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sábado, 2 de maio de 2020

OS HEBREUS NA PALESTINA - DIÁSPORA JUDAICA



                O Hebreus dominavam Canaã, uma vasta área verdejante do vale do Jordão e das colinas prometidas pelo Senhor Moisés. Naquela região já viviam povos adultos e fortes, com os Moabitas, os Filisteus, os Edomitas e os Cananeus; todos esses povos tinham afinidades com Israel pela língua e pela raça, mas disputavam aos recém-chegados o terreno palmo a palmo. 
                 Moisés relembrava a antiga história de sua raça, desde quando, mil anos atrás, Abraão chegara à quela suave região, vindo de sua distante Ur, na Caldeia. Pensava nos primeiros dias, no florescer das nômades tribos de Israel, em sua imigração para o Egito, nos longos séculos de vida sob o domínio dos faraós. 
            Conta a história que finalmente reviu todos os lugares que ele percorrera à frente de seu povo, guiando-o ruo à terra de seus avós, a longa sede no amarelo deserto de Horebe, na fulgurante aparição do Senhor, entre os nimbos do Monte Sinai. Agora, a terra prometida estava ali, diante dele, e a mão do Patriarca moribundo erguia-se abençoando o povo eleito e o verde país que Deus lhes destinara. 
               Naquela época, entre 1500 e 100 a.C., os Hebreus eram governados por Juízes, isto é, Sacerdotes - Guerreiros, nomeados pelo povo, mas, para opor uma forte pressão à resistência dos adversários, era necessário um chefe verdadeiro, e eles o elegeram na m pessoa de Saul, seu primeiro rei. Por ele e pelo seu sucessor, Davi, foi levada a termo a conquista da palestina e, em Jerusalém, as tábuas da lei, supremo tesouro da nação hebraica, encontraram afinal, uma sede estável. povo nômade por excelência, os Hebreus nunca se haviam dedicado ás artes ou à arquitetura e, assim, quando salomão, filho de Davi, quis engrandecer sua cidade e edificar um templo para a glória desse Deus, precisou chamar operários e artistas fenícios, sírios e babilônios, mas, infelizmente, eles estavam rodeados de vizinhos poderosíssimos, para que pudessem conservar longamente a paz e a independência. Primeiro o Assírios, comandados por Sargão I, depois os Babilônios de Nabucodonosor romperam a propriedade de Israel. Deportados para as margens do Eufrates, os Judeus choraram as ruínas de Jerusalém e do templo. Passou, também, o domínio babilônio, ofuscou-se o poderio dos Persas e dos Selêucidas, que também haviam escravizado o pequeno reino de Judá. Em 65 a.C., as águias de ouro das legiões de Emílio Scauro, procônsul romano na Galileia, profanavam as sagradas muralhas de Jerusalém. Mas o espírito de liberdade custava para morrer entre aquele povo, que sentia profundamente sua superioridade intelectual sobre os rudes invasores. O exemplo de Judas Macabeu, que soubera expulsar os Selêucidas, animou os Hebreus, que se rebelaram contra os Romanos, massacrando-lhes as guarnições. A reação dos conquistadores foi rápida e decisiva; as tropas de Flávio Vespasiano e de seu filho Tito varreram os rebeldes da palestina, sitiaram Jerusalém  e, após uma luta sangrenta, destruíram-na. Entre o sangue e as chamas dos incêndios, tombava para sempre a grandeza de Israel, e aos descendentes de Abraão, Isaac e Jacó restavam somente os olhos para chorar, diante das ruínas do templo, a ruína de sua raça. 
                Mas a herança espiritual do judaísmo não se extinguiu, com seu poderio político. Dispersos por todos os recantos do globo, humilhados e perseguidos, os Judeus souberam conservar intacto o mais alto patrimônio da raça,aquela lei divina que estava em seus corações e que ninguém poderia ferir ou destruir. 
Rememorando fatos importantes
O templo de salomão, um dos maiores e grandiosos edifícios do mundo antigo, foi construído no ano 900 a.C. e destruído, pela primeira vez, pelos Babilônios, no ano 586 a.C. Reconstruído, foi novamente arrasado pelos Romanos  no ano 70 a.C. 
