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terça-feira, 31 de março de 2020

O HOMO SAPIENS NAS AMÉRICAS

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A Bacia Amazônica
                A bacia amazônica apresenta uma vegetação que abrange desde o bosque tropical úmido até as terras de pastoreio da savana. Estas, juntamente com as planícies aluviais, eram adequadas para o cultivo de cereais, e desde o começo da nova era até a conquista européia nos séculos XVI e XVII foram habitadas e exploradas por sociedades hierárquicas complexas e densamente povoadas.   
               A mandioca sempre foi o alimento básico cultivado na bacia do Orinoco, em 5.000 a.C. aproximadamente. A planta madura pode chegar a medir 2,5 metros de altura. Como a mandioca crua possui um ácido venenoso e não é comestível, precisa de um processo para ser consumida. Para isso, era descascada e ralada. A polpa obtida era colocada dentro de um espremedor tipo cesto, de modo a escorrer o veneno. O suco era fervido vagarosamente, evaporando o ácido e produzindo um xarope que se empregava para temperar. A polpa era usada para fazer pão, ou então pequenas bolinhas de farinha. O líquido escorrido também podia ser utilizado deixando-o decantar; o material decantado era seco ao sol e formava o que conhecemos como polvilho. 
              O milho foi um dos alimentos que sofreu uma das transformações mais surpreendentes, já que a planta de milho selvagem tem apenas 5 a 10 minúsculos grãos a fixados numa espiga. 
      Trata-se  de um conhecidíssimo cereal cultivado em grande parte do mundo e extensivamente utilizado como alimento humano e também animal. É o principal componente das rações produzidas para animais devido às suas qualidades nutricionais. 
               Esta planta que se acredita ser ancestral do milho é conhecida como teosinte.   Todas as  evidências científicas levam a crer que seja uma planta de origem mexicana. 
                 Sua domesticação remonta entre  7.500 a 12.000 anos atrás na área central do México.  Foi introduzido na região durante o primeiro milênio a.C., substituindo a mandioca, que era cultivada a tempos que remontam a 5.000 a.C. no Orinoco superior. O cultivo do milho foi um avanço. Provavelmente introduzido a partir do norte dos Andes, se desenvolveu de forma intensiva e permanente ao longo das ribeiras e deltas dos rios que fluíam desde a cordilheira, produzindo-se, dessa forma, excedentes alimentícios armazenáveis por mais tempo do que a mandioca permitia. Embora de difícil armazenamento, a mandioca continuou sendo cultivada e consumida.  A enchente estacional dos rios deixava um lado rico e favorável para o cultivo intensivo. Ademais, fornecia abundantes peixes e mamíferos aquáticos. 
            Mais de uma centena de plantas originárias da América do Sul eram cultivadas desde épocas remotas. Elas incrementaram de maneiro importante a dieta européia. Em muitos casos as formas primogênitas não eram parecidas com seus atuais descendentes. os ancestrais silvestres  produziram partes comestíveis menores; o milho mais antigo conhecido tinha apenas 3 cm de comprimento . O milho e as favas foram uma das primeiras plantas cultivadas., uma escolha afortunada para os lavradores primitivos, já que em conjunto forneciam uma dieta completa e equilibrada: hidratos de carbono, proteínas e aminoácidos eram instintivamente utilizados. Nos Andes foram cultivadas as plantas alimentícias especiais que cresciam em altitude de mais de 3 mil metros. 
                   A tão popular banana (Cavendish), que muitos a tem como símbolo das frutas brasileiras, na verdade, é originária do sudeste asiático e da Papua-Nova guiné; seu cultivo remonta um período entre 8.000 e 5.000 anos a.C. As antigas espécies de banana selvagens - a  Musa acuminata e Musa babisiana - estão cheias de sementes não comestíveis e foram domesticadas para adaptar-se ao clima tropical. 
                O repolho é uma das plantas mais interessantes; também foi adaptada ao clima tropical; brócolis, couve-flor e couve vem de uma única planta nativa da Europa - a planta mostarda selvagem (Brassica oleracea). 
                 O pêssego veio da China e a domesticação dos frutos deve ter ocorrido por volta de 6.000 a.C. Também teve que ser adaptada ao nosso clima. 
                 A berinjela é uma planta subsaariana da família das sombreadas chamada Solanum Incanum. Hoje elas são facilmente encontradas em diversas cores nos supermercados.
                  Como  muitas outras plantas, o tomate ainda pode ser encontrado na natureza ainda em estado ancestral. É chamado Solanum pimpinellifolium e cresce no note do Peru e no sul do Equador. Acredita-se que o tomate tenha sido cultivado no México ou em outras partes da região Mesoamericana, com registos que remontam a pelo menos 500 anos a.C. 
                A cenoura tem origens humildes, pois vem de uma erva daninha que pode ser encontrada em toda a Europa. Foi, com certeza, cultivada na Pérsia ou na Ásia Central há cerca de mil anos. Já na Idade Média, a planta já havia sido domesticada  e perdeu seu  sabor amargo e sua forte texturam amadeirada. 
                   A Amazônia foi tradicionalmente considerada  uma região com cultura atrasada em comparação com as pré-colombianas. Mesmo sendo erroneamente esquecida por ser considerada apenas região coberta por uma densa mata tropical, como povoados indígenas  que só se deslocavam devastando  morros e queimando o mato para cultivo de pequenas superfícies, neste região desenvolveram-se grupos humanos bem mais sofisticados. As evidências arqueológicas, etnográficas e históricas provam a existência de sociedades complexas com grandes assentamentos e caciquismos, que desenvolviam um cultivo intensivo. 
               Os vestígios mais antigos da ocupação paleo-indígena da região Amazônica estão muito espalhados, e ainda não foram suficientemente estudados. Em abrigo do Sol e no Mato Grosso foram encontradas ferramentas utilizadas para talhar os petróglifos nas covas de arenito, as quais datam de 10.000 a 7.000 a.C. Ferramentas de lascas, procedentes das terras altas da Guiana venezuelana, da Guiana e do Tio Tapajós, na Amazônia inferior, têm sido atribuídas ao período compreendido entre o 8.000 e o 4.000 a.C. Devido à carência de maiores evidências, ainda é desconhecido o tipo de animal que estes caçadores perseguiam. 
                 Entre o 4.000 e o 2.000 a. C. aconteceu a transição da caça e da coleta para uma agricultura incipiente. Restos de alimentos de origem animal e vegetal, que remontam ao período compreendido entre  6.000 e 4.000 a.C., têm sido encontrados em cavernas e refúgios no Brasil e na Venezuela. Perto das desembocaduras do Amazonas e do Orinoco, sobre o litoral da Guiana e ao longo do trecho inferior do Amazonas, encontram-se vestígios que evidenciam a evolução desde a atividade  um insipiente cultivo agrícola. Enormes e numerosos acúmulos de conchas revelam essa mudança nas atividades produtivas. Nos níveis mais primitivos dessas acumulações não existe cerâmica, porém nos níveis superiores na Guiana, datados de 4.000 a.C. aproximadamente,e nos da Mina, no sudeste da foz do Amazonas, datados de 3.000 a.C., aparecem alguns fragmentos cerâmicos. Essas descobertas, junto com o montículo de conhas e de cerâmicas de Teperinha, perto de santarém, no Pará, são, pelo menos, um milênio mais antigas que a primeira cerâmica do Peru.  
             Já em 3.000 a.C., começaram a surgir povoados pequenos e espalhados de horticultores. Simultaneamente , começou em toda a região o aparecimento de estilos de cerâmica, todos caracterizados por motivos zoomórficos, com representações talhadas ou pintadas de animais em escala. 
                  Durante este período, expandiram-se os povoados e assentamentos, desenvolvendo-se sociedades marcadamente hierárquicas que perduraram durante séculos. este agrupamentos se estenderam por vários quilômetros ao longo das margens do Rio Amazonas, alojando milhares de pessoas e grande quantidade de construções. os etnógrafos têm denominado estas jazidas de "Terra negra Índia", sendo a região mais famosa  a que está localizada nos arredores da atual Santarém. Esta zona foi o centro do caciquismo na região do Rio Tapajós, durante os séculos XVI e XVIII d.C.  Estes caciques guerreiros dominaram territórios de dezenas de milhares de quilômetros quadrados, arrecadando tributos de todos que estavam sob seu controle. Foram encontrados vestígios de enormes aterros defensivos, morros para vivenda e cerimônias, além de canais de irrigação que necessitavam de uma grande quantidade de mão-de-obra, inclusive de escravos. 
                Os maiores complexos de montículos se encontram sobre os trechos mais largos do terreno aluvial das zonas da savana, tais como a planície da Amazônia boliviana, o Orinoco médio e a Ilha de Marajó, na foz do Amazonas. Nestes lugares formaram-se grupos de até quarenta montículos, numa superfície que oscila entre 10 e 15 quilômetros quadrados. Poucos deles foram escavados, embora nos cemitérios anexos se tenham efetuados novos estudos. isto porque, nestes últimos, são abundantes as peças de cerâmica ricamente moldadas e pintadas, onde eram guardados os ossos das pessoas socialmente mais importantes. Um culto ancestral, baseado nos corpos mumificados dos chefes, parece ter sido um costume importante nessas sociedades; é nessa época que surgem as urnas sepulcrais antropomorfas.
