Total de visualizações de página

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

A EXPANSÃO DOS ESTADOS UNIDOS PARA O OESTE

 .




             O vasto território conhecido como o Oeste americano oferecia grandes oportunidades e perigos aos colonos que se aventuram ir para lá. Em seu caminho estavam índios liderados pelo chefe apache Jerônimo, líder dos levantes indígenas   entre os anos 1880 e 1886. As carroças utilizadas pelos colonos pioneiros iam em caravana e começaram a instalar-se nos territórios do Oeste em meados do Século XIX. A caça ao búfalo significava para os índios a principal fonte de alimentação e abrigo indispensável que eram feito utilizando os couros dos animais abatidos. 
              A emigração em direção às novas terras do Oeste, inciada nos últimos anos do século XVIII, desenvolveu-se basicamente  nos inícios do século seguinte, quando as condições de vida nas pequenas feitorias situadas ao longo da costa atlântica começavam a tornar-se precárias e o terreno montanhoso não permitia um cultivo intensivo de cereais. A corrente migratória moveu-se lenta, mas incessantemente. Os pioneiros abandonavam as fronteiras primitivas, constituídas pelas faixas próximas ao litoral, superavam os Montes Alleghanys e avançavam pelos territórios situados ao Oeste dessas montanhas cobertos de grandes  bosques e habitados por índios. Assim foi se formando uma vasta região "fronteiriça", cuja população - composta por colonos, comerciantes de peles, criadores de gado e exploradores - foi abrindo novas rotas e estabelecendo assentamentos ao longo de sua marcha para o Oeste. 
       Os colonos britânicos da América  mantiveram durante anos relações cordiais com a metrópole, que a partir de 1660 se entorpeceram devido ao absolutismo político-religioso da monarquia inglesa. Ainda que a guerra com a França tenha estimulado momentaneamente a união das colônias com a Inglaterra, as contínuas rivalidades de ordem política e econômica produziram a ruptura entre os americanos e os ingleses. Em 1776, o Congresso Continental, reunido em Filadélfia, determinou a imediata declaração de sua independência, materializando-se no dia 4 de julho desse mesmo ano. Os Estados Unidos, entretanto, alcançaram sua plena autonomia em 1783, quando foi assinado o Tratado de Versalhes. 
              Neste momento, a república norte-americana era pequena e débil, sua população apenas alcançava os 3 milhões de habitantes e a metade de seu território estava ocupado por vizinhos hostis. Sua economia colonial era ainda tributária da "pátria mãe" e a classe dirigente estava perigosamente desorganizada. Entretanto, em menos de 100 anos, o jovem país transformou-se em uma grande potência. Próximo ao ano de 1890, a população havia aumentado de tal forma que superava a de todos os países europeus, exceto a Rússia. Sua economia era a mais produtiva do mundo. O território alcançou proporções continentais e o governo republicano converteu-se em uma administração forte, centralizada e estável. 
              A expansão da República norte-americano sustentou-se na abundância de seus recursos naturais. Enquanto as grandes potências européias  perseguiam seus sonhos imperialistas na África e Ásia, os norte-americanos invadiram o vasto território do interior, através do Mississípi, construindo seu próprio império. Os indígenas foram cedendo seu território aos brancos, ficando reduzidos em número e submetidos ao rápido avanço dos norte-americanos. A cultura indígena da América do  Norte foi superada pelos britânicos, e em seu lugar surgiu uma democracia capitalista integrada. 
               Em 1783, os Estados Unidos possuíam uma superfície de aproximadamente 2 milhões de Km², dos quais grande parte eram adequados para a agricultura. Este enorme território viu-se logo incrementado com outras extensões inclusive  mais vastas e mais férteis. A aquisição da Louisiana, em 1803 (2 milhões de Km²), foi uma sorte imensa para o presidente |Thomas Jefferson. A Flórida foi conquistada durante o governo de James Madison e a Flórida Oriental 155 mil Km²) foi comprada, sob a ameaça da força,durante a gestão de James Monroe. 