A grande emigração dos Hebreus do Egito para a Palestina foi um fato fundamental para essa raça que vivia sob um cruel sistema de escravidão, e ocorreu cerca de mil anos a.C.  
A História nos conta que na Arca estão guardados os rolos da Lei.
 A tomada de Jericó foi um dos episódios mais importantes da conquista da Palestina. 
 O Profeta Jeremias reza sobre seu povo prosternado, em Babilônia, invocando o fim m do exílio, exortando todos os judeus a confiarem em deus Nosso Senhor, o único que poderia salvar Israel dos invasores. 
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               O que mais motivou a expulsão dos Hebreus do Egito foi, sem dúvida, o fato deles serem uma raça que se multiplicava rapidamente e ao mesmo tempo se tornavam mais ricos, poderosos e unidos. esses fatos foram fatores que amedrontaram os Egípcios, e por isso, principiaram a maltratá-los, impondo-lhes fortes taxas e obrigando-os a trabalhar como escravos nas pedreiras e nas construções de pirâmides (túmulos); ai tinham de suportar as mais penosas fadigas, sempre sobre uma dura vigilância cruel dos soldados que  não lhes davam um instante de descanso. Mas, apesar de todas as perseguições, o número de Hebreus continuou a crescer. Isso levou ao Faraó a emanar um edito que dizia: "Todos os filhos varões nascidos de mulheres hebreias deverão morrer". Com prantos e preces o coração dos Hebrus ergueram-se para Deus implorando pela salvação de seu povo. E, segundo a lenda, foi assim que uma mulher da tribo de Levi teve um filho de extraordinária beleza, que conseguiu manter oculto durante três meses, mas, depois, com o pensamento em que o faraó pudesse descobrir a criança, colocou-a num cesto de vime e depositou-a entre os caniços, às margens do rio Nilo, justamente no local onde a filha do faraó costumava tomar banho. A princesa, ao ver o belíssimo menino,enterneceu-se dizendo: - "Este é certamente, um pequeno hebreu condenado a morrer". Então retirou-o da água sem saber o que deveria fazer. Ocorreu, porém, que a irmã da criança, que se ocultara nas vizinhanças, ofereceu-se para ir procurar alguma mulher que pudesse criar o menino e o devolvesse, logo que estivesse mais desenvolvido, á princesa. Com esta atitude, com a qual a princesa concordou, a criança pode voltar a viver com a própria mãe. Depois de três anos o menino foi levado á princesa que o adotou como filho dando-lhe o nome de Moisés, que quer dizer "salvo das águas". Em seguida, fê-lo educar-se na corte do faraó, como se fora um príncipe de sangue real. 
                 Mais de quarenta nos se passara quando Moisés estava vistoriando as obras quando viu um soldado egípcio bater cruelmente num Hebreu. Isso acirrou sua cólera e atirou-se contra o agressor matando-o ali mesmo. Como tratava-se de um crime Moisés fugiu e foi viver junto a um pastor  de ovelhas na Arábia, onde permaneceu vários anos e, talvez até já tivesse esquecido seu verdadeiro povo.  Certo dia, porém, ao apascentar seu rebanho nas proximidades do monte Horebe, viu uma fogueira, que ardia sem consumir-se. Curioso, já ia aproximar-se, mas, segundo a lenda bíblica, foi detido por uma voz que lhe disse: -"Não te aproximes Moisés, porque a terra que tu pisas é sagrada!" E a voz continuou dizendo: -"Eu sou o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Os lamentos de meu povo, escravizado no Egito comoveram-me. É chegado o tempo em que eu o libertarei e lhe darei uma terra grande e fecunda: a terra de Canaã. Tu guiarás meu povo e serás seu chefe. Vá, pois ao Faraó e dize-lhe que liberte os Hebreus!" E assim, Moisés ficou responsável pela libertação do povo. Dirigiu-se ao faraó e disse-lhe: "- O Deus de Israel ordena-te, pela minha boca, que deixes livre o povo hebreu, para que possa alcançar a terra que Ele lhe destinou, que fica além do deserto! 
