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terça-feira, 31 de março de 2020

O CAVALO CONQUISTOU O HOMO SAPIENS - HISTÓRIA

Cavalo primitivo



                    O cavalo pertence à ordem dos Perissodáctilos: em   cada pé, possui somente o terceiro dedo desenvolvido (o casco), ao passo que os demais dedos são rudimentares. Pode viver até 20 anos. 
                  O gênero cavalo compreende, em princípio, todos os animais perissodáctilos da família dos equídeos: burros, zebras, hemíonos (burros selvagens da Ásia Ocidental), mas os cavalos se caracterizam pela existência, em todos os seus membros, da saliência a que se dá o nome de castanha, pela resistência dos cascos, pela pequenez das orelhas e pela uniformidade do pelo. A idade do cavalo reconhece-se pela dentadura: os incisivos centrais (pinças) aparecem aos oito dias; os seguintes, ou médios, ao fim de cinco semanas; os mais extensos, ou cantos, aos oito meses; depois, vão-se desgastando pela mesma ordem da aparição. O arrasamento produz-se: as pinças, aos seis anos; os médios, aos sete anos; os cantos, aos oito anos. O cavalo atingiu, então, praticamente, o limite do serviço útil e os dados de apreciação tornam-se cada vez menos nítidos.  
                  A "Era do Cavalo", originariamente um animal de floresta, tendo os pés providos de muitos dedos adequados à sua locomoção sobre o solo macio e úmido da região tropical da América do Norte. À medida que o clima se foi tornando mais frio e a floresta se converteu numa ampla planície relvosa, os dedos reduziram-se a um único, em cada um dos pés, para caminhar sobre a terra dura, e os dentes tornaram-se bastante complexos para triturar, de maneira que pudesse pastar a vegetação escassa do Grande Planalto. 
                 Mas na América, até à chegada dos Europeus, o cavalo era totalmente desconhecido, embora isso pareca estranho aos outros povos, habituados, desde milênios, a considerá-los como companheiros inseparáveis do homem, em todas suas atividades, principalmente nas guerras e conquistas. 
                  Excetuando-se algumas lacunas sem importância, a evolução do cavalo é algo que nos fascina. É um dos poucos animais cuja história evolutiva foi possível reconstituir com satisfatória exatidão. Em época muito remota, seu tamanho não era superior ao de um cão policial. Foi, ainda no período pré-histórico que chegou às dimensões  e características  gerais que hoje apresenta. 
                  Os povos mais primitivos, de que nos chegou notícia certa, tinham cavalos domesticados a seu serviço, para os mais variados tipos de atividades. Diferenças climáticas, alimentícias, e outras, produziram grande número de variedades da espécie, que se distinguem não somente no porte e outras aparências, mas também nas aptidões. 
           Os membros contemporâneos da família pertencem ao gênero Equus, que abrange as zebras e os asininos , assim como p Equus caballus, que é o cavalo domesticado. O grupo, como um todo, começou com o Hyracotherium  (anterioremente Eohippus), um mamífero de pelo liso e do tamanho de um cão terrier, que há mais ou menos 50 ou 60 milhões de anos se alimentava de brotos e folhas tenras nas florestas. Seus membros anteriores possuíam quatro dedos e os posteriores, três; os dentes eram os de um vegetariano, isto é, tinham a parte superior plana para auxiliar a trituração, mas eram bem pequenos, se comparados com os do cavalo atual. 
              Este cavalo primitivo encontrava-se amplamente distribuído por toda a América do Norte e a Eurásia. Contudo, extinguiu-se no Velho Mundo, tendo a evolução da espécie contribuído somente no continente norte-americano. Todas as numerosas espécies diferentes que apresentam subsequentemente na Eurásia, África e América do Sul, emigraram da América do Norte. 
                Há quatro mil anos, não havia cavalos na América, o que é estranho, pois os cavalos originaram-se da América do Norte. Ali eles evoluíram dos animais do porte de pequenos cães que vieram a cerca de cinquenta milhões de anos. Da América do Norte, o cavalo espalhou-se pela América do Sul, Ásia, e África. Porém, milhares de anos antes da vinda de colombo, os cavalos americanos haviam desaparecido.
               Estranhamente, o Equus tornou-se extinto também na América do Norte  durante a Era Glacial, retornando àquela região somente quando os conquistadores espanhóis lá chegaram com seus animais domesticados. Alguns historiadores estão convencidos de que esse magníficos animais foram extintos tanto na América do Norte quanto na América do Sul por terem sido utilizados como alimento pelos nativos. 
