No sistema feudal, existiam basicamente dois grupos sociais: o dos trabalhadores da terra (servos) e dos proprietários das terras (os nobres e clérigos).
O lugar que o indivíduo ocupava na hierarquia social era dado pelo seu nascimento filho de servo era servo,. filho de nobre era nobre. Era praticamente impossível um servo melhorar seu padrão de vida e ascender socialmente á condição de nobre.
A economia desse período estava baseada na produção agrícola para consumo imediato. As atividades comerciais praticamente inexistiam.
O trabalho dos servos era realizado coletivamente. Não havia especialização de funções e, portanto, todos faziam de tudo. Os servos não tinham interesse em aumentar a produção. Produzir mais significava apenas que os senhores teriam mais para explorar, aumentando as obrigações servis. Por isso, não havia nenhum interesse em melhorar as técnicas agrícolas.
Mas a partir do século XI esse sistema entrou em crise. Em grande parte, a crise do feudalismo poder ser explicada pelo crescimento da população européia, sobretudo da camada senhorial, o que levou os senhores a aumentar a aumentar a pressão sobre os servos, com vistas a ampliar suas rendas.
Com o fim das invasões bárbaras no século XI, a Europa passou a viver um clima de estabilidade. Esse fato possibilitou o crescimento da população e o aumento da circulação de mercadorias, pois os excedentes de produção passaram a ser vendidos nas pequenas feiras locais.
Mas o crescimento do mercado consumidor entrou em choque com abaixa produtividade do trabalho servil.
Para elevar seus rendimentos, os senhores feudais aumentaram as obrigações feudais dos servos. Em decorrência dessa medida, um grande número de servos abandonou as terras em que vivia ou foi expulso dela. Assim, as rendas senhoriais ao invés de aumentar diminuíram, forçando os senhores feudais a deserdar os filhos mais jovens para evitar a subdivisão da propriedade feudal. Com isso, criou-se um vasto contingente de homens sem propriedade, desejosos de conquistarem terras.
A transformação do sistema feudal para o capitalismo tem início com a fuga dos servos, que abandonam o campo, e com a mudança gradativa dos feudos, passam a funcionar como unidades produtivas para os novos mercados urbanos que começavam a surgir. Isso representou a passagem da economia feudal auto-suficiente para a economia mercantilizada, que caracteriza o capitalismo. como conhecemos hoje.
Com o servos abandonando o interior e os filhos deserdados pelos senhores, a Igreja encontrou a massa indispensável para convocar as Cruzadas.
Entre os séculos XI e XIII, várias Cruzadas partiram em direção ao Oriente motivados pelo dever religioso de libertar a Palestina (Terra Santa) das mãos dos infiéis. Sob este pretexto religioso, as Cruzadas foram, de fato, a manifestação mais evidente da crise do feudalismo. Tratava-se da mobilização dos deserdados rumo às novas terras e às ricas cidades comerciais do Mediterrâneo oriental, em que o comércio era controlado pelos árabes muçulmanos desde o século VIII. Isso explica porque, na Quarta Cruzada, os cruzados conquistaram Constantinopla, uma cidade cristã, transformando-a num lucrativo centro comercial de especiarias originárias da China, da Índia e do Japão e dominado pelos venezianos.
Os grupos de mercadores que passaram a controlar esse comércio eram originários das cidades italianas de Veneza, Gênova e Pisa, principalmente. Mas também do norte da Europa, nas regi~]ões do mar do Norte e Báltico, desenvolveu-se um dinâmico intercâmbio comercial, que tinha na região de Flandres (Bélgica e Holanda atuais) um de seus centros mais importantes.
Nos século XIII e XIV, os mercadores e artesãos das cidades começaram a se reunir em associações defenderem seus direitos frente aos poderosos do sistema feudal; a Igreja e os nobres.
Do século XII ao século XV, os pequenos mercados locais da Idade Média prosperaram, transformando-se em grandes feiras. Aí eram negociadas mercadorias de todas as partes do mundo conhecido e efetuadas transações financeiras. O dinheiro passou a ser largamente empregado para facilitar o intercâmbio de mercadorias.
Na Baixa Idade Média, surgiram muitas cidades na Europa ocidental, onde passaram a se concentrar mercadores e artesãos. As cidades atraíram também os antigos servos e os nobres sem terras, marginalizados pela crise do sistema feudal. Aí, eles iam em busca de oportunidade de trabalho e de riqueza.
No novo sistema econômico que surgia com o fim do feudalismo, a riqueza em capital era mais importante do que a riqueza em terras. Os senhores feudais, desejosos de possuir as novas mercadorias à venda nas feiras, necessitavam de dinheiro. Para tanto, libertaram parte dos servos, a quem passaram a arrendar partes de suas propriedades. A produção agrícola passou a orientar-se para a venda nas cidades e não apenas para o consumo local. Esse fato estimulou o aumento da produção agrícola. Assim, novas técnicas de cultivo começaram a ser empregadas para aumentar a produtividade do solo.
