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quinta-feira, 19 de março de 2020

OS MICÊNIOS - PRIMÓRDIOS DA CIVILIZAÇÃO GREGA

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             Na história grega, toda a fase que antecede os séculos X e XII a.C., compreendendo desde os primitivos habitantes pelasgos até a decadência de Micenas, é genericamente designada com tempos heroicos ou homéricos. O nome advém do fato de que as escassas informações que sobreviveram ao período referiam-se aos feitos lendários de deuses e heróis. E um dos documentos escritos sobre a época são os poemas épicos de Homero (Ilíada e Odisseia) que, provavelmente, não foram escritos até o século VIII a.C. 
                      Ao norte da Grécia, estende-se uma região áspera e acidentada, que vai do território rochoso da Tessáliaaté o mar Negro. Era a parta através da qual as colunas de invasão irrompiam na península helênica, a via de acesso percorrida pelos Acadianaos, pelos Dóricos, pelos Persas. Ali havia um povo forte e orgulhoso, distante, em todos os sentidos, da requintada civilização de Atenas e Corinto, uma gente rude no falar e nos hábitos, resistente como as pedras de suas montanhas. Depoisda grande rajada de patriotismo, que percorrera a Grécia, à época das guerras persas, haviam ressurgido, mais agudas e spinhosas, as rivalidades entre região e região, entre cidade e cidade. Cruentas guerras haviam minado a prosperidade de Atenas, Esparta e Tebas, que se impuseram às co-irmãs, uma após a outra, exaurindo, nas lutas fratricidas, seus recursos econômicos e espirituais. 
                   Os Aqueus, eólios, jônios e dórios, povos indo-europeus, chegaram à península balcânica sucessivamente, por volta do ano 2.000 a.C. os primeiros a chegar foram os aqueus. Encontram, ao sul e na ilha de Creta, uma civilização chamada minoica ou cretense que, em contato com a sua, originou uma terceira, a chamada civilização micênica.
                      Os últimos a chegar, os dórios, impuseram seu domínio sobre quase todas as regiões da península, um século após a queda de Troia, ocorrida, aproximadamente, em 1180 a.C. Fixaram-se na Argólida e Lacônia, ou seja, na porção leste do bloco meridional da península. 
                Mesmo considerando que os aqueus tiveram uma cultura menos desenvolvida que seus predecessores minoicos, seria de esperar que maior número de documentos houvesse sobrevivido à sua época. Isso não ocorreu porque a civilização micênica foi arrasada por tribos  em estado de semi-barbárie. Os dórios, grupo de helenos que chegaram do norte, no século XII a.C., tomaram Micenas e reduziram seus habitantes ao cativeiro. Localizaram-se no sul, ocupando toda a península de Peloponeso. 
                 Com a invasão dórica, a construção de palácios monumentais cessa, e o comércio, o artesanato e as artes entram em decadência. A própria estrutura social retrocede aos níveis da simples organização familiar, ou tribal, osa clãs. Foi nessa época que se  começou introduzir o ferro, em substituição ao bronze, no fabrico de espadas, lanças e utensílios. 
                Quase simultaneamente com os dórios, outros grupamentos de tribos helênicas chegavam também à península. Os eólios permaneceram no norte, na região de Tessália, dedicando-se principalmente ao pastoreiro. Chegaram também os jônios, que foram para o leste, ocupando a Ática e a ilha Eubeia, e posteriormente chegaram até as ilhas do Egeu. Essa época ficou conhecida como a Idade Média Helênica. Nela a vida urbana desapareceu e houve enorme retrocesso social. A atividade econômica dos clãs restringia-se ao pastoreio, na tessália (eólios), e a agricultura de subsistência, no Poloponeso (dórios).  Na Ática, os jônios dedicavam-se à lavoura, mas também à pirataria. Imigrantes jônicos e remanescentes aqueus povoavam as ilhas e formavam alguns núcleos nas costas da Ásia Menor. 
                    Esses povos nunca se unificaram politicamente, mas mantiveram plena consciência de sua identidade helênica e se opuseram aos outros povos que consideravam bárbaros. 
               No fim do período, a organização em clãs patriarcais entrou em declínio. As comunidades haviam adquirido complexidade suficiente para que o parentesco se tornasse indefinido. Foi então que constituíram-se Cidades-Estado, onde surgiram novas formas de governo em lugar do patriarcado: a realeza, a tirania, a gerontocracia (governo de anciãos) e finalmente  a democracia que se iniciou em Atenas no século V a.C. Dão elas: Tebas, na Beócia (de influência eólica); Atenas, na Ática (dos jônios); Corinto, às margens do mar Jônio (primeiro dos jônios e depois dos dórios) Argos, na Argólida (dos dórios); Esparta, na Lacônia (também dos dórios; Micenas, que readquire certa importância; além de outras de menor expressão. 
                   Embora as cidade mantivessem em comum a língua e a cultura, suas condições específicas eram muito diversas. Nos períodos posteriores, elas por vezes estabeleceram aliança entre si contra inimigos externos, mas jamais puderam formular uma política conjunta, pois seus interesse eram contrários. 

