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segunda-feira, 2 de novembro de 2020

O POVO ASTECA E O MEXICANO



               Com a conquista do México e do Peru pelos espanhóis, os dois principais berços da civilização aborígene americana caíram nas mãos dos espanhóis. No entanto, ao norte, civilizações americanas menos desenvolvidas sobreviveram vários séculos no sudoeste dos estados Unidos. Próximo a 1200 d.C., os povos hohokans de Arizona do Suil e Sonora do Norte moravam em aldeias agrícolas cujos campos possuíam sistemas de irrigação. Foram construídos canais  de até 16 quilômetros de comprimento nesta paisagem desértica,  e estes sistemas de irrigação alimentados por rios permitiam obter duas colheitas  anuais. As influências mexicanas eram evidentes. As escavações nos assentamentos de Snaketown e Publo Grande tem revelado canchas para jogo de bola e inclusive bolas de borracha elaboradas co latex importado do México, onde também se Obtinha sinos de cobre fabricados com o método de fundição chamado "cera perdida". 
             Em direção ao leste dos hohokans, no Novo México e Arizona Ocidental, desenvolvia-se outro grupo, os mogollons, com casas amuralhadas de pedra e habitações cerimoniais semi-subterrâneas ou kivas. Novamente os contatos com o México são evidentes. De fato, o povo de Casas Grandes, ao sul da área mogollon - com aproximadamente 2.200 habitantes -, pode ter sido0 fundado por mexicanos como um centro comercial e administrativo. 
            Os vestígios mais  extraordinários da civilização na América do Norte pertencem a um terceiro grupo, os anasazis, estabelecidos ao norte dos mogollons  e hohokans. Aop redor de 1.100 d.C., os anasazis abandonaram suas moradias no vale,construídas nos níveis baixos do solo, e se instalaram  em aldeias espetacularmente bem localizadas, em frente aos cânions que são característicos da região. Nestes lugares, os anasazis moravam em construções de vários andares protegidos por torres de observação. O mais famoso deste assentamentos, Pueblo Bonito, no desfiladeiro Chaco, alojava uma população aproximada de 1.200 pessoas em 800 habitações distribuídas dentro das muralhas exteriores em forma de D, de quatro andares de altura. O desfiladeiro era cruzado por mais de 400 quilômetros de caminhos.  Pode ter sido também um importante centro cerimonial e comercial. 
           A deterioração do clima trouxe a decadência e o abandono dos povos indígenas do sudoeste nos séculos XIV e XV, porém, suas ruínas sobrevivem até hoje como um dos monumentos pré-históricos mais surpreendentes da América do Norte. 
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              Lá pelo ano 1000, o povo asteca dá seus primeiros passos pelo território do atual México. Para chegar ao auge do seu esplendor, o império asteca levou 4 séculos. Dois anos apenas foram suficientes para que desaparecesse. Os astecas e os povos submetidos ao seu domínio não resistiram à invasão espanhola. A organização, a disciplina e a indiscutível crueldade do exército liderado por Fernão Cortez levaram-nos à destruição. Os invasores brancos dispunham de cavalos e armas de aço. Os astecas desconheciam a raça branca, temiam o cavalo e ignoravam as armas metálicas; em pouco tempo os espanhóis extinguiram a civilização asteca, uma das mais ricas da história da humanidade. 
           O desembarque de Cortez na costa mexicana deu-se em 1519. Em 1521, os espanhóis entraram na atual Cidade do México e executaram o último imperador asteca - Cuauhtémoc. Por vingança aos astecas que os dominavam, e na esperança de sobreviverem, os Tlaxcalas e alguns outros povos passaram a colaborar com os invasores vitoriosos. Somente o povo asteca, também denominado mexica, combateu ainda por algum tempo, numa desesperada resistência. Embora exterminado, foi perpetuado no nome do país. 
           A façanha de Cortez, eliminando uma nação inteira em prazo tão curto, resultou em sua nomeação para cargos de Governador, Capitão Geral e Juiz Mor da terra conquistada, que recebeu o nome de Nova Espanha, para simbolizar a prolongação da metrópole no além-mar. Dispondo, então, de poder ilimitado, Cortez fez várias doações de terras aos seus companheiros de expedição - as chamadas "encomiendas" - que lhes davam direitos também sobre os indígenas remanescentes dos massacres. Era, em suma, a instituição da escravidão dos povos vencidos. Em troca, os donatários comprometiam-se a converter, educar  e proteger os Índios. Na verdade, não conseguiam convertê-los, nunca pretenderam educá-los e jamais os protegeram. 