           Entre os anos 1845 e 1853, uma segunda série de aquisições de áreas contíguas completou o território continental dos Estados Unidos. As prolongadas negociações sobre o território do Oregon (740 mil Km²) terminaram em um acordo em 1846. A República do Texas (1 milhão de Km²) foi anexada  em 1845 e a vasta cessão mexicana (1 milhão 380 mil Km², em 1848, foi fruto de uma guerra de dois anos contra o México. Finalmente, em 1853, para poder controlar uma promissora via férrea, conciliou-se com os mexicanos a chamada "Compra de Gadsden". Em comparação com as aquisições anteriores, esta foi relativamente pequena, somente 78 mil Km?, mais ou menos a superfície da Escócia. 
          Todas estas grandes extensões foram ocupadas  com a mesma rapidez com que foram adquiridas. Antes de 1776, os norte-americanos foram instalando-se lentamente no que chamavam de Back land, isto é, no interior. Depois de 1800, este território  converteu-se na "fronteira" em linguagem norte-americana, e a linha de colonização se estendeu  em direção ao Oeste num ritmo impressionante. Segundo a definição tradicional, entende-se por "fronteira" o limite de uma região com uma densidade  de ao menos dois habitantes por milha quadrada (0,8 hab. por Km²). Antes de 1783, esta linha encontrava-se a leste dos Montes Apalaches, salvo uama pequena colônia situada no distante e inóspito território de Kentucky. Trinta anos mais tarde, toda a parte central do continente estava ocupada. Por volta de 1820, a fronteira encontrava-se do outro lado do Rio Mississípi, e ao redor de 1840 chegaram ao meridiano 100. Depois de 1865, as planícies localizadas além deste meridiano foram submetidas com a ajuda das novas tecnologias: o arado de aço, a pistola de seis tiros e as cercas de arame farpado. Depois do censo de 1890, o diretor do mesmo observou que pela primeira vez na história da América do Norte não havia uma só linha fronteiriça no mapa. A fronteira, neste sentido da palavra, havia desaparecido. 
            A Constituição foi promulgada em setembro de 1787, e atualmente ainda rege os Estados Unidos. Nela, estimula-se que o Pode Executivo será exercido por um presidente, eleito por quatro anos e reelegível. Colaboram  com ele um vice-presidente e um Parlamento bicameral, composto por um Senado e pela Câmara dos Representantes. O texto desta Carta Magna foi assinado por 39 dos 42 delegados que participaram no Congresso de Filadélfia, encabeçado por George Washington. Quase imediatamente, ficou demonstrada sua importância, já que, graças a ela, os pobres viram salvaguardados seus direitos e, portanto, renovaram sua lealdade ao país; os ricos sentiram uma nova confiança no futuro, estando mais dispostos a investir nele (sobretudo porque durante muito tempo estiveram isentos de grandes impostos). Esta confiança pública permitiu aos estados Unidos dar um grande passo: a "Compra da Louisiana" em 1803. Nessa data, grande parte do território situado a leste do Rio Mississípi, a oeste dos Montes Apalaches e ao sul dos Grandes Lagos foi organizada em novos Estados, que foram incorporados à União (Kentucky em 1792, Tennessee em 1796, Ohio em 1803). O( rio Mississípi, que durante o século XVIII  e início do XIX serviu de limite entre os primeiros |Estados da jovem nação, desempenhou imediatamente um papel econômico determinante ao permitir um notável desenvolvimento comercial e agilizar as comunicações entre as populações ribeirinhas. Próximo a 1880, com a navegação por seu leito de navios a vapor, essa função viu-se ainda mais favorecida.  