               Os gregos que controlaram Cnossos pertencem a uma civilização micênica, fato conhecido pela escavações realizadas pelo arqueólogo alemão Schliemann em Micenas, no Peloponeso. Trata-se do maior sítio arqueológico da Idade do Bonze da ilha grega de Creta. Tudo indica ter sido um centro cerimonial e político-cultural da civilização Minoica. Situado próximo da cidade moderna de Heraclião,atualmente Cnossos é visitado por muitos turistas, visitam a "reconstrução" imaginativa feita a partir das ruínas que existiam no local. 
              A civilização micênica se desenvolveu de forma gradativa durante os séculos seguintes ao 2000  a.C., com alguma influência da civilização minoica. Depois do ano 1450 a.C., os micênicos deslocaram os minoicos como principal  força econômica e política da região do Egeu. Ao mesmo tempo, ampliaram suas redes comerciais desde os portos costeiros da Síria e palestina no leste  até Sicília e sul da Itália, no oeste. 
               Schliemann, o arqueólogo alemão, acreditou ter identificado o túmulo do legendário governante Agamenon, líder das forças gregas participantes nas guerras de Tróia, em Micenas. Agora sabemos que os túmulos por ele indicados tinham uma datação anterior em muitos séculos ao tempo em que viveu Agamenon. Ainda existem divergências sobre a verdade dos acontecimentos históricos descritos no relato de Homero sobre as guerra de Troia na Ilíada. A história que descreve , de um grande numero de Estados semi-independentes regidos por um senhor em Micenas, concorda com as provas arqueológicas dos palácios micênicos em Pilos, Tirinto, Esparta e Tebas. 
               A imponente muralha defensiva de Micenas mostra a importância da guerra na Grécia durante esse período. A cerâmica pintada, os afrescos, as incrustações das espadas e o marfim talhado mostram a infantaria armada com lanças compridas e escudos octogonais, às vezes com elmos fabricados com presas de javali. Um rico túmulo micênio localizado em Dendra continha uma armadura completa de bonze, um par de perneiras do mesmo metal e um elmo feito com presas de javali e com orelhas de metal. Provavelmente este era o equipamento de um aristocrático guerreiro de carro. Os carros de guerra chegaram a Micenas do Oriente Médio. Porém, o íngreme e montanhoso terreno grego não era ideal para estes veículos, assim, o translado das tropas e dos carros de guerra só foi possível quando construíram extensos caminhos, dos quais ainda se encontram ruínas nas zonas de Micenas e Beócia. As embarcações também foram essenciais para a supremacia militar micênica; foram utilizadas em expedições marítimas, como o ataque a Troia relatado por Homero. 
                
