Das suaves colinas da Ática, das soberbas colunatas de Persépolis, a história do homo sapiens nos leva além da imensa extensão do Atlântico, para as praias da América Central (Mesoamérica); as ardentes pedreiras do México, as florestas da península do Iucatã e da Guatemala são o teatro deste novo ato da atividade humana.
A civilização dos Egípcios e dos Babilônios já é nossa conhecida, através da tradição e de testemunhos. Da obscura e distante tragédia dos Maias, ao invés, ignoramos, ainda, quase tudo; desenrolada distante de qualquer influência asiática ou européia, este povo não pode jamais inscrever-se na grande corrente do progresso humano.
O homem chegou ao Novo Mundo vindo da Sibéria pouco antes de 20.000 a.C. quando o nível do mar baixou e o Estreito de Bering era terra firme. Após milhares de anos caçando e colhendo plantas silvestres como seminômades, índios em terras andinas na América Central experimentaram a agricultura (7.000 a.C.) em 1500 a.C., o milho era alimento fundamental.
Os agricultores viviam em vilarejos permanentes e alguns se tornaram grandes cidades após 1.000 a.C. . Artesãos trabalhavam materiais de luxo importados e há provas da diferença de classe entre ricos e pobres, governantes e governados. As comunidades tinham um chefe proveniente de linhagem exclusiva de poder. O podere econômico vinha do controle sobre a distribuição de terra, alimentos e artesanato, e sua posição era provavelmente reforçada por sanções religiosas.
Este estágio de desenvolvimento foi o ponto de partida para a civilização e o crescimento de Estados, com população de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas em todos os trabalhos, de manufatura até comércio, administração e governo. Certos povos (olmecas, da planície costeira do Golfo do México; zapotecas, de Monte Albán; e habitantes de Chavin, Peru) devem ter lançado este estágio entre 1.000 e 600 a.C.. Nos primeiros séculos da era atual, a maioria da América Central e Andes centrais era civilizada.
Ao redor e entre núcleos de civilização, outras comunidades eram governadas por chefes. Milho, feijão e abóbora chegaram na América do Norte vindos do México, iniciando período de rápido desenvolvimento. Em Ohio e Ilinóis, entre 300 a.C. e 550 d.C., chefes Hopewell erigiram sepulcros e mantiveram contatos comerciais da Flórida até as Montanhas Rochosas. Em direção às extremidades do hemisfério, com clima inadequado para a agricultura, populações continuaram reduzidas e persistiram os modos de vida nômade e tribal.
A data convencional para o início do Período clássico das civilizações da América Central é o ano 250 d.C., época de realizações intelectuais e artísticas notáveis. Próximo a essa data, os maias adotaram a escrita hierográfica e começaram a erigir estelas (Pedra em pé com inscrições gravadas relativas à história ou ao calendário).
Os Andes centrais foram o berço de outro grupo de civilizações. Mesmo sem contato direto com a América central, o desenvolvimento era semelhante. A principal diferença tecnológica era que os povos andinos descobriram como trabalhar ouro, prata e cobre, que usavam em utensílios e jóias. A região, com vastas distâncias e topografia árida, foi sempre difícil de unir sob um único estado. Mas os séculos entre 600 e 1.000 d.C. assistiram à ascensão e queda de um poder imperial com base em Huari nos Andes Peruanos. Muitos elementos da religião e arte Huari se desenvolveram em Tiahuanaco na Bolívia e foram rapidamente adotados no Peru. De Huari, uma versão modificada do culto Tiahuanaco e seu estilo de arte foi levada á força para partes da costa e das terras altas.
A palavra Mesoamérica significa aproximadamente América intermediária, região que compreende grande parte do continente americano e inclui o sul do México - a partir de uma linha imaginária que parte do rio Fuerte, se prolonga até o sul, onde se localizam os vales do baixo mexicano e ruma, depois, para o norte até o rio Pánuco, territórios da Guatemala, El Salvador, Belize e as porções ocidentais da Nicarágua, Honduras e Costa Rica.
Embora os fósseis encontrados por lá datem de 9.000 a.C, época em que homens caçadores nômades devem ter começado a se fixar em determinadas regiões, a ocupação territorial se deu, segundo trabalhos arqueológicos, por volta de 20.000 a.C. Contudo, a civilização mesoamericana apenas começou a se estabelecer em vilas e a cultivar a terra por volta de 5.000 a.C. Por volta de 2.300 a.C começaram um processo civilizatório, quando aparecem as primeiras cerâmicas.