                 O cavalo moderno é o ponto culminante de um só, dentre muitas linhas de evolução. O Equus adaptou-se para a vida e a pastagem nas imensas pradarias que substituíram muitas áreas florestais, há cerca de 30 milhões de anos. Seus longos membros terminam agora num só dedo coberto por uma grande unha chamada casco. Os dentes alongados e protegidos por um cimento resistente, são próprios para triturar duras gramíneas. Muitos de seus ancestrais intermediários possuíam três dedos, mas com ênfase funcional sobre o dedo médio. 
                 Hoje só existe uma espécie de cavalo selvagem - o cavalo selvagem da Mongólia, agora confinado no deserto de Gobi. 
               Durante séculos, os  mongóis cuidaram de seus cavalos - os pôneis da Mongólia - impelidos por interesses e motivos vários: amizade, obtenção de alimentos, utilização na guerra, e produção de produção de bebida, sob a forma de Kumys, leite fermentado de égua. O emblema atual da Mongólia é um cavaleiro galopando ao nascer do Sol e, embora tenha havido mudanças desde que o país se tornou uma república em 1924, os cavalos fazem parte integral da existência diária. As fazendas coletivas, onde são criados cavalos e outros animais domésticos, fizeram com que a vida nômade se tornasse desnecessária. Mas ainda existem tribos de mongóis que vivem como seus ancestrais, conduzindo manadas de carneiros, cabras, gado e cavalos,m acampando em seus yurtas de feltro ou algodão, enquanto procuram as melhores pastagens. Os pôneis mongóis variam de acordo com a região e a criação. Os pôneis criados nas regiões montanhosas, cuja altura é de aproximadamente  1,30 m, suportam bem as temperaturas baixas e altas e a falta de alimentação. São rápidos, resistentes, têm habilidade especial para o salto e possuem cascos redondos e, mesmo desferrados, são capazes de percorrer os caminhos mais árduos. 
             Em 1879, o coronel Przewalski descobriu alguns verdadeiros cavalos selvagens na fronteira da China e da Mongólia  Exterior, numa pequena região do deserto de Gobi.  Com a descoberta, seu número foi diminuindo até que se pensou que o Przewaski estivesse extinto - com exceção de alguns exemplares existentes nos zoológicos europeus. Mas em 1966 foram descobertos um garanhão e seis éguas, próximo da fronteira chinesa. Mas esses cavalos selvagens, supostamente puros, podem ter-se cruzado com outros animais da região e, depois que entraram na China Comunista, nada mais se soube deles. 
               Duzem que os cavalos foram introduzidos na China aproximadamente no ano 4.000 a.C.  Há antigos registros de uma raça peculiar que suava sangue - velha característica atribuída também aos antigos andaluzes e ocasionalmente ao árabe. O pônei chinês, também encontrado na Coreia, pertence ao mesmo tipo que o pônei mongol.
                Os fortes pôneis do Tibete, geralmente baios, são descendentes dos pôneis mongóis e chineses domesticados. Os tibetanos ricos, inclusive o dalai Lama, costumavam possuir pequenos haras, hoje, praticamente desaparecidos. 
                Atualmente, há dois grupos principais de cavalos domésticos: o grupo do norte, ou "de sangue frio", originariamente criado na Europa central, e o grupo do sul, ou "de sangue quente". Os cruzamentos produziram um terceiro grupo, o de "sangue tépido". 
               O cavalo foi o grande propulsor da civilização. Tanto nas guerras como nos trabalhos diários, sempre esteve presente, viabilizando maior agilidade em todas as atividades do homo sapiens. 
              Uma das mais antigas representações de um homem a cavalo é egípcia, datando de aproximadamente 2.000 a.C. Provavelmente esse feito arrojado ocorreu mais ou menos ao mesmo tempo entre povos diferentes. Contudo, os cavalos foram primeiramente utilizados como animais de tração. 
                As pinturas de cavernas fornecem um registro das várias formas primitivas de cavalo. Essas, então, pequenas criaturas foram pintadas nas cavernas de Lascaux, na região centro-oeste da França, há cerca de 20.000 anos. 
                 No tempo do Rei Abargi (Mesopotâmia) a roda era, provavelmente, uma invenção recente. Sir Leonard Woolley também  escavou o túmulo da mulher de Abargi, a Rainha Shubad. Sepultado com ela estava seu carro particular: uma caixa alta, de madeira, adornada de ouro, prata e pedras semipreciosas. Porém, no lugar das rodas havia um par de lâminas de trenó.  
                   Pouco antes de 2.000 a.C., uma tribo nômade de criadores de gado domou o mais importante de todos os animais de trabalho: o cavalo. Esse se transformou em tal fonte universal de energia que James Watt tomou a potência do cavalo como unidade para medir a de suas máquinas a vapor. 
