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domingo, 29 de março de 2020

OS FENÍCIOS - HOMENS QUE ADORAVAM O MAR

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                Os fenícios foram o povo marinheiro mais ativo de toda a antiguidade mediterrânea. Eles foram os primeiros que ousaram  navegar ao largo, além das Colunas de Hércules, só com o auxílio das estrelas; tão famosos no seu tempo que Salomão, rei de israel, ao dispor-se a construir naves para seu próspero reino, mandou buscar construtores navais na cidade fenícia de Sidom de Tiro e contratou marinheiros escolhidos entre aquele povo. 
                   Para os povos que habitavam os países do Mediterrâneo, principalmente para os gregos, os Fenícios sempre constituíram um enigma mais ou menos misteriosos. os helenos não podiam compreender de que maneira esse diminuto povo se transformado numa potência que se estendia por toda a região entre o Gibraltar e a costa do Líbano, mas que, afinal, não parecia detectável em parte alguma, o que lhes parecia ainda mais incompreensível.   Em vez de de manifestar através da presença de poderosas cidades ou da posse de grandes extensões de terra, essa potência era perceptível apenas através de um denso entrelaçamento de rotas marítimas, assinaladas pelas esteiras que seus frágeis barcos deixavam nas águas. 
                      É verdade que no ponto final de algumas dessas rotas existiam baluartes modestos, não mais que povoações cercadas por um muro, construídas quase sempre em enseadas bem protegidas contra os ventos. Ao se passar de barco diante desses baluartes, podiam-se distinguir alguns armazéns de mantimentos, casernas, torres fortificadas, a sede do comando local, que era também o prédio que mais sobressaía entre os demais, e, às vezes, também um templo. No conjunto, porém, nada havia que se comparasse, nem de longe, com as metrópoles mercantis dos gregos. Em lugar algum se divisava sequer uma fachada de mármore, nem colunas, nem  estátuas coloridas de deuses. 
                 Contudo, acreditava-se que os porões dessas edificação acinzentadas estavam abarrotadas de mantimentos e riquezas maiores do que nas arcas de muitos reis.
                     A única certeza que se tinha era a de que eles pertenciam a um mundo completamente diferente do dos gregos. Eram orientais, mas evidentemente formavam dentre desse grande grupo um pequeno círculo exclusivo, que se guiava por regrar próprias e inescrutáveis. Não costumavam falar de si mesmos. Eles vinham, faziam seus negócios e tornavam a desaparecer. Era sobretudo essa seu estilo de viver que deixava todo mundo perplexo. 
                     Por tudo isso eram odiados e esse ódio, tendo de ser contido , transformava-se em escárnio e menosprezo. Mas eles eram, sobretudo, temidos, principalmente porque era tão difícil entende-los. 
                     Onde quer que eles se instalassem, mesmo nas suas grandes e suntuosas cidades situadas na costa do Líbano, os fenícios viviam mais no mar do que em terra firme. Suas comunidades se voltavam e se orientavam sempre para o lado das águas. A terra lhes servia, de uma certa forma, apenas como uma espécie de base que podia ser abandonada a qualquer momento, para mergulharem de novo no seu verdadeiro elemento.  
                    Não poucos capitães helênicos tinham sido obrigados a sufocar na garganta o grito de saudação á vista de uma costa virgem, ao verificar que por detrás de algumas rochas escondiam-se típica edificações da gente de Tiro e Sidom. O s fenícios tinham se instalado no Bósforo, na Itália, na Sicília, no litoral da Espanha e do Norte da África. Seus agentes assumiram funções de conselheiros juntos aos tronos dos monarcas egípcios e sopravam seus conselhos nos ouvidos de reis assírios, babilônicos e persas. Cooperavam até mesmo com os etruscos, um povo tão estranho como eles próprios. Onde quer que se estivesse, parecia impossível escapar à sua presença. Tanto que, por fim, se tornara corriqueira a ideias de que eles estavam envolvidos em todos os complôs dirigidos contra os gregos, pouco impoetando que os tivesse insuflado.
                 Pode ser que até mesmo "Alexandre - o Grande", que era genial para entender coisas que pairavam no ar, não tenha despendido o tempo necessário para compreendê-los completamente. Não obstante, ele conhecia suas intenções, pelo menos num determinado ponto. Ele sabia em que se baseava uma parte de sua autoconfiança e de sua convicção de serem diferentes dos demais povos; o mar era aliado dos fenícios. A existência humana encontra suas raízes no solo terrestre, não nas águas. A atitude de Alexandre mostra um sinal de fraqueza, pois, afinal, os seres humanos, em vez de anfíbios, são animais terrestres. 