O progressivo desenvolvimento do sistema capitalista, em substituição ao feudalismo em crise, determinou novos caminhos para a história do homem, cujas representações ainda hoje podemos sentir.
No entanto, com o enriquecimento de uma parte da burguesia, tornou-se cada vez maior a distância que separava os ricos dos pequenos comerciantes e mercadores.
Na segunda metade do século XIV, a peste negra intensificou a crise do feudalismo e as revoltas de trabalhadores nas cidades e nos campos. A peste negra matou milhares de pessoas na Europa. Em Florença (Itália), por exemplo, os mortos eram tantos que eram colocados na entradas das casas e recobertos com um pano, até que trabalhadores - com o nariz e boca protegidos para não respirar o ar "empestado" - levassem em caixões para sepultá-los em algum lugar. Nesse clima de instabilidade, a alta burguesia começou a poiar os reis, pois lhe interessava uma autoridade centralizadora. É sempre nesses momentos difíceis que surgem novas ideias.
No século XV, grande parte das nações européias já se configurava como monarquias. Os reis concentravam o poder político em suas mãos e a alta burguesia tornava-se o grupo social dominante.
Os mercadores instalados nas novas cidades da Europa agrupavam-se em associações denominadas guildas. Essas associações tinham dois objetivos: ampliar a liberdade de seus membros diante das restrições impostas pela Igreja e pela nobreza feudal e defender os interesses comerciais dos mercadores locais frente aos concorrentes de outras cidades.
Nos séculos XIII e XIV, também os artesãos (fabricantes) organizaram-se em corporações de acordo com seu ofício. Assim, os fabricantes localizados numa rua ou algum bairro, formaram corporações; eram sapateiros, alfaiates, ferreiros, e assim por diante.
O mestre artesão - proprietário da oficina e seus auxiliares - oficiais e aprendizes - eram membros da mesma corporação. Eles passaram, então, a gozar de inúmeros privilégios em relação aos artesãos que não eram associados. Por exemplo, tinham facilidades para obter matérias-primas e maior facilidade para colocar à venda seus produtos no mercado. Em contrapartida deveriam submeter-se ao regulamento da corporação, que exigia e fiscalizava o controle da qualidade e preço das mercadorias.
Controlando a produção e a circulação dos artigos, as corporações de artesãos garantiam os interesses comerciais de seus associados. Mas, se num primeiro momento esses interesses eram comuns aos mestres e a seus subordinados, com o desenvolvimento do comércio internacional surgiram divergências. À medida que enriqueciam, os mestres passaram a formar corporações à parte e a dificultar a ascensão social dos aprendizes e oficiais. Por sua vez, os trabalhadores começaram a rebelar-se, reivindicando melhores condições de vida.
Ao final do século XIV, em função da peste negra, as revoltas sociais intensificaram-se: nas cidades, lutava-se contra a classe dominante, formada pelos burgueses ricos; na zona rural, os camponeses lutavam contra a nobreza, proprietária das terras.
A fim de combater as rebeliões populares durante a crise do século XIV, tanto a nobreza como a alta burguesia buscaram o apoio militar dos reis da Europa.
Ao longo da Idade Média, o sistema monárquico continuou existindo, mas o poder do rei era bastante limitado. Os senhores feudais continuavam sendo a maior autoridade dentro de seus domínios, e as cidades medievais tinham também um elevado grau de autonomia. Diante dessa fragmentação política, a Igreja atribuiu a si mesma o direito de intervir nos assuntos de todas as nações europeias, tornando-se assim a instituição mais poderosa da Europa. Porém, com a crise do sistema feudal, a Igreja, os senhores feudais e os mestres das principais corporações, que também compunham o governo das cidades, ficaram enfraquecidos. Os reis aproveitaram-se desta situação para organizar suas próprias forças armadas, desmantelar o antigo exército de cavaleiros medievais e conquistar muitas terras pertencentes aos nobres.
Por fim alterou-se a própria estrutura de funcionamento da economia pré-capitalista, baseada na autonomia das cidades e na atuação independente das guildas e das corporações. As leis dessas associações foram substituídas por novas leis escritas, que justificavam a superioridade do rei sobre toda a nação.
A centralização do poder real foi uma necessidade da expansão do sistema capitalista. Os interesses e as necessidades econômicas da burguesia eram bastante diferentes dos da velha nobreza feudal. Para o desenvolvimento de seus negócios, a burguesia precisava de um poder centralizado que unisse as leis, as moedas, os padrões de pesos e medidas. A burguesia exigia também a abolição da cobrança de pedágio cada vez que se passava pelas propriedades dos senhores feudais. Eliminar esses direitos feudais e criar mercados nacionais eram condições indispensáveis para o desenvolvimento da economia capitalista. Foi por isso que a burguesia apoiou financeiramente os reis: somente uma autoridade centralizadora e forte, com poder sobre toda a nação, poderia proporcionar a consolidação do mercado interno.