                   Os relatos dos primeiros europeus que penetraram a região da Amazônia descrevem estes povos como sociedades hierárquicas, ricas e bem organizadas. Contudo, com estes grupos aconteceu o mesmo que com a grande maioria dos povos americanos; com a chegada dos europeus, as doenças, a escravidão e a expropriação das terras trouxeram a sua destruição. Por outro lado, os europeus levaram consigo o vírus da sífilis, ao qual os indígenas tinham imunidade. Mais tarde causou grandes problemas em toda a Europa. 
                     Durante a Era do Gelo, a água congelada de mares e rios formou pontes naturais que permitiram a travessia a pé entre terras antes separadas por distâncias intransponíveis. Foi o momento em que grupos humanos espalharam-se em novas regiões, ampliando as fronteiras conhecidas e aumentando seu domínio sobre a terra. 
                 Tudo indica que a chegada do homo-sapiens ao continente americano ocorreu nessa época, por volta de 14 mil anos a.C. Partindo da Sibéria, nômades atravessaram o estreito de Bering e alcançaram o Alasca. Alguns ocuparam a América do Norte, outros desceram para o litoral da Venezuela, Peru, Chile e Patagônia. 
               Na Oceania, a Autalia recebeu viajantes do sul da Ásia. As ilhas mais isoladas, próximas à Nova Guiné e à Nova Zelândia, foram as últimas a seres povoadas. Portanto, no final da Era do Gelo, o homo sapiens ocupava diversos continentes, mostrando-se adaptável, forte e inteligente. 

   Primórdio da América do Norte

                Enquanto fatos relevantes aconteciam na América central e do Sul, partes da América do Norte testemunhavam importantes mudanças na natureza da sociedade, que a levaram à fronteira da civilização em 1.000 a.C. Nas florestas do leste, a cultura adena, famosa pelos seus ricos túmulos sob montículos de terra, floresceu entre 1.000 e 300 a.C. em Ohio, Kentucky, Indiana e Virgínia do Oeste. Ocasionalmente, as personagens destacadas eram enterradas em tumbas de madeira, que eram queimadas em cerimônias fúnebres e em seguida cobertas com montículos cônicos de até 200 metros de altura. A maioria das sepulturas continha objetos, como ferramentas de pedra polida, tonéis com forma de charuto ou de tubos, braceletes, brincos, contas e colheres de cobre e contas de conchas marítimas. Finas lâminas de pedra talhadas com desenhos curvilíneos e de animais eram empregados para marcar os traços das tatuagens. As obras com terra de Adena incluíam também construções cerimoniais de grandes proporções e montículos  como o da Grande Serpente, de 217 metros de comprimento. O florescimento da cultura adena dependeu provavelmente da produção de excedentes de comida para alimentar a mão-de-obra  que construía os imponentes montículos. Pequenos povoados habitam os vales dos rios, onde existiam variedades de pássaros, mamíferos, peixes e vegetais. 
                A partir de 300 a.C. surgia o elaborado sistema de ritos de sepultamento e as grandes construções com terra, que se expandiram durante a fase hopewell, assim chamada por Hopewell, em Ohio. As maiores e mais complexas obras de terra, possivelmente centros cerimoniais, foram encontradas nessa região, onde aterros de aproximadamente 5 metros de altura fecham áreas circulares, retangulares e octogonais de até 40 hectares. A descoberta dos túmulos hopewell constituem um impressionante testemunho das habilidades desses antigos artesãos. O cobre era martelado e modelado como joia decorativa com desenhos em relevo, em machados, enxós, cinzéis, couraças e toucados. A ampla gama de materiais usados indica a existência de uma rede social ou religiosa através da qual os exóticos materiais achegavam até as florestas do leste. Conhas do litoral do golfo foram encontradas em túmulos de Michigan e Wisconsin;  presas de tubarão em Ilinóis, o cobre era comercializado desde sua fonte no lago Superior e a obsidiana e as presas de urso cinza chegaram do extremo oeste até os túmulos de Ilinóis e Ohio. A mica e os tipos preferidos de pedernal, como o proveniente de Flat Ridge, em Ohio, também eram comercializados através de grandes distâncias. 
                  A construção de grandes monumentos de terra e de extensas redes comerciais para aquisição de materiais exóticos para a celebração de ritos fúnebres sugerem a existência de soberanias no período hopewell. O apogeu desta evolução chegou nos séculos seguintes, quando surgiu Cahokia, localizada no vale médio do Mississípi,cidade de cerca de 38 mil habitantes edificada em torno a um templo erguido sobre plataformas de terra de 30 metros de altura. Baseados na economia agrícola mais precária, os povos nativos dos bosques do leste tinham criado uma cultura altamente sofisticada e complexo. Só a partir dessa época é que podemos começar a considerar a América do Norte como o berço de uma verdadeira civilização. 
                Nos férteis vales que cercam as cidades estabelecidas na zona do Mississípi existiam povoados rurais, aldeias permanentes com uma alta densidade de habitantes, que atingia aé 200 habitantes por quilômetro quadrado. Esta concentração foi possível graças a uma revolução agrícola, que aconteceu, por sua vez, pela evidente influência mexicana na região . Antes de 700 a.C., o cultivo do milho, em geral, tinha estado restrito ao sul da região, e as variedades cultivadas precisavam de cerca de 200 dias sem temperaturas abaixo de zero, para amadurecer. depois dessa data foram introduzidas espécies resistentes e mais produtivas, que amadurecem em temporadas mais curtas, permitindo,às vezes, obter duas colheitas no ano. Em alguns setores localizados nas terras baixas dos rios Mississípi, Ohio, Tenessi, Arkansas e Red Rivers, por causa das enchentes estacionais, se desenvolvia um cultivo intensivo.
              Além do cultivo do milho, completavam a dieta certos vegetais, como as nozes, o girassol, as favas e as cabaças. 
               A organização social desses grupos humanos, de acordo a evidências arqueológicas, era matrilinear, dirigida por um chefe que governava quatro classes sociais muito bem definidas. Osa montículos funerários dão testemunho dessa diferenciação social, e embora as práticas funerárias tenham mudado ao longo dos anos, mantiveram-se os sepultamentos em montículos localizados no centro da cidade. Nos principais sítios funerários, desde o Mississípi até Minnesota  e desde Oklahoma até o Atlântico, foram encontrados espetaculares objetos adornados com motivos religiosos, tais como conchas marinhas, lâminas de cobre cinzelado, alertas de pedra e tecidos pintados. Estes objetos fornecem o testemunho de uma religião muito difundida conhecida como o culto austral. Pouco se sabe do seu dogma ou rituais, se bem que podem ser identificados em certos traços mexicanos na ênfase dada à morte e à rosa-dos-ventos.
            Da mesma forma que outras grandes culturas  americanas, as do Mississípi declinaram, até que desapareceram com a chegada do homem europeu, que trouxe com ele doenças epidêmicas, afetando profundamente a população local. 
             A descoberta da Aldeia Ozette, de mais de 2 mil anos de idade, foi de grande relevância para o melhor conhecimento dos habitantes das terras da América do Norte dos tempos remotos. Assim, a informação obtida sobre os povos indígenas que exploravam as terras férteis e os recursos fluviais e marítimos da Colúmbia Britânica, Washington e Oregon foi aumentada com esta descoberta. 
             Estas sociedades que remontam aos tempos de Cristo, são famosas pelos produtos artesanais de excelente qualidade, como caixas talhadas, máscaras e portes de vivendas, bem como testeis e cestaria. Sendo a maioria deste objetos fabricados com materiais perecíveis (madeira e cortiça), estas culturas do litoral do noroeste deixaram muito poucos traços de registros arqueológicos, justamente por produzirem com materiais facilmente deterioráveis. dai a relevância da descoberta da aldeia localizada em Washington. Curiosamente foi um fato casual; uma tempestade solapou um aterroem Ozette, provavelmente  um desmoronamento  que deixou a descoberto vigas de madeira de uma vivenda comunitária enterrada sob um plano  inclinado de barro, com mais de 2 metros de espessura.  A densidade do barroo tinha 
gerado condições especiais, sob as quais as matérias orgânicas não sofreram decomposição, formando uma cápsula de conservação. A descoberta de esqueletos humanos e de um conjunto de moradias equipadas possibilita datar a catástrofe do século XV.
              Os antigos habitantes de Ozette foram caçadores de baleias que utilizaram pirogas e canoas de 11 metros de comprimento. Uma presa podia ter carne suficiente para todo o povoado, além do óleo e de enormes ossos para a fabricação de ferramentas. os ursos marinhos, que pesavam até 200 quilos, eram presas menos perigosas; na primavera, quando a rota migratória passava perto do litoral de Ozette, era possível apresar uma dúzia deles. Ademais, caçavam principalmente mamíferos marinhos, tais como lobos, mais fáceis de capturar do que os animais de terra, já que seus esqueletos podiam ser rebocados diretamente para a aldeia, ao invés de serem transportados trabalhosamente por terra. os peixes e os crustáceos eram suas outras fontes de alimentação, especialmente amêijoas e mexilhões. Completava a dieta a carne de veado e similares; provavelmente estes animais eram preparados no local da matança e sua carne levada para a aldeia, razão pela qual são poucos os restos de ossos encontrados. 
                O bosque fornecia as matérias-primas suficientes para construir vivendas, canoas, ferramentas, vasilhas e testeis. A madeira de cedro vermelho era muito utilizada, sendo cortada em tábuas para depois ser talhada com martelos e cinzéis. Suas ferramentas, de grande qualidade, eram muito afiadas graças á incrustação de dentes de castor. 
