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quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A CIVILIZAÇÃO MAIA





          Muitos estudiosos acreditam que a história Maia começou há milhares de anos, quando povos provavelmente vindos da Ásia, pelo estreito de Bering (estreito que separa a Ásia da América), ocuparam a América do Norte e a América central. De acordo com essa teoria, alguns autores falam em 10 mil anos, outros em até 78 mil anos. Mais ainda há quem defenda que os maias, assim como os Astecas, ascendiam dos Toltecas. Portanto é um assunto ainda inconcluído e bastante controverso. Entre essas e outras possibilidades, estudos realizados na língua Maia concluíram que, ao redor de 2.500 a.C., havia um povo proto-maia, que habitava a região de Huehuetenango, na Guatemala. Contudo, é certo que a civilização Maia começou a deixar indicações de sua presença há mais de dois mil anos, época em que se supõe que eles eram nômades que viviam em grupos, deslocando-se em busca de caça. Isso quer dizer que os Maias evoluíram de um povo nômade que vivia da caça e passaram a praticar a agricultura, organizaram centros urbanos que evoluíram para grandes cidades, estudaram a astronomia, estabeleceram dois calendários, praticavam escambo com povos vizinhos,cerimoniais religiosos, além de desenvolverem a matemática e a escrita. Enfim, se tornaram uma civilização bastante complexa. Enfim, se tornaram uma civilização bastante complexa, cujo processo de desenvolvimento foi dividido por especialistas  em cinco períodos distintos: pré-clássico ou formativo, clássico, de transição, Maia-Tolteca e de absorção mexicana. 
            A sociedade Maia era organizada em clãs familiares fechados. Cada clã era integrado por linhagens de hierarquia distinta, de acordo com a distância que os separa de seu antecessor fundados que, por sua vez, não se preocupava em impor a violência sobre outros grupos para obter a autoridade. os parentes diretos do primogênito do fundador do clã ocupavam o lugar mais alto na pirâmide social. Consequentemente, os reis divinos ocupavam a cúspide da sociedade de castas, seguidos pelos sacerdotes parentes, guerreiros, artesãos, comerciantes e camponeses. 
              No período pré-clássico que se estendeu de 500 a.C. a 325 d.C., o povo Maia inicialmente se organizou em pequenos núcleos sedentários que tinham como base o cultivo do milho, do feijão e da abóbora. Em seguida, construíram centros cerimoniais que, por volta do ano 200 da era cristã, evoluíram para cidades com templos, pirâmides, palácios e mercados. Já nessa época, os Maias tinham desenvolvido um sistema de escrita hieroglífica, um calendário e uma astronomia altamente sofisticada, também já sabiam fazer papel, a partir da casca de ficus e,com ele, ainda produziram livros. Artisticamente, as estátuas antropomorfas ( por definição, humanas), feitas em barro ou em outros materiais, destacavam traços típicos do povo. 
        A partir de 325 a.C. até o ano 925 d.C. estabeleceu-se o período clássico, no qual, cessaram as influências externas e os Maias se firmaram como um povo. Nesse período, surgiram as formas tipicamente Maias na arquitetura, como o arco corbelado; o registro de datas históricas com o uso de hieróglifos em florescente (625 d.C. a 800 d.C.); e, os grandes avanços na matemática, na astronomia, na escrita e nas artes. Em seu auge, a civilização Maia chegou a ter mais de quarenta cidades e sua população, provavelmente, alcançou dois milhões de habitantes, a maioria dos quais ocupava as planícies da região onde hoje é a Guatemala. Suas principais cidades eram Tikal, Uaxactún, Copán, Bonampak, Palenque e Rio Bec.  Mas enquanto as classes altas viviam em bairros próximos a elas, o povo disperso em aldeias dedicadas à agricultura, somente se deslocava até os núcleos urbanos para celebrar rituais religiosos ou fazer negócios. 
           No final do século IV, com a expansão territorial empreendida para oeste e sudeste, surgiram os centros populacionais de Palenque, Piedras Negras e Copán. Impulsionados, provavelmente, pelo aumento populacional que resultou de um período de excedentes agrícolas, os Maias prosseguiram rumo ao norte, até contornarem toda a península de Yucatán. Na segunda metade do século VIII, ocorreu o apogeu cultural como indicam as ruínas dos templos de Palenque, Tikal e Copán, as numerosas estelas com relevos hieroglíficos e a rica cerâmica policromada e figurativa. Acredita-se que nesse período as cidades-estado Maias formavam uma espécie de federação de caráter teocrático, que se mantinha estritamente hierarquizada em diferentes classes sociais. 