              As tribos helênicas, de origem indo-européia, que posteriormente receberiam o nome genérico de "gregos", formaram-se talvez no note dos Bálcãs. Por volta de 2.200 a.C., os helenos dos ramos jônio,dório e eólio já ocupavam a Tessália. Mas os primeiros a se instalarem nas regiões mais ao sul foram os aqueus, que desceram do Épiro por volta de 1.600 a.C. Os aqueus combateram os pelasgos que ocupavam a região, expulsando-os para as montanhas. Embora derrotados, esses antigos habitantes da Grécia mantinham uma civilização mais desenvolvida que as de seus invasores. Após o período inicial da destruição e devastação, os aqueus passaram a assimilar algumas das características dos povos vencidos. Aprenderam a utilizar largamente o bronze no fabrico de armas e utensílios, conheceram novos processos de construção e aperfeiçoaram-se na agricultura, cultivando o trigo, a cevada, favas, lentilhas e oliva. Os trabalhos de ourivesaria, cerâmica, fundição e forjaria desenvolveram-se, chegando a constituir um ramo autônomo da produção. Construíram pelo menos uma grande cidade que deram o  nome de "Micenas.
                    O centro administrativo do reino da idade do Bronze estava colocado numa posição dominante e de fácil defesa numa importante rota comercial que cruzava o noroeste do Peloponeso. Sob a cidade encontram-se dez túmulos  tholos, câmaras de pedras no interior de um morro e cobertas por um domo na forma de abóbada, provavelmente lugar de sepultura da classe governante. No sul apenas algumas casas são tudo o que3 restou de uma grande cidade. 
               Por volta  de 1400 a.C., os aqueus já haviam consolidado sua soberania na península e iniciavam nova aventura. Lançaram-se ao mar, na conquista das ilhas do Egeu, que compunham uma civilização milenar, das mais desenvolvidas daquele tempo: a civilização minoica (egeia ou cretense).
              Logo tomam Creta, principal centro dos egeus, e destroem o palácio real de Cnossos. Os aqueus absorveram algo da cultura que destruíram e que se caracterizava por uma complexa organização social, baseada em atividades industriais e mercantis. Mas devastaram de tal modo as regiões que submeteram, que a própria localização da cidade de Cnossos se perdeu e dela, ao cabo de certo tempo, só restavam referências lendárias dentro da mitologia grega. 
               Os aqueus passaram a povoar algumas ilhas do Egeu, como Rodes e Chipre, e chegaram ao litoral noroeste da Ásia Menor, onde após dez anos de luta, e sob a liderança de Agamenon, rei de Micenas, destruíram seu último concorrente no Egeu, Troia, centro comercial e estratégico de grande importância na antiguidade. Toda a feroz batalha que então se travou foi descrita em obra épica, atribuída a Homero: a Ilíada. A exemplo do que sucedera com Cnossos, também essa cidade destruída pelos aqueus desapareceu da memória dos homens e durante muito tempo discutiu-se se ela teria mesmo existido. A pendência só terminou quando suas ruínas soterradas foram encontradas por Heinrich Schliemann por volta de 1880. 
                 Os aqueus, que incorporaram diversos elementos da cultura cretense, já haviam se desenvolvido o suficiente para construir sua própria civilização. Assim, construíram magníficos palácios em Micenas, cercando-os de sólidos muros. Em outra de suas cidades, Tirinto, a espessura desses muros que protegiam os palácios, chegava, por vezes, a vinte metros. 

                 Mas ainda assim, a civilização micênica (como ficou conhecida essa época de hegemonia dos aqueus) foi um pálido simulacro do que havia sido a florescente civilização minoica. 
                A guerra de Troia, sé é que de fato aconteceu, provavelmente se desenvolveu por volta do ano 1259 a.C. De acordo com a lenda, quando os líderes gregos voltaram, encontraram seus reinos em crise; Agamenon foi assassinado pelo amante de sua mulher. A arqueologia demonstra que os palácios micênicos foram queimados ao redor do ano 1200 a.C. e que a estrutura política e econômica da Grécia micênica fora destruída. Numa lenda posterior este colapso foi atribuído à invasão dos dórios, um povo do norte que falava grego. De fato, até que se demonstrasse que as tábuas que continham a escrita Linear B eram uma forma de grego, muitos achavam que os dórios foram os introdutores da língua grega na Grécia. porém, na atualidade, o colapso dos estados micênicos é atribuído a conflitos internos. 
              Durante mais de 200 anos, a Grécia experimentou a pobreza e um isolamento relativo, fazendo pouco comércio pelo mar. A situação começou a mudar por volta de 900 a.C., quando foram restabelecidos os vínculos com a Itália e o Levante.  A medida que crescia a prosperidade, os níveis de população começaram a aumentar novamente, favorecendo a reorganização política da Grécia clássica. O efeito da fragmentação política, aliada à unidade cultural e linguística, constituiu a característica da Grécia durante a maior parte do primeiro milênio a.C., da mesma forma que na época micênica. Montanhas íngremes dividem o país numa série de vales férteis, cada um originando um pequeno Estado.  Com o surgimento de cidades por volta do ano 700 a.C. nasceu a típica unidade política do período clássico, a chamada polis ou Cidade-Estado. 
              A pólis era uma comunidade limitada, independente e autônoma, que exigia a lealdade dos seus membros. Seu surgimento foi influenciado pela geografia grega. A Grécia, da mesma forma que a Ásia Menor, é uma região escarpada, porém no entorno da costa encontram-se planícies comparativamente pequenas, separadas entre si por cadeias montanhosas quase impossível de ultrapassar no inverno e difíceis de cruzar em qualquer época. Assim, contrastando  com as grandes civilizações do Egito, sempre associadas ao Rio Nilo, Mesopotâmia, o Vale do Indo e a China, a cultura grega surgiu numa paisagem isolada, de bacias férteis, cada uma formando um pequeno Estado. Atenas durante seu apogeu teria tido uma população de 100 mil habitantes, o que dificilmente se poderia chamar de um grande centro urbano considerando os padrões modernos. porém, Atenas era muito maior que as outras polis. Na opinião de muitos, a população dessa cidade não teria atingido 50 ou 60 mil habitantes. No século IV, Aristóteles afirmava que 30 mil cidadãos adultos livres e do sexo masculino,  excluídos os escravos e estrangeiros, formam uma cidade com 100 mil habitantes.

