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quinta-feira, 19 de março de 2020

AS CONQUISTAS DE ALEXANDRE - O GRANDE



                  Para entender a verdadeira história de Alexandre, o Grande, primeiro é preciso conhecer a história de seu pai  Filipe II foi um brilhante político, diplomata e estrategista. A ele se deve o sucesso do filho Alexandre, que entrou para a história com o nome de "o Grande" ou "o Magno". Entretanto seu pai permanece em segundo plano, relegado á simples condição de "pai de Alexandre. Sua energia fez da Macedônia, pequena região da Grécia setentrional, um estado forte, capaz não só de derrotar militarmente as cidades-Estado da Grécia antiga, mas de iniciar a expansão que Alexandre Magno, terminaria com a conquista da Ásia até a Índia e da costa oriental do Mediterrâneo. Tudo isso aconteceu no século IV antes de Cristo. 
                 Aos 14 anos de idade, Filipe começou sua carreira e de maneira bem difícil; como refém político de Tebas, na Grécia. Nesse período passado entre os tebanos, Felipe não perdeu tempo; aprendeu tudo que podia sobre os gregos, cujas qualidades admirava muito. Quando voltou para sua terra, aos 22 anos de idade, estava perfeitamente preparado para dirigir os macedônios. Logo de início, controlou os príncipes semi-independentes. Depois, com muita esperteza, estimulou conflitos entre as diversas cidades, que na Grécia antiga formavam Estados. Essas rivalidades entre as cidades-Estados  gregos eram costumeiros; viviam brigando por alguma coisa. Essas rivalidades renderam ao Felipe II o domínio de toda a costa do Mar Egeu. E mais, assumiu também o controle das minas de ouro e prata do monte Pangeu, cuja produção serviria para financiar sua política de suborno dos adversários. Mas certos planos seus eram irrealizáveis por meios políticos e exigiam força. Os exércitos das cidades-Estado da Grécia eram unidades altamente treinadas, mas movidas apenas por interesses mercenários. Filipe revolucionou essa tradição, organizando um exército nacional homogêneo e unido patrioticamente, que reunia a habilidade guerreira do mercenário e a qualidade humana do lutador consciente de sua causa. Sua cavalaria já se tornara a mais poderosa da Grécia, mas não bastava. E por isso, ele criou uma nova infantaria, eficaz e praticamente imbatível. 
                    Assim surgiu a falange, uma concepção estratégica baseada nos princípios espartanos, mas com uma série de inovações. Armada com as sarissas, lanças mais compridas do que as comuns. A falange constituía uma força de apoio que dava à cavalaria o máximo poder de ataque; eram formadas em seis divisões, com 5.000 homens cada uma. Felipe cercou-as com duas alas de cavalaria de choque; os companheiros e os tessalônios. Para os movimentos rápidos, havia mais duas alas de cavalaria ligueira. Entre a cavalaria e o bloco das falanges avançava ainda uma força de infantaria couraçada. E, para completar, guarnecendo o flanco, deslocava-se um corpo de infantaria leve, formado por arqueiros e arremessadores de dardos. Houve um grego que percebeu o início da ameaça representada por Felipe que se chamava Demóstenes. Numa campanha intensiva, tentou alertar sua gente contra os macedônios. Mas as cidades-Estado estavam influenciadas pelo jogo hábil de Filipe. Tebas, empenhada numa guerra contra os fócios, convidou o macedônio  a intervir. E ele, que havia fomentado uma revolta contra Atenas, acabou tendo acesso ao Conselho grego, que tratava dos templos e cultos em 346 a.C.
                  Para Filipe, que admirava profundamente a Grécia, essa foi uma ocasião gloriosa. Mas não para os atenienses; não se conformaram em ver na comunidade helênica alguém que consideravam um bárbaro. Daí a guerra: de um lado ateniense e tebanos; do outro, a falange macedônia. E os gregos perderam. Os vencidos receberam tratamento honroso, pois Felipe queria provar que era civilizado e queria tê-los como aliados. Para unificar a Grécia, criou uma liga nacional de cidades, a qual se aliou com a macedônia. Entretanto, sua carreira ficou interrompida, pois foi assassinado. Foi, então, que surgiu o filho Alexandre e concluiu a obra do pai, estabelecendo um dos maiores impérios da antiguidade. 