Os primeiros sinais de presença humana na Mesoamérica foram encontrados num local de abate de mamutes, em Santa Isabel Ixtapan, no vale do México, perto do Texcoco. Além dos restos de animais foram encontrados ferramentas de sílex e obsidiana, bola de borracha, datadas de 7.700 a 7300 a.C. No entanto a primeira civilização completa conhecida na região foi a dos Olmecas, que habitavam a costa do golfo do México, durante o período pré-clássico inicial, por volta de 1300 a.C.
Diferentemente do Velho Mundo, nosso conhecimento das civilizações do Novo Mundo provém principalmente das descobertas arqueológicas. A escrita era totalmente desconhecida na América do Sul antes da chegada dos europeus, e na América central o único sistema completo de escrita era o dos maias, embora tenham sobrevivido diversos livros ou códices manuscritos ilustrados no período asteca. A carência de registros escritos significa que aops acontecimentos políticos e crenças religiosas dos primeiros povos americanos se perderam principalmente no transcurso do tempo, embora os arqueólogos tenham conseguido relacionar certas partes da História e os recentes avanços na decifração do hieroglifos maias que têm lançado novas e importantes luzes sobre as vicissitudes das cidades guerreiras maias. Além disso, podemos compreender o complexo calendário maia, dividido em cinco ciclos baktun (144 mil dias), katun (7.200 dias, tun (360) dias, uninal (20 dias e kin (1 dia). O ponto de partida desse sistema, conhecido como "Conta Comprida", era o 13 de agosto do ano 3114 a.C. Portanto, a data 8.17.1.4.12, quando a Rã Fumegante de Tikal tornou-se governadora de Uaxactun, corresponde a 13 de janeiro de 378 d.C. (isto é, 1 274 852 dias depois do 13 de agosto de 3114 a.C.
O sistema calendário maia é uma das muitas características da cultura da América Central, cuja origem pode ser seguida até a primeira civilização do México, a Olmeca. O culto ao jaguar, o jogo sagrado da bola e o característico estilo artístico, que constituíam traços únicos do mundo mesoamericano até a chegada dos europeus, também têm suas raízes na civilização olmeca. igualmente, no Peru existiu uma evolução contínua desde a cultura chavim até a dos incas. Entretanto, o tema somente será analisado na primeira parte do período desde as civilizações primitivas até os maias e a grande cidade de Teotihuacán, no México, e os impérios Tiahuanaco de de Huari, no Peru, ao redor de 800 d.C.
Ao norte do continente americano, perto do ano 100 a.C., as comunidades nativas dos vales dos rios Mississípi, Missouri e Ohio começaram a desenvolver uma cultura sofisticada, que se chamou Hopewell por causa do lugar da sua descoberta. É possível que houvesse ocorrido uma influência da América central, porém, grande parte dessa evolução foi, provavelmente o resultado de processos indígenas internos. A cultura hopewell representa uama época crucial na formação da cultura que se desenvolveu posteriormente no Mississípi (800 x 1500 d.C.) a qual, com templos de teto plano e cidades de mais de 10 mil habitantes, pode ser considerada a primeira civilização da América do Norte.
No Novo Mundo como no Velho, a história das origens da civilização começa realmente com o desenvolvimento dos primeiros povos agricultores; esta etapa era essencial para colocar as sociedades na nova e revolucionária rota que conduzia ao surgimento de cidades, reinos e impérios. No continente americano, o advento de um estilo de vida baseado na agricultura foi muito gradativo. No Peru, certas espécies de plantas, entre elas as abóboras,feijões e pimentões, já teriam sido cultivadas perto de 8.500 a.C. Possivelmente 2 mil anos depois, ter-se-ia cultivado o milho no México. Contudo, os povos intrinsecamente agrícolas aparentemente não se estabeleceram até o 4.000 a. C. O vínculo entre a agricultura e a civilização e a hibridação. Isso significou que se poderia manter, numa área equivalente, 25 vezes mais pessoas com a agricultura do que com a caça ou a simples colheita silvestre. O aumento da população resultante foi acompanhado do surgimento de assentamentos permanentes de maior tamanho - povoados e cidades de até 4 mil pessoas. Outras inovações importantes surgiram rapidamente: a introdução da cerâmica, a invenção do tear e o uso de implementos de pedras esmerilhadas e polidas. Outra nova característica foi o aparecimento de figuras femininas modeladas em argila, que refletiam a crença nos cultos à fertilidade. Mais importante, a longo prazo, foi a crescente estratificação da sociedade; a maioria dos túmulos desse período continha somente um corpo; contudo, alguns poucos se diferenciavam dos demais pela inclusão de contas, espelhos, ornamentos em conchas marítimas, joias e exóticas penas coloridas.