                      O século V a.C. foi o grande período da Grécia clássica. Entretanto, a influência política e cultural da Grécia somente veio a atingir sua máxima expressão no século IV, quando, durante as conquistas feitas por Alexandre, formaram-se colônias gregas em lugares tão afastados como o leste do Afeganistão e as fronteiras da Índia. Perto do ano 300 a.C., a língua grega já era falada desde Marselha, na desembocadura do Ródano, até na ribeira do Oxo, a mais de 4.500 quilômetros. 
               Um nimbo de glória transfigura, aos nossos olhos, a história da Grécia, iluminando figuras e lugares, com seu grande fulgor de lenda. No entanto, a vida daquele povo,que a nós parece acabada e perfeita como uma obra de arte, foi perturbada por guerras contínuas, por profundos dissídios internos, por frequentes e repetidos golpes políticos. 
               Deixamos a Hélade nos albores de sua civilização. Vamos agora em seu pleno desenvolvimento, no século VI a.C., quando já o pensamento de seus filósofos, o arrojo de seus mercadores e o poder de seus artistas a tinham situado numa posição de proeminente em todo o Mediterrâneo Oriental. Dóricos e Jônios, as duas estirpes que ocupavam, respectivamente, o Peloponeso e a África, tinham disseminado colônias em todos os pontos, desde o ao Tirreno, colônias que se tornaram, bem depressa, além de organizações comerciais de toda ordem, os mais ativos centros de cultura de todo o mundo conhecido. Mas como, na Itália meridional, a expansão grega esbarrava de encontro com o antigo poderio dos Etruscos e dos Fenícios, assim, no Oriente, ela também era contrastada pelo gigantesco império persa, que se estendia da Índia ao Egito, e no Bósforo, denominado, como suas vinte  "satrapias" (províncias), os territórios que já haviam pertencido aos Babilônios, aos Assírios, ao Hitita. Embora as colônias gregas fossem autônomas, elas também sentiam fortemente o liame da língua e da raça, que as unia à mãe pátria. Assim,quando a ilha de Mileto se revoltou violentamente contra a invasão persa, ela pediu socorro a  Atenas e o obteve. Foi esta a causa última e mais direta do grande encontro entre a luminosa civilização do Hélade e o sombrio e corrompido mundo asiático.
                A frota de Dario, monarca da Pérsia, atacou a Ática, no intuito de ferir, no coração, o nascente poderio grego, mas, na praia de maratona, onze mil hoplitas (guerreiros dotados de armas pesadas: laça, espada, capacete, escudo e couraça) atenienses e platenses, sob as ordens de Milcíades, quebraram o ímpeto da maré persa. 
Nas estreitas gargantas das Termópilas, os trezentos espartanos de Leônidas fizeram frente, durante três dias, ao infinito exército persa, deixando-se matar, resistindo até ao último homem.

A baia de Salamina foi teatro da grande batalha naval que salvou a Grécia da extrema ruína. Ali, a frota persa foi quase totalmente destruída.