O Estado da Macedônia existiu por volta do século IV a.C., na região que hoje corresponderia ao norte da Grécia, sul da Iugoslávia e Bulgária. 
Embora de mesma origem, os macedônios eram considerados bárbaros pelos gregos.

                  Quando Alexandre nasceu, no ano 356 a.C., seu pai, Filipe V, rei da Macedônia, já a era a figura mais importante do mundo helênico. Dominava de fato, se não de direito, todas as grandes cidades meridionais, de Atenas a Corinto e  a Esparta. Alexandre cresceu no clima férvido da corte, sentindo, em redor de si, agigantar-se o poderio do  nome macedônio, no revérbero da glória paterna, e quando, em 336 a.C. 
             Quando um Bucéfalo (cavalo de batalha) foi presenteado ao jovem Alexandre da Macedônia, escudeiro algum pode manter-se sobre esse animal indomável. Alexandre, todavia, não era um homem comum. Aluno do filósofo Aristóteles, ele já sabia que não temos nenhum poder sobre as paixões enquanto não lhes conhecermos as verdadeiras causas. dessa forma, Alexandre percebeu que Bucéfalo temia sua própria sombra, e como o medo fazia saltar juntos, animal e sombra, isso parecia não ter fim. Virando o focinho do cavalo para o sol e mantendo-o nessa direção conseguiu domá-lo. 
                        Após a trágica morte do pai, encontrou-se com o cetro nas mãos e a herança do pai, já estava preparado para manobrar habilmente a complexa política grega e, sobretudo, cônscio de sua força Um projeto, que já fora de seu pai, crescera-lhe no cérebro, até se tornar uma ideia obsessiva: lançar a força dos Macedônios e dos Gregos contra o gigante persa, vingar a mancha de saque de Atenas. Reunindo a maior parte das forças helênicas, sob seu comando, em 334 a.C., desembarcou de improviso nas praias de Troia. O descendente de Aquiles ( é que se supunha) retornava, com o bafejo dos deuses, à terra cantada por Homero. Arrebatado pelo seu ímpeto, o exército macedônio passa como uma rajada sobre a planície anatólica, desbaratada, às margens do Grânico, (primeira batalha de  Alexandre em 334 a.C.) , as tropas dos Sátrapas, ocupa Górdio e Tarso e força as Portas Siríacas. As colunas gregas, longamente oprimidas pelo domínio persa, sublevam-se e juntam-se, entusiastas, ao herói de sua raça. Em Íssus, Alexandre encontra o grosso do exército persa, comandado pelo próprio Dario II Codomano, da dinastia dos Aqueménides, mas a sorte do jovem filho de Felipe, escorada pela sabedoria de seu general Parmenião, desmantelas, sem possibilidade de fuga, o grande exército asiático. A batalha de Íssus assinalou o desmoronar do colossal império Persa. Foi quando Alexandre se encontrou quase face a face com Dario III. 
                 Nas planícies de Arbeles, se verifica o último e definitivo combate. Esmagadas as forças de Dario, Alexandre cavalga, como um triunfador, rumo ao coração do velho império persa. Cai Babilônia, Persépolis abre-lhe as portas, mas a grande marcha dos Macedônios prossegue, veloz, através de vales e desfiladeiros, nos desertos da Carmânia e da Bactriana, sempre mais além, para lado Indo, além do Idaspe. Quando a corrida se detém, diante das margens do Ganges, isto é, na Índia, o jovem general macedônio se encontra senhor de todo o Oriente conhecido. Suas tropas, fatigadas, combalidas pelo cansaço e pelas doenças,lembram-se com saudade  das suaves colinas da Grécia como se fossem um paraíso perdido. Mas o grande impulso guerreiro de Alexandre ainda não está satisfeito. Ele sonha com a conquista do mundo, sente-se imenso e invencível qual um deus do Olimpo. 
               Obrigado pelos seus conselheiros, com o coração inundado de mágoa, o herói repisa suas pegadas rumo à suprema grandeza, rumo à morte, que o atingirá fulminantemente, entre o tripúdio da Babilônia, truncando,assim, a imensa ansiedade de glória, que lhe sustentara o voo desde Pelas ao Ganges.