O começo dessa complexidade social surgiu no litoral periano entre os anos 500 e 2.000 a.C., quando a caça perdeu importância à medida que cresceu sua dependência dos abundantes recursos marinhos e dos alimentos encontrados nas plantas silvestres dos vales. Em 3.500 a.C., o o algodão era cultivado em chilca e Ancón e utilizado para fazer redes de pesca e telas tecidas. Nos 200 anos que se seguiram já se cultivavam as abóboras e perto de 3.000 a.C., as cabaças eram utilizadas como vasilhas e flutuadores de redes. os primeiros povoados permanentes se localizavam no litoral. Quando a agricultura adquiriu importância depois de 2.500 a.C., os assentamentos se transferiram para os vales dos rios perto dos férteis depósitos aluviais produzidos durante a inundação estacional, e logo apareceram as primeiras obras de irrigação. Por volta de 2.600 a.C. foram construídos templos sobre elevações de terra de grandes proporções no litoral central do Peru.
Isso obrigou a movimentação de milhares de toneladas de terra ou pedra lavada por equipes de trabalhadores bem organizados. Foram encontrados grandes complexos de plataformas, pátios rebaixados e fossas, feitos de adobe e de pedra, em Áspero, Sechin Alto, Huaca dos Reis e Garagay. Perto do terceiro milênio a.C. o comércio a grandes distâncias já se encontrava estabelecido.
Trocava-se, por exemplo, conchas marinhas coloridas por tuberculos andinos e penas brilhantes da Amazônia.
Além dos contatos ocasionais, os nativos americanos permaneceram isolados dos seus contemporâneos do Velho Mundo. As civilizações da Mesoamérica e dos Andes não se basearam em ideias introduzidas a partir do estrangeiro. Muitas invenções (como a agricultura, a cerâmica, a escrita e o trabalho em cobre e em ouro) foram realizados de forma independente no Velho e no Novo Mundo. Outras descobertas (o ferro e o aço, a pólvora, o vidro, o alfabeto, o arado e a roda) não chegaram ao continente americano antes da conquista européia. Inclusive as formas mais simples de sociedade, muito afastadas dos centros de civilização representam milhares de anos de experimentação e de adaptação local.
A maioria das características fundamentais das civilizações andinas posteriores se desenvolveram completamente por volta de 2.500 a.C. Faltavam dois elementos fundamentais: a cerâmica e a generalização do cultivo do milho, os quais surgiram em meados de 2.000 a.C. seu aparecimento pode estar relacionado, já que o novo produto requeria novos elementos para armazená-lo e cozinhá-lo. A cerâmica já era fabricada em outras partes da América do Sul pelo menos há mil anos. As primeiras cerâmicas do continente americano, elaboradas entre os anos 3.600 e 3.000 a.C. , foram encontradas na Colômbia e no litoral do Equador.
Na América Central surgiram sociedades complexas somente mil anos depois da região andina. A melhor prova do início da agricultura na América central provém dos vales de Tehuacán e Oaxaca, no México. Ambas as zonas possuem climas secos, excelentes para a preservação orgânica, o que facilita a pesquisa arqueológica. A história das úmidas terras baixas , centro da civilização maia, é muito menos clara, já que não há sobrevivência de restos de plantas. No Vale de Tehuacán, ao redor de 3.000 a.C., existiam pequenos povoados que aglomeravam de cinco a dez casas circulares. Cultivavam cabaças vinhateiras, o feijão, o sqapoti, o milho e a abóbora. Não obstante, a dependência total da agricultura surgiu de forma gradativa e parte da alimentação continuava sendo obtida da caça e da coleta silvestre. Da mesma forma como no Peru, somente nesse momento começou a ser elaborada a cerâmica. As primeiras cerâmicas da Mesoamérica datam aproximadamente de 2.300 a.C. e por volta de 1.500 a.C. seu uso tinha se generalizado. as semelhanças da decoração me o formato das primeiras cerâmicas do litoral da Guatemala, da Colômbia e do Equador refletem algum grau de contato, provavelmente via marítima, entre estas regiões distantes.