              As casas eram construídas e mobiliadas quase que na sua totalidade com madeira de cedro, que ainda era usada para a confecção de caixas (para armazenamento) e como combustível para cozinhar. Também confeccionavam com lâminas de cedro, abrandadas e curvadas no vapor, recipientes para cozinhar peixe. os arcos para a caça eram feitos com grandes lâminas flexíveis de carvalho e outras árvores; a casca da cerejeira era utilizada para revestir as alças dos recipientes, com a finalidade de segurá-los facilmente. Para a confecção têxtil, usavam os pesos que cobriam as cabeças de certas sementes, a lã de certos cachorros criados para este fim e, fundamentalmente, as cascas de cedro que eram retiradas durante os meses de maio e junto. Devido à sua grande flexibilidade, era cortada em finas fitas e logo tecida em teares adequados para a confecção de mantas e tecidos. 
               Apesar de Ozette ser apenas um exemplo da organização das sociedades na América do Norte, seu valor é incalculável pelo testemunho arqueológico de suas ruínas, mantidas até hoje. 
                Foram encontrados templos bem desenvolvidos na América do Norte. A zona do vale médio do Mississípi foi a área onde se desenvolveu uma cultura muito significativa. esta se caracteriza pelos montículos de terra sobre os quais se ergueram importantes construções, agrupadas ao redor de praças retangulares. Grupos periféricos, como as culturas Caddoan, Plaquemine, Apache do Mississípi Sul, Oneaota e Forte Antigo, foram contemporâneos à cultura do Mississípi Médio, desenvolvendo-se da mesma forma devido às condições locais similares. No Vale de Ohio, a cultura do Forte Antigo se caracterizou pela construção de grandes fortificações  de terra que evidencia em todo o sudoeste o aumento dos conflitos armados durante esse período. 
               Cahokia, um montículo (templo do Mississípi, fica ao sul da confluência dos rios Mississípi., Missouri e Ilinóis, estendendo-se sobre um fértil vale de aluvião. O solo arenoso e rico era ideal para agricultores radicados na região,erguendo-se no lugar os primeiros povoados permanentes ao redor do ano 800. A população dessa região pode ter atingido 38 mil habitantes no século XII e XIII. As comunidades que se desenvolveram neste lugar foram lideradas por Cahokia, onde foram erguidos mais de cem montículos de pedra de superfície plana. O montículo Monks é o maior, com mais de 300 metros de altura. Como muitos outros, apresenta restos de estruturas de madeira na extremidade. Por volta de 1.200, em torno de Cahokia foi erguida uma cerca de madeira que delimitava cerca de 120 hectares. Alguns montículos continham sepulturas, que variavam de modelo segundo o nível social. Um montículo pequeno de superfície acanalada continha dois esqueletos de homens importantes, cercados por conjuntos de ossos. também foram encontradas múltiplas sepulturas com numerosos esqueletos femininos e uma cova com quatro homens decapitados e com as mãos amputadas. O montículo Wilson , no oeste de Cahokia, ocultava uma câmara fúnebre de 4,5 por 5,5 metros. No seu interior havia centenas de ossos humanos. as marcas de cortes nos ossos demonstram que os tendões e os ligamentos foram cortados para agrupá-los separadamente. também pode-se observar que a carne aderida foi separada dos ossos, indicando que os esqueletos estavam em distintos estados de decomposição antes de serem enterrados novamente. Só foi encontrado um osso de cachorro no recinto mortuário, e entre os restos dos ossos humanos se encontravam centenas de conchas marinhas espalhadas junto á grandes conhas de caracol marítimo. 

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PRIMÓRDIOS DAS CIVILIZAÇÕES AMERICANAS



                Das suaves colinas da Ática, das soberbas colunatas de Persépolis, a história do homo sapiens nos leva além da imensa extensão do Atlântico, para as praias da América Central (Mesoamérica); as ardentes pedreiras do México, as florestas da península do Iucatã e da Guatemala são o teatro deste novo ato da atividade humana. 
           A civilização dos Egípcios e dos Babilônios já é nossa conhecida, através da tradição e de testemunhos. Da obscura e distante tragédia dos Maias, ao  invés, ignoramos, ainda, quase tudo; desenrolada distante de qualquer influência asiática ou européia, este povo não pode jamais inscrever-se na grande corrente do progresso humano. 
                 O homem chegou ao Novo Mundo vindo da Sibéria pouco antes de 20.000 a.C. quando o nível do mar baixou e o Estreito de Bering era terra firme. Após milhares de anos caçando e colhendo plantas silvestres como seminômades, índios em terras andinas na América Central experimentaram a agricultura (7.000 a.C.) em 1500 a.C., o milho era alimento fundamental. 
               Os agricultores viviam em vilarejos permanentes e alguns se tornaram grandes cidades após 1.000 a.C. . Artesãos trabalhavam materiais de luxo importados e há provas da diferença de classe entre ricos e pobres, governantes e governados. As comunidades tinham um chefe proveniente  de linhagem exclusiva de poder. O podere econômico vinha do controle sobre a distribuição de terra, alimentos e artesanato, e sua posição era provavelmente reforçada por sanções religiosas. 
                Este estágio de desenvolvimento foi o ponto de partida para a civilização e o crescimento de Estados, com população de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas em todos os trabalhos, de manufatura até comércio, administração e governo. Certos povos (olmecas, da planície costeira do Golfo do México; zapotecas, de Monte Albán; e habitantes de Chavin, Peru) devem ter lançado este estágio entre 1.000 e 600 a.C.. Nos primeiros séculos da era atual, a maioria da América Central e Andes centrais era civilizada. 
             Ao redor e entre núcleos de civilização, outras comunidades eram governadas por chefes. Milho, feijão e abóbora chegaram na América do Norte vindos do México, iniciando período de rápido desenvolvimento. Em Ohio e Ilinóis, entre 300 a.C. e 550 d.C., chefes Hopewell erigiram sepulcros e mantiveram contatos comerciais da Flórida até as Montanhas Rochosas. Em direção às extremidades do hemisfério, com clima inadequado para a agricultura, populações continuaram reduzidas e persistiram os modos de vida nômade e tribal.
             A data convencional para o início do Período clássico das civilizações da América Central é o ano 250 d.C., época de realizações intelectuais e artísticas notáveis. Próximo a essa data, os maias adotaram a escrita hierográfica e começaram a erigir estelas (Pedra em pé com inscrições gravadas relativas à história ou ao calendário).  
                Os Andes centrais foram o berço de outro grupo de civilizações. Mesmo sem contato direto com a América central, o desenvolvimento era semelhante. A principal diferença tecnológica era que os povos andinos descobriram como trabalhar ouro, prata e cobre, que usavam em utensílios e jóias. A região, com vastas distâncias e topografia árida, foi sempre difícil de unir sob um único estado. Mas os séculos entre 600 e 1.000 d.C. assistiram à ascensão e queda de um poder imperial com base em Huari nos Andes Peruanos. Muitos elementos da religião e arte Huari se desenvolveram em Tiahuanaco na Bolívia e foram rapidamente adotados no Peru. De Huari, uma versão modificada do culto Tiahuanaco e seu estilo de arte foi levada á força para partes da costa e das terras altas. 
            A palavra Mesoamérica significa aproximadamente América intermediária, região que compreende grande parte do continente americano e inclui o sul do México - a partir de uma linha imaginária que parte do rio Fuerte, se prolonga até o sul, onde se localizam os vales do baixo mexicano e ruma, depois, para o norte até o rio Pánuco, territórios da Guatemala, El Salvador, Belize e as porções ocidentais da Nicarágua, Honduras e Costa Rica. 
              Embora os fósseis encontrados por lá datem de 9.000 a.C, época em que homens caçadores nômades devem ter começado a se fixar em determinadas regiões, a ocupação territorial se deu, segundo trabalhos arqueológicos, por volta de 20.000 a.C. Contudo, a civilização mesoamericana apenas começou a se estabelecer em vilas e a cultivar a terra por volta de 5.000 a.C.  Por volta de 2.300 a.C começaram um processo civilizatório, quando aparecem as primeiras cerâmicas. 
               Os primeiros sinais de presença humana na Mesoamérica foram encontrados num local de abate de mamutes, em Santa Isabel Ixtapan, no vale do México, perto do Texcoco. Além dos restos de animais foram encontrados ferramentas de sílex e obsidiana, bola de borracha, datadas de 7.700 a 7300 a.C. No entanto a primeira civilização completa conhecida na região foi a dos Olmecas, que habitavam a costa do golfo do México, durante o período pré-clássico inicial, por volta de 1300 a.C. 
                 Diferentemente do Velho Mundo, nosso conhecimento das civilizações do Novo Mundo provém principalmente das descobertas arqueológicas. A escrita era totalmente desconhecida na América do Sul antes da chegada dos europeus, e na América central o único sistema completo de escrita era o dos maias, embora tenham sobrevivido diversos livros ou códices manuscritos ilustrados no período asteca. A carência de registros escritos significa que aops acontecimentos políticos e crenças religiosas dos primeiros povos americanos se perderam principalmente no transcurso do tempo, embora os arqueólogos tenham conseguido relacionar certas partes da História e os recentes avanços na decifração do hieroglifos maias que têm lançado  novas e importantes luzes sobre as vicissitudes das cidades guerreiras maias. Além disso, podemos compreender o complexo calendário maia, dividido em cinco ciclos baktun (144 mil dias), katun (7.200 dias, tun (360) dias, uninal (20 dias e kin (1 dia). O ponto de partida desse sistema, conhecido como "Conta Comprida", era o 13 de agosto do ano 3114 a.C. Portanto, a data 8.17.1.4.12, quando a Rã Fumegante de Tikal tornou-se governadora de Uaxactun, corresponde a 13 de janeiro de 378 d.C. (isto é, 1 274 852 dias depois do 13 de agosto de 3114 a.C. 