            Quase no final do século VII, enquanto os centros cerimoniais iam sendo abandonados misteriosamente, a cultura Maia também, entrou em decadência. Entre os estudiosos há muitas hipóteses que tentam explicar essa mudança de rumos no chamado período de transição (925 d.C), que vão desde uma possível catástrofe, uma invasão inesperada, uma epidemia etc. No entanto, há quem defenda uma revolta dos camponeses contra os sacerdotes e até o empobrecimento do solo, como os motivos plausíveis que levaram os Maias a abandonarem os núcleos urbanos e seus arredores para se instalarem ao norte de Yucatan, onde recomeçou a reorganização do estado que deu origem a um novo império.
             No fim do Período Clássico, a sociedade se tornou ainda mais estratificada e as relações de parentesco passaram a se limitar ao interior de cada casta. Cada cidade-estado tinha sua autoridade máxima, de caráter hereditário para garantir a continuidade e a hegemonia das linhagens principais.  Em 1566, o bispo de Mérida, Frei Diego de Landa descreveu a organização social  Maia em seu livro "Relação das Coisas de Yucatan". De acordo com essas informações, a nobreza Almehenoob, composta pelos sacerdotes, governantes, chefes guerreiros e comerciantes, ficava no topo da pirâmide e sua casta, integrada pela nobreza hereditária, controlava os principais cargos administrativos e militares. Mas no momento de subir de posto, o candidato a chefe supremo do povo tinha que fazer por merecer, mostrando méritos e aptidões durante um exame consistente que incluía decifrar enigmas e interpretar expressões figurativas denominadas de "linguagem de Zuyúa". 
            Os candidatos que fracassavam  tinham que estar dispostos a morrer, conforme reza o livro de Chilam Balam. "Os chefes de aldeia são castigados pela noite porque não sabiam compreender... Por isso são enforcados e também por isso cortam-lhe as pontas das línguas e arrancam-lhes os olhos". No entanto, se o aspirante fosse eleito, ele era tatuado com pictogramas na garganta, no pé e na mão. Em seguida, no seio da nobreza, surgia o Halach unic, "o verdadeiro homem", um intermediário entre os parentes superiores, considerados divinos, e os parentes  das linhagens inferiores. A partir de então, ele começa a governar tanto com a ajuda  de seus parentes diretos quanto com um conselho de notáveis, formado pelos principais chefes e sacerdotes. Também designava entre membros da nobreza e parentes de segunda linha dos reis, os chefes de cada aldeia para desempenhar funções civis, militares e religiosas. Mas como todos cumpriam distintas funções, os bataboob, por exemplo, se dedicavam à recepção dos tributos, à administração da justiça, ao ofício da escrita e a oficialização dos sacerdotes. Nos degraus mais baixos, mas sempre no interior das classes superiores, os ha cuch coboob controlavam o trabalho dos camponeses  e as castas inferiores. Os ha holpop eram delegados políticos-religiosos responsáveis pela organização de cerimônias e a custódia dos instrumentos musicais. Os tupiles eram oficinas reais e chefes administrativos, que tinham a responsabilidade  de impor a ordem no interior das cidades. Dentre todos esses cargos, apenas o do nacom (suprema autoridade militar) se estabelecia por eleição a cada três anos. Além de todos os dignitários, a nobreza ainda incluía os sacerdotes guerreiros e o comerciantes.  
          Entre eles, grupo sacerdotal, concentrava o maior poder porque, além da autoridade religiosa em mãos todo o conhecimento científico que fundamentava a vida da comunidade. Dentro desse grupo, o sumo sacerdote, que se chamava ahau tan (senhor serpente), controlava os rituais e as ciências; escrevia os códices, tanto religiosos como históricos; administrava os templos; e, ainda era conselheiro do Hulach uinic.  Os sacerdotes menores, que eram denominados como el ahkin, acumulavam várias funções. Como responsáveis por controlar, preservar e transmitir os conhecimentos, eles dominavam o sistema da escrita, a produção e a interpretação da doutrina e a organização de rituais e sacrifícios; pronunciavam discursos baseados nos códices; realizavam cálculos astronômicos; monitoravam o calendário e a passagem das estações etc. Ainda em cada clã, as linhagens mais distantes do primogênito do ancestral fundador formavam o grupo de vassalos. Considerado como "gente inferior" pelo rígido sistema de castas, eles que deviam tributo e obediência às linhagens superiores, tinham que residir em territórios fixos associados ao nome de sua linhagem. 