A vida nos povoados sedentários, que floresceram nas zonas úmidas do litoral do Pacífico, do golfo e nos férteis vales do Oaxaca e do México, já estava bem estabelecida em 1500 a.C. Embora tenha sido encontrado um grande número de antigos conjuntos de casas (o que indica um importante aumento demográfico)até agora é impossível dizer quando aconteceu a mudança para uma economia agrícola plenamente estabelecida; todavia, parece que isso ocorreu nas terras baixas maias do ano 2.000 a.C. Qualquer que seja a resposta real, é evidente que os primeiros elementos da civilização mesoamericana mais antiga, a olmeca, começaram a surgir pouco depois do estabelecimento da vida sedentária. A escavações num sítio arqueológico olmeca posterior, San Lorenzo, demonstram que por volta de 1500 a.C. havia dois pequenos assentamentos agrícolas com características não muito diferentes. Não obstante, ao redor de 1350 a.C., teve início um projeto de obras públicas de muita importância.
A maioria das características fundamentais da civilização centro-americana surgiu entre os anos 1.200 e 1.500 a.C. ; monumentos comemorativos de governantes e seus reinos, o sistema da escrita hieroglífica, uma complexa anotação de cálculos baseados no calendário e no ritual da bola, jogado com uma bola de borracha maciça num recinto especialmente construído para este jogo ritual (não se utilizava os pés e sim os joelhos) - característica única da civilização mesoamericana. Surgiram vilas e cidades, deixando para trás os primeiros povoados agrícolas; ao redor de 2.000 d.C, a cidade de Monte Alban, em Oaxaca, tinha um população de aproximadamente 16 mil pessoas. Ditas cidades eram governadas por elites que organizavam a imensa mão-de-obra necessária para construir os templos e palácios. Esse período (1.200/300 a.C.) foi dominado pelos olmecas, cuja terra natal se encontrava localizada nas florestas tropicais úmidas do litoral de Vera-cruz e Tabaco. Os olmecas são conhecidos principalmente por suas pedras talhadas; poucos essencialmente foram descobertos, se bem que recentes escavações em Teopantecuanitlán (Tlacozotitlán), em Guerreiro, revelaram ruínas de uma casa de família de classe média e um centro cerimonial desconhecido até hoje na periferia do mundo olmeca. A informação provém, principalmente, dos centros cerimoniais com São Lorenzo, la Venta e três Zapotes, onde foram encontrados in loco esculturas monumentais de basalto e pequenos e elegantes talhados em pedra dura. O poderoso estilo da arte olmeca nos oferece uma visão da sua religião, dominada por um panteão de seres sobrenaturais temíveis, parte humanos, parte animais. Os animais, protótipos de divindades centro-americanas posteriores, provém da fauna dos bosques pantanosos e do litoral: águias-reais, jacarés, serpentes e tubarões. O deus mais representado era um homem-jaguar, concebido, segundo um relevo em Potrero Novo, por uma mulher e um jaguar. O produto dessa união tinha feições grosseiras e infantis e uma boca com expressão carrancuda, comissuras para baixo, lábios grossos e presas.
Os olmecas se espalhavam numa área de 200 por 50 quilômetros. Dentro dessa região, São Lorenzo, o mais antigo centro conhecido, floresceu desde o anos 1200 ao 900 a.C., quando foi destruído. Seu papel hegemônico foi assumido por La Venta, localizada numa pequena ilha no litoral pantanoso. Nesse lugar foi construída uma pirâmide de argila de 34 metros de altura, com forma de cone vulcânico estriado, que precisou de um tempo estimado de 800 mil dias para completar o trabalho. Ao norte se estendem duas praças, uma delas cercada por colunas de basalto de 3 metros de altura. A superfície do recinto cerimonial é interpretada como uma máscara estilizada de jaguar e, dentro de seus limites, foram encontrados três andares retangulares de aproximadamente 480 blocos de serpentina dispostos de tal maneira que formavam máscaras de jaguar. Estes andares constituem um tipo de oferendas religiosas ou esconderijos, característicos das descobertas olmecas.