                O sistema calendário maia é uma das muitas características da cultura da América Central, cuja origem pode ser seguida até a primeira civilização do México, a Olmeca. O culto ao jaguar, o jogo sagrado da bola e o característico estilo artístico, que constituíam traços únicos do mundo mesoamericano  até a chegada dos europeus, também têm suas raízes na civilização olmeca. igualmente, no Peru existiu uma evolução contínua desde a cultura chavim até a dos incas. Entretanto, o tema somente será analisado na primeira parte do período desde as civilizações primitivas até os maias e a grande cidade de Teotihuacán, no México, e os impérios Tiahuanaco de de Huari, no Peru, ao redor de 800 d.C. 
     Ao norte do continente americano, perto do ano 100 a.C., as comunidades nativas dos vales dos rios Mississípi, Missouri e Ohio começaram a desenvolver uma cultura sofisticada, que se chamou Hopewell por causa do lugar da sua descoberta. É possível que houvesse ocorrido uma influência da América central, porém, grande  parte dessa evolução foi, provavelmente o resultado de processos indígenas internos. A cultura hopewell representa uama época crucial na formação da cultura que se desenvolveu posteriormente no Mississípi (800 x 1500 d.C.) a qual, com templos de teto plano e cidades de mais de 10 mil habitantes, pode ser considerada a primeira civilização da América do Norte. 
                No Novo Mundo como no Velho, a história das origens da civilização começa realmente com o desenvolvimento dos primeiros povos agricultores; esta etapa era essencial para colocar as sociedades na nova e revolucionária  rota que conduzia ao surgimento de cidades, reinos e impérios. No continente americano, o advento de um estilo de vida baseado na agricultura foi muito gradativo. No Peru, certas espécies de plantas, entre elas as abóboras,feijões e pimentões, já teriam sido cultivadas perto de 8.500 a.C. Possivelmente 2 mil anos depois, ter-se-ia cultivado o milho no México. Contudo, os povos intrinsecamente agrícolas aparentemente não se estabeleceram até o 4.000 a. C. O vínculo entre a agricultura e a civilização e a hibridação. Isso significou que se poderia manter, numa área equivalente, 25 vezes mais pessoas com a agricultura do que com a caça ou a simples colheita silvestre. O aumento da população resultante foi acompanhado do surgimento de assentamentos permanentes de maior tamanho - povoados e cidades de até 4 mil pessoas. Outras inovações importantes surgiram rapidamente: a introdução da cerâmica, a invenção do tear e o uso de implementos de pedras esmerilhadas e polidas. Outra nova característica foi o aparecimento de figuras femininas modeladas em argila, que refletiam a crença nos cultos à fertilidade. Mais importante, a longo prazo, foi a crescente estratificação da sociedade; a maioria dos túmulos desse período continha somente um corpo; contudo, alguns poucos se diferenciavam dos demais pela inclusão de  contas, espelhos, ornamentos em conchas marítimas, joias e exóticas penas coloridas. 
                O começo dessa complexidade social surgiu no litoral periano entre os anos 500 e 2.000 a.C., quando a caça perdeu importância à medida que cresceu sua dependência dos abundantes recursos marinhos e dos alimentos encontrados nas plantas silvestres dos vales. Em 3.500 a.C., o o algodão era cultivado em chilca e Ancón e utilizado para fazer redes de pesca e telas tecidas. Nos 200 anos que se seguiram já se cultivavam as abóboras e perto de 3.000 a.C., as cabaças eram utilizadas como vasilhas e flutuadores de redes. os primeiros povoados permanentes se localizavam no litoral. Quando a agricultura adquiriu importância depois de 2.500 a.C., os assentamentos se transferiram para os vales dos rios perto dos férteis depósitos aluviais produzidos durante a inundação estacional, e logo apareceram as primeiras obras de irrigação.  Por volta de 2.600 a.C. foram construídos templos sobre elevações de terra de grandes proporções no litoral central do Peru. 
             Isso obrigou a movimentação de milhares de toneladas de terra ou pedra lavada por equipes de trabalhadores bem organizados.  Foram encontrados grandes complexos de plataformas, pátios rebaixados e fossas, feitos de adobe e de pedra, em Áspero, Sechin Alto, Huaca dos Reis e Garagay. Perto do terceiro milênio a.C. o comércio a grandes distâncias já se encontrava estabelecido. 
               Trocava-se, por exemplo, conchas marinhas coloridas por tuberculos andinos e penas brilhantes da Amazônia. 
               Além dos contatos ocasionais, os nativos americanos permaneceram isolados dos seus contemporâneos do Velho Mundo. As civilizações da Mesoamérica e dos Andes não se basearam em ideias introduzidas a partir do estrangeiro. Muitas invenções (como a agricultura, a cerâmica, a escrita e o trabalho em cobre e em ouro) foram realizados de forma independente no Velho e no Novo Mundo. Outras descobertas (o ferro e o aço, a pólvora, o vidro, o alfabeto, o arado e a roda) não chegaram ao continente americano antes da conquista européia. Inclusive as formas mais simples de sociedade, muito afastadas dos centros de civilização representam milhares de anos de experimentação e de adaptação local. 
                 A maioria das características fundamentais das civilizações andinas posteriores se desenvolveram completamente por volta de 2.500 a.C. Faltavam dois elementos fundamentais: a cerâmica e a generalização do cultivo do milho, os quais surgiram em meados de 2.000 a.C. seu aparecimento pode estar relacionado, já que o novo produto requeria novos elementos para armazená-lo e cozinhá-lo. A cerâmica já era fabricada em outras partes da América do Sul pelo menos há mil anos. As primeiras cerâmicas do continente americano, elaboradas entre os anos 3.600 e 3.000 a.C. , foram encontradas na Colômbia e no litoral do Equador. 
               Na América Central surgiram sociedades complexas somente mil anos depois da região andina. A melhor prova do início da agricultura na América central provém dos vales de Tehuacán e Oaxaca, no México. Ambas as zonas possuem climas secos, excelentes para a preservação orgânica, o que facilita a  pesquisa arqueológica. A história das úmidas terras baixas , centro da civilização maia, é muito menos clara, já que não há sobrevivência de restos de plantas. No Vale de Tehuacán, ao redor de 3.000 a.C., existiam pequenos povoados que aglomeravam de cinco a dez casas circulares. Cultivavam cabaças vinhateiras, o feijão, o sqapoti, o milho e a abóbora. Não  obstante, a dependência total da agricultura surgiu de forma gradativa e parte da alimentação continuava sendo obtida da caça e da coleta silvestre. Da mesma forma como no Peru, somente nesse momento começou a  ser elaborada a cerâmica. As primeiras cerâmicas da Mesoamérica datam aproximadamente de 2.300 a.C. e por volta de 1.500 a.C. seu uso tinha se generalizado. as semelhanças da decoração me o formato das primeiras cerâmicas do litoral da Guatemala, da Colômbia e do Equador refletem algum grau de contato, provavelmente via marítima, entre estas regiões distantes. 
               A vida nos povoados sedentários, que floresceram nas zonas úmidas do litoral do Pacífico, do golfo e nos férteis vales do Oaxaca e do México, já estava bem estabelecida em 1500 a.C. Embora tenha sido encontrado um grande número de antigos conjuntos de casas (o que indica um importante aumento demográfico)até agora é impossível dizer quando aconteceu a mudança para uma economia agrícola plenamente estabelecida; todavia, parece que isso ocorreu nas terras baixas maias do ano 2.000 a.C. Qualquer que seja a resposta real, é evidente que os primeiros elementos da civilização mesoamericana mais antiga, a olmeca, começaram a surgir pouco depois do estabelecimento da vida sedentária. A escavações num sítio arqueológico olmeca posterior, San Lorenzo, demonstram que por volta de 1500 a.C. havia dois pequenos assentamentos agrícolas com características não muito diferentes. Não obstante, ao redor de 1350 a.C., teve início um projeto de obras públicas de muita importância.  
