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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

O IMPÉRIO ESPANHOL E SEU PODER NO MEDITERRÂNEO



                 Após a conquista espanhola do Novo Mundo, a coroas iniciou desde o Velho Continente seu avanço ao longo da costa norte do Mediterrâneo em direção ao Estreito de Otranto. Enquanto isso, os turcos avançavam ao longo da costa sul em direção ao Estreito de Gibraltar, região que os espanhóis já haviam controlado. Os reis católicos destruíram o último reino muçulmano na Espanha, o reino de Granada, em 1492, e implantaram guarnições espanholas no Marrocos e na Argélia. Em 1535, Carlos V capturou a cidade de Túnis e instalou um governante títere. Contudo, os recursos espanhóis foram desviados cada vez mais para a Itália e o norte e, enquanto isso, a força otomana avançou constantemente. Síria e Egito foram conquistados em 1517. Trípoli, Túnis e Argélia renderam-se gradualmente. E a Espanha começou a perder suas conquistas a leste de Oran. Em 1560, a expedição de Filipe II contra Djerba fracassou. Em 1565 os turcos sitiaram Malta, onde os Cavaleiros Hospitalários de São João se instalaram em 1522. Entretanto, Malta foi libertada; no ano 1571, a grande vitória espanhola-veneziana de Lepanto destruiu o poderio marítimo turco no Mediterrâneo Central; e em 1609, a expulsão dos mouriscos (que foram chamados de mouros) da Espanha eliminou uma potencial quinta coluna Turca. A partir disso, os turcos, que estavam comprometidos na Pérsia e no Danúbio, sentiram-se satisfeitos em reter o Mediterrâneo Oriental, deixando a área ocidental  como um lago espanhol. Para a Espanha, este controle era duplamente necessário, já que o poderio marítimo anglo-holandês no Atlântico tornou a rota tradicional desde a Espanha até os Países baixos demasiadamente perigosa. A rota mediterrânea desde Barcelona, por Gênova, em direção a Milão era agora a linha vital de comunicação do Império Espanhol na Europa; por ela eram enviadas tropas e ouro aos governadores espanhóis dos Países Baixos e aos Habsburgos da Áustria.        
             As vítimas desta luta interminável foram as repúblicas  mercantis italianas de Gênova e Veneza. Gênova perdeu a últimas de suas colônias orientais, Quios e Samos, para os turcos em 1566. Veneza perdeu suas últimas colônias em Moréia - Monemvasia e Nauplia - em 1540, Naxos em 1566 e Chipre em 1571. Gênova reteve sua colônia ocidental da Córsega, somente após uma prolongada rebelião em que os insurretos receberam ajuda dos turcos. Veneza manteve Creta até 1669 e recuperou temporariamente Moréia em 1685, mas foi reduzida na prática a uma cidade adriática. Enquanto isso, os interesses comerciais estavam atraindo outras forças em direção ao Mediterrâneo. A França mantinha uma aliança informal com os turcos desde 1525, e Marselha cresceu graças ao comércio com o Oriente; a companhia inglesa Levant Company estabeleceu-se em Constantinopla em 1581 e, a partir de 1590, as frotas holandesas trouxeram ao Mediterrâneo milho do Báltico, madeira da Noruega e artigos das colônias. 
             Independentemente destas mudanças político-econômicas, o mundo mediterrâneo foi também testemunha de profundas modificações no plano espiritual. A reforma religiosa empreendida  por Lutero alterou em seus fundamentos a sociedade européia, levando-a a guerras cruéis e a uma profunda mudança de mentalidade que marcaria o desenvolvimento futuro do mundo ocidental. 
            O grande domínio da Casa D'Áustria na  Europa tornou-se evidente no momento em que foi escolhido o novo monarca do Sacro Império Romano-Germânico depois da morte do imperador Maximiliano, em 1519.  


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