Total de visualizações de página

sábado, 30 de janeiro de 2021

A GUERRA FRIA - DE 1949 A 1990 --



           O "termo" Guerra Fria  foi cunhado em abril de 1974 por Bernard Baruch, estadista norte-americano, para definir a crescente tensão entre EUA e URSS, cujos antecedentes eram anteriores ao final da Segunda Guerra Mundial.          
       A divisão do mundo  em dois campos armados, deu origem à era da bipolaridade  e consequentemente a Guerra Fria.  A URSS temia que os EUA tentassem restaurar o sistema  político-econômico liberal na Europa Oriental, enquanto os norte-americanos receavam que os soviéticos dominassem a Europa Ocidental. Os dois buscavam defender-se através da formação de alianças. Os EUA procuravam conter a URSS criando bases militares (especialmente para seus bombardeiros nucleares) em torno do perímetro soviético. Mas o desenvolvimento  de sistemas de lançamento e orientação de ogivas nucleares tomou tal política obsoleta. A rigidez dos blocos monolíticos começou com intensidade, especialmente após 1958, quando a rança, no governo do general De Gaulle, recusou-se a aceitar a liderança política norte-americana, e em 1960, quando o conflito sino-soviético veio à tona. 

           O primeiro conflito entre Estados Unidos  e Rússia ocorreu no final do século XIX, envolvendo as políticas dos dois países em relação à China. Após a revolução russa de 1917, incorporou-se a rivalidade geopolítica  o fator ideológico. Além de inimigo imperialista na Ásia Oriental, o novo Estado soviético, comunista, era ameaça ao sistema capitalista mundial que os norte-americanos passavam a liderar. 
          Dois fatores evitaram o agravamento do conflito no período entre as duas guerras mundiais. De um lado, EUA e URSS estavam envolvidos com problemas internos. De outro, os dois países enfrentavam ameaças  externas iminentes: a Alemanha nazista e o Japão imperial. Durante a Segunda Guerra, EUA e URSS se alinharam contra esses dois inimigos comuns, mesmo os soviéticos tendo declarado guerra ao Japão somente no último mês do conflito.   
        Com esse passado hostil, o termino da aliança entre os dois países após 1945 não surpreendeu. As demais potências mundiais estavam tão debilitadas pela guerra que EUA e URSS viram-se elevados à condição de superpotências (outra expressão inventada nos EUA, pelo escritor William Fox, em 1943), com interesses sempre conflitantes.
            Entre 1946, quando as forças britânicas e soviéticas se retiraram do Irã, em 1955, o Oriente Médio foi pouco afetado pela Guerra Fria entre as superpotências.  Após o Pacto de Bagdá, em 1955 - que a União Soviética considerou uma ameaça às suas fronteiras meridionais - e a guerra de Suez, em 1956, a situação mudou. Quando os Estados Unidos intervieram no Líbano, em 1958, a URSS retaliou oferecendo apoio à Síria. Moscou também ajudou os Estados árabes contra Israel durante a guerra árabe-israelense, em 1967, e concentrou forças navais no leste do mar Mediterrâneo na tentativa de contrabalançar o poderio da Sexta frota norte-americana. Embora a instabilidade da política praticada pelos países árabes tenha impedido a formação de alianças duradouras, a Guerra Fria dividiu o Oriente Médio em grupos pró-Ocidente, pró-soviéticos e neutros, esses últimos buscando não se envolver em alianças com uma das duas superpotências. 
           O conflito ganhou força porque cada um  dos lados acreditava que o outro fosse totalmente hostil. Diferenciou-se de conflitos internacionais anteriores por caráter global e representar, com o advento das armas nucleares, a possibilidade real do fim da maioria das formas de vida na Terra. O caráter global da Guerra fria revelou-se com a disputa pela influência na China, Oriente Médio e Europa e, mais tarde, no restante  da Ásia, América Latina e África. Na Europa, a situação logo estabilizou-se, mas em outras regiões mostrou-se mais instável. Muitos países-independentes  do Terceiro Mundo, liderados pela Índia, procuraram não se comprometer e adotaram  uma política de neutralidade. A URSS parecia ter obtido enorme vantagem com a vitória comunista na guerra civil chinesa, em 1949. Mas por volta de 1963, russos e chineses  divergiam sobre  território e ideologia. A China, potência nuclear desde 1964, já não estava entre os aliados da URSS. As alianças lideradas pelos EUA no sudeste da Ásia (Seato) e no Oriente Médio (Centro), estabelecidas em 1954 e 1959, respectivamente, foram desfeitas na década de 70 pela saída de vários países participantes. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobreviveu ao fim da Guerra fria em 1990.   
               Em janeiro de 1961, dois anos após a revolução cubana, Washington rompeu relações diplomáticas com o governo de Fidel  Castro. Três meses depois, falhou a invasão de Cuba por exilados cubanos  da Flórida, patrocinada pela Agência Central de Inteligência (CIA). Após uma missão aérea norte-americana de reconhecimento ter descoberto mísseis e bases de mísseis russos perto de San Cristóbal, em 14 de outubro  de 1962, o presidente Kennedy bloqueou Cuba, ao mesmo tempo em que advertia o dirigente soviético Kruschov de que os EUA imediatamente retaliariam se os mísseis tossem disparados. Em 26 de outubro, Kruschov concordou em retirar os mísseis de Cuba. Mas a ameaça de um holocausto nuclear foi um momento decisivo na Guerra Fria. A partir de então, EUA e URSS evitaram a confrontação direta e os riscos que ela implicaria. 
          A fraqueza inicial soviética foi substituída pelo "equilíbrio do terror" nuclear, que contribuiu para evitar que as duas superpotências se enfrentassem de fato. O maior perigo  de conflito aberto ocorreu em outubro de 1962, quando URSS tentou instalar mísseis  nucleares de médio alcance em Cuba. Os EUA responderam com um bloqueio naval  da ilha, levando a URSS a concordar com a retirada dos mísseis em troca da promessa norte-americana de remover da Turquia alguns mísseis da OTAN. Os dois países, porém exploraram ou se envolveram em conflitos localizados, cada um armando, equipando e treinando a parte aliada. Em três ocasiões importantes lutaram contra os que consideravam representantes do inimigo: Os EUA contra Chineses e norte-coreanos na Guerra da Coréia (1950/53); os EUA contra Vietnã do Norte na segunda Guerra da Indochina (1961/75); e URSS contra os rebeldes na guerra civil do Afeganistão (1979/889). Além disso, ambos interferiram para influenciar e, se necessário, subverter processos políticos em outros países por meio de suas mais importantes agências de informações, a CIA dos EUA e o KGB da URSS. 
            Com o objetivo de evitar a ameaça representada pelas táticas bélicas inimigas, convencionais ou nucleares, as superpotências precisaram de eficazes sistemas de informação, os clamados sistemas de inteligência, que podem ser divididos em uma série de categorias. O Humint (inteligência humana) engloba todas as informações colhidas por espiões; o Comint (inteligência aplicada às comunicações) envolve a interceptação de todos os tipos de comunicações; o Sigint (inteligência aplicada aos sinais) destina-se à interceptação de mensagens criptográficas; o Elint (inteligência eletrônica) destina-se à interceptação e análise de todos os tipos de emissão eletromagnética (radar, pontos de controle de mísseis etc); e o Imint (inteligência aplicada às imagens), que tem por objetivo fotografar as atividades do inimigo. Essas fotografias podem mostrar, por exemplo,  a construção de um porta-aviões nuclear em qualquer parte do mundo. A foto tirada por um satélite espião norte-americano do porta-aviões nuclear em Nicolaiev, Ucrânia, sendo construído secretamente,  mostra bem a atividade desenvolvida pela URSS. 
          A decisão dos EUA de lançar duas bombas atômicas sobre o Japão, em agosto de 1945, inaugurou nova era na história bélica. Por quatro anos, os EUA mantiveram o monopólio das armas nucleares. A URSS testou sua primeira bomba nuclear em agosto de 1949. O primeiro teste norte-americano da bomba de hidrogênio, ou termonuclear (770 vezes mais potente do que a de Hiroshima), aconteceu em novembro de 1952. Os soviéticos explodiram a primeira  bomba termonuclear em agosto de 1953. 
          Inicialmente, tais armas só podiam ser lançadas de aeronaves, o que dava vantagem  aos EUA, por disporem de acesso a bases próximas à URSS. Mas depois os dois países desenvolveram mísseis balísticos para carregar ogivas nucleares. Os mísseis balísticos de alcance internacional (ICBMs) e os mísseis balísticos lançados de submarinos (SLBMs) - ambos disponíveis no início da década de 60 - permitiram à URSS equiparar-se aos EUA. Em meados da década de 80, o arsenal nuclear das duas superpotências foi "enriquecido" com o desenvolvimento das ogivas multidirecionais, equivalente a cerca de 9 bilhões de toneladas de TNT - o potencial explosivo das bombas atômicas lançadas sobre o Japão  foi equivalente a 35 mil toneladas de TNT. 
           O desejo de se limitar o desenvolvimento de armas nucleares levou a um tratado parcial de proibição de testes, em 1963, e o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, em 1968.Mas nem todas as potências nucleares ou países candidatos a esse "clube" assinaram esses acordos (por exemplo, França, Chaina, Índia), enquanto outros países acabaram abandonando o compromisso assumido (por exemplo, o Iraque).
          Apesar das esperanças (falsas) surgidas  coma morte de Stálin, em 1953, dos acordos de limitação de armas estratégicas e dos acordos de Helsique, em 1972 e 1975, a Guerra Fria continuou. Seu fim foi, sem dúvida, precipitado pelas dificuldades econômicas e políticas enfrentadas pela URSS. Na visão de Mikhail Gorbatchov, líder soviético de 1985 a 1991, essas dificuldades só poderiam ser resolvidas com a redução do peso das despesas militares. Finalmente  em 90, após a queda dos regimes comunistas na Europa Oriental, tanto a OTAN quanto o Pacto de Varsóvia declararam não mais ser inimigos um em relação ao outro. Logo surgiram acordos para a redução dos arsenais bélicos - convencionais e nucleares. 
            A liderança soviética em mísseis de longo alcance  (ICBMs), evidenciada pelo Sputinik, em 1957, e a dependência norte-americana  do bombardeiro tripulado prejudicaram os EUA quando agitações políticas no exterior colocaram em risco suas bases. Mas os EUA logo desenvolveram  seus ICBMs. Na época do mais sério confronto da Guerra Fria a crise cubana, o equilíbrio nuclear era de 5 para 1 a favor dos Estados Unidos. 

Nicéas Romeo Zanchett 
.
PARA LER DESDE O INÍCIO
clique no link abaixo
           


Nenhum comentário:

Postar um comentário