               Os assírios e persas usavam, em suas caçadas, carros parecidos com bigas romanas, mas um baixo-relevo, datado de mais ou menos 600 a.C., mostra um rei assírio a cavalo, matando um leão com sua lança. O grande especialista em cavalos, Xenofonte, galopava pelos campos perseguindo gazelas e javalis. 
                  Nos tempos antigos, os cavalos selvagens eram encontrados desde as florestas da Alemanha, através das estepes russas, até as planícies áridas do Turquestão e da Mongólia. 
               Os cavalos sempre desempenharam importante papel nas caçadas, consideradas o esporte da realeza; era muito utilizado na caça-à-raposa (esporte preferido). Através da história encontramos vários exemplos desse fato. os anglo-saxões se rebelaram contra as leis florestais de Guilherme, o Conquistador, que interferiram em suas caçadas. Ricardo Coração de leão perseguiu um veado da floresta de Sherwood até Yorkshire. Elizabeth I caçava tão assiduamente quanto seu pai, Henrique VII. Atualmente, esse esporte ainda é bastante popular, embora o javali tenha sido substituído pela raposa. 
                  Os primeiros cavalos de guerra ingleses eram de pequena estatura, como os pôneis, só sendo utilizado para puxar as bigas que conduziam guerreiros à luta. À medida em que foram criando animais de maior porte e mais robustos, passaram eles a ser , justamente com os carros, poderosas armas de guerra. Esse tipo de equipamento bélico foi muito bem demonstrados pela rainha celta Boadicéia (a rainha que, junto das filhas, foi estuprada pelos soldados romanos; depois criou um poderoso exército e destruiu e queimou várias províncias de Roma). 
                Os "antigos cavaleiros" eram homens de baixa estatura, e seus cavalos provavelmente também eram pequenos. Os "sarracenos" sobrepujavam os "cruzados" em seus encontros, mas estes logo conseguiram o mesmo tipo de cavalo, veloz e de fácil condução. A cavalaria em grupo começou a ser utilizada na Europa somente no século XVII. 
                 Milhares de cavalos tomaram parte e foram mortos em todas as guerras e lutas até a Segunda Guerra Mundial. Durante a Primeira Guerra Mundial, houve espantosas baixas entre os animais de carga e de tração de artilharia. Embora os tanques e trincheiras impedissem qualquer grande ataque montado, houve muitos exemplos de arrojo e proverbial coragem da cavalaria. 
               Atualmente, no âmbito militar, os cavalos geralmente estão reservados para tarefas menos pesadas, tais como rondas ou desfiles. 
                As corridas já eram conhecidas na Síria e na Arábia centenas de anos antes de Cristo. os primitivos gregos e romanos tornaram-se excelentes cavaleiros, e as corridas de bigas logo se transformaram num esporte popular, exitante e perigoso. 
                    Os cavaleiros medievais  reservavam seus corcéis para aguerra, mas nos torneios montavam valioso e bem treinado animal , o dextrarius, assim chamado porque galopava exatamente na direção do cavalo adversário, virando para a direita no último momento. 
              Os romanos foram os responsáveis pela introdução das corridas de cavalos na Inglaterra, embora algumas tribos germânicas já praticassem esse esporte vários séculos antes. Mas, somente durante o reinado de Jaime I (1603 - 1625), foram estabelecidas corridas públicas. este monarca criava cavalos de corrida em Newmarket e tornou as corridas familiares entre os membros de sua corte. Carlos II (1660 x 1685) também encorajou o esporte, organizando corridas regulares na primavera e no outono. Sob Jorge I e Jorge II, esse esporte passou a fazer parte da vida britânica, datando de 1753 e fundação do Jockey Club. 
                  A arte persa representa cavaleiros com trajes multicores, montando pesados cavalos orientais, indubitavelmente jogando polo (com tacos de aparência curiosamente moderna). Este jogo, retratado em algumas iluminuras de manuscritos persas, originou-se do "Savlajam", uma variedade de Tchigan, que era uma perigosa espécie de tênis a cavalo. O polo chegou à Inglaterra, vindo da Índia, em 1869, continuando a ser passatempo popular. Foi introduzido nos Estados Unidos em 1883. 
                 Em Isfahan, há mais de quatro séculos, o famoso Xá Abbas costumava sentar-se numa alta sacada, rodeada de colunas de madeira, de Aali Qapur, para assistir aos jogos de polo. Este belo pavilhão e as armações de pedra originais das balizas ainda existem. Mas, em vez do campo arenoso e marcado pelos cascos de cavalos, temos agora um espaço florido com uma piscina ornamental, refletindo os caules delicados e as cúpulas azuis e douradas das antigas mesquitas. A religião dando espaço para a modernidade, que é o caminho natural da evolução. 