               Alexandre tinha sido preparado para a audácia. Quando nasceu, em 356 a.C., a Macedônia começava a impregnar-se da cultura grega, além de firmar-se como potência político-militar. Aristóteles fora seu preceptor. A "Ilíada", de Homero, o livro de sua formação. As artes da guerra aprendera com o pai, Felipe II. Quando este foi assassinado, em 336 a.C., Alexandre tornou-se rei dos macedônios, com o que assumiu altos postos; passou a ser o chefe da Liga de Corinto (união de várias cidades-Estados) e comandante do mais preparado exército da época. 
                 A morte de Felipe II provocou rebeliões armadas em Tebas e Atenas, cidades que por ele haviam sido subjugadas desde a batalha de Queronéia em 338 a.C. Alexandre não se limitou a dominar as revoltas; destruiu Tebas inteiramente, criando um exemplo para outras eventuais insurreições. 
               Alexandre teve por sustentáculo um exército poderoso, deixado por seu pai e agora sob seu comando, cuja espinha dorsal consistia na falange, formação militar típica da Grécia antiga, de inspiração espartana, que Filipe II aperfeiçoou. Era composta por várias fileiras laterais de soldados armados com uma lança de 6 metros  (sarissa), três vezes maior que a lança espartana. Nove mil homens eram distribuídos em seis batalhões. A falange não atuava na ofensiva, diretamente; era, isto sim, a base estável a partir da qual se desenvolviam as manobras da cavalaria. Uma verdadeira parede de lanças, impenetrável, tinha o flanco direito protegido por uma tropa de elite, suficientemente armada para acompanhar suas investidas, mas suficientemente leve para participar dos combates nas zonas montanhosas. Era como se fosse uma barreira de tanques modernos.
                A infantaria  era composta por soldados da Liga de Corinto, e utilizada principalmente para estabelecer  as comunicações. A cavalaria evoluía a partir da velha cavalaria armada macedônica, coligada entre a nobreza, e com um lastro de várias gerações de lutas. Compreendia duas alas: companheiros e tessalônicos que desempenhavam o papel mais importante nas campanhas. 
               Além dessas peças fundamentais, havia dois batalhões de arqueiros, lançadores de azagaias, tropas especiais para escaramuças, e grupos especiais equipados com a maquinaria requerida para os sítios, a travessia de rios, ou transposição de qualquer outro obstáculo. 
                 O Oriente Médio, como passagem obrigatória para as comunicações entre o Ocidente e o extremo Oriente, sempre foi cobiçado pelos gregos. Estendido sobre esta privilegiada posição geográfica, o império persa representava um entrave nas rotas da seda, das especiarias, enfim de todo o comércio grego com o exterior, feito por via terrestre. Além disso, os gregos queriam expandir-se, ter mais espaço territorial e maiores riquezas em circulação. Que o império dos persas atendia inteiramente a essas reivindicações, era fato sabido bem antes de Alexandre magno. Agesilau de Esparta e Jasão de Feras  haviam tentado sua conquista, mas fracassaram; faltava-lhes a retaguarda de um governo nacional sólido, pois o fracionamento da Grécia em cidades-Estado independentes e antagônicos impedia uma centralização política que conjugasse seus esforços. E por isso fracassaram na empreitada.
              A unificação e coesão dos gregos só se realizou através de Alexandre Magno, quando o domínio desse monarca se estendeu sobre a Grécia. Esse acontecimento coincidiu com a fase de decadência do Império Persa; da antiga solidez restava apenas a aparência, salvaguardada às custas da corrupção de tudo e de todos, inclusive de gregos da Eólia e da Jônia, na Ásia Menor, então sob domínio persa. O impulso de libertá-las forneceu o pretexto para a guerra. 
               No ano de 334 a.C., quando Alexandre atravessou o Helesponto  (Como era chamada a faixa de mar entre a Grécia européia e a Grécia asiática) em direção à Ásia Menor, Dario III esperava-o no ponto de chegada. Sabendo que o macedônio estava desfavorecido estrategicamente (suas comunicações com a retaguarda eram muito difíceis), Dario III adotou uma tática de fuga que obrigava os invasores à perseguição e à penetração em terras do império. Em dado momento fixou suas tropas perto do rio Granico, onde os macedônios, embora surpreendidos, dizimaram-se. Os remanescentes do exército persa bateram em retirada. As estradas ficaram completamente livres para serem transitadas pelo  invasor. Elas o levaram a Sardis, antiga capital da Líbia, num golpe fatal à unidade persa. 