              Nesse período, a França (que havia recuperado recentemente da Espanha o território da Louisiana)  vendeu seus direitos sobre o território localizado entre o Rio Mississípi e as Montanhas Rochosas por 15 milhões de dólares, com o qual os Estados Unidos duplicou sua superfície. Logo que a notícia da compra foi divulgada, centenas de colonos cruzaram o Mississípi em busca de terras mais férteis, de fortuna e de uma maior liberdade, que sempre lhes pareceu existir mais além do lugar onde o sol se punha.  Este grande movimento de pessoas continuou até o final do século XIX. O país, que era formado por treze Estados em 1783 e dezessete em 1803, com uma população total de 4 milhões de habitantes, aumentou para 35 Estados em 1861, com 31 milhões de habitantes, e para 47  Estados  em 1900, com uma população de 90 milhões. 
             A "Compra da Louisiana" não foi a última aquisição. Algumas partes da Flórida foram conquistadas da coroa da Espanha e o resto do território conseguido mediante uma venda forçada em 1819. O Novo México e a Califórnia foram anexados depois de uma sanguenta guerra contra o México em 1848. O desejo dos Estados Unidos de conseguir o reconhecimento por parte do México da sua incorporação do Texas, efetuada em março de 1845, junto aos supostos maus-tratos sofridos pelos colonos norte-americanos, provocaram um conflito armado entre ambas as nações que se prolongou até 1848, e ao final do qual os Estados Unidos conseguiram a anexação do Texas. Novo México e Califórnia.  O Alasca foi comprado da Rússia em 1847. Entretanto, grande parte do território para o oeste dos Montes  Apalaches teve de ser arrebatado à foça aos seus primeiros habitantes, os indígenas. 
             As tribos indígenas das Grandes Planícies que enfrentavam o homem branco no século XIX eram muito mais ferozes do que na época de Hernán Cortês ou do capitão John Smith. Haviam adotado o cavalo através dos espanhóis no México; também aprenderam a usar armas de fogo em seus contatos com os franceses e os ingleses no leste e, até meados do século XVIII, algumas tribos indígenas, como os apaches e os sioux, eram peritas no uso combinado de cavalos e armas de fogo. Entretanto, não foi o suficiente. O poder das armas de fogo dos colonizadores brancos quase sempre foi superior ao das tribos que encontravam em seu caminho. Os brancos expulsaram os índios à força, sem piedade, sem nenhuma justificativa legal, das terras que queriam possuir. Nos anos de 1830, por exemplo, 50 mil cheroquis  da Geórgia foram encerrados em campos de concentração e enviados a pé, em pleno inverno, a uma reserva em Oklahoma. Muitos morreram no caminho. Outras tribos do sudeste tiveram o mesmo destino. Foram poucos os chefes tribais que, como o chefe Seattle na costa noroeste do Passífico, souberam jogar o mesmo jogo dos homens brancos e tirar proveito disso: em 1851, Seattle vendeu uma faixa de terra nocanal de Puget por uma significativa  soma de dinheiro, com a condição de que a cidade que levantassem ali levasse seu nome. Ainda o conserva. A maioria dos demais indígenas perdeu suas terras sem compensação nem monumento que os recorde; qualquer tentativa de abandonar as reservas arbitrárias  era sufocada com as pistolas Gatling do Exército dos Estados Unidos. Em 1500, a região ao norte do Rio Grande estava habitada, possivelmente, por uns 4,5 mihões de "peles Vermelhas"; entretanto em 1890, depois da grande derrota dos sioux na batalha de Wounded  Knee, restavam menos de 500 mil. Este foi um desastre humano muito semelhante à destruição do México asteca pelos espanhóis. 