          Conforme a hierarquia estabelecida, logo abaixo da nobreza, havia o grupo chamado de chembal unicoob que se compunha por artesãos e comerciantes. Dentro desse mesmo grupo, mas em escala inferior, se situavam os camponeses,cujas linhagens se fixavam fora ou na periferia das cidades. A eles também cabia a responsabilidade de pagar tributos, trabalhar nas construções monumentais e partilhar das atividades cerimoniais do centro urbano. Por fim, o último escalão social era ocupado pelos escravos ou ppentac-ob, em sua maioria, cativos de guerra provenientes de outras cidades e povos, aos quais, se somavam os delinquentes sem linhagem, que pertenciam ao grupo de "gente inferior".  Normalmente, eles haviam sido vendidos para realizar tarefas servis, mas com frequência eram oferecidos nos rituais de sangue. 
           A mulher Maia, na maior parte  das vezes, seu papel na sociedade  se limitava apenas à reprodução. Além disso, como entre os Maias não havia a obrigatoriedade de contrair matrimônio com a mesma linhagem, as jovens da elite eram trocadas por mulheres de outras cidades, com a finalidade de gerar redes de parentesco em todas as regiões da civilização. Somente nas cidades de Palenque e Tikal, caso a linha de descendência masculina fosse interrompida, elas eram admitidas como governantes. Mesmo assim, as normas morais eram extremamente rígidas para todas elas. O adultério feminino, por exemplo, era proibido, enquanto que, com algumas exceções, a poligamia masculina era admitida. O divórcio era aceito, no entanto, se uma mulher traísse seu marido, ela era morta por apedrejamento. Mas o homem ainda tinha o privilégio de devolvera mulher, durante o primeiro ano de casamento, caso se sentisse insatisfeito. Entre os jovens, a chegada da puberdade era celebrada com um ritual, durante o qual eram retirados os acessórios simbólicos da virgindade dos adolescentes; uma conta branca na cabeça dos homens e uma conha na cintura das mulheres. Quando casais se formavam, os pais dos homens recorriam a um adivinho para estudos astrais e predições sobre o futuro dos jovens. Mas se houvesse incompatibilidades no significado dos nomes dos mesmos, eles rejeitavam as mulheres. Caso contrário, pagavam um dote e assumiam uma série de compromissos para garantir o sustento que o filho daria aos seus sogros no futuro.
           A partir do ano 925 d.C. até 1.200 d.C., a civilização Maia passou a viver o período Maia-Tolteca. Nessa época de grande esplendor, apesar da forte influência da cultura tolteca, que chewgou do centro do México, trazendo consigo o mito de Quetzalcóate (Serpente Emplumada), os conhecimentos astronômicos dos Maias se consolidaram a ponto de constituírem o mais precioso calendário existente. Paralelamente desenvolveram uma sistema numérico próprio, inclusive com o zero, sem o qual não era possível o avanço científico. Em Chichén Itzá, por exemplo, a influência tolteca é muito forte,  tanto que a principal pirâmide, chamada El Castillo, que ocupa atualmente a região central das ruínas, foi construída pelos toltecas. 
            A civilização Maia acreditava que o Outro Mundo resguardava os mistérios da vida e o destino dos seres humanos. Eles enfatizavam a crença de que o Outro mundo resguardava os segredos do cosmos e do transcurso do tempo, os mistérios da vida e o destino dos seres humanos. 
             Sua religião era politeísta, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. Contudo, falta-nos fontes dignas de crédito sobre sua religião primitiva. Os estudiosos acreditam que adoravam as forças da natureza, que influíam na vida dos homens: o sol, a lua, a chuva, o raio etc. O sucessivo progresso da crença religiosa também não está bem positivado. Ao que parece viviam num universo de magias, governadas por uma infinidade de deuses: o céu, a luz, as estrelas. Itzamná era o dragão celeste venerado pelos sacerdotes e pelos nobres. Já o povo em geral preferia os deuses mais próximos de sua vida cotidiana. Acreditavam que era necessário sacrificar seres humanos para garantir a sobrevivência, tanto dos deuses como também das pessoas. Na sua crença essa forma de sacrifício enviaria energia humana até os deuses e, em troca, seriam recompensados com o poder divino. Geralmente os escolhidos para o sacrifício eram os prisioneiros, escravos de guerra e crianças. 