              Alexandre teria percebido que no mar, e aliados às águas, os homens de Tiro eram realmente invencíveis, pelo menos em relação aos meios de que ele dispunha. Em terra firma, ao contrário, eles ficariam incondicionalmente à sua mercê. 
                Para resolver o problema, mesmo contra a vontade de seus soldados, Alexandre mandou construir um dique ligando Tiro à costa libanesa.
                    O aterro necessário levou seis meses para se completar, ao cabo do qual os soldados abandonaram as picaretas e voltaram a empunhar suas espadas. 
                 Alexandre não apenas conquistara uma cidade, mas também destruíra um mito, e certamente tinha disso plena consciência. Tanque que, embora costumasse tratar seus prisioneiros com relativa benevolência, resolveu estatuir um bárbaro exemplo em Tiro. Ao longo do litoral da ilha foram levantadas duas mil cruzes e nelas imolados igual número de homens da cidade. Trinta mil crianças, mulheres e pessoas idosas foram postas á venda, tornando-as escravas. O ato era de vingança, mas, ao mesmo tempo, calculado. O mundo inteiro deveria ficar sabendo que os fenícios, senhores do mar, tinham sido vencidos por ele. o senhor da terra firme. Passara a existir um único ídolo: Alexandre da Macedônia. 
                   Contudo, o mito criado em torno desse povo, por volta de 332 a.C., já perdurava há quase mil anos. Alexandre - o Grande, morreu de uma peste em 323 a.C. O grande conquistador foi eliminado, provavelmente, por um frágil mosquito que lhe transmitiu um vírus invencível. 
                Fica a pergunta: como seria o mundo se Alexandre não tivesse extinto esse tão glorioso povo do mar?
            Descrever-lhe todas as proezas, falar de todas as lendas que circulavam sobre o antiquíssimo povo Fenício tornaria a história do Homo Sapiens bem longa. Basta recordar que suas cidades costeiras (Os Fenícios possuíam um império construído sobre portos, e frotas, mas, não um grande domínio territorial, como Tiro e Sidom, foram, no segundo milênio a.C., as mais civilizadas de todo o mundo conhecido. 
                  Suas caravanas percorriam a Ásia até a Índia e o Tibéte, seus navios circunavegavam a África, arriscavam-se até a Inglaterra e a Islândia, e todos os objetos raros ou preciosos chegavam ao Mediterrâneo por seu intermédio. 
                  Foi um povo muito habilidoso, tanto nas artes como na carpintaria e marcenaria. Foram eles que, sob o reinado do grande rei Hiram de tiro, construíram o templo de Salomão, em Jerusalém; também foram eles que, quase três mil anos antes de Ferdinand e Lesseps, cavaram um canal entre o mar Vermelho e o Mediterrâneo, no mesmo percurso do moderno Canal de Suez.
                  Infelizmente, dos Fenícios restaram ainda menos sinais que os Hititas; suas cidades de Sidom e Tiro ainda estão em pé, é verdade, mas o povo de navegadores, que as tpornara poderosas e famosas, dispersou-se, sem deixar vestígios, entre os inumeráveis povos da Ásia. 
                Por muitos séculos antes de cristo, esse povo dominou o comércio do Mediterrâneo.  Os gregos os chamavam Phoiniques - que significava vermelho púrpura. E, de fato, na cidade de Tiro, fabricava-se a famosa tinta púrpura, obtida das glândulas de um marisco chamado "múrice" e usada como corante de tecidos. A si próprios, porém,  parece que os fenícios chamavam cananeus; sendo sua terra de origem. Eram semitas, portanto, parente dos hebreus. E sua língua era muito semelhante ao hebraico. Esta é a sua história. Aqui veremos como foram suas viagens pelo mundo desconhecido de então, suas vitórias e conquistas, e também como foram derrotados e dominados; e finalmente como desapareceram. 
             Partindo da região do Sinai (na parte asiática do Egito de hoje) os fenícios se instalaram, por volta de 3.000 anos a.C. numa estreita faixa de terra da S´[iria atual, entre as montanhas do Líbano, o Mediterrâneo, o rio Eleutero (Nahr-el-Kebir) e o Monte Camrlelo. A área, montanhosa, é pouco adequada á agricultura; os fenícios logo compreenderam a situação e voltaram-se para o mar, tornando-se excelentes navegadores. Com o cedro das montanhas do Líbano fizeram embarcações.  Suas gravuras foram encontradas num túmulo egípcio de cerca de 1.500 a.C. Audazes, empreendedores, eles distribuíam pelo Mediterrâneo ( e até bem mais longe) as  mercadorias do mundo inteiro. No ano 814 a.C., aproximadamente, fundaram Cartago, na África do Norte - centro que se tornou importante e chegou a desafiar Roma. 
