Tranquilizado por seu pacto de "não agressão com a Rússia e sem chance de vitória militar ou solução política para sua guerra na China, o Japão voltou-se para os impérios coloniais europeus no sudeste da Ásia. Ali os japoneses esperavam encontrar matérias-primas e mercados para obter sua independência econômica dos EUA, cada vez menos amistosas. A antipatia e a crença na inevitabilidade do conflito perturbavam as relações Japão EUA. Após a deflagração da guerra na Europa e o colapso de muitas democracias, os EUA, cujos interesses no Extremo Oriente pareciam ameaçados pelo engrandecimento do Japão, se posicionaram na vanguarda da oposição à hegemonia japonesa na Ásia Oriental.
Em junho de 1941, o Japão aproveitou-se da invasão da URSS pela Alemanha, sua aliada do Eixo, para ocupar a Indochina, provocando o bloqueio econômico dos EUA. O Japão atacando a frota americana do Pacífico, em Pearl Harbor, em 7 de dezembro. Após dez anos consolidando suas Forças Armadas e quatro anos de guerra na Ásia, os japoneses optaram pela guerra na tentativa de prevenir a preparação militar dos EUA e ganhar tempo para obter recursos do sudeste da Ásia.
Ao desafiar os EUA, o Japão queria lutar contra a maior potência industrializada do mundo até chegar a um impasse, que permitisse uma paz negociada e o reconhecimento de sua primazia na Ásia Oriental. Os perigos implícitos e os estritos limites em que o Japão teria de conduzir tal guerra eram pouco compreendidos pelo Alto Comando japonês. Seis mesaes após o início da guerra no Pacífico, o Japão havia invadido possessões norte-americanas, britânicas e holandesas no sudeste da Ásia: Hong Kong rendeu-se no Natal de 41; Cingapura, em 15 de fevereiro; as Índias Orientais Holandesas, em março; e a última base americana nas Filipinas, Corregidor, em 7 de maio.
Para eliminar a presença ocidental no oeste do Pacífico e sudeste da Ásia, os japoneses levaram a guerra à fronteira da Índia (até mesmo a Madagascar), à costa da Austrália e ao sudoeste do Pacífico. Mas mesmo no auge de seu avanço, falharam ao tentar impor aos EUA uma derrota naval capaz de debilitar a capacidade militar e o moral norte-americano. Ao contrário, uma derrota no mar de Coral, em maio de 42, foi seguida pela destruição de porta-aviões da Marinha imperial perto das ilhas Midway. Com estratégia defensiva, a Marinha Imperial sofreu duras perdas na campanha de Guadalcanal, a primeira contra-ofensiva dos EUA ( de agosto de 42 a fevereiro de 43).
Nos primeiros seis meses da guerra na Ásia e no Pacífico, o Japão, por ter a iniciativa, uma cuidadosa preparação e a superioridade aeronaval na região, impôs derrotas humilhantes às potências ocidentais, Filipinas, Índias Orientais, Birmânia, Hong Kong, Malásia e Cingapura foram invadidas por forças japonesas à custos mínimos e frequentemente com muita facilidade. Mas nessa grande expansão no Pacífico, a vitória de que o Japão precisava para neutralizar o poder norte-americano não aconteceu. Seu intuito não era conquistar os EUA, mas destruir o moral norte-americano e sua capacidade de disputar as conquistas japonesas no sudeste da Ásia. O ataque a Pearl Harbor incapacitou temporariamente a frota norte-americana no Pacífico. Mas a segurança da indústria norte-americana contra a destruição assegurou aos Estados Unidos a possibilidade de recobrar suas forças e lutar no Pacífico aguerra de desgaste que os japoneses estavam certos de ganhar.
Sem condições de concluir a guerra que iniciara, o Japão perdeu sua mobilidade estratégica. Foi obrigado a lutar defensivamente em fronts separados e contra múltiplos inimigos, o principal deles os EUA, que prosseguiram com quatro investidas, além do apoio que ofereceram aos britânicos na Índia e aos chineses. Desde o início da gurra no Pacífico, em especial no final de 43, os EUA conduziram uma campanha (principalmente submarina) bem-sucedida contra a frota japonesa. Perto do final da guerra, o Japão enfrentou a fome e o colapso industrial pela escassez de carregamentos e importações necessárias para sustentar a população e os esforços bélicos.
