Em 1939, sete potências europeias mantinham possessões coloniais:Grã-Bretanha, França, Holanda, Bélgica, Espanha e Portugal. As três primeira empenhavam-se para que seus territórios evoluísse para o antagonismo. Esse compromisso era reforçado, na caso da Grã-Bretanha e da França, pelos mandatos recebidos da Liga das Nações sobre os territórios que antes faziam parte dos impérios Otomano e Alemão. Somente a Grã-Bretanha concebia como objetivo a evolução do autogoverno para a independência, objetivo alcançado pelos membros da Commonwealth (Comunidade Britânica). A Índia foi considerada a que mais demorou a absorver o processo. Asd demais potências Agiram mais em termos de evolução para uma cidadania comum, encarando mas colônias como regiões ultramarias do território metropolitano. Mas esses enfoques enfrentaram tanto a resistência de minorias de colonizadores europeus, com consequente tensão inter-racial, como a discordância entre o ideal de evolução europeu e das culturas de origem islâmica, hindu, budista e confucionistas dos súditos das colônias.
A necessidade de criar elites nas colônias para cargos de níveis inferiores da administração favoreceu o crescimento de movimentos nacionalistas, alguns beneficiados por influências soviéticas, chinesa ou japonesa. A relutância dos parlamentos ou eleitorados metropolitanos em financiar as administrações europeias também encorajou as potências coloniais a confiar nas autoridades locais, onde elas fossem poderosas.
Os acontecimentos da Segunda Guerra tiveram efeitos revolucionários sobre os lentos processos de desenvolvimento nos principais impérios coloniais. Bélgica, França e Holanda foram invadidas pela Alemanha. Os governos da Bélgica e da Holanda refugiaram-se na Inglaterra: o da França aceitou a derrota e firmou um acordo tão estreito com Alemanha e Itália que, em parte dos territórios ultramarinos, surgiu um movimento anti-capitulação, e dos Franceses Livres, enquanto Grã-Bretanha e EUA assumiram a direção dos territórios do governo de Vichy no Oriente Médio e norte da África. As colônias africanas da Itália passaram a ser ocupadas pelos ingleses. No sudeste da Ásia, o Japão, aliado da Alemanha, expulsou as potências coloniais da Malásia, Índias Orientais Holandesas e Birmânia, instalando governos baseados em movimentos nacionalistas locais (Em 1942 na Birmânia e em 45 nas Índias Orientais Holandesas e na indochina). Após a rendição do Japão, esses governos ganharam apoio popular e puderam forçar a potência colonial a reconhecer sua independência.
Na Índeia, a guerra fez malograr a breve experiência de autogoverno parcial, iniciando em 1937. Em 1942, Gandhi e a liderança do Partido do Congresso foram presos e o levante de massas do movimento "Deixem a Índia" foi reprimido. O líder radical Subhas Chandra Bose fugiu e organizou um Exército Nacional Indiano, com apoio japonês. No fim da guerra, o governo trabalhista, recém-eleito em Londres, decidiu facilitar o autogoverno da Índia. Mas os britânicos estavam fracos para impor um acordo político de sua escolha; nem eles nem o Partido do Congresso podiam impedir a exigência muçulmana de partilha do subcontinente e, em 47, o poder foi transferido a dois Estados: Índia e Paquistão.
Na França, a quarta República substituiu o antigo império por uma nova "Union Française", que reunia a França metropolitana e seus "departamentos" e territórios ultramarinos, além de um grupo de Estados associados, incluindo Laos e Camboja, e a República do Vietnã, de inspiração francesa. Mas no Vietnã a administração francófila enfrentou a oposição da República Democrática do Vietnã, empenhada na independência. Após a derrota de Dien Bien Phu, os franceses foram forçados, em 1954, a retirar-se. Na África, a Grã-Bretanha deu um passo decisivo em 57, ao conceder a independência a Gana.