               - "E quem é esse deus de quem me falas, para que eu deva obedecer-lhe as ordens? Eu não o conheço e não libertarei te povo! - respondeu o Faraó, indignado e temeroso, só em pensar que poderia perder os Hebreus, que executavam os serviços mais duros e pesados em todo o Egito. E obstinou-se nessa recusa todas as vezes que Moisés e Aarão, por ordem de deus, foram procurá-lo. 
               Segundo a lenda, deus, então, enviou terríveis castigos a todo o povo egípcio: as águas do Nilo transformaram-se em sangue; o país foi invadido por enormes rãs; nuvens de moscas e de ainda mais fastiosos insetos atormentaram homens e animais; o gado morreu quase todo, vítimas de terrível epidemia; uma nuvem cinza, caindo sobre as pessoas, deixava-as repletas de chagas; uma espantosa chuva de pedra, misturada com fogo, matou todos os homens e os animais que encontrou pelos campos; miríades de gafanhotos devoraram, em seguida, tudo quanto sobrara da colheita, e as trevas da noite duraram três dias inteiros. Enfim, insistindo o faraó em seus propósitos insanos, todos os primogênitos dos Egípcios morreram numa única noite. destes flagelos, chamados "as pragas do Egito", ficaram isentos somente os Hebreus, suas casas, seus campos e seus rebanhos. 
                  Na mesma noite em que pereceram os primogênito dos Egípcios, todos os Hebreus, por ordem de Moisés, assaram um cordeiro e comeram-no com pão ázimo (isto é, sem fermento) e alfaces selvagens, permanecendo de pé em redor das mesas, vestidos com trajes de viagem e cajado na mão. Assim, conta a lenda, os Hebreus prepararam-se para a retirada e, em seguida, lembraram-se sempre desta última cena em terras do Egito, com a solenidade da Páscoa, repetindo, todos os anos, aquela cena, com o mesmo ritual. 

                 Há mais de 2.000 anos a história dos Judeus tem associado a dispersão externa à coesão interna. Desde a destruição do primeiro Templo e o exílio na babilônia, em 586 a.C., a Judeia foi absorvida por uma sucessão de impérios poderosos: babilônico,persa, ptolomaico, selêucida, romano, bizantino e finalmente os impérios islâmicos, culminando com os dos turcos otomanos. Mas a dispersão decisiva dos Judeus ocorreu no Império Romano. Após uma crescente tensão religiosa, política e nacionalista, a primeira " Revolta dos Judeus" ocorrida entre os anos 66 a 73 d.C. quando rompeu o poder Romano na Palestina, mas logo perdeu força. As legiões romanas capturaram Jerusalém em 70 d.C. e destruíram o templo. Três anos depois, após longo cerco, caiu Massada, o último baluarte dos fanáticos, às margens do mar Morto. Mas a segunda grande "Revolta dos Judeus ocorreu entre 1342 e 135 d.C., liderada por Bar Kokhba, causou danos maiores á estrutura da vida judaica na palestina. 
              As revoltas reprimidas com dureza, além das medidas de Adriano para "desjudaizar" Jerusalém após o ano 135 d.C., deterioraram a posição dos judeus na Judeia. Mas no restante do mundo romano o status legal e econômico e a viabilidade das comunidades permaneceram incólumes, estimulando a migração da Palestina (onde os judeus não eram maioria desde o século II e outros judaicos do Oriente, Mesopotâmia e Alexandria, em direção às costas oeste e norte do Mediterrâneo. 
              A capacidade de recuperação do judaísmo depois de duas grandes derrotas infligidas pelos romanos pode ser atribuída à evolução da religião judaica após a destruição do primeiro templo em 586 a.C. e ao surgimento de uma fé descentralizada baseada na sinagoga e na oração comunitária. De um lado, com as sinagogas surgem novos líderes locais, os rabinos. De outro, a religião e a lei civil judaica foram codificadas, primeiro com o Mishnah, compilado perto de 200 d.C., e depois, na Palestina e babilônia, por meio do Talmude, resultando de discussões sistematizadas. As duas obras são hoje a base da religião e da vida comunitária judaicas. 
           As comunidades judaicas desenvolveram-se pelo oeste e norte do Império Romano.  Uma comunidade judaica surgiu no século II a.C. em Roma e, no século I d.C., estavam estabelecidas em diversas partes da Itália (Nápoles era a mais importante). A presença dos judeus na Espanha remonta ao século III; ao norte, instalaram-se em Colônia pelo menos a partir do século IV. 
