. Em 1970, a eleição de Salvador Allende, no Chile, significou o retorno de um governo marxista, mostrando que a mudança social podia ser obtida por meios constitucionais. Mas a pressão de latifundiários, da comunidade de negócios e dos EUA resultou num golpe de Estado em 1973 e no regime militar de Pinochet, que durou até 1989. 
            As consequências políticas trazidas pela Grande Depressão foram diferentes em cada país, mas ficou evidente uma tendência para o nacionalismo e para ditaduras de direita ou populistas. Os conflitos ideológicos mundiais, após 1945, refletiam-se nas revoluções da Guatemala, Bolívia e Cuba. A revolução cubana teve seguidores.  Mas nenhum deles foi bem-sucedido. 
          Enquanto isso, a economia dos vinte países latino-americanos passou por mudanças estruturais. Os investimentos na indústria e no comércio se expandiram e as exportações de produtos agrícolas e de mineração perderam terreno. Com isso, outras classes políticas e sociais tomaram o lugar das oligarquias; houve explosão demográfica urbana e a nova concentração de riqueza aumentou as pensões sociais. A dependência da importação de bens de capital, matérias-primas, tecnologia e capitais estrangeiros produziu endividamentos externos que as exportações tradicionais ou de manufaturados não puderam cobrir. Nos anos 70, em diversos países, governos militares combinaram conservadorismo político e social com liberalismo econômico. Regimes mais liberais, como México e Venezuela, governaram com prosperidade econômica graças à elevação dos preços do petróleo em 1973. A queda na demanda de petróleo e gastos excessivos do governo, porém, lançaram uma sombra  sobre seu desenvolvimento. Venezuela, totalmente dependente do petróleo, tentou um regime comunista, mas está totalmente falida. 
             Outros regimes viram suas economias de livre mercado desafiadas pela recessão mundial, após 1973. Dois governos militares (Argentina  e Brasil) reagiram á recessão econômica e à oposição política adotando medidas especiais até os anos 80. Em 1983, fracassou a tentativa da Argentina de ocupar as  ilhas Falklands (Maldivas), em poder da Grã-Bretanha; a pretensão de arregimentar  apoio para uma causa nacional acabou levando à queda do regime militar. 
          Na América central, movimentos de esquerda levaram à derrubada do regime de  Somoza pelos sandinistas, em 1979 na Nicarágua, e a guerra civil em El Salvador, entre o governo apoiado pelos EUA e os guerrilheiros da Frente Farabundo Marti de libertação Nacional (FMLN). Na Nicarágua, os EUA apoiaram os "contras", que buscavam depor o governo sandinista. Em 1989, após acordo, a candidata da oposição, Violeta Chamorro, foi  eleita presidente. 
          Na década de 80, três problemas predominaram na América Latina: a crise das dívidas externas continuou fora de controle; inflação, desemprego e crescimento demográfico ameaçaram com crises os governos  democráticos do Brasil, Argentina, Chile e Peru; e, por fim, a aparentemente insaciável demanda dos EUA e da Europa por narcóticos fez surgir uma economia paralela, que aumentou a tensão entre as áreas de produção e tráfico de drogas: Colômbia, Bolívia, Peru, Panamá e EUA. Em 1989, tropas dos EUA invadiram o Panamá e afastaram o chefe de Estado, Manuel Noriega, para que respondesse num tribunal dos EUA às acusações  de ligação com o tráfico de drogas.              
            O crescimento  demográfico tem sido tão rápido que nem a modernização da agricultura nem a expansão industrial foram capazes de absorvê-lo. A reforma agrária não conseguiu transformar as condições vigentes no campo nem deter a migração das populações rurais para as cidades. 
            Ainda assim, em meados dos anos 90, prevaleceu na América Latina os governos democráticos. No Brasil, o presidente Collor enfrentou um processo de "impeachment" por corrupção. No Peru, o Sendero Luminoso, de extremas esquerda, iniciou uma selvagem guerra civil. O presidente Fujimori suspendeu a Constituição em 1992. O governo do México, após privatizar indústrias-chave, assinou, em 1992, o Acordo de Livre  Comércio  Norte Americano (Nafta), com Canadá e EUA, criando o maior bloco comercial integrado do mundo. Seus efeitos sobre as economias dos três signatários, no entanto, permaneceram incertos. 

Nicéas Romeo Zanchett 
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5 comentários:

  1. Iberoamérica, una Guyana es excepción y no amerita otro nombre, miremos a América del Norte, un país anglo entre uno mixto como Canadá con francés e inglés y México de habla hispana,nadie dice que debeían ser latinoamérica por maayoría, sería absurdo.

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  2. Histo é apenas história. A America Latina está "anos luz" de atraso no tempo. Aqui é o paraíso de políticos ladroes.

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    1. É a esquerda que não deixa a América Latina progredir.

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    2. Com toda a certeza. Nossa democracia foi feita para facilitar o roubo sem punição.

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