                 Os germes da decadência persa eram visíveis. Os sucessores dos grandes reis terão apenas raramente a envergadura que é imposta por tão ambicioso desígnio. Ora, o império persa não soubera resistir à mediocridade, as crises sucessórias, à indisciplina dos sátrapas, às tensões internas e aos perigo externos. 
               Longe da vida austera e sóbria dos bons momentos aquemênidas, os reis persas abandonar-se-ão lentamente aos encantos da ociosidade.  As antigas virtudes dos cavaleiros-guerreiros sucederão costumes novos. A própria corte real fora profundamente modificada. Os eunucos e as concubinas substituíram o séquito de senhores da guerra. A corrupção,l a intriga e o crime haviam se instalado como tantas doenças decisivas. A força e a faculdade de ordenamento haviam cedido lugar à crueldade e à intolerância. Cada mudança de reinado fora marcada por um banho de sangue e de conspirações urdidas do harém. Como mais tarde em Roma, o imperio estava corroído e em sua cabeça oscilava a inércia e a violência. 
                A decadência real afetara rapidamente os sátrapas encarregados de manter os interesses do império. Eles se embriagaram com as ambições pessoais e se consideravam capazes de indisciplina. Quando Artaxerxes II puxa-lhes as rédeas energicamente, o império logo se porta melhor. Mas a maioria dos sucessores de Dario manteram seu trono apenas deixando os sátrapas agir à vontade.  Estes rejeitaram as ordens reais, assalariaram ou intimidaram os comissários do rei; cunharam moedas de ouro e esmagaram seus povos com pesados impostos. 
                  A "revolta dos sátrapas" revela a degradação da autoridade real e o desaparecimento do feudalismo dos primeiros tempos. Fundada sobre laços de lealdade, a sociedade guerreira persa cedeu lugar a anarquia do bel-prazer de alguns. Há apenas traições, abandonos e retrocessos sucessivos. Em lugar de se impor, o soberano prefere ceder. Ele conta com a invitável desunião de seus adversários. 
                Com repetidos fracassos, o dinamismo se quebrara. A grandeza do império não é mais do que uma adição de efetivos. Os constantes combates esgotam as tropas de elite e o recrutamento. Os persas mais valiosos desapareceram durante as batalhas. Chega-se ao esgotamento do sangue. 
             Diante do poderio nascente da Grécia, eram necessários reis enérgicos para refazer o exército e reconstruir a frota. Depois de Platéia e de Salamina, era preciso explorar de outra forma, que não pelo ouro, as dissensões da Hélade. Era preciso preciso sair do torpor, reencontrar força e energia para retornar a ofensiva. 
              Foi nesse contexto de total degradação que Alexandre bateu ás portas do grande império persa.  Com ele, um sopro conquistador passará à fronteira do mundo iraniano e acordará as energias adormecidas. 
               Alexandre, um rei de 20 anos, belo como um deus, os cabelos louros e cacheados, a testa alta, a pele clara, este jovem  rei assemelha-se a um irmão dos heróis da Ilíada. Na primavera de 334, na doçura de abril, 160 trirremes e numerosos navios de transporte acostam na Ásia Menor, no mesmo lugar em que se erguiam os cipos funerários de Aquiles, de Ajax, e de Pátroclo. Com os cabelos esvoaçando ao vento, em pé na proa da trirreme real, Alexandre brande um dardo e o lança  sobre a praia. Ele tomou posse do lugar. 
             Depois de ter rezado nas ruínas de Troia, onde ele deposita suas armas pessoais como oferenda a Atena, Alexandre toma a frente de 32 mil infantes e de 5 mil cavaleiros. Fortalecido pela bênção dos deuses e dos heróis helênicos, ele pode agora atacar o gigante persa graças ao emprego de uma nova formação tática: a falange . 
               "Acende uma tocha que consumirá a Ásia..."  No instante em que ele pisa o solo da Ásia Menor, este vaticínio emitido quando de seu nascimento está nos pensamentos de Alexandre? Acredita ele verdadeiramente que conseguirá se apoderar do mais vasto dos impérios?