             A mudança no centro de gravidade do mundo judeu do Oriente para o Ocidente foi um processo longo. Culminou na Alta Idade Média, quando os judeus do Oriente Próximo e África do Norte se fixaram no sul da Itália, Espanha, França e Alemanha. Na Espanha, a época de ouro dos judeus começou com o primeiro califa Omíada de Córdoba, Abd al Rahaman III, no período de 912 a 961, e continuou no governo cristão até os tumultos anti-semitas de 1391. Acredita-se que a vida judaica tenha se mantido nas margens do Reno após a queda do Império Romano no Ocidente. A comunidade adquiriu proporções significativas por volta do século X. 
              Apesar do massacre na Primeira cruzada, nos anos 1090, os séculos XI e XII foram a época de ouro dos judeus alemães no período medieval. Mas a crescente presença judaica no Ocidente gerou reações. O papel econômico das comunidades declinou e, após o Terceiro e Quanto Concílios de Latrão, de 1179 e 2015, a Igreja Latina intensificou a hostilidade ao judaísmo. Lembrando que Jesus era Judeu. 
               Várias expulsões da Europa Ocidental começaram na Inglaterra em 1920, embora o povo judeu fosse então bem reduzido. Um golpe mais contundente foi a expulsão da França em 1394. Massacres e perseguições periódicas na Alemanha levaram a uma migração palestina de judeus alemães (asquenazitas) do vale do reno para o leste, estabelecendo as bases do  povo judeu moderno da Europa central e Oriental. Praga se tornou um centro judaico importante no século XI e recebeu imigrantes do oeste e sul da Alemanha no século XIII. No século XIV, Viena era o principal centro judaico em terras alemães. Comunidades judaicas surgiram em Cracóvia Kalisz e outras cidades no oeste e sul da Polônia no século XIII e, mais a leste, em Lvov, Brest-Litovsk e Grodno, no século XIV. O período de imigração mais intensa do Ocidente para a Polônia e Lituânia ocorreu do final do século XV e ao longo do século XVI. 
             Essas manifestações, aliadas aos pogroms (violentos ataques) na Espanha em 1391, foram seguidas pelo estabelecimento da Inquisição para enfrentar o criptojudaísmo na Espanha. A expulsão geral dos judeus da Espanha em 1492, Portugal em 1497 e Provença em 1498, mudaram definitivamente o  peso da balança de oeste para leste. 
               No fim do século XV e início do século XVI, houve expulsão das cidades livres da Alemanha Imperial, como Nurembergue em 1499, Ulm em 1499 e Regensburg em 1519 e também dos principados luteranos como a Saxônia em 1537, Brunswick e Hannover em 1533. A maioria dos exilados vindos da Alemanha se fixou na Polônia e Lituânia. Os judeus espanhóis e portugueses expulsos (sefarditas) foram para o Império Otomano 3e norte da África. No fim do século XVI, alguns migraram para Roma, Veneza, Livorno e outras áreas do norte da Itália. 
                As comunidades judaicas polonesas, lituanas e otomanas floresceram no século XVI e início do século XVII. Mais tarde, as condições se deterioraram na Polônia e Turquia. Após a deflagração da "Guerra dos 30 Anos" entre 1618 e 1648, judeus do centro-oriental e leste da Europa, assim como do Oriente Próximo, se fixaram em áreas da Europa Ocidental, com a permissão das cidades comerciais e de governantes principescos. 
               Comunidades surgiram no Ocidente e principalmente no norte da Itália, Alemanha, Holanda e, a partir de 1650, na Inglaterra e colônias britânicas no Novo Mundo (no Caribe e depois na América do Norte). Pequenos grupos migraram da Alemanha para a Dinamarca e Suécia. Nas cidades da Europa Central, como Viena, Berlim, Hamburgo e Budapeste, as comunidades judaicas cresceram nos séculos XVIII e XIX, como resultado da imigração de países situados a leste, especialmente a Polônia.
               Nos séculos XVII e XVIII, algumas comunidades judaicas maiores