             A maioria das características fundamentais da civilização centro-americana surgiu entre os anos 1.200 e 1.500 a.C. ; monumentos comemorativos de governantes e seus reinos, o sistema da escrita hieroglífica, uma complexa anotação de cálculos baseados no calendário e no ritual da bola, jogado com uma bola de borracha maciça num recinto especialmente construído  para este jogo ritual (não se utilizava os pés e sim os joelhos)  - característica única da civilização mesoamericana. Surgiram vilas e cidades, deixando para trás os primeiros povoados agrícolas; ao redor de 2.000 d.C, a cidade de Monte Alban, em Oaxaca, tinha um população de aproximadamente 16 mil pessoas. Ditas cidades eram governadas por elites que organizavam a imensa mão-de-obra necessária para construir os templos e palácios. Esse período (1.200/300 a.C.) foi dominado pelos olmecas, cuja terra natal se encontrava localizada nas florestas tropicais úmidas do litoral de Vera-cruz e Tabaco. Os olmecas são conhecidos principalmente por suas pedras talhadas; poucos essencialmente foram descobertos, se bem que recentes escavações em Teopantecuanitlán (Tlacozotitlán), em Guerreiro, revelaram ruínas de uma casa de família de classe média e um centro cerimonial desconhecido até hoje na periferia do mundo olmeca. A informação provém, principalmente, dos centros cerimoniais com São Lorenzo, la Venta e três Zapotes, onde foram encontrados in loco esculturas monumentais de basalto e pequenos e elegantes talhados em pedra dura. O poderoso estilo da arte olmeca nos oferece uma visão da sua religião, dominada por um panteão de seres sobrenaturais temíveis, parte humanos, parte animais. Os animais, protótipos de divindades centro-americanas posteriores, provém da fauna dos bosques pantanosos e do litoral: águias-reais, jacarés, serpentes e tubarões. O deus mais representado era um homem-jaguar, concebido, segundo um relevo em Potrero Novo, por uma mulher e um jaguar. O produto dessa união tinha feições grosseiras e infantis e uma boca com expressão carrancuda, comissuras para baixo, lábios grossos e presas. 
             Os olmecas se espalhavam numa área de 200 por 50 quilômetros. Dentro dessa região, São Lorenzo, o mais antigo centro conhecido, floresceu desde o anos 1200 ao 900 a.C., quando foi destruído. Seu papel hegemônico foi assumido por La Venta, localizada numa pequena ilha no litoral pantanoso. Nesse lugar foi construída uma pirâmide de argila de 34 metros de altura, com forma de cone vulcânico estriado, que precisou de um tempo estimado de 800 mil dias para completar o trabalho. Ao norte se estendem duas praças, uma delas cercada por colunas de basalto de 3 metros de altura. A superfície do recinto cerimonial é interpretada como uma máscara estilizada de jaguar e, dentro de seus limites, foram encontrados três andares retangulares de aproximadamente 480 blocos de serpentina dispostos de tal maneira que formavam máscaras de jaguar. Estes andares constituem um tipo de oferendas religiosas ou esconderijos, característicos das descobertas olmecas. 
                 Embora os olmecas não fosse um povo pacífico - a julgar pelas figuras armadas de alguns monumentos -, não eram forjadores de impérios, Estabeleceram redes comerciais para obter matérias-primas exóticas, como o basalto, a obsidiana, o cinabre, a serpentina, o jade e o minério de ferro. A influência cultural olmeca atingiu lugares afastados - possivelmente até o Monte Alban, em Oaxaca, onde os nativos , os zapotecas, desenvolveram sua própria identidade cultural e um estilo de construção monumental em pedra. Em Oaxaca no Vale do México, a influência olmeca pode ter se difundido pela diplomacia, pelos vínculos matrimoniais, pelas atividades missionárias ou pelo comércio. Entretanto, apesar da evidência dessa influência olmeca, recentes pesquisas arqueológicas indicam que o desenvolvimento de complexos urbanos e de rios cerimoniais em Oaxaca, São José Magote e em São Morelos, em Chalcatzingo, teve lugar na mesma época e de forma independente do crescimento olmeca nas terras baixas do litoral do golfo. Como São Lorenzo, alguns séculos antes,  La Venta perdeu sua importância e fopi abandonada entre 400 e 300 a.C., e a época de ouro dos olmecas chegou ao seu fim. A ocupação continuou em tTrês Zapotes, porém, apenas como efeito secundário. Entretanto, nesse sítio foi encontrada uma estela (pedra erguida -em grego) com uma das primeiras datas conhecidas no Novo Mundo, uma Inscrição calendária, Conta Longa, que corresponde ao 3 de setembro de 32 a.C. 
            Apesar de a civilização olmeca ter sido a que teve a maior influência dentre as primeiras civilizações centro-americanas, na mesma época, e de forma totalmente independente, surgia outra cultura parecida na região de Oaxaca, no México Central. O sítio mais importante dessa região é o Monte Alban, a cidade e o centro cerimonial de maior transcendência do Estado zapoteca. Uma das descobertas mais impressionantes do Monte Alban é o Templo dos dançarinos, uma área montanhosa de grande tamanho, com todo plano construído em 500 a.C., cercado por mais de 150 placas de pedra decoradas com baixos relevos de figuras de homens  nus em estranhas posições, como se estivessem dançando ou nadando. As suas posições retorcidas indicariam que são cadáveres provavelmente dos líderes inimigos assassinados pelos antigos governadores da cidade. Embora se observem débeis traços olmecas , como por exemplo as bocas com comissuras para baixo, os Dançarinos possuem o particular estilo zapoteca. dava-se especial importância aos órgãos sexuais, e alguns mostravam sangue, produto da multidão dos ditos órgãos.  As inscrições hierográficas e as notações calendárias associadas com essas figuras constituem um soa exemplos mais antigos da escrita no continente americano. 
                 Foi durante esse período que Teotihuacan, a 400 quilômetros ao norte do vale do México, cresceu até se tornar, em meados de 500 d.C., uma das seis maiores cidades do mundo, com uma população de 200 mil habitantes, e no centro de um império que controlou 25 mil quilômetros quadrados do México Central e dominou a Mesoamérica.  Localizada numa caverna natural (posteriormente coberta pela pirâmide do Sol) Teotihuacan se tornou um lugar de impoertância cósmica para os primeiros habitantes da região. Eles acreditavam que era o lugar de nascimento do Sol e da Lua, o local sagrado onde o tempo começou. Certamente, era o centro mais importante de peregrinação de toda a Mesoamérica - foram identificados centenas de templos dentro dos limites da cidade e altares em todas as áreas residenciais, junto com os restos de incensários de cerâmicas e figuras divinas. Ali estão representados deuses e civilizações mexicanas  posteriores em murais de brilhantes cores que enfeitam os templos e palácios: Tlaloc, o deus da chuva; sua consorte, Chalchihuitlicue, a deusa da água; e Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada. 
              A decisão de construir a Pirâmide do Sol, uma das estruturas artísticas de maiores proporções no continente americano antes da conquista espanhola, para destacar este lugar de imensa transcendência ritual, fez parte de um impressionante programa de urbanização realizado em Teotihuacán durante o século I d.C. Nessa época a população rural espalhada foi
 
persuadida a transferir-se para a cidade. Durante 600 anos seguintes, aproximadamente 90% dos habitantes do leste e do sul do Vale do México moravam em Teotihuacán. Mais do 20 quilômetros quadrados de templos, palácios e residências estavam distribuídos  num plano quadriculado retangular. A organização da mão-de-obra para implantar um esquema tão rígido e o fato de a cidade estar regida por esse esquema durante meio milênio constituem uma prova do grande poder dos governadores de Teotihuacán, 
             Não é conhecida a natureza  exata do governo da cidade. Não existem documentos escritos que possam oferecer informação sobre o assunto, apenas glifos que indicam datas. Foram representadas poucas figuras militares até as últimas fases de Teotihuacán, se bem que parece haver existido um grupo de guerreiros-comerciantes, sendo que esse território foi conquistado pela força das armas. A numerosa população era alimentada com produtos agrícolas cultivados nos terrenos intensamente regados do vale de Teotihuacán, e os férteis solos aluviais das planosas ribeiras do vizinho Largo Texcoco também foram dragados e dedicados ao cultivo. O sal vinha das águas salinas do lago; a argila necessária para a cerâmica e as canteira de onde se extraíam a pedra usada na edificação estavam no vale. O estado assumiu o controle das fontes das matérias-primas de lugares afastados, como as de obsidiana em Pachuca e Otumba, de onde se extraía a rocha vítrea vulcânica utilizada para fabricar ferramentas e armas cortantes. 
               A influência de Teotihuacán pode ser melhor apreciada nas distantes terras maias. Kaminaljuyú, localizada nas terras altas da Guatemala, foi parcialmente redesenhada de acordo com o estilo de Teotihuacán. Sob as plataformas dos templos jazem túmulos dos guerreiros-comerciantes de Teotihuacán que assumiram o controle dessa região, possivelmente atravéz do matrimônio com membros das castas governantes locais. Em Tikal, nas terras baixas maias, a estela (pedra erguida) 31 mostra três figuras: no centro está o Céu Tormentoso, govwrnante de Tikal em 435 d.C.; em ambos os lados, guerreiros de Teotihuacán levando escudos adornados com o rosto de Tlaloc. 
             Os guerreiros aparecem com frequência crescente na arte do último século de existência de Teotihuacán, 650 x 750 d.C. Isso pode representar um sintoma ou uma causa de decadência final da cidade, quando foi destruída pelo fogo. Pode ter ocorrido uma cisão na elite reinante ou um ataque à cidade, inclusive é possível que tenha acontecido um destruição ritual. Qualquer que fosse o fenômeno ocorrido, a cidade, que ainda possuía uma grande população, manteve sua importância mitológica e continuou sendo um lugar de peregrinação até a queda do último Estado nativo mesoamericano, o Império Asteca, em 1521. 
              A história da civilização do Peru nos mostra culturas localizadas ao centro e ao sul dos Andes desde a o ano 1.000 a.C. ao 1.000 d.C.. Trata-se uma cultura complexa e ainda parcialmente compreendida. Todavia, da mesma forma que os olmecas na América central, esta culturas deram origem às características que mais tarde foram encontradas em todas as civilizações andinas posteriores. os períodos de uniformidade generalizada da região (Horizontes Antigos e Médios) alternados com época de diversidade regional (Períodos Intermediários) constituíram o padrão básico.]