           Os vencedores nestas primeiras guerras contra os índios foram em sua maioria brancos: criadores de gado protestantes, ingleses que continuaram sendo granjeiros durante muitos anos. Na primeira metade do século XIX, a população urbana dos Estados Unidos cresceu a um ritmo jamais igualado (em setenta anos saltou de cerca de 200 mil habitantes para mais de 5 milhões). Em outros lugares cortaram bosques, cultivaram pastagens e logo se fez sentir a extraordinária abundância de terras virgens da América do Norte. Em 1850, os Estados Unidos já exportavam cerca de 30 mil toneladas de grãos, 60 mil toneladas de tabaco em folha e não menos de 280 mil toneladas de algodão cru. Como a população crescia rapidamente, formou-se um grande mercado interno desejoso de consumir não somente os produtos agrícolas, mas também os manufaturados de uma florescente indústria nacional. 
        A expansão continental, a crescente produção e o forte aumento de população, fenômenos intimamente ligados entre si, foram a Obra de um povo enérgico, inteligente e preparado. Os norte-americanos foram entusiasmados democratas e nacionalistas orgulhosos, conseguiram u, dos melhores níveis educacionais do mundo e preocupavam-se em mantê-lo. Quase todos pensavam  que era indispensável frequentar a escola e que a educação era necessária tanto para os homens como às mulheres. Na maioria dos Estados, os homens brancos gozaram o direito ao voto e os eleitores mais pobres puderam usar seu  poder político para obrigar os ricos a financiar a educação. Em meados do século XIX, a educação primária estava quase generalizada no Nordeste e Centro-oeste, mas não no Sul.  Nos anos seguintes ampliou-se também a educação universitária. A primeira universidade  da América do Norte foi Harvard, fundada em 1636. Mais tarde, na época colonial, criaram-se muitas outras e, depois da independência, cada novo Estado fundou sua própria universidade, porque a prática se estendeu à medida que as pessoas partiam para o Oeste. 
          O alto nível de educação geral explica em parte o êxito e a criatividade dos norte-americanos. A jovem república lançou-se rapidamente à Revolução Industrial: em 1791 já havia uma fiação de algodão mecanizada em Rhode Island e, dois anos mais tarde, Eli Whitney fez funcionar seu descaroçador mecânico, o que permitiu cultivar e comercializar em larga escala o algodão de talo curto (o único tipo que se adapta nas terras altas do interior). Whitney também foi um dos primeiros a criar máquinas que usavam peças intercambiáveis, logo conhecido como "o sistema americano", facilitando enormemente a fabricação em massa. A colhedora mecânica revolucionou a produção de alimentos nos anos 1820 (e em 1840 surgiu uma verdadeira colhedora-enfardadora) e o arado motorizado a vapor em 1858; a conservação de alimentos tornou-se possível graças ao sistema de embalagem criado por Appert (a partir de 1811 usou vasilhames de lata) e ao método de refrigeração mecânica  inventado por Lowe (no decênio de 1860).
        Entretanto, o maior impacto na agricultura, bem como em todas as demais atividades produtivas, foi produzido, indubitavelmente, pela ferrovia, tornando possível a comercialização dos excedentes. A primeira ferrovia norte-americana foi inaugurada  em 1830. Nos primeiros vinte anos de funcionamento a estrada de ferro baixou os custos do transporte terrestre em aproximadamente 500¢ e as horas de viagem em 900%. A conquista do Oeste dificilmente seria possível sem a ferrovia. 
            Lamentavelmente, o preço que tiveram de pagar por estes avanços foi muito alto. os norte-americanos criaram forças que escapavam do seu controle. O sistema político que deu um impulsotão grande à iniciativa pessoal era democrático e continuou sendo mais à medida que cresciaa população, posto que o voto masculino era quase universal. De tal sorte que o poder devia ser compartilhado entre mais e mais pessoas. A comunidade inglesa protestante, ainda que prolífera, não era suficientemente grande para abrangê-lo integralmente, de modo que promoveu a vinda de levas de imigrantes aos Estados Unidos, católicos e outras religiões, que falavam ou não o inglês. Entre os anos 1821 e 1840 chegaram menos de um milhão de pessoas aos Estados Unidos; em comparação, nas duas décadas seguintes os imigrantes superavam os 4,5 milhões, a maioria deles alemães e irlandeses. 