Embora os olmecas não fosse um povo pacífico - a julgar pelas figuras armadas de alguns monumentos -, não eram forjadores de impérios, Estabeleceram redes comerciais para obter matérias-primas exóticas, como o basalto, a obsidiana, o cinabre, a serpentina, o jade e o minério de ferro. A influência cultural olmeca atingiu lugares afastados - possivelmente até o Monte Alban, em Oaxaca, onde os nativos , os zapotecas, desenvolveram sua própria identidade cultural e um estilo de construção monumental em pedra. Em Oaxaca no Vale do México, a influência olmeca pode ter se difundido pela diplomacia, pelos vínculos matrimoniais, pelas atividades missionárias ou pelo comércio. Entretanto, apesar da evidência dessa influência olmeca, recentes pesquisas arqueológicas indicam que o desenvolvimento de complexos urbanos e de rios cerimoniais em Oaxaca, São José Magote e em São Morelos, em Chalcatzingo, teve lugar na mesma época e de forma independente do crescimento olmeca nas terras baixas do litoral do golfo. Como São Lorenzo, alguns séculos antes, La Venta perdeu sua importância e fopi abandonada entre 400 e 300 a.C., e a época de ouro dos olmecas chegou ao seu fim. A ocupação continuou em tTrês Zapotes, porém, apenas como efeito secundário. Entretanto, nesse sítio foi encontrada uma estela (pedra erguida -em grego) com uma das primeiras datas conhecidas no Novo Mundo, uma Inscrição calendária, Conta Longa, que corresponde ao 3 de setembro de 32 a.C.
Apesar de a civilização olmeca ter sido a que teve a maior influência dentre as primeiras civilizações centro-americanas, na mesma época, e de forma totalmente independente, surgia outra cultura parecida na região de Oaxaca, no México Central. O sítio mais importante dessa região é o Monte Alban, a cidade e o centro cerimonial de maior transcendência do Estado zapoteca. Uma das descobertas mais impressionantes do Monte Alban é o Templo dos dançarinos, uma área montanhosa de grande tamanho, com todo plano construído em 500 a.C., cercado por mais de 150 placas de pedra decoradas com baixos relevos de figuras de homens nus em estranhas posições, como se estivessem dançando ou nadando. As suas posições retorcidas indicariam que são cadáveres provavelmente dos líderes inimigos assassinados pelos antigos governadores da cidade. Embora se observem débeis traços olmecas , como por exemplo as bocas com comissuras para baixo, os Dançarinos possuem o particular estilo zapoteca. dava-se especial importância aos órgãos sexuais, e alguns mostravam sangue, produto da multidão dos ditos órgãos. As inscrições hierográficas e as notações calendárias associadas com essas figuras constituem um soa exemplos mais antigos da escrita no continente americano.
Foi durante esse período que Teotihuacan, a 400 quilômetros ao norte do vale do México, cresceu até se tornar, em meados de 500 d.C., uma das seis maiores cidades do mundo, com uma população de 200 mil habitantes, e no centro de um império que controlou 25 mil quilômetros quadrados do México Central e dominou a Mesoamérica. Localizada numa caverna natural (posteriormente coberta pela pirâmide do Sol) Teotihuacan se tornou um lugar de impoertância cósmica para os primeiros habitantes da região. Eles acreditavam que era o lugar de nascimento do Sol e da Lua, o local sagrado onde o tempo começou. Certamente, era o centro mais importante de peregrinação de toda a Mesoamérica - foram identificados centenas de templos dentro dos limites da cidade e altares em todas as áreas residenciais, junto com os restos de incensários de cerâmicas e figuras divinas. Ali estão representados deuses e civilizações mexicanas posteriores em murais de brilhantes cores que enfeitam os templos e palácios: Tlaloc, o deus da chuva; sua consorte, Chalchihuitlicue, a deusa da água; e Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada.
