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domingo, 6 de setembro de 2020

A FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS

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               Ao longo de toda a Alta Idade Média existiram reinos na Europa, cada qual governado por um rei, reconhecido por todos os nobres como seu "suserano". Mas o rei não tinha grande poder político. De fato, o poder estava nas mãos dos grandes senhores feudais - condes, duques e bispos. 
              Durante a Alta Idade  Média, as pessoas estavam presas à terra. Elas não podiam dirigir-se ao outro feudo, oferecendo seus trabalhos, mas também não podiam ser expulsos da propriedade pelo senhor feudal. O sistema feudal vigente tinha muitas restrições. Cada senhor era soberano absoluto em seus domínios. Ele elaborava as leis e fazia cumpri-las, organizava seus exércitos, declarava guerras, cunhava suas moedas, cobrava impostos. Portanto, não havia países como hoje e muitos senhores tinham excessivos poderes. 
             Com o surgimento das cidades, as pessoas, mesmo sob ameaça, começaram a abandonar os feudos e ir à procura de trabalho nos centros urbanos. Isso lhes dava grande sensação de liberdade. Morar numa cidade, fosse Hamburgo, Paris ou Londres, não significava morar na Alemanha, França ou Inglaterra, pois esses Estados ainda não existiam. Assim como na Alta Idade Média, as pessoas sentiam-se ligadas ao feudo na Baixa Idade Média,  elas sentiam-se ligadas apenas à cidade onde viviam. 
             Os comerciantes sentiam-se prejudicados com a descentralização do poder, pois, em cada propriedade feudal onde se desenvolveu uma cidade, o senhor feudal é que mandava em tudo e cobrava impostos pelas atividades comerciais ali desenvolvida, e até mesmo a língua falada variava de um feudo para outro. Essa variedade de condições que os mercadores tinham de enfrentar para realizar seus negócios dificultava as atividades comerciais. As transformações econômicas que estavam ocorrendo no mundo exigiam um poder político centralizado e forte. 
              Também os próprios reis não possuíam poder nenhum. A eles cabia apenas governar suas próprias terras como     qualquer outro senhor feudal. Para que o rei pudesse exercer seu poder, ele precisava enfraquecer os poderes constituídos da Idade Média, ou seja, o poder dos senhores feudais e o poder do papa, que possuía grande prestígio internacional. 
            Diante dessa situação,l os soberanos uniram-se, então, aos burgueses , pois era do interesse da burguesia que o poder dos reis se tornasse um poder nacional, sou seja, que se estendesse sobre toda a nação. Não é um povo com sua língua, religião, seus costumes e sua história. Em geral, cada povo ou nação vive numa determinada região geográfica. Essa região é o país. Quando uma nação se estabelece numa região geográfica e passa a obedecer a um conjunto de leis, criando instituições com o objetivo de colocá-las em prática, de fiscalizar seu cumprimento e de julgar quem as desobedece. Nessas condições, temos um  Estado nacional. 
             A burguesia europeia tinha interesse na formação de Estados nacionais. Para o desenvolvimento de seus negócios , era necessária a eliminação de pedágios e taxas cobrados pelos senhores feudais, a unificação das moedas e das leis, além da criação de territórios nacionais. Em outras palavras, era imperioso por fim ao sistema feudal. 
                 Os reis, então, apoiados pelos burgueses, criaram os primeiros estados nacionais. Com as contribuições em dinheiro dadas pela burguesia, equiparam seus exércitos e estenderam sua autoridade por um vasto território. Respeitados como chefes da nação, os reis começaram a exigir que diversos povos obedecessem às mesmas leis, falassem a mesma língua, tivessem os mesmos costumes, praticassem a mesma religião e reconhecessem que tinham a mesma história. Em troca do apoio financeiro dado pela burguesia, os reis se comprometiam a favorecer as atividades comerciais. O poder exercido pelo rei se identificava com o próprio Estado. Por isso, podemos chamar esses Estados nacionais de monarquias nacionais. 
               A formação das monarquias nacionais se deu de forma vantajosa e apresentou-se de maneira diferente em cada lugar. Mas foi na França que esse fenômeno alcançou sua maior expressão. 
               A passagem do Feudalismo para o Capitalismo apresentou características diferentes nas várias regiões do continente. Na verdade houve outros fatores que provocaram transformações mais profundas  do que o próprio renascimento comercial e urbano. 
                Na Alta Idade Média, as relações de trabalho eram servis. Mas, na Baixa Idade Média, os senhores feudais, necessitando aumentar suas rendas, começaram a contratar pessoas para o serviço temporário nas terras ainda disponíveis para a agricultura, como bosques e florestas. 
                 Os jornaleiros, como eram chamados esse trabalhadores, começaram a substituir o trabalho dos servos e vilões.  E os deveres e obrigações entre esses novos trabalhadores e os senhores feudais passaram a ser estabelecidos por meio de contrato de trabalho. Diferentemente dos servos e vilões, que viviam nos feudos e tinham obrigações  permanentes com seus senhores, os jornaleiros recebiam um salário por sua jornada de trabalho. 
              Essa mudança nas relações de trabalho foi típica da Europa ocidental e ocorreu basicamente por causa da necessidade de aumentar a produção de alimentos. Por outro lado, o trabalho assalariado mostrava-se mais produtivo do que o trabalho servil. 
            Por causa da baixa densidade demográfica da Europa oriental, havia pouca oferta de trabalhadores livres que pudessem substituir a mão-de-obra servil. Havia também uma enorme quantidade de terras disponíveis para o plantio. Por esses motivos, os senhores feudais da Europa oriental tinham condições de aumentar a produção, mantendo o caráter servil das relações de trabalho. Consequentemente, os senhores feudais da Europa oriental conservavam a servidão em suas terras e alguns até mesmo a aumentar as obrigações dos servos, transformando-os em verdadeiros escravos. 
             Existia uma clara diferença entre os camponeses livres e os servos da terra. Os camponeses  livres exigiam que as obrigações que tinham para com seus senhores fossem rigorosamente definidas em contrato. Já os servos estavam sujeitos ao pagamento de algumas prestações , que dependiam da vontade dos senhor, e continuavam proibidos de abandonar a terra sem a permissão do proprietário. 
             Na Baixa Idade Média, grande parte dos camponeses trabalhava em terras que arrendavam dos senhores. Mas, junto aos arrendatários, continuaram a existir  camponeses que cultivavam os campos na condição de servos. 
             Nas regiões em que o capitalismo se desenvolveu rapidamente, a situação do camponês tendeu a melhorar. Às vezes, ele conseguia vender o excedente de sua produção no mercado e assim obter algum dinheiro, com o qual podia comprar produtos na cidade e, em alguns casos, a sua própria liberdade. 
                Essas mudanças não ocorreram na mesma velocidade em todos os lugares. na Inglaterra, por exemplo, mesmo nas áreas mais atrasadas e onde o desenvolvimento do capitalismo era menor, a servidão despareceu rapidamente. Já na região sudeste da Europa, apesar de o capitalismo estar mais avançado, o trabalho servil se prolongou por mais tempo. 


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