                Na Europa medieval os torneios eram um esporte popular. Uma justa era um combate único, originalmente mortal, entre dois cavaleiros montados. Por volta da metade do século XIII, os torneiros de justas eram um entretenimento organizado, realizado em clareiras especialmente preparadas. O combate à l'outrance se prolongava até à morte; quanto à plaisance, era uma luta amistosa,  contando pontos quem simplesmente desmontasse o adversário, lhe quebrasse a lança, ou a arrancasse das mãos. Era falta imperdoável ferir o cavalo do oponente. 
                Os cavalos foram utilizados como animais de carga muito antes de ser montados ou atrelados a carroças. O comércio do Império Romano dependia de tropas de carga, da mesma forma que o da Europa medieval. Na década de 1690, um serviço regular de transporte de mercadorias em cavalos servia entre Exeter e Londres, mas já em 1830 somente os mascates utilizavam esse tipo de transporte. 
                    Houve um tempo em que os cavalos eram utilizados como tração de uma espécie de três sobre trilhos. Nova Iorque foi a primeira cidade do mundo a ter bondes sobre trilhos de ferro, puxados por cavalos, em 1832.  A foto abaixo mostra as linhas de bondes em 1905

                  Os primeiros coches particulares eram caros e, embora desconfortáveis, serviam exclusivamente à aristocracia. Seu interior podia sere luxuoso, mas a estrutura apoiava-se em sólidas traves fixas, ou seja, não havia sistema de molejo, de modo que todo o conjunto sacolejava e balançava pelas estradas irregulares da época, puxado por quatro grandes cavalos. Algumas vezes a nobreza fazia-se transportar por liteiras apoiadas adiante a atrás em animais de tração. 
             O século XVII trouxe consigo as diligências, mas como a invenção de molas data somente do século XVIII, a maior parte das pessoas viajava ainda a cavalo.  
                Na Inglaterra, até a regularização dos serviços de diligência e correio em 1786, as cartas eram transportadas por cavaleiros que usavam altas polainas. A velocidade máxima permitida era de 11,5 Km horários, o que não acontecia com os cavaleiros do Pony Express (que teve curta duração: apenas 18 meses, a partir de abril de 1860), que se revesavam a intervalos de aproximadamente 24 Km, transportando correspondência através dos estados Unidos. 
                 A partida da vistosa carruagem do correio, com seus belos cavalos , era um dos mais famosos espetáculos de Londres; mas com o advento das ferrovias, a era das carruagens chegou ao fim. Contudo, as ruas das cidades continuaram a ressoar com o ruído  dos veículos de tração animal, dos ônibus, dos carros de bombeiro sacolejando com o galope, e das elegantes carruagens da nobreza. A chegada do automóvel provocou o gradual desaparecimento dos veículos puxados a cavalo, na Europa e nas Américas. 
              Em cidades turísticas como Petrópolis e a Ilha de Paquetá - RJ., ainda existe este tipos de transporte com fins recreativos para visitantes.  
               Na América, até a chegada dos Europeus, o cavalo  era totalmente desconhecido, embora isso pareça estranho aos outros povos, habituados, desde milênios, a considerá-lo o companheiro inseparável do homem,  em todos os seus trabalhos, lazer e principalmente na guerra e conquistas. Na Europa e na Ásia, ele é conhecido desde as mais remotas era; sem  pretender chegar à idade paleolítica (na parede de uma gruta da Dordonha está pintado um belíssimo cavalo em pleno galope, pintura essa que deve ter para mais de 50.000 anos) basta pensar na civilização dos Arianos, na Índia, dos Chineses e japoneses, no Extremo Oriente, nos Assírios e nos Hititas, no Mediterrâneo, para vermos, protagonista de todos os fatos históricos, o homem a cavalo. 
               Gregos e Romanos tinham pelos cavalos, pelas corridas de choches (bigas), pela equitação, uma paixão que beirava 0 fanatismo. Calígula, o imperador louco, chegou a nomear senador seu cavalo "Incitatus" e mandou-lhe construir uma cocheira de mármore e prata. Dos degraus do Circo Máximo, os gritos frenéticos de 200.000 espectadores acompanhavam o golpe das quadrigas e, frequentemente, entre os defensores dos dois partidos adversários, surgiam conflitos sanguinolentos. Os Romanos tratavam do treinamento hípico com critérios semelhantes aos modernos. As corridas de quadrigas (bigas) atraíam ao Circo Máximo enormes multidões de apaixonados desse esporte.