            Ao ser anunciado o desembarque dos exércitos da Liga corintiana que vieram trazer para a Ásia "a guerra de represálias", os Persas imaginaram poder esmagar sem dificuldade estas tropas comandadas por um hegemon  ( de poder absoluto) recém-saído da adolescência. Eles se enganam. Dario Codomano enviou 20 mil cavaleiros persas e igual número de mercenários gregos. O encontro tem lugar no Granico, onde os Persas instalaram seu acampamento. Num turbilhão de flechas, de gládios e de dardos, os cavaleiros e os hoplitas do Macedônio esmagam a armada persa superior em número. 
              Com esta vitória, Alexandre se torna dono da Jônia e da Ásia Menor. Depois de Granico, é a vez de Isso, de Arbela. O domínio da Síria, da Fenícia e do Egito. Logo em seguida o da Babilônia e da Ásia central. Quatro anos depois do desembarque do macedônio, Susa cai sem combate.  
                Alexandre conhece os palácios dos Grandes Reis.  
                 Logo ele toma Persépolis, onde ninguém lhe opõe resistência. A cidade dos Persas é entregue às chamas. Ato de desregramento devido à embriaguez nascida do vinho ou às sugestões de Taís? Ao incendiar a antiga capital e quebrar suas colunas, Alexandre vinga os insultos feitos em Atenas, logo a toda a Grécia, meio século antes. 
                Depois do incêndio, Alexandre vai  ao túmulo  de Ciro. Na austera solidão desta planície sagrada, o jovem chefe  se inclina diante dos restos do Grande Aquemênida. Ele faz sacrifícios e fica longo tempo silencioso. 
               Já no fim do primeiro  ano não havia muitos problemas para o exército alexandrino. Parmênio, um dos generais, ocupou a Frígia. O quartel-general para operações dos macedônios foi instalado em Górdio, ponto de convergência das estradas da região. 
               Na Frígia, criara-se um mito em torno do carro de Górdio, fundador do reino frígio; homem capaz de desatar o nó que prendia o pino aos varais e governaria o mundo. O domínio universal era sem dúvida o objetivo máximo de Alexandre, talvez frustrado apenas por causa de sua morte precoce. 
                No decorrer dos meses e dos anos, Alexandre encontrará um pouco mais da herança aquemênida. Sobre os traços de Ciro e de Dario, ele refará o império em seu vasto poder. Com ele, os Ários do Ocidente reencontrarão os da Ásia. Ele considerará em pé de igualdade a aristocracia greco-macedônica e a nobreza persa. Reconciliando com o passado, ele associará esta à direção do império. 
                Conquistador, mas também pacificador, Alexandre reconciliou-se com a "realeza total". Respeitador das línguas e das religiões, rei da Macedônia, hegemon da Liga de Corinto, libertador da Ásia Menor, faraó do Egito, rei das quatro partes do mundo, este jovem chefe, feito deus, tornou-se o herdeiro do Aquemênidas. O último. Ele castiga os fiéis de dario II Codomano que assassinaram o Grande Rei nos redutos da Pártia até onde ele se havia escondido em 330 a.C. E ele desposa Stateira, filha do mesmo Dario. Somente a morte de Alexandre, em 323, marcará a morte definitiva da unidade imperial: seus diádocos dividirão entre si as satrapias. Então o império ariano na Ásia Anterior estará realmente morto. 
   
O excesso de poder pode estabelecer uma relação incestuosa com os delírios da loucura.
Parece que foi exatamente isso que aconteceu com Alexandre.

                  O estopim da guerra, a libertação das cidades de Eólia e Jônia, tinha rastilhado, explodido e se extinguira. Mas o império persa tinha ainda muito a oferecer. Alexandre, portanto, não estava satisfeito.  Dario, embora amedrontado pelo poderio bélico do líder macedônio, e que por isso reuniu suas tropas no desfiladeiro próximo a Isso, posição privilegiada para o combate. Mas a vitória coube a Alexandre, que assim desobstruiu o caminho para a Fenícia e a Síria. 