              Nove anos depois, no ano 481 a.C., Xerxes, filho de Dario, tentou de novo a invasão. Com um exército enorme, avançou além da Trácia e Tessália, apresentando-se, ameaçador, às portas da Ática. Aqui,  na passagem das Termópilas, encontrou à sua espera trezentos espartanos, comandados por Leônidas. Para dar tempo ao exército grego de retirar-se para posições mais seguras, aquele pugilo (punhado) de heróis deixou-se massacrar até ao último homem, sem ceder um palmo de terreno. Enquanto a irresistível avançada de Xerxes irrompia sobre Atenas e deixava-a em chamas, Temístocles dirigia suas trirremes para cima da frota persa e, num furioso com bate, perto da ilha de Salamina, destruiu-a. Privado de seus barcos, o exército oriental hesitou; sobre ele caiu, rápido, Pausânias, o general espartano que comandava as tropas da liga helênica, e enfrentou-o na batalha campal das planícies de Platéia. Sob aquele ímpeto, o colosso persa desmoronou-se e pôs-se em fuga. Se, com as guerras persas, os gregos deram a mais alta prova de suas virtudes guerreiras, foi em campo bem diferente das armas e da política que afirmaram sua grandeza. 
               No melódico fluir das estrofes de Alceu e Safo é que encontramos o melhor de seu espírito. Nos elegantes aforismos de Górgias, na imortal vivacidade dos diálogos de Platão, vemos aquela esplêndida pureza de alma, que fazia os Atenienses olvidarem seus negócios para ouvir um debate filosófico ou uma tragédia de Sófocles. 
                    Um hálito de imortalidade dá vida às figuras esculpidas por Fídias e Praxíteles e às simples frases de Sócrates. Quem sobre na Acrópole de Atenas, quem penetra nas colossais ruínas clássicas, sente que jamais a humanidade atingiu tamanha harmonia de luzes e linhas. Dos muros da Acrópole, percebe-se, além da sombria mole do Cabo Sunio ou de Minerva, a maravilhosa cintilação do mar; o truncado pedestal da estátua de Minerva, a silenciosa Deusa da Sabedoria, parece ser o centro do mundo ideal, que a Grécia construiu e em que nós vivemos iluminados por aquela chama que brilhou nhá mais de dois mil anos atrás e que ainda não se apagou. 
Todos sabemos que foi na Grécia que surgiu a Democracia, mas muitos desconhecem que ela não durou para sempre. 
Foi Péricles quem dirigiu a construção das "longas muralhas", que, de Atenas, desciam até ao porto de Pireu. A época da sua Ditadura foi uma das mais floridas para a Grécia. 

               A maioria das cidades da Grécia clássica se estabeleceram como pequenos assentamentos ao abrigo de uma cidadela ou acrópoles co  defesas naturais  à medida que a Grécia se recuperava da Idade Escura, fenômeno seguinte à decadência da civilização micênica, aumentaram a riqueza e a segurança, começando a construção de belos edifícios. O financiamento dessas obras era feito pelo Estado e por doações privadas, o que caracterizava um orgulho cívico e refletia os aspectos mais relevantes da vida na Grécia. O templo principal era o lugar de adoração do patrono da cidade e símbolo do poder político. Muitas edificações, tais como o famoso Pártenon de Atenas, eram grandiosas e utilizavam  finos materiais de construção. O Ginásio representava a importância que a sociedade grega dava ao condicionamento físico e à recreação do corpo. O teatro e o Odeão estavam destinados às representações teatrais, à poesia e aos recitais, enquanto as cortes e as câmaras do conselho destinavam-se à discussão dos assuntos públicos e privados dos cidadãos. Finalmente, deve-se mencionar o Ágora, ou mercado, utilizado para transações comerciais. 
               O centro do poder e da cultura da Antiga Grécia residia não apenas nas cidades da Grécia continental, mas também nas cidades das ilhas do Egeu e da Jônia, na Anatólia Ocidental. No século VIII, a Jônia era o centro da cultura e da filosofia grega, tendo surgido cidades como Mileto e Éfeso, que eram centros de importância durante o Império Romano. Dessa forma, o coração da cultura grega estava nas terras do litoral do mar Egeu e nas ilhas que ali existiam, e não na Grécia continental. A partir da época clássica, o Egeu foi em muitos sentidos uma propriedade exclusiva dos gregos.
                O contato marítimo era o vínculo que mantinha unido o mundo grego, razão que explica porque seus habitantes foram excelentes marinheiros. Esta habilidade foi muito bem aproveitada em assuntos civis e militares. Muitas das Cidades-Estados dependiam em grande medida do comércio marítimo. Como consequência foram encontradas mercadorias gregas na Ásia e na Europa Ocidental, longe do ponto de origem. Nos séculos VIII e VII a.C., empreendedores comerciantes e colonizadores da Grécia fundaram uma série de novas cidades gregas desde o Mar Negro até o Mediterrâneo  Ocidental, mantendo contato com as demais colônias e com a terra natal pela via marítima.  A competência militar da Marinha grega mostrou seus resultados no século V a.C., quando a frota ateniense derrotou a dos persas em Salamina, e logo utilizou sua armada para fundação do Império Ateniense no Egeu.
                     