               O período do Horizonte Antigo (1200 x 200 a.C.)  foi dominado pela cultura chavín, a primeira civilização andina. os primeiros sítios arqueológicos chavin datam de 1200 a.C.; contudo, denominou-se  chavín por causa do sítio de Chavín de Huantar, que atingiu seu apogeu no período compreendido entre 850 e 200 a.C. Nesse lugar foi encontrado um importante complexo de templos, com sua monumental plataforma, construída em pedra, cheia de passagens e habitações. Ali se escondiam objetos de culto; ainda está de pé a grande imagem, uma pedra talhada de 4,5 metros de altura de uma divindade com presas salientes, boca com expressão fechada e cabelos feitos de serpentina. 
          O panteão chavín tem jaguares, águias, jacarés, serpentes e figuras antropomórficas com as mesmas características. A esfera de influência chavín se estendia desde o Vale Lambayeque, pelo norte, até Paracas, no litoral sul. Em toda essa região foram encontrados artigos de cerâmica, concha, madeira, pedra, prata e ouro, bem como tecidos fiados e pintados em bom estado de preservação,todos enfeitados com imagens do panteão chavín. 
             Por volta de 200 a.C., em muitos vales andinos haviam-se desenvolvido culturas locais, pressagiando o retorno do regionalismo. O período Antigo Intermediário também foi testemunho de duas civilizações importantes: a nazca e a moche. Os nazcas, no litoral sul do Perú, continuaram as tradições estabelecidas na região no tocante aos excelentes tecidos e artesanatos em cerâmicas. As vasilhas, pintadas antes do cozimento, estavam adornadas com animais, pássaros, peixes e plantas, bem como troféus com formas de cabeças humanas e corpos decapitados. ornamentos similares, de grande tamanho, foram encontrados na área do deserto compreendida entre Cahuachi e Palpa. estas famosas linhas de Nazca eram feitas limpando-se as pedras sobre o terreno até revelara rocha subjacente. As linhas representam animais, como macacos, aranhas e pássaros, ou formas geométricas. os propósitos são desconhecidos, mas poderiam ter sido oferendas para os deuses. 
            O litoral norte do Peru, por outro lado, foi dominado pela cultura moche entre os anos 1 e 600 d.C. Centralizados nos vales Moche e Chicama ampliados através de conquistas militares, o território moche se estendia desde o Vale Pacasmayo, no norte, até os vales Santa e Nepenha, no sul. Construíram impressionantes centros urbanos e religiosos. Um deles foi a Pirâmide do Sol, em Moche, uma estrutura sólida de adobe de 350 metros de comprimento e 40 metros de altura. Foram construídas importantes obras públicas, incluindo sistemas de irrigação que permitiram aos agricultores utilizar as terras do deserto para cultivar  milho, amendoim, pimenta e batata-doce. Os artesãos elaboraram a mais fina cerâmica e ourivesaria da América pré-colombiana. Os ourives dominaram as técnicas do banhado a ouro, as ligas e a fundição mediante o processo de colagem com cera ou empregando moldes. os ceramistas utilizavam moldes para a produção de vasilhames em série e também elaboravam vasilhas com asa na forma de estribo, enfeitadas com cenas cotidianas, guerreiras e ou mitológicas. 
                Entre os anos 500 e 1.000 d.C. (o período do Horizonte Médio) surgiram dois impérios que dominaram grande parte da região central e sul dos Andes e partes do litoral. Não é conhecida a relação que houve entre eles, porém compartilharam o estilo artístico, que sugere uma religião comum. A primeira civilização foi denominada de acordo com a sua capital,  Tiahuanaco, uma populosa cidade localizada no planalto da Bolívia, centro de peregrinação religiosa de toda a região dos Andes, famoso por sua arquitetura megalítica e por suas austeras esculturas em pedra. Diversos motivos da sua arquitetura em pedra, como as figuras aladas e felinos, também estão representados em vasilhas policromas e em tecidos multicoloridos. Embora acompanhem o estilo local, revelam traços da cultura  chavín. Em uma região extensa porém difícil de definir, no sul do Peru e ao norte do Chile se observam traços de influência cultural e religiosa de Tiahuanaco. O segundo império, o Huari, tinha seu centro na bacia de Ayacucho. os motivos do estilo tiahuanaco também são encontrados na cerâmica huari, se bem que de forma mais tosca, indicando que houve contato e troca de ideia entre os dois impérios. Depois do ano 500 d.C., o Império Huari se expandiu com rapidez e sua influência se estendeu, para o litoral, até Chancang, cobrindo uma área equivalente a mais da metade do peru atual. Foram construídos grandes assentamentos planejados em toda a região, que consistiam em recintos murados que continham complexos religiosos, fortes militares, adegas, casas e oficinas de artesãos. Os impérios de Tiahuanaco e Huari administraram seus vastos territórios a partir de centros construídos para este fim, onde os funcionários governamentais supervisionavam as obras públicas construídas pelos habitantes como uma forma de imposto ao trabalho. Diferentemente dos tiahuanacos, os huaris eram um poderoso Estado militar, unificado por um programa planejado de construção de  caminhos e de colonização. 
               Por pouco tempo, Huari tornou-se a capital de um estado político que abrangia a maior parte do Peru, mas em 800 d.C. a cidade foi destruída e abandonada para sempre. A freágil unidade logo se rompeu e os Estados e estilos locais de arte foram retomados.  Só com a conquista dos Incas nos séculos XV e XVI o Peru foi reunificado. 
            Desses métodos de exploração e controle dependeram as culturas posteriores, principalmente a autoritária cultura inca. Mil anos antes que os incas assumissem o poder e criassem o maior império que existira no continente americano, já tinham estabelecido sólidos alicerces políticos, religiosos e sociais. 

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O CAVALO CONQUISTOU O HOMO SAPIENS - HISTÓRIA

Cavalo primitivo



                    O cavalo pertence à ordem dos Perissodáctilos: em   cada pé, possui somente o terceiro dedo desenvolvido (o casco), ao passo que os demais dedos são rudimentares. Pode viver até 20 anos. 
                  O gênero cavalo compreende, em princípio, todos os animais perissodáctilos da família dos equídeos: burros, zebras, hemíonos (burros selvagens da Ásia Ocidental), mas os cavalos se caracterizam pela existência, em todos os seus membros, da saliência a que se dá o nome de castanha, pela resistência dos cascos, pela pequenez das orelhas e pela uniformidade do pelo. A idade do cavalo reconhece-se pela dentadura: os incisivos centrais (pinças) aparecem aos oito dias; os seguintes, ou médios, ao fim de cinco semanas; os mais extensos, ou cantos, aos oito meses; depois, vão-se desgastando pela mesma ordem da aparição. O arrasamento produz-se: as pinças, aos seis anos; os médios, aos sete anos; os cantos, aos oito anos. O cavalo atingiu, então, praticamente, o limite do serviço útil e os dados de apreciação tornam-se cada vez menos nítidos.  
                  A "Era do Cavalo", originariamente um animal de floresta, tendo os pés providos de muitos dedos adequados à sua locomoção sobre o solo macio e úmido da região tropical da América do Norte. À medida que o clima se foi tornando mais frio e a floresta se converteu numa ampla planície relvosa, os dedos reduziram-se a um único, em cada um dos pés, para caminhar sobre a terra dura, e os dentes tornaram-se bastante complexos para triturar, de maneira que pudesse pastar a vegetação escassa do Grande Planalto. 
                 Mas na América, até à chegada dos Europeus, o cavalo era totalmente desconhecido, embora isso pareca estranho aos outros povos, habituados, desde milênios, a considerá-los como companheiros inseparáveis do homem, em todas suas atividades, principalmente nas guerras e conquistas. 
                  Excetuando-se algumas lacunas sem importância, a evolução do cavalo é algo que nos fascina. É um dos poucos animais cuja história evolutiva foi possível reconstituir com satisfatória exatidão. Em época muito remota, seu tamanho não era superior ao de um cão policial. Foi, ainda no período pré-histórico que chegou às dimensões  e características  gerais que hoje apresenta. 
                  Os povos mais primitivos, de que nos chegou notícia certa, tinham cavalos domesticados a seu serviço, para os mais variados tipos de atividades. Diferenças climáticas, alimentícias, e outras, produziram grande número de variedades da espécie, que se distinguem não somente no porte e outras aparências, mas também nas aptidões. 
           Os membros contemporâneos da família pertencem ao gênero Equus, que abrange as zebras e os asininos , assim como p Equus caballus, que é o cavalo domesticado. O grupo, como um todo, começou com o Hyracotherium  (anterioremente Eohippus), um mamífero de pelo liso e do tamanho de um cão terrier, que há mais ou menos 50 ou 60 milhões de anos se alimentava de brotos e folhas tenras nas florestas. Seus membros anteriores possuíam quatro dedos e os posteriores, três; os dentes eram os de um vegetariano, isto é, tinham a parte superior plana para auxiliar a trituração, mas eram bem pequenos, se comparados com os do cavalo atual. 
              Este cavalo primitivo encontrava-se amplamente distribuído por toda a América do Norte e a Eurásia. Contudo, extinguiu-se no Velho Mundo, tendo a evolução da espécie contribuído somente no continente norte-americano. Todas as numerosas espécies diferentes que apresentam subsequentemente na Eurásia, África e América do Sul, emigraram da América do Norte. 