              Ruiu, também, o império romano, com sua decadente e requintada civilização; talvez uma das poucas coisas que sobreviveram a tanto desbarato foi a arte equestre, que se foi afirmando sempre mais, como privilégio da nobreza. As planícies da Marema e da Normandia forneciam aos cavaleiros medievais os maciços cavalos de guerra, capazes de suportar o peso das enormes arma duras. E pode-se ao mesmo tempo dizer que, desde o XI até ao XVII século, ou seja, até quando os ingleses começaram a cruzar seus cavalos com os de origem árabe, os métodos dos criadores mediterrâneos dominaram o mundo hípico da Europa. A caça à raposa sempre foi considerada, desde remotas eras, o entretenimento da aristocracia, principalmente na Inglaterra, e o cavalo era o ator principal na perseguição do esperto animalzinho.
                 Os árabes sempre foram apaixonados pelos cavalos. Eles selecionavam os cavalos de raça apreciadíssimos, sempre tomando nota precisa das árvores genealógicas dos animais.  Entre nuvens de pó, uma coluna de belicosos Beduínos cavalgava pelos desertos armados e prontos para qualquer emboscada possível. 
                 Hoje existe dezenas de raças equinas, frequentemente umas bem diversas das outras, adaptadas ás mais diferentes tarefas. Assim , o Hackney, inglês, um belo animal de formas robustas, que serve tanto para o tiro leve como para sela; o Pone, pequeno e esbelto, a cavalgada preferida pelas crianças; o cavalo para polo, semelhante ao precedente, criado  especialmente para esse ramo de esporte; o Shire, um mastodôntico cavalo de tiro pesado, de patas largas e peludas, que chega a pesar mil quilos. No Ocidente, predominam o cavalo árabe e o Bérbere, algo pequeno o primeiro, cinzento, malhado, resistente e velocíssimo, o segundo é mais robusto, de pelo avermelhado ou não. Do cruzamento entre cavalos árabes e ingleses, surgiu esse magnífico campeão de velocidade e resistência, que é o Puro Sangue Inglês, dominador dos hipódromos. 
                  Outras raças,  também, são a Normanda, apta ao tiro pesado, e a Andaluza, indígena da Espanha, que produz cavalos vivares e de belo aspecto. Na Itália, existe o excelente cavalo Sardo (ou melhor, Árabe-Sardo, porque foi obtido, originariamente, de cruzamentos com Árabes), o Maremano, que era o forte da cavalaria militar, o Lipizziano, um esplêndido cavalo de parada, que se cria na Índia, de pelo alvíssimo. Os puro-sangue inglês predominam, principalmente no turfe, alcançando os mais altos preços. Basta dizer que há alguns anos atrás, o cavalo italiano "Nearce" foi vendido a um criador inglês por quatrocentos milhões de liras. Nas corridas de trote, entretanto, predominam os cavalos de origem americana, mesmo nos grandes hipódromos europeus. 
                  A equitação, também, já alcançou seu mais alto nível técnico, e é difícil imaginar que os cavaleiros do futuro ainda encontrem algo de novo numa arte que vem sendo praticada há milhares de anos. 
                A criação, ao invés, ainda aguarda da ciência novos impulsos. Na verdade, hoje se obtém cavalos bem melhores do quem os de há dezenas de anos, haja visto o grande número de recordes que  são quebrados a todo instante. 
                Os puro-sangue, que vemos desfilar nos majestosos hipódromos da Gávea e da de Cidade Jardim, garbosos, frementes de vida, sob seus xairéis de seda, são o produto de longos anos de estudo, de pacientes e sábios ensinamentos. A fim de lhe acrescerem os dotes de resistência e velocidade, para adaptá-los à raia leve ou pesada, para lhes imprimir o impulso veloz na fita de saída ou no disco de chegada, criador e treinador tiveram, antes, necessidade de empregar toda sua experiência e sagacidade. E quando o potro volta à repesagens,  banhado em suor e com os olhos injetados de sangue, devido ao esforço despendido, após o vitorioso galope na relva da pista, os homens que o criaram e treinaram  beijam-no comovidamente, com olhos úmidos de emoção. E, nesse gesto espontâneo me carinhoso, está todo o amor do homem pelo animal que, desde longínquos, obscuros dias da pré-história, sempre o acompanhou em sua longa trajetória pelo mundo. 


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Um comentário:

  1. As pessoas que amam os cavalos deveriam ler este artigo que é bem completo sobre a História desse fascinante animal.

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