             Contudo, o país enfrentou uma série de dificuldades nos anos 1840 e 1850 que somente puderam ser solucionados satisfatoriamente com paciência, boa vontade e cálculos frios: a organização das novas terras do Oeste, a guerra contra o México e, sobretudo, o problema da escravidão. O "individualismo" somente podia piorá-las, e assim foi. 
            O cultivo do algodão e do tabaco nas plantações dos Estados do Sul baseava-se na exploração dos escravos negros. Este sistema foi criado no século XVII, mas subsistiu até o século XIX, graças aos enormes lucros que produzia o cultivo de algodão que consumia nas prósperas fiações de Lancashire e Nova Inglaterra. os homens brancos dos Estados algodoeiros do Sul não podiam sequer imaginar que pudessem viver sem este sistema que lhes aportava tanta riqueza, apesar da crescente indignação que provocava entre os brancos dos demais Estados esta flagrante violação dos mais elementares princípios cristãos e democráticos. Pouco a pouco as diferenças chegaram a dominar e envenenar a política norte-americana. 
             Curiosamente, o problema eclodiu exatamente nos territórios usurpados dos índios. Os estados do Norte e do Oeste haviam decidido que as terras recém-incorporadas do Kansas e outras somente deveriam ser trabalhadas por homens livres. Contudo, temiam que competindo abertamente com o sistema da escravidão, os agricultores livres pudessem sair prejudicados por falta de capital e custos mais elevados. Os Estados do Sul, por sua vez, temiam que se fosse proibida a extensão da escravidão aos novos territórios, eles ficariam demasiado enfraquecidos dentro da União para opor-se à facção do Norte, que era partidária da sua abolição. A violência entre as partes foi aumentando à medida que cada um considerava seu ponto de vista inalterável.
          Em 1860 essas duas posições já haviam alcançado o ponto da ruptura. A eleição de um presidente absolutamente contrário a escravidão, Abraham Lincoln, de Ilinóis, em novembro desse ano, convenceu os dirigentes do Sul que a União já não representava seus interesses. O estado da Carolina do Sul promulgou uma ordem de secessão no dia 20 de dezembro, e antes de Abraham Lincoln assumir o poder, em janeiro de 1861, seis Estados fizeram o mesmo.  Em fevereiro desse ano formaram uma nova República do Sul: Os estados Confederados da América do Norte. Impacientes por desfazer-se do Norte, atacaram Forte Sumter, na Baia de Charleston, obrigando-o a render-se em 13 de abril de 1861. Contudo, os Estados do Norte e o governo dos Estados Unidos, determinados a conserva o sistema político ao qual atribuíam grande parte do êxito dos últimos oitenta anos, decidiram sufocar a rebelião pela força. isto levou os estados Unidos do Alto Sul,  chefiados por Virgínia, a unir-se à Confederação e os estados Unidos mergulhou em uma grande guerra civil. 
            O Norte tinha grandes vantagens. Era três vezes mais rico que o Sul e sua indústria manufatureira era dez vezes superior (na fabricação de armas a relação era  de trinta para um) e a relação entre os navios mercantes era de nove para um. Além disso, o Norte recrutou 2,2 milhões de homens no transcurso da guerra, contra 800 mil do Sul. Mas o Sul teve suficientes recursos para adiar sua derrota durante  anos e estar inclusive, por vezes, próximo à vitória. Somente lhe bastava anular a vontade  dos nortistas para poder continuar. Pelo contrário, estes últimos tinham de reconquistar cada pedaço de terra do Sul. Foi uma luta renhida. 