                Há quatro mil anos, não havia cavalos na América, o que é estranho, pois os cavalos originaram-se da América do Norte. Ali eles evoluíram dos animais do porte de pequenos cães que vieram a cerca de cinquenta milhões de anos. Da América do Norte, o cavalo espalhou-se pela América do Sul, Ásia, e África. Porém, milhares de anos antes da vinda de colombo, os cavalos americanos haviam desaparecido.
               Estranhamente, o Equus tornou-se extinto também na América do Norte  durante a Era Glacial, retornando àquela região somente quando os conquistadores espanhóis lá chegaram com seus animais domesticados. Alguns historiadores estão convencidos de que esse magníficos animais foram extintos tanto na América do Norte quanto na América do Sul por terem sido utilizados como alimento pelos nativos. 
                 O cavalo moderno é o ponto culminante de um só, dentre muitas linhas de evolução. O Equus adaptou-se para a vida e a pastagem nas imensas pradarias que substituíram muitas áreas florestais, há cerca de 30 milhões de anos. Seus longos membros terminam agora num só dedo coberto por uma grande unha chamada casco. Os dentes alongados e protegidos por um cimento resistente, são próprios para triturar duras gramíneas. Muitos de seus ancestrais intermediários possuíam três dedos, mas com ênfase funcional sobre o dedo médio. 
                 Hoje só existe uma espécie de cavalo selvagem - o cavalo selvagem da Mongólia, agora confinado no deserto de Gobi. 
               Durante séculos, os  mongóis cuidaram de seus cavalos - os pôneis da Mongólia - impelidos por interesses e motivos vários: amizade, obtenção de alimentos, utilização na guerra, e produção de produção de bebida, sob a forma de Kumys, leite fermentado de égua. O emblema atual da Mongólia é um cavaleiro galopando ao nascer do Sol e, embora tenha havido mudanças desde que o país se tornou uma república em 1924, os cavalos fazem parte integral da existência diária. As fazendas coletivas, onde são criados cavalos e outros animais domésticos, fizeram com que a vida nômade se tornasse desnecessária. Mas ainda existem tribos de mongóis que vivem como seus ancestrais, conduzindo manadas de carneiros, cabras, gado e cavalos,m acampando em seus yurtas de feltro ou algodão, enquanto procuram as melhores pastagens. Os pôneis mongóis variam de acordo com a região e a criação. Os pôneis criados nas regiões montanhosas, cuja altura é de aproximadamente  1,30 m, suportam bem as temperaturas baixas e altas e a falta de alimentação. São rápidos, resistentes, têm habilidade especial para o salto e possuem cascos redondos e, mesmo desferrados, são capazes de percorrer os caminhos mais árduos. 
             Em 1879, o coronel Przewalski descobriu alguns verdadeiros cavalos selvagens na fronteira da China e da Mongólia  Exterior, numa pequena região do deserto de Gobi.  Com a descoberta, seu número foi diminuindo até que se pensou que o Przewaski estivesse extinto - com exceção de alguns exemplares existentes nos zoológicos europeus. Mas em 1966 foram descobertos um garanhão e seis éguas, próximo da fronteira chinesa. Mas esses cavalos selvagens, supostamente puros, podem ter-se cruzado com outros animais da região e, depois que entraram na China Comunista, nada mais se soube deles. 
               Duzem que os cavalos foram introduzidos na China aproximadamente no ano 4.000 a.C.  Há antigos registros de uma raça peculiar que suava sangue - velha característica atribuída também aos antigos andaluzes e ocasionalmente ao árabe. O pônei chinês, também encontrado na Coreia, pertence ao mesmo tipo que o pônei mongol.
                Os fortes pôneis do Tibete, geralmente baios, são descendentes dos pôneis mongóis e chineses domesticados. Os tibetanos ricos, inclusive o dalai Lama, costumavam possuir pequenos haras, hoje, praticamente desaparecidos. 
                Atualmente, há dois grupos principais de cavalos domésticos: o grupo do norte, ou "de sangue frio", originariamente criado na Europa central, e o grupo do sul, ou "de sangue quente". Os cruzamentos produziram um terceiro grupo, o de "sangue tépido". 
               O cavalo foi o grande propulsor da civilização. Tanto nas guerras como nos trabalhos diários, sempre esteve presente, viabilizando maior agilidade em todas as atividades do homo sapiens. 
              Uma das mais antigas representações de um homem a cavalo é egípcia, datando de aproximadamente 2.000 a.C. Provavelmente esse feito arrojado ocorreu mais ou menos ao mesmo tempo entre povos diferentes. Contudo, os cavalos foram primeiramente utilizados como animais de tração. 
                As pinturas de cavernas fornecem um registro das várias formas primitivas de cavalo. Essas, então, pequenas criaturas foram pintadas nas cavernas de Lascaux, na região centro-oeste da França, há cerca de 20.000 anos. 
                 No tempo do Rei Abargi (Mesopotâmia) a roda era, provavelmente, uma invenção recente. Sir Leonard Woolley também  escavou o túmulo da mulher de Abargi, a Rainha Shubad. Sepultado com ela estava seu carro particular: uma caixa alta, de madeira, adornada de ouro, prata e pedras semipreciosas. Porém, no lugar das rodas havia um par de lâminas de trenó.  
                   Pouco antes de 2.000 a.C., uma tribo nômade de criadores de gado domou o mais importante de todos os animais de trabalho: o cavalo. Esse se transformou em tal fonte universal de energia que James Watt tomou a potência do cavalo como unidade para medir a de suas máquinas a vapor. 
               Os assírios e persas usavam, em suas caçadas, carros parecidos com bigas romanas, mas um baixo-relevo, datado de mais ou menos 600 a.C., mostra um rei assírio a cavalo, matando um leão com sua lança. O grande especialista em cavalos, Xenofonte, galopava pelos campos perseguindo gazelas e javalis. 
                  Nos tempos antigos, os cavalos selvagens eram encontrados desde as florestas da Alemanha, através das estepes russas, até as planícies áridas do Turquestão e da Mongólia. 
               Os cavalos sempre desempenharam importante papel nas caçadas, consideradas o esporte da realeza; era muito utilizado na caça-à-raposa (esporte preferido). Através da história encontramos vários exemplos desse fato. os anglo-saxões se rebelaram contra as leis florestais de Guilherme, o Conquistador, que interferiram em suas caçadas. Ricardo Coração de leão perseguiu um veado da floresta de Sherwood até Yorkshire. Elizabeth I caçava tão assiduamente quanto seu pai, Henrique VII. Atualmente, esse esporte ainda é bastante popular, embora o javali tenha sido substituído pela raposa. 
                  Os primeiros cavalos de guerra ingleses eram de pequena estatura, como os pôneis, só sendo utilizado para puxar as bigas que conduziam guerreiros à luta. À medida em que foram criando animais de maior porte e mais robustos, passaram eles a ser , justamente com os carros, poderosas armas de guerra. Esse tipo de equipamento bélico foi muito bem demonstrados pela rainha celta Boadicéia (a rainha que, junto das filhas, foi estuprada pelos soldados romanos; depois criou um poderoso exército e destruiu e queimou várias províncias de Roma). 
                Os "antigos cavaleiros" eram homens de baixa estatura, e seus cavalos provavelmente também eram pequenos. Os "sarracenos" sobrepujavam os "cruzados" em seus encontros, mas estes logo conseguiram o mesmo tipo de cavalo, veloz e de fácil condução. A cavalaria em grupo começou a ser utilizada na Europa somente no século XVII. 
                 Milhares de cavalos tomaram parte e foram mortos em todas as guerras e lutas até a Segunda Guerra Mundial. Durante a Primeira Guerra Mundial, houve espantosas baixas entre os animais de carga e de tração de artilharia. Embora os tanques e trincheiras impedissem qualquer grande ataque montado, houve muitos exemplos de arrojo e proverbial coragem da cavalaria. 
               Atualmente, no âmbito militar, os cavalos geralmente estão reservados para tarefas menos pesadas, tais como rondas ou desfiles. 
                As corridas já eram conhecidas na Síria e na Arábia centenas de anos antes de Cristo. os primitivos gregos e romanos tornaram-se excelentes cavaleiros, e as corridas de bigas logo se transformaram num esporte popular, exitante e perigoso. 
                    Os cavaleiros medievais  reservavam seus corcéis para aguerra, mas nos torneios montavam valioso e bem treinado animal , o dextrarius, assim chamado porque galopava exatamente na direção do cavalo adversário, virando para a direita no último momento. 
              Os romanos foram os responsáveis pela introdução das corridas de cavalos na Inglaterra, embora algumas tribos germânicas já praticassem esse esporte vários séculos antes. Mas, somente durante o reinado de Jaime I (1603 - 1625), foram estabelecidas corridas públicas. este monarca criava cavalos de corrida em Newmarket e tornou as corridas familiares entre os membros de sua corte. Carlos II (1660 x 1685) também encorajou o esporte, organizando corridas regulares na primavera e no outono. Sob Jorge I e Jorge II, esse esporte passou a fazer parte da vida britânica, datando de 1753 e fundação do Jockey Club. 
                  A arte persa representa cavaleiros com trajes multicores, montando pesados cavalos orientais, indubitavelmente jogando polo (com tacos de aparência curiosamente moderna). Este jogo, retratado em algumas iluminuras de manuscritos persas, originou-se do "Savlajam", uma variedade de Tchigan, que era uma perigosa espécie de tênis a cavalo. O polo chegou à Inglaterra, vindo da Índia, em 1869, continuando a ser passatempo popular. Foi introduzido nos Estados Unidos em 1883. 