                 Dario, a esta altura estava desesperado e propôs ao conquistados a partilha pacífica do império. Tomando como divisor o rio Eufrates, oferecia as terras a oeste a Alexandre, e reservava o loeste para si, desde que se fizesse a paz. Alexandre recusou. A sequência de seu itinerário de conquistas continuava pelo litoral do Mediterrâneo. Tiro foi dominada após sete meses de conflito, proporcionando fácil avanço sobre o resto da fenícia. Em seguida Gaza também se curva aos macedônios. Finalmente, em 331 a.C., o Egito, última das províncias litorâneas dos persas, é controlado e, assim, Alexandre, o Grande, torna-se senhor absoluto do Mediterrâneo.
                Partindo de Tiro, na Fenícia, Alexandre sai para leste em busca do território persa e seus tesouros, sem maiores obstáculos. Só nas proximidades de Nínive, uma das capitais, é barrado por Dario. Foi a batalha de Arbel ,nas vizinhanças da cidade de Gaugamela. As forças persas são desbaratadas e Dario esconde-se na Média, ponto inicial de uma fuga constante que perdura até seu assassínio. Com isso, Alexandre tem a Pérsia e todas as suas províncias inteiramente nas mãos. Dirige-se á babilônia, núcleo do império, depois a Susa e Persépolis. Dessa forma chega aos seculares tesouros reais. 
                As cidades gregas foram libertadas, e o império persa dominado. Disso resultam grandes benefícios para os gregos e macedônios. 
               Nesse momento Alexandre poderia simplesmente parar suas conquistas intermináveis. Mas o poder é uma febre que não amaina e sempre cresce até a destruição total. 
               Alexandre, não satisfeito,  ambicionou conquistar a Índia onde teve de enfrentar três inimigos. 
               No ano 327 a.C. Alexandre o Grande, vindo da Pérsia, penetrou na Índia. Por um ano ocupou-se em campanha nos estados do noroeste, que formavam uma das mais ricas províncias do Império Persa, requisitando víveres para suas forças e arrecadando ouro. No começo de 326 a. C. cruzou o Indo, abriu caminho para o sul e o oeste através da Taxila e Rawalpindi, e com 30 mil homens de infantaria, 4 mil de cavalaria, 300 carros e 200 elefantes derrotou o exército do rei Poro, matando-lhe 12 mil homens. Quando Poro, que lutara até às últimas resistência se rendeu, Alexandre, admirado da sua coragem, da sua grande estatura e beleza, perguntou-lhe que tratamento queria receber. A resposta foi: "Trata-me, Alexandre, com a um rei", ao que retorquiu o macedônio: "assim será, mas dize-me que modo é esse?" "Tudo esta  incluído no que pedi", respondeu Poro. Alexandre agradou-se tanto da réplica que fez Poro rei de toda a Índia conquistada, mas como tributo da Macedônia, e sempre teve nele um fiel e enérgico aliado. 
                Embora governasse despoticamente, Alexandre, que havia sido educado pelo filósofo Aristóteles, admirava a cultura grega e mostrou-se indulgente para com os gregos abastadosque aceitaram sua liderança. 
                  Essa estratégia de conseguir apoio das classes dominantes foi utilizada pelo líder macedônio em todas as suas conquistas. 
               Como a Macedônia não possuía um corpo administrativo e intelectual capaz de reorganizar as sociedades conquistadas de seu imenso império, seguiram os moldes da cultura grega, adotando sua língua, sistema de comércio, educação, artesanato e arte. Assim, embora a Grécia tenha sido conquistada por Alexandre, a expansão do império Macedônico representou um momento de grande expansão da cultura grega. 
                   Depois dessa conquista, Alexandre quis avançar para a costa oriental, mas os soldados protestaram. Depois de muitos debates, o jovem condutor teve de ceder e conduziu-os pelo  rio Hidaspes abaixo e pela costa acima, através de Gedrosia até o Beluchistão, encontrando ininterrupta resistência dos nativos.  Quando, vinte meses depois, chegou a Susa, seu exército não passava dum miserável molambo do que havia sido há três anos antes na Índia. 
                     Morreu aos 33 anos, de uma febre maligna, mas em homem algum no mundo jamais se cumpriu, em tão curto espaço de vida, um destino tão alto e fulgurante em grandeza como do de Alexandre, o Macedônio. 