          O exército da União sofreu mais de 600 mil baixas contra aproximadamente 400 mil da Confederação, porque durante grande parte da guerra o Sulo teve melhores comandantes; o mais famoso foi o general Robert E. Lee, considerado um dos militares mais hábeis do século. Paulatinamente, Abraham Lincoln foi emergindo como um grande presidente, capaz de convencer o mundo de que esta guerra era para assegurar a sobrevivência da democracia e a abolição da escravidão. Entretanto, finalmente, foi a estratégia nortista do desgaste, junto à intensa propaganda, que derrotou o general Lee.  Como resultante da "marcha em direção ao mar" através da Geórgia do general Sherman  e as sangrentas campanhas do general Grant na Virgínia, nos anos 1864 - 1865, o Sul ficou convertido em um deserto, com a metade de seu exército morto nos campos de batalha; no final prevaleceu a superioridade das forças do Norte. A união se manteve, e a escravidão, causa imediata da guerra, foi abolida. 
            A vitória do Norte não foi somente um triunfo dos objetivos políticos e sociais de unidade e emancipação, mas também para a modernização econômica. Antes da guerra, o sistema econômico escravocrata nas planícies do Sul e o capitalismo com trabalhadores livres do Norte foram motivo de um encarniçado conflito ideológico entre partidários escravocratas, que finalmente foi resolvido no campo de batalha. O Norte ganhou a guerra fundamentalmente porque sua economia moderna podia mobilizar maiores e melhores recursos para a guerra que o Sul, dedicado à agricultura. Ainda que muitos dos critérios de modernização - aumento da produtividade per capita agrícola e industrial, inovação tecnológica, urbanização, ampliação e elevação do nível educacional - estivessem presentes antes da guerra, sua aplicação se limitava essencialmente ap Norte. A guerra debilitou a classe governante do Sul e libertou a sua força de trabalho, removendo, deste modo, o principal obstáculo para o triunfo do capitalismo com mão-de-obra competitiva livre. 
            Entre 1825 e 1910, a economia norte-americana cresceu a uma taxa anual de 1,6% per capita. Ao mesmo tempo, a população - pelo crescimento natural e a constante imigração - duplicava-se a cada 27 anos, dando aos Estados Unidos a taxa de crescimento econômico mais rápida do mundo. 
        O que mais contribuiu para este resultado foi o crescimento da produção agrícola. A paulatina incorporação das terras virgens do Oeste, o aumento da mecanização e o uso de fertilizantes e de novas variedades de algodão, milho e trigo, assim como um manejo agrícola mais eficiente, fizeram dos Estados Unidos o primeiro produtor agrícola do mundo da época. 
          Os espetaculares avanços realizados em matéria de transporte entre 1790 e 1840 - estradas com pedágio, pontes, canais, navios a vapor de alta pressão e ferrovias - reduziram os custos, incrementaram o volume de transações e criaram novos mercados para os produtos agrícolas. Devido ao tamanho do país e ao fato de que a revolução industrial norte-americana coincidiu com a grande era da construção de ferrovias, estas desempenharam um papel mais importante no desenvolvimento econômico dos estados Unidos que em qualquer outro país. Ao redor de 1890, a rede ferroviária norte-americana era mais extensa que a de todas a Europa, incluindo as ilhas Britânicas e a Rússia. 
           Estes progressos na agricultura e no transporte, unidos à abundância de recursos, a uma população alfabetizada, à inovação tecnológica, à experiência administrativa, á estabilidade política e a uma ética empresarial amplamente compartilhada, promoveram investimentos de capital em grande escala e a rápida industrialização dos Estados Unidos no século XIX. O maior crescimento industrial ocorreu entre 1877 e 1892, quando as fábricas norte-americanas triplicaram sua produção. Por volta de 1890, os Estados Unidos já eram a primeira potência industrial do mundo. 
           No século XIX, os estados Unidos eram importadores de capital e grande parte do crescimento econômico do país foi impulsionado pelo investimento britânico e europeu. Durante a Primeira Guerra Mundial esse equilíbrio mudou; depois de 1918, os Estados unidos se converteram em exportador de capital. 
PARA LER DESDE O INÍCIO 
clique no link abaixo 

Nenhum comentário:

Postar um comentário