              Entre os pesquisadores da religião Maia há fortes polêmicas sobre as divindades, porque as informações disponíveis não permitem individualizar com precisão os distintos deuses do Período Clássico, suas origens e suas funções. Se a cerâmica policroma, por exemplo, retrata mitos cosmogônicos e descreve o mundo subterrâneo, as esculturas dos deuses se confundem com as cenas de adoração aos governantes. Mas nos templos  de Uaxactún e Palenque é possível reconhecer esculturas dos deu8ses Kinich Ahau ou Kukulkán, Ixchel, Chac e Kauil. Além deles destacam-se  Itzamaná, inventor da escrita, senhor dos céus, do dia e da noite; e Hunab-Ku que era irrepresentável e intocável, já que dele provinha todas as coisas materiais.
             A magia, a adivinhação e as profecias também faziam parte da religiosidade Maia. Para se comunicar com os mortos, conhecer suas opiniões, prognósticos e anseios em relação aos vivos e até o próprio destino dos homens, eles desenvolveram a técnica de necromancia (do grego nekros = morte mais manteia = adivinhação; é a arte de evocar as almas dos mortos para obter revelações). Os reis Maias, de modo geral , também acreditavam  que magias e profecias, por exemplo, se cumpriam e que toda a tentativa de fugir da própria sorte pré-determinada, levava ao fracasso; acreditavam que, ao se verem na superfície polida dos espelhos mágicos de obsidiana, consumindo drogas alucinógenas, ingressando nas covas ou nos templos-montanha, conseguiam se comunicar com seus ancestrais. 
             No período do Novo Império, os Maias adoravam, como divindade principal, Itzamna, que viam personificação da luz, do sol, da sabedoria. Ao custo deste deus era praticamente dedicada  a cidade de Itzamna, no Yucatan. Outras divindades importantes eram Cucullcã, "serpente recoberta de plumas", que se identifica com Quatzalcoatl, Ahpuch, deus da morte, e a deusa Ixchel, esposa de Itzamna. Os Maias acreditavam numa vida ultra-terrena.  
          O culto público compreendia numerosas cerimônias, várias e complexas, entre as quais havia a confissão dosa pecados.
               Os relatos mais minuciosos sobre os ritos de sangue provêm do Período Pós-Clássico, a cena da extração do coração de um guerreiro para oferecê-lo aos deuses,  Os jovens guerreiros pertencentes às elites inimigas eram as presas mais cobiçadas. Quando um governante,ou um chefe principal, era capturado, era reservado para ser decapitado durante uma cerimônia especial. Os métodos de sacrifício eram diversos e incluíam esquartejamento, realizado em ocasiões durante o jogo de bola. 
       O templo dos Jagures e dos Guerreiros em Chichén Itzá foram âmbitos privilegiados para a prática dos sacrifícios humanos, Historiadores espanhóis descrevem o equipamento dos sacerdotes, resina de copal para utilizar incenso, pintura negra e facas de sacrifício. Para os Maias, os ritos eram imprescindíveis para garantir o funcionamento do universo, os acontecimentos do tempo, a passagem das estações, o crescimento do milho, e a vida dos seres humanos. 
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      As principais cultura  mesoamericanas  que se seguiram à maia foram a tolteca e a asteca. Os toltecas, um povo militarista do norte que estabeleceu sua capital  em Tula, foram capazes de fazer coexistir a vida urbana dos povos que conquistaram em elementos de sua própria cultura tradicional. No centro religioso maia de Chichén Itzá, em Yucatán, ergueram um enorme recinto  cerimonial com uma pirâmide em degraus e um poço  sagrado dentro do qual eram jogadas oferendas, como ouro, jade, incenso e seres humanos. Do ponto de vista artístico, os toltecas eram menos sofisticados do que seus antepassados maias; os monumentais suportes do telhado de um dos templos que sobrevivem em Tula refletem de forma clara a natureza militarista e a religião  sanguinária destes povos construtores de impérios. 
         Os sacrifícios sanguinários foram um aspecto importante da atividade religiosa na Mesoamérica. Tais cerimônias eram realizadas no cume dos templos-pirâmides, empregando facas cerimoniais. Os astecas acreditavam que para a continuidade da sociedade humana e a Criação atual (quinta) era necessário alimentar o deus Sol e a Terra com sangue e corações humanos. A guerra eras necessária para proporcionar o abastecimento de vítimas necessárias aos sacrifícios. Numa única comemoração de quatro dias em Tenochtitlán  foram mortos 20 mil prisioneiros. 

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