                     Todas as colônias gregas derramaram o elixir  da arte e do pensamento no sangue cultural na Espanha e na Gália, na Etrúria e em Roma, no Egito e na Palestina, na Síria e na Ásia Menor e ao longo das praias do Mar Negro. Alexandria era o porto de reembarque tanto de ideias como de mercadorias; partindo do museu e da Biblioteca, os trabalhos e ideias dos poetas, dos místicos, dos filósofos e dos cientistas gregos eram espalhados pelos eruditos e estudiosos por todas as cidades do Mediterrâneo. Roma recebeu a herança  grega em sua forma helenística; seus teatrólogos adotaram Menandro e Filemon, seus poetas imitaram os modos, as medidas e os temas da literatura alexandrina, suas artes serviram-se de técnicos e forma gregas, suas leis absorveram os estatutos das cidades gregas, e a posterior organização imperial copiou os moldes das monarquias greco-orientais: o helenismo, depois da conquista romana da Grécia, conquistou Roma, como o Oriente vinha conquistando a Grécia. Cada ampliação do poderio romano dilatava a área atuada pelo fenômeno da civilização helênica. O Império Bizantino casou a cultura grega com a asiática, e transmitiu uma parte da herança grega ao Oriente Próximo e ao norte da Eslávia (dos Eslavos). Os cristãos sírios a receberam o facho e o passaram aos árabes, que o transportaram através da África até a Espanha. Sábios bizantinos, muçulmanos e judeus, introduziram ou interpretaram as obras primas gregas para a Itália, criando primeiro a filosofia dos escolásticos e depois a febre da Renascença. Após esse resumo de espírito europeu, o pensamento da Grécia invadiu de modo tão completo a cultura moderna, que "todas as nações civilizadas, em tudo o que diz respeito a atividades do intelecto, são hoje colônias da Hélade. à exceção das forças cegas da natureza, nada se move neste mundo que não seja grego de origem. 
             A formação das cidades-Estado independentes marca o início da Idade de Ouro da Grécia. Sua submissão a império de Alexandre Magno (século IV a.C.) significaria o fim da civilização da Grécia Clássica. 
                     A criação do  Império de Alexandre desencadeou um novo período na evolução da cultura grega: a época helenística. Ainda antes da conquista de Alexandre, as comunidades assentadas no litoral do Mediterrâneo Oriental haviam experimentado uma aceleração do crescimento econômico e o comércio de uma era de prosperidade que durou até o perfeito desenvolvimento do período romano. As cidades aumentaram de tamanho até que, ao redor do século I a.C. , Alexandria teve, provavelmente, uma população superior a meio milhão de habitantes.
                Apesar da importância da época helenística pré-helênica, o período que mais se sobressai, quando pensamos a Grécia Antiga, é a época clássica do século V a.C. Qual foi a faísca que deu origem a essa explosão criativa?  A comparação com os autocráticos vizinhos do leste da Grécia poderia proporcionar uma pista. As ruínas mais impressionantes dos Impérios Assírio e Persa são os monumentais e luxuosos palácios. Em troca da Grécia clássica recebemos templos, teatros e outros edifícios cívicos, de natureza essencialmente comunal. Nos monumentos da civilização grega clássica, a ênfase não se encontra nas dinastias reinantes nem nos indivíduos, e sim no poder e prestígio da comunidade como tal. Talvez por isso, esta notável obra artística tenha sobrevivido até os tempos modernos, como característica-chave da ideologia ocidental. 

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