A decisão de construir a Pirâmide do Sol, uma das estruturas artísticas de maiores proporções no continente americano antes da conquista espanhola, para destacar este lugar de imensa transcendência ritual, fez parte de um impressionante programa de urbanização realizado em Teotihuacán durante o século I d.C. Nessa época a população rural espalhada foi
persuadida a transferir-se para a cidade. Durante 600 anos seguintes, aproximadamente 90% dos habitantes do leste e do sul do Vale do México moravam em Teotihuacán. Mais do 20 quilômetros quadrados de templos, palácios e residências estavam distribuídos num plano quadriculado retangular. A organização da mão-de-obra para implantar um esquema tão rígido e o fato de a cidade estar regida por esse esquema durante meio milênio constituem uma prova do grande poder dos governadores de Teotihuacán,
Não é conhecida a natureza exata do governo da cidade. Não existem documentos escritos que possam oferecer informação sobre o assunto, apenas glifos que indicam datas. Foram representadas poucas figuras militares até as últimas fases de Teotihuacán, se bem que parece haver existido um grupo de guerreiros-comerciantes, sendo que esse território foi conquistado pela força das armas. A numerosa população era alimentada com produtos agrícolas cultivados nos terrenos intensamente regados do vale de Teotihuacán, e os férteis solos aluviais das planosas ribeiras do vizinho Largo Texcoco também foram dragados e dedicados ao cultivo. O sal vinha das águas salinas do lago; a argila necessária para a cerâmica e as canteira de onde se extraíam a pedra usada na edificação estavam no vale. O estado assumiu o controle das fontes das matérias-primas de lugares afastados, como as de obsidiana em Pachuca e Otumba, de onde se extraía a rocha vítrea vulcânica utilizada para fabricar ferramentas e armas cortantes.
A influência de Teotihuacán pode ser melhor apreciada nas distantes terras maias. Kaminaljuyú, localizada nas terras altas da Guatemala, foi parcialmente redesenhada de acordo com o estilo de Teotihuacán. Sob as plataformas dos templos jazem túmulos dos guerreiros-comerciantes de Teotihuacán que assumiram o controle dessa região, possivelmente atravéz do matrimônio com membros das castas governantes locais. Em Tikal, nas terras baixas maias, a estela (pedra erguida) 31 mostra três figuras: no centro está o Céu Tormentoso, govwrnante de Tikal em 435 d.C.; em ambos os lados, guerreiros de Teotihuacán levando escudos adornados com o rosto de Tlaloc.
Os guerreiros aparecem com frequência crescente na arte do último século de existência de Teotihuacán, 650 x 750 d.C. Isso pode representar um sintoma ou uma causa de decadência final da cidade, quando foi destruída pelo fogo. Pode ter ocorrido uma cisão na elite reinante ou um ataque à cidade, inclusive é possível que tenha acontecido um destruição ritual. Qualquer que fosse o fenômeno ocorrido, a cidade, que ainda possuía uma grande população, manteve sua importância mitológica e continuou sendo um lugar de peregrinação até a queda do último Estado nativo mesoamericano, o Império Asteca, em 1521.
A história da civilização do Peru nos mostra culturas localizadas ao centro e ao sul dos Andes desde a o ano 1.000 a.C. ao 1.000 d.C.. Trata-se uma cultura complexa e ainda parcialmente compreendida. Todavia, da mesma forma que os olmecas na América central, esta culturas deram origem às características que mais tarde foram encontradas em todas as civilizações andinas posteriores. os períodos de uniformidade generalizada da região (Horizontes Antigos e Médios) alternados com época de diversidade regional (Períodos Intermediários) constituíram o padrão básico.]
O período do Horizonte Antigo (1200 x 200 a.C.) foi dominado pela cultura chavín, a primeira civilização andina. os primeiros sítios arqueológicos chavin datam de 1200 a.C.; contudo, denominou-se chavín por causa do sítio de Chavín de Huantar, que atingiu seu apogeu no período compreendido entre 850 e 200 a.C. Nesse lugar foi encontrado um importante complexo de templos, com sua monumental plataforma, construída em pedra, cheia de passagens e habitações. Ali se escondiam objetos de culto; ainda está de pé a grande imagem, uma pedra talhada de 4,5 metros de altura de uma divindade com presas salientes, boca com expressão fechada e cabelos feitos de serpentina.
O panteão chavín tem jaguares, águias, jacarés, serpentes e figuras antropomórficas com as mesmas características. A esfera de influência chavín se estendia desde o Vale Lambayeque, pelo norte, até Paracas, no litoral sul. Em toda essa região foram encontrados artigos de cerâmica, concha, madeira, pedra, prata e ouro, bem como tecidos fiados e pintados em bom estado de preservação,todos enfeitados com imagens do panteão chavín.