               No século VII a.C. navegaram em torno do continente africano; partindo do golfo de Suez e retornando por Gibraltar. 
                  A independência das cidades fenícias desenvolveu nelas variadas  práticas políticas. Algumas eram dirigidas por monarcas, mas estes se viam obrigados a dividir o poder em "Conselhos de Anciãos" ou com as Confederações das Cidades".  Noutras havia mesmo regimes republicanos, estando o governo a cargo de juízes temporários - os sufetas. 
                 Havia, porém uma desvantagem nessa falta de unidade política; os fenícios passaram a lutar internamente, tornando-se presa fácil dos adversários.  os egípcios, ,por exemplo, dando-se conta disso, conquistaram a Fenícia por volta de 1600 a.C. depois também os hicsos dominaram o país, o que ocorreu por volta do século XIV antes da era cristã. 
               Libertada dos egípcios, nem por isso a Fenícia teve paz. Sidon, sua cidade maior e mais rica, foi arrasada pelos filisteus - povo que habitava o litoral da Palestina. Daí, por quatro séculos, Tiro passou a ser o principal centro fenício, fundando muitas colônias. Quando Hiram  era rei dessa cidade e salomão rei de Israel, desenvolveram grande comércio. 
               Havia, contudo, outras ameaças, principalmente a da Assíria. No século XI a.C., à procura de uma saida para o mar, os assírios ocuparam a cidade fenícia de Arad. Para deter a expansão, os fenícios propuseram o pagamento de tributos àquele país. Com isso mantiveram por algum tempo a ilusão da independência.  Um escrito assírio do ano 876 a.C. registra que os habitantes de Tiro, Biblos e Sidon eram obrigados a pagar "grande quantidade de ouro, chumbo, bronze e marfim, 35 vasos de bonze, algumas vestimentas de cores vivas e um delfim". 
               Quando Sargão II era rei dos assírios, estes tornaram a atacar a fenícia. O país procurou aliados, untando-se a egípcios e hebreus. Em vão. Todas as cidades caíram no cativeiro. Mas nos séculos VII e VI a.C., também os assírios foram conquistados pelos babilônios; no reinado de Nabucodonosor, Assíria e fenícia foram unidas sob o cetro desse novo império. Quando a babilônia, por sua vez, foi conquistada pelos persas no tempo do rei Ciro, a Fenícia passou a pertencer aos novos dominadores. Duzentos anos depois veio Alexandre da macedônia e conquistou a Pérsia. 
                 Segundo o arqueólogo brasileiro Bernardo de Azevedo da Silva ramos, os Fenícios estiveram no Brasil. É que existe uma gravação numa pedra do morro da Gávea, no Rio de Janeiro. Realmente a pedra existe e a gravação também. A tradução, se verdadeira, significa que os fenícios estiveram por qui há cerca de 2.800 anos. Contudo, apesar das evidências, não existe consenso a respeito.  O Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas aceita totalmente as evidências e a afirmativa daquele estudioso. Já os Instituto Histórico e geográfico do brasil opõe dúvidas; diz que as supostas inscrições podem ser resultado de fenômenos naturais, chama Bernardo ramos de "visionário".  De qualquer modo, mesmo outros autores acham possível que povos antigos tenham chegado até nós na antiguidade. Assim, porque não os fenícios que, indiscutivelmente eram muito corajosos e audaciosos, além de serem grande navegadores.  Pode ter acontecido que, nas suas incursões pelo Atlântico, levados por correntes marítimas, por aqui tenham aportado. Coragem para isso certamente não faltava a esses fundadores de tantos núcleos de civilização.  
           


            Apesar de rudes, os fenícios tinham uma cultura bem avançada para sua época. O alfabeto, como nós o conhecemos, deve-se aos fenícios. Antes deles, cada palavra era representada por uma figura ou imagem; com eles, os sons passaram a ser representados por símbolos, como são atualmente. Também a esse povo se deve a descoberta , pela posição dos astros, é possível orientar a navegação. 
                Eram hábeis artesãos. Produziam cerâmica, objetos de vidros jóias. Foram famosos por seus trabalhos em metal, tais como ouro, prata e cobre, que comercializavam juntamente com objetos e escravos trazidos do Egito, Pérsia, Índia, Babilônia, Arábia e outras regiões. O célebre templo de Salomão, de que fala a Bíblia, foi construído com o auxílio de fenícios. 
                 A religião dos fenícios divinizava as forças da natureza; isto nos mostra seu avançado pensamento. Contudo incluída o sacrifício de vidas humanas nos seus rituais pela natureza. Com o tempo, cada cidade fenícia passou a ter sua divindade particular, denominada genericamente de Baal. Estas cidades gozavam de independência, embora pagassem impostos aos centros da vida religiosa em Sidom e Tiro. 

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