Com o apoio da burguesia, os reis dominaram grandes territórios, impondo a todos os povos que viviam em seus domínios a mesma língua, a mesma religião e a mesma cultura. Assim, surgiram na Europa ocidental as diversas monarquias nacionais, baseadas na aliança de interesses entre os reis e a burguesia.
Mas o poder real apresentou diferenças de uma nação para outra. Enquanto na França, no início do século XVI, os reis exerciam um poder praticamente ilimitado, na Inglaterra, entre os séculos XIII e XVI, a monarquia esteve subordinada a uma nobreza poderosa. A administração do reino inglês era feita pelo Parlamento, composto de duas câmaras: a Câmara dos Comuns, cujos deputados participavam das sessões em pé, e a Câmara dos Lordes, formada por duques, condes, barões e o alto clero, que ficavam sentados durante as sessões.
Em seu desenvolvimento, o sistema capitalista passou por quatro fases, desde a Baixa Idade Média até a atualidade.
A primeira, que podemos denominar de pré-capitalismo, ocorreu entre os séculos XII e XV, aproximadamente.
As cidades eram centros de produção artesanal. Em Florença, ourives e artesãos confeccionavam jóias e móveis, com motivos inspirados nas obras dos pintores e escultores florentinos. Em seguida, vendiam seus produtos por toda a Europa, tal a fama que já haviam conquistado.
Nesse período, a Europa passou por um renascimento comercial e surgiu uma nova campanha social: a dos mercadores. A produção de bens, que era destinada ao consumo imediato, foi sendo aos poucos substituída pela produção destinada ao comércio. E as trocas, que eram feitas em espécie, foram substituídas pelas trocas monetárias. As cidades, praticamente in existentes, voltaram a crescer. Para elas dirigiam-se os artesãos dos campos em busca de trabalho, nas pequenas oficinas familiares. Nessa fase do capitalismo, ainda eram raros os trabalhadores assalariados. A maioria dos trabalhadores continuava ligada à terra e ao trabalho servil.
A segunda fase do desenvolvimento do capitalismo é denominada capitalismo comercial ocorreu entre os séculos XVI e XVII. Nessa fase, o capital se concentrou nas mãos dos comerciantes, que compravam e revendiam mercadorias de quase todas as partes do mundo. Nesse período, a circulação de mercadorias (comércio) gerava mais lucros do que sua produção (indústria).
O trabalho artesanal ainda predominava na fase comercial do capitalismo. Os artesãos trabalhavam em pequenas oficinas e cada um era dono de suas ferramentas e da matéria-prima (menos de produção) utilizadas na confecção do produto. Nos centros maiores, no entanto, os homens livres passaram a trabalhar em troca de um salário, para outra pessoa - o industrial -, que era dono das instalações, das máquinas e da matéria-prima. Assim, aos poucos foram deixando de ser donos dos meios de produção. Por sua vez, todos os bens produzidos pelos trabalhadores ficavam com o industrial, que os comercializava, aumentando assim seus lucros e acumulando capital.
A terceira fase do capitalismo é denominada capitalismo industrial e ocorreu entre a segunda metade do século XVIII e o século XX. O capital acumulado na fase anterior do capitalismo passou a ser aplicado na produção de mercadorias. Consequentemente, os industriais, donos de fábricas e máquinas, ganharam força dentro do sistema capitalista. As mercadorias, por sua vez, deixaram de ser feitas artesanalmente e passaram a ser produzidas em série e a baixo custo. Isso eliminou o trabalho artesanal independente e deu origem a uma grande massa de trabalhadores assalariados. Esse processo, denominado industrialização, teve início na Inglaterra e difundiu-se pela Europa, América do Norte e partes da Ásia, no século XIX. Finalmente, no século XX, ganhou o mundo. Muitas nações ainda lutam para atingir a condição de país industrializado.
A quarta e última fase do capitalismo é denominada capitalismo financeiro. Teve início no final do século XIX e estende-se até hoje.
Nos países desenvolvidos, que já passaram pelo processo de industrialização, o capitalismo concentrou-se nos bancos e nas grandes instituições financeiras. Essas instituições assumiram o controle das atividades economicamente produtivas da nação: agricultura, pecuária, comércio e industria. As indústrias,por sua vez, associaram-se em poderosas empresas e passaram a ter negócios em vários países ao mesmo tempo. São as multinacionais. Essas empresas, utilizando as técnicas que empregavam em seus países de origem, instalaram indústrias em países estrangeiros, onde as condições de produção e consumo são lucrativas.
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