Do final de 43 em diante, os EUA empregaram a eficiente estratégia de atacar ilha após ilha, usando forças anfíbias que desativaram os principais centros de resistência japoneses. Os avanços norte-americanos no Pacífico basearam-se na ofensiva irresistível de porta-aviões, levando a guerra às ilhas japonesas. Os porta-aviões permitiram à Marinha dos EUA vencer as batalhas do mar das Filipinas e do golfo de Leyte, em 44, para lutar depois pela supremacia aérea no Pacífico Ocidental e nas ilhas japonesas, impondo ao Japão duro bloqueio nas últimas semanas da guerra. Foram os porta-aviões que asseguraram a captura por forças anfíbias das ilhas Marianas - base próxima o bastante para permitir a ofensiva aérea que destruiu áreas urbanas japonesas nos últimos seis meses de guerra. Em maio de 1945, os avanços norte-americanos no Pacífico quase afastaram os japoneses do sudeste da Ásia, privando-os dos recursos pelos quais haviam entrado na guerra. A própria região vizinha do Japão estava em processo de desintegração com a reconquista da Birmânia pelos britânicos e a ofensiva dos aliados nas Índias Orientais.
Em 1943, no Cairo, os aliados anunciaram que lutariam até a rendição incondicional do Japão, despojando-o dos territórios que conquistara após 1895. Embora o Japão não mostrasse sinais de rendição, os planejadores do pós-guerra, no Departamento de Estado nos EUA, acreditavam que o Japão desistiria da luta se soubesse o que os aliados queriam dizer com "rendição incondicional" e prepararam uma declaração definindo-a em termos específicos. Ao mesmo tempo, o trabalho secreto em uma arma nuclear, que Churchill e Roosevelt haviam acertado em 42, estava quase concluído. Em julho de 45, uma comissão recomendou ao presidente Truman o uso da bomba contra o Japão. O Secretário da Guerra norte-americano, Henry Stimson, argumentou que antes se deveria dar ao Japão uma chance de render-se. Mas em Postdam, naquele mês, os líderes aliados aprovaram a Declaração de Postdam, pedindo ao Japão que se rendesse ou encarasse a destruição. Confirmaram as exigências territoriais já feitas, exigiram a ocupação do Japão pelos aliados, a eliminação de suas Forças Armadas e a instalação de um governo responsável e pacifista. Quando o Japão recusou essas condições, Truman ordenou que a primeira bomba atômica fosse lançada sobre Hiroshima, em 6 de agosto de 1945. O número total de mortos foi de cerca de 150 mil. Naquele momento, o mundo entrara nja era nuclear. Três dias depois, a segunda bomba foi lançada sobre Nagasaki e a Rússia entrou na guerra contra o Japão. Quando os ataques sobre Hiroshima e Nagasaki e a ofensiva soviética na Manchúria resultaram na sua rendição, em 15 de agosto de 45, e o Japão estava exausto e derrotado. No dia 2 de setembro de 45, a bordo do "USS Missouri", na baía de Tóqui, o general MacArthur, supremo comandante aliado, aceitou a rendição do Japão.
A derrota japonesa teve duas fases: na primeira, ocorreu uma luta difícil no sudoeste do Pacífico; na segunda, aconteceu o colapso repentino e dramático dos japoneses em seu domínio no oeste do Pacífico. O avanço dos aliados no sudeste do Pacífico, entre julho de 42 e novembro de 43, após a derrota japonesa perto de Midway (junho de 42), enfraqueceu o Japão. Além disso, os aliados desencadearam uma campanha submarina bem-sucedida contra os navios japoneses. Em novembro de 44, quando os bombardeiros norte-americanos, baseados nas ilhas Marianas, atacaram de surpresa as ilhas japonesas pela primeira vez, a frota mercante do Japão estava quase toda destruída. A ocupação das Filipinas pelos aliados (final de 44) e de Okinawa (abril de 45) cortou a comunicação do Japão com o sudeste da Ásia. Após dois bombardeios atômicos em agosto, os Japão se rendeu.
O fim das hostilidades não trouxe a paz e estabilidade no Extremo Ocidente. A derrota européia em 1941 e a ocupação japonesa estimularam sentimentos nacionalistas e comunistas, que iriam alterar o mapa do leste e do sudeste da Ásia nas três décadas seguintes. A tentativa de recriar impérios coloniais, após a derrota do Japão, deu margem a décadas de conflitos na região.
Nicéas Romeo Zanchett
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