                   Sete anos depois, nenhum sinal restava da passagem do macedônio pela Índia. O principal agente dessa elisão foi uma das mais românticas figuras da história indiana, guerreiro menor que Alexandre, mas estadista maior. Chandragupta era um jovem xatria exilado de Magada pela família Nanda, então dominante e à qual pertencia. Co o auxílio do sutil e maquiavélico Kautilya Chanakya, o jovem exilado organizou um pequeno exército, derrotou as guarnições macedônias e proclamou a liberdade da Índia. Em seguida avançou para Pataliputra, (a moderna Patna), capital do reino de Magada, onde fomentou uma revolução, apoderou-se do trono e estabeleceu a dinastia Maurian, que ia governar o Hindostão e o Afeganistão durante 137 anos. 
                       Uma sábia atitude de Alexandre tranquilizou os povos subjugados. Este encarava-os não como inimigos, mas como súditos. Faz~e-los coexistir derivou automaticamente do respeito às características étnicas, nacionais e religiosas de cada um. Os costumes foram preservados; os lídios, habitantes da Lídia, região da Ásia menor, continuaram valendo-se de sua legislação. Os judeus na judeias continuaram louvando a seu deus único em Jerusalém sem nenhum entrave. Alexandre simplesmente admitiu a continuidade das diversas práticas religiosas, como também as restaurou em muitas regiões, como por exemplo no Egito, onde foi elevado à categoria de filho do deus Amon;  na Babilônia, onde mandou reconstruir o templo de Marduk. Por outro lado, o hábito da submissão da mulher oriental foi minorado. Arregimentou grande número de soldados heterogeneamente, em busca de nivelação entre Ocidente e Oriente. A fusão étnica foi incentivada. São famosas as "Bodas de Susa", pelas quais 10 mil soldados de Alexandre desposaram jovens orientais. Ele próprio desposou a princesa asiática Roxana
                   Numa administração inteligente, o ouro persa foi absorvido na cunhagem de moedas que circulavam por todo o império. As trilhas da conquista se converteram em estradas, as casernas em entrepostos. Proliferaram os centros de cultura e de comércio, as muitas Alexandrias, das quais são remanescentes Alexandria no Egito e Alexandria na Turquia. Exploraram-se canais e rios. Em geral, os governantes regionais foram mantidos, sujeitos apenas à supervisão de funcionários macedônios. Cada grupo de províncias tinha um responsável pelas finanças, que prestava contas à Babilônia, onde Harpado, homem de confiança do imperador, dirigia toda a economia. 
              Alexandre se indispôs com os gregos quando começou a demonstrar uma crescente orientalização do império. Passou a usar as insígnias da realeza persa como o cetro e diadema. Depois mandou matar seu bom amigo Clitus, que não quis prostrar-se diante dele. Esse ato de submissão (a procinense) era um velho costume oriental. A gregos e macedônios, repugnava esse procedimento incentivado pelo imperador. 
           As conquistas de Alexandre disseminaram a cultura grega (ou helênica) por todo o Oriente. Esta, por outro lado, também foi enriquecida de tal maneira, que se formou uma cultura mista: a helenística. Nessa síntese, firmaram-se as futuras nases do cristianismo e da civilização bizantina. E dela emanariam influências sobre muitas civilizações posteriores. 
               Esse jovem gigante só teve trinta e três anos de vida, dos quais treze de lutas contínuas.Em 323 a.C. uma peste vence Alexandre. Com ele morre a unidade do império, repartido entre seus generais. Para a posteridade ficou o brilho de um grande chefe. Além de uma mistura de fatos verídicos, velhas lendas orientais e apologias de monges cristãos que são encontrados no "Livro de Alexandre", muito difundido na Europa medieval. 
             A vida de Alexandre, por si só já é um grande monumento histórico, mas ele próprio erigiu o mais expressivo monumento à sua memória, sobre três pilares: a harmonização dos diferentes povos conquistados; uma administração humana e produtiva dos bens conquistados; e finalmente o enriquecimento recíproco das culturas dominantes e dominadas. 
              Parece-nos inacreditável que este jovem, em tão pouco tempo tenha feito tanto. Fica a lição pára os políticos da atualidades que exercem seu poder unicamente em benefício próprio.

O amor ou ódio de um povo pelo seu governo dura o tempo de sua glória. 

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