                 Em Isfahan, há mais de quatro séculos, o famoso Xá Abbas costumava sentar-se numa alta sacada, rodeada de colunas de madeira, de Aali Qapur, para assistir aos jogos de polo. Este belo pavilhão e as armações de pedra originais das balizas ainda existem. Mas, em vez do campo arenoso e marcado pelos cascos de cavalos, temos agora um espaço florido com uma piscina ornamental, refletindo os caules delicados e as cúpulas azuis e douradas das antigas mesquitas. A religião dando espaço para a modernidade, que é o caminho natural da evolução. 
                Na Europa medieval os torneios eram um esporte popular. Uma justa era um combate único, originalmente mortal, entre dois cavaleiros montados. Por volta da metade do século XIII, os torneiros de justas eram um entretenimento organizado, realizado em clareiras especialmente preparadas. O combate à l'outrance se prolongava até à morte; quanto à plaisance, era uma luta amistosa,  contando pontos quem simplesmente desmontasse o adversário, lhe quebrasse a lança, ou a arrancasse das mãos. Era falta imperdoável ferir o cavalo do oponente. 
                Os cavalos foram utilizados como animais de carga muito antes de ser montados ou atrelados a carroças. O comércio do Império Romano dependia de tropas de carga, da mesma forma que o da Europa medieval. Na década de 1690, um serviço regular de transporte de mercadorias em cavalos servia entre Exeter e Londres, mas já em 1830 somente os mascates utilizavam esse tipo de transporte. 
                    Houve um tempo em que os cavalos eram utilizados como tração de uma espécie de três sobre trilhos. Nova Iorque foi a primeira cidade do mundo a ter bondes sobre trilhos de ferro, puxados por cavalos, em 1832.  A foto abaixo mostra as linhas de bondes em 1905

                  Os primeiros coches particulares eram caros e, embora desconfortáveis, serviam exclusivamente à aristocracia. Seu interior podia sere luxuoso, mas a estrutura apoiava-se em sólidas traves fixas, ou seja, não havia sistema de molejo, de modo que todo o conjunto sacolejava e balançava pelas estradas irregulares da época, puxado por quatro grandes cavalos. Algumas vezes a nobreza fazia-se transportar por liteiras apoiadas adiante a atrás em animais de tração. 
             O século XVII trouxe consigo as diligências, mas como a invenção de molas data somente do século XVIII, a maior parte das pessoas viajava ainda a cavalo.  
                Na Inglaterra, até a regularização dos serviços de diligência e correio em 1786, as cartas eram transportadas por cavaleiros que usavam altas polainas. A velocidade máxima permitida era de 11,5 Km horários, o que não acontecia com os cavaleiros do Pony Express (que teve curta duração: apenas 18 meses, a partir de abril de 1860), que se revesavam a intervalos de aproximadamente 24 Km, transportando correspondência através dos estados Unidos. 
                 A partida da vistosa carruagem do correio, com seus belos cavalos , era um dos mais famosos espetáculos de Londres; mas com o advento das ferrovias, a era das carruagens chegou ao fim. Contudo, as ruas das cidades continuaram a ressoar com o ruído  dos veículos de tração animal, dos ônibus, dos carros de bombeiro sacolejando com o galope, e das elegantes carruagens da nobreza. A chegada do automóvel provocou o gradual desaparecimento dos veículos puxados a cavalo, na Europa e nas Américas. 
              Em cidades turísticas como Petrópolis e a Ilha de Paquetá - RJ., ainda existe este tipos de transporte com fins recreativos para visitantes.  
               Na América, até a chegada dos Europeus, o cavalo  era totalmente desconhecido, embora isso pareça estranho aos outros povos, habituados, desde milênios, a considerá-lo o companheiro inseparável do homem,  em todos os seus trabalhos, lazer e principalmente na guerra e conquistas. Na Europa e na Ásia, ele é conhecido desde as mais remotas era; sem  pretender chegar à idade paleolítica (na parede de uma gruta da Dordonha está pintado um belíssimo cavalo em pleno galope, pintura essa que deve ter para mais de 50.000 anos) basta pensar na civilização dos Arianos, na Índia, dos Chineses e japoneses, no Extremo Oriente, nos Assírios e nos Hititas, no Mediterrâneo, para vermos, protagonista de todos os fatos históricos, o homem a cavalo. 
               Gregos e Romanos tinham pelos cavalos, pelas corridas de choches (bigas), pela equitação, uma paixão que beirava 0 fanatismo. Calígula, o imperador louco, chegou a nomear senador seu cavalo "Incitatus" e mandou-lhe construir uma cocheira de mármore e prata. Dos degraus do Circo Máximo, os gritos frenéticos de 200.000 espectadores acompanhavam o golpe das quadrigas e, frequentemente, entre os defensores dos dois partidos adversários, surgiam conflitos sanguinolentos. Os Romanos tratavam do treinamento hípico com critérios semelhantes aos modernos. As corridas de quadrigas (bigas) atraíam ao Circo Máximo enormes multidões de apaixonados desse esporte.
              Ruiu, também, o império romano, com sua decadente e requintada civilização; talvez uma das poucas coisas que sobreviveram a tanto desbarato foi a arte equestre, que se foi afirmando sempre mais, como privilégio da nobreza. As planícies da Marema e da Normandia forneciam aos cavaleiros medievais os maciços cavalos de guerra, capazes de suportar o peso das enormes arma duras. E pode-se ao mesmo tempo dizer que, desde o XI até ao XVII século, ou seja, até quando os ingleses começaram a cruzar seus cavalos com os de origem árabe, os métodos dos criadores mediterrâneos dominaram o mundo hípico da Europa. A caça à raposa sempre foi considerada, desde remotas eras, o entretenimento da aristocracia, principalmente na Inglaterra, e o cavalo era o ator principal na perseguição do esperto animalzinho.
                 Os árabes sempre foram apaixonados pelos cavalos. Eles selecionavam os cavalos de raça apreciadíssimos, sempre tomando nota precisa das árvores genealógicas dos animais.  Entre nuvens de pó, uma coluna de belicosos Beduínos cavalgava pelos desertos armados e prontos para qualquer emboscada possível. 
                 Hoje existe dezenas de raças equinas, frequentemente umas bem diversas das outras, adaptadas ás mais diferentes tarefas. Assim , o Hackney, inglês, um belo animal de formas robustas, que serve tanto para o tiro leve como para sela; o Pone, pequeno e esbelto, a cavalgada preferida pelas crianças; o cavalo para polo, semelhante ao precedente, criado  especialmente para esse ramo de esporte; o Shire, um mastodôntico cavalo de tiro pesado, de patas largas e peludas, que chega a pesar mil quilos. No Ocidente, predominam o cavalo árabe e o Bérbere, algo pequeno o primeiro, cinzento, malhado, resistente e velocíssimo, o segundo é mais robusto, de pelo avermelhado ou não. Do cruzamento entre cavalos árabes e ingleses, surgiu esse magnífico campeão de velocidade e resistência, que é o Puro Sangue Inglês, dominador dos hipódromos. 
                  Outras raças,  também, são a Normanda, apta ao tiro pesado, e a Andaluza, indígena da Espanha, que produz cavalos vivares e de belo aspecto. Na Itália, existe o excelente cavalo Sardo (ou melhor, Árabe-Sardo, porque foi obtido, originariamente, de cruzamentos com Árabes), o Maremano, que era o forte da cavalaria militar, o Lipizziano, um esplêndido cavalo de parada, que se cria na Índia, de pelo alvíssimo. Os puro-sangue inglês predominam, principalmente no turfe, alcançando os mais altos preços. Basta dizer que há alguns anos atrás, o cavalo italiano "Nearce" foi vendido a um criador inglês por quatrocentos milhões de liras. Nas corridas de trote, entretanto, predominam os cavalos de origem americana, mesmo nos grandes hipódromos europeus. 
                  A equitação, também, já alcançou seu mais alto nível técnico, e é difícil imaginar que os cavaleiros do futuro ainda encontrem algo de novo numa arte que vem sendo praticada há milhares de anos. 
                A criação, ao invés, ainda aguarda da ciência novos impulsos. Na verdade, hoje se obtém cavalos bem melhores do quem os de há dezenas de anos, haja visto o grande número de recordes que  são quebrados a todo instante. 
                Os puro-sangue, que vemos desfilar nos majestosos hipódromos da Gávea e da de Cidade Jardim, garbosos, frementes de vida, sob seus xairéis de seda, são o produto de longos anos de estudo, de pacientes e sábios ensinamentos. A fim de lhe acrescerem os dotes de resistência e velocidade, para adaptá-los à raia leve ou pesada, para lhes imprimir o impulso veloz na fita de saída ou no disco de chegada, criador e treinador tiveram, antes, necessidade de empregar toda sua experiência e sagacidade. E quando o potro volta à repesagens,  banhado em suor e com os olhos injetados de sangue, devido ao esforço despendido, após o vitorioso galope na relva da pista, os homens que o criaram e treinaram  beijam-no comovidamente, com olhos úmidos de emoção. E, nesse gesto espontâneo me carinhoso, está todo o amor do homem pelo animal que, desde longínquos, obscuros dias da pré-história, sempre o acompanhou em sua longa trajetória pelo mundo. 


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