Por volta de 200 a.C., em muitos vales andinos haviam-se desenvolvido culturas locais, pressagiando o retorno do regionalismo. O período Antigo Intermediário também foi testemunho de duas civilizações importantes: a nazca e a moche. Os nazcas, no litoral sul do Perú, continuaram as tradições estabelecidas na região no tocante aos excelentes tecidos e artesanatos em cerâmicas. As vasilhas, pintadas antes do cozimento, estavam adornadas com animais, pássaros, peixes e plantas, bem como troféus com formas de cabeças humanas e corpos decapitados. ornamentos similares, de grande tamanho, foram encontrados na área do deserto compreendida entre Cahuachi e Palpa. estas famosas linhas de Nazca eram feitas limpando-se as pedras sobre o terreno até revelara rocha subjacente. As linhas representam animais, como macacos, aranhas e pássaros, ou formas geométricas. os propósitos são desconhecidos, mas poderiam ter sido oferendas para os deuses.
O litoral norte do Peru, por outro lado, foi dominado pela cultura moche entre os anos 1 e 600 d.C. Centralizados nos vales Moche e Chicama ampliados através de conquistas militares, o território moche se estendia desde o Vale Pacasmayo, no norte, até os vales Santa e Nepenha, no sul. Construíram impressionantes centros urbanos e religiosos. Um deles foi a Pirâmide do Sol, em Moche, uma estrutura sólida de adobe de 350 metros de comprimento e 40 metros de altura. Foram construídas importantes obras públicas, incluindo sistemas de irrigação que permitiram aos agricultores utilizar as terras do deserto para cultivar milho, amendoim, pimenta e batata-doce. Os artesãos elaboraram a mais fina cerâmica e ourivesaria da América pré-colombiana. Os ourives dominaram as técnicas do banhado a ouro, as ligas e a fundição mediante o processo de colagem com cera ou empregando moldes. os ceramistas utilizavam moldes para a produção de vasilhames em série e também elaboravam vasilhas com asa na forma de estribo, enfeitadas com cenas cotidianas, guerreiras e ou mitológicas.
Entre os anos 500 e 1.000 d.C. (o período do Horizonte Médio) surgiram dois impérios que dominaram grande parte da região central e sul dos Andes e partes do litoral. Não é conhecida a relação que houve entre eles, porém compartilharam o estilo artístico, que sugere uma religião comum. A primeira civilização foi denominada de acordo com a sua capital, Tiahuanaco, uma populosa cidade localizada no planalto da Bolívia, centro de peregrinação religiosa de toda a região dos Andes, famoso por sua arquitetura megalítica e por suas austeras esculturas em pedra. Diversos motivos da sua arquitetura em pedra, como as figuras aladas e felinos, também estão representados em vasilhas policromas e em tecidos multicoloridos. Embora acompanhem o estilo local, revelam traços da cultura chavín. Em uma região extensa porém difícil de definir, no sul do Peru e ao norte do Chile se observam traços de influência cultural e religiosa de Tiahuanaco. O segundo império, o Huari, tinha seu centro na bacia de Ayacucho. os motivos do estilo tiahuanaco também são encontrados na cerâmica huari, se bem que de forma mais tosca, indicando que houve contato e troca de ideia entre os dois impérios. Depois do ano 500 d.C., o Império Huari se expandiu com rapidez e sua influência se estendeu, para o litoral, até Chancang, cobrindo uma área equivalente a mais da metade do peru atual. Foram construídos grandes assentamentos planejados em toda a região, que consistiam em recintos murados que continham complexos religiosos, fortes militares, adegas, casas e oficinas de artesãos. Os impérios de Tiahuanaco e Huari administraram seus vastos territórios a partir de centros construídos para este fim, onde os funcionários governamentais supervisionavam as obras públicas construídas pelos habitantes como uma forma de imposto ao trabalho. Diferentemente dos tiahuanacos, os huaris eram um poderoso Estado militar, unificado por um programa planejado de construção de caminhos e de colonização.
Por pouco tempo, Huari tornou-se a capital de um estado político que abrangia a maior parte do Peru, mas em 800 d.C. a cidade foi destruída e abandonada para sempre. A freágil unidade logo se rompeu e os Estados e estilos locais de arte foram retomados. Só com a conquista dos Incas nos séculos XV e XVI o Peru foi reunificado.
Desses métodos de exploração e controle dependeram as culturas posteriores, principalmente a autoritária cultura inca. Mil anos antes que os incas assumissem o poder e criassem o maior império que existira no continente americano, já tinham estabelecido sólidos alicerces políticos, religiosos e sociais.
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