A tentativa de resolver os problemas das minorias de colonizadores brancos na África Central, com a criação de uma Federação Centro-Africana, fracassou em 1963. A Rodésia, com autogoverno branco desde 1923, declarou a independência em 1965, sem consentimento britânico. A frança, após o colapso da Quarta República em 1958, substituiu a "Union Française" pela "Communauté Française ". Mas isso era inaceitável para a Guiné, que optou pela independência ; outros 13 países seguiram seu exemplo em 1960, ficando a Argélia como única colônia francesa na África. A fadiga de guerra e fragilidade econômica pós-guerra impediram os franceses, britânicos e holandeses de restaurar os impérios que os japoneses haviam desmantelados. A Grã-bretanha e a França continuaram a explorar novas matérias-primas e de baixo custo em seus impérios. Mas com o crescimento da oposição nacionalista e após o fracasso da Guerra de Suez, em 1996, a Grã-Bretanha estendeu a descolonização aos territórios africanos. Entretanto, a Comunidade Britânica (Commonwealth) sobreviveu como ampla associação não política. Bélgica, Espanha e Portugal foram os últimos países a deixar seus impérios coloniais. A conquista da independência foi precedida por guerras civis e, frequentemente, seguida por conflitos de fronteira.
Territorialmente, os grandes impérios ainda estavam intactos em 1939. Mas enquanto a política britânica encarava a evolução de seu império no sentido de uma comunidade (Commonwealth) de nações, a França e outros países colonialistas pretendiam a assimilação das lideranças locais à cultura metropolitana. As agitações iniciais do nacionalismo pan-árabe e asiático foram estimuladas pelo Japão, pela China Kuomintang, pelo Comintem (Internacional Comunista) ou pela propaganda da Itália e Alemanha nazista.
Nos territórios franceses do Oriente Médio e norte da África, a ocupação britânica e norte-americana ajudou a revitalizar os movimentos de independência. As duas principais colônias da Itália (Líbia e Somália, colocadas em 1945 sob mandato das Nações Unidas, tornaram-se independentes em 1951 e 1960, respectivamente; a Eritréia foi absolvida pela Etiópia. A Grã-Bretanha quis manter seus elos com o mundo árabe, após o fim do sistema de mandatos, estimulando a formação da Liga Árabe e do Pacto de Bagdá, aliança militar que ligava EUA, Grã-Bretanha, Paquistão e vários Estados do Oriente Médio pró-ocidentais.
Mas a criação do Estado de Israel, em 1948, a tomada do poder por Nasser no Egito, depois de 1952, e o desastroso resultado da invasão anglo-franco-israelense do Egito, em 1956, diminuíram a influência e credibilidade britânicas e francesas na região. Em 1960 e 1967, graves conflitos em Chipre e em Aden levaram ao afastamento da Grã-Bretanha. A partir de 1968, a presença britânica a leste de Suez foi abandonada. Em 1971, muitos dos pequenos governos de xeques do Golfo Pérsico formaram os "Emirados Árabe Unidos". A França, por sua vez, não pôde sustentar longos conflitos em mais de um de seus territórios norte-africanos; em 1956, Marrocos e Tunísia tornaram-se independentes, enquanto a Argélia viveu oito anos de guerra até a retirada francesa em 1962.
Devido à rapidez da mudança política em muitos territórios e à existência de divisões étnicas ou religiosas, não surpreende que a retirada colonial tenha sido em geral acompanhada de violência e instalação de regimes repressores. Em outros casos, as fronteiras ignoraram unidades étnicas out ribais, provocando conflitos. Em meados da década de 60, só Portugal mantinha colônias de importância na África. No entanto, longas guerrilhas e a queda da ditadura em Lisboa permitiram, em 1975, a independência, mas não a paz, em Angola e Moçambique. A Espanha continuou a ocupar pequenos encraves no Marrocos, mas em 1976 entregou o Saara Espanhol àquele país e à Mauritânia (esta desistiu depois de sua exigência). Após 213 anos de guerrilhas, terminou em 1980 o governo de minoria branca na Rodésia, que passou a chamar-se Zimbábue. A Namíbia tornou-se independente em 1990. A África do Sul, única sobrevivente do domínio branco no continente africano, elegeu um presidente negra em 1994.
Nicéas Romeo Zanchett
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