              Nos primeiros anos, a Espanha governou a colônia através de um tribunal de 5 membros: a "Audiência Real. Em 1533, a Nova Espanha foi transformada em vice-reinado. o qual durou até 1821. Nesse período governaram sucessivamente 61  vice-reis. Nomeados pessoalmente pelos reis da Espanha, a quem deviam obediência direta, eles exerciam autoridade absoluta e total.
            Na fase final do regime de vice-reinado, por volta de 1800, havia na Nova Espanha 870 mil "crioulos" (filhos de espanhóis, nascidos na colônia). A população indígena atingia então 3 milhões. O número de negros (importados como escravos a partir do século XVI e mestiços andava pela casa dos 2 milhões. Toda essa gente - perto de 6 milhões -vivia submetida a 15 mil "guachupines" (como eram chamados  os espanhóis "autênticos"), que disputavam de todo o poder político e administrativo. 
           Um ano após a tomada do México por Cortez, os franciscanos chegaram à colônia para catequizar os índios. Com o tempo, a Igreja católica monopolizou o ensino e a educação. Em 1535, instalou a primeira impressora das Américas e fundou, em 1553, a Universidade  do México. Quando o vice-reinado se tornou independente, em 1821, só 30 mil dos seus 6 milhões de habitantes sabiam ler e escrever
             Explorar o trabalho de índios e negros revelou-se um grande negócio para os "guachupines", que prosperaram a olhos vistos. Seu poderio econômico, somado á força militar de que dispunham, levou-os a se lançarem à expansão das fronteiras da colônia. Expedições de "adelantados" (que eram uma espécie de bandeirantes) subiram pela costa do Pacífico até onde é hoje o estado de Oregon, nos estados Unidos. Por outro lado, explorando a costa atlântica, "adelantados" incorporaram à colônia os territórios de Luisiana e Flórida, Anexaram ainda a área correspondente aos atuais estados americanos da Califórnia, Nevada, Arizona, Colorado, Texas e Novo México. 
         Durante muito tempo, o domínio dos "guachupines" foi aceito sem discussão e a situação política e econômica da Nova Espanha permaneceu inalterada. Mas o lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" lançado pela Revolução Francesa, começou a correr mundo. Um sopro de renovação surgiu por toda parte. 
          Quando, em 1807, Napoleão invadiu a Espanha, depôs o rei e passou a coroa ao seu irmão José, as coisas mudaram também na Nova Espanha. Os "guachupines", que já exerciam o poder, acharam que era a hora de ampliá-lo e desejaram libertar-se da metrópole. Os "crioulos", que não participavam da política, trataram de reivindicar igualdade. E o clero usou da fraternidade para melhorar a situação dos índios e mestiços. 
            Em 1810, o padre Miguel Hidalgo reuniu indígenas e mestiços num movimento revoltoso que mobilizou 80 mil homens. Mas os "guachupines"  agiram a tempo e Hidalgo foi executado. 
              Em 6 de novembro de  1813 outro sacerdote - José Maria Morelos - liderou uma nova revolta e reuniu um congresso que declarou a independência do México. Novamente os "guachupines" reagiram  e Morelos também foi executado. 
             A revolução prossegui, mas ganhou novo espírito. Cientes de que já dispunham de uma força respeitável, os índios e mestiços decidiram fazê-la por conta própria. Vários líderes se sucederam e, para derrotar um deles - Vicente Guerero -, o vice-rei enviou Augustin de Itúrbie, um oficial "crioulo". Dessa forma, "guachupines" e "crioulos"se aliavam contra a revolta dos mestiços e índios. Mas Itúbide entrou em acordo com os revoltosos e implantou uma monarquia independente, proclamando-se imperador em 1822. Seu império, entretanto, durou pouco. Os "guachupines", inconformados com a perda do poder, mobilizaram-se contra Itúbide,  que acabou sendo executado. 
          Instalado o regime presidencialista - que ali constituiu uma fórmula imaginada pelos "guachupines" para exercerem o poder através de terceiros e Guadalupe Victória foi eleito primeiro presidente mexicano em 1824. Vicente Guerrero foi o segundo. Menos maleável que Victória, entrou em guerra aberta contra os "guachupines", lutando contra a Espanha, que tentava recuperar a colônia perdida. Deposto por seu vice-presidente, Guerrero foi executado em 1831. 
           Os "crioulos" constituíam uma classe  média dedicada ao comércio e à indústria. Assim, não viam com bons olhos a escravidão, mas os escravos consomem pouco e não compram nada. 
          Quando os "crioulos" conseguiram abolir  a escravidão, em 1835, os fazendeiros escravista texanos revoltaram-se  contra o governo e pediram a anexação do Texas aos Estados Unidos. O Congresso americano hesitou em incorporar mais um Estado escravista à União, que já tinha pela frente o problema das dissensões entre índios e nortistas, das quais resultaria a Guerra de Secessão 25 anos depois. Então, o Texas lutou contra o exército mexicano e, vitorioso, proclamou a sua independência em 1836. A tensão que se criou  entre México e estados Unidos resultou  em guerra. Derrotado, o México perdeu 1.338.000 Km² de território. 
              O fracasso militar e a instabilidade  política que se seguiu motivaram repedidas revoltas. O patriota Benito Juarez chefiou uma delas. Sua vitória resultou na abolição dos privilégios militares e políticos, estabelecimento do casamento civil, supressão das ordens religiosas e nacionalização das suas propriedades. Quando Juarez, porém, suspendeu o pagamento da dívida externa do México, seus principais credores - Inglaterra, Espanha e França p trataram de intervir. Além das razões econômicas, interessava-lhes obter uma área de influência junto à fronteira americana. 
          Após sucessivas batalhas, o exército francês de napoleão II derrubou Juarez. Uma junta de monarquistas mexicanos - remanescentes dos antigos "guachupines" - restabeleceu o império e coroou Maximiliano de Absburgo, enviado por Napoleão III. No entanto, quando as tropas francesas se afastaram do <México, Juarez promoveu um levante que derrubou o imperador em 1867. Maximiliano foi executado. 
         Governos instáveis e muita intranquilidade facilitaram a Porfírio Dias o estabelecimento de uma ditadura em 1876. Num governo longo como o seu, que durou 34 anos, alguma coisa de proveitoso teria forçosamente que ser feita, e foi o que aconteceu. O México surgiu como nação no panorama internacional. Mas Dias expropriou as terras comunais,  as massas rurais foram reduzidas à miséria e os grandes latifundiários se tornaram ainda maiores. Os protestos populares sofreram uma repressão violenta e cruel. E a insatisfação cresceu até explodir numa rebelião chefiada  por Francisco Modero em 1910.  reivindicando uma distribuição mais justa das terras, o movimento teve o apoio de dois chefes revolucionários que se tornaram famosos: Pancho Villa e Emiliano Zapata. 
         A revolução de Madero saiu vitoriosa, mas seu líder durou pouco. Um golpe  do General Victoriano Huerta o derrubou, e Madero foi fuzilado. 
           Seu sucessor foi o próprio General  Huerta. Por pouco tempo, porém. Ao cair seu governo, também o executaram. 
          Venustiano Carranza, que assumiu o poder apoiado por Villa e Zapata, prometera diversas reformas, sobretudo no tocante à distribuição de terras. Uma vez no governo, entretanto, pouco realizou de concreto, além de promulgar a Constituição em 1917, e o Código Trabalhista, muito avançado para a época. Enfraquecido por crises, seu governo se esfacelou em 1920, e Carranza foi executado.  
          Coube a Obregón, que o sucedeu, realizar algumas das reformas prometidas por Carranza. Obregón adotou novos critérios para a distribuição das terras e disciplinou a exploração do petróleo, o que provocou muita tensão com os estados Unidos. Em seu governo, a população  rural e indígena passou a merecer atenção. Mas a oposição que se formou era forte e Obregón foi executado. 
     Em 1929, após tanto tumulto  e intranquilidade, formou-se um governo influenciado por Calles, que iniciou a reforma agrária e a aplicação das leis trabalhistas, em cumprimento às disposições da Constituição de 1917. Em 1934, Lázaro Cárdenas subiu ao poder e publicou um plano de 6 anos, que cumpriu e superou. Cárdenas expropriou e distribuiu as terras, nacionalizou as estradas de ferro, ampliou as bases do trabalhismo e reorganizou a estrutura econômica do país. A partir de governo Cárdenas, pacificado o país, iniciou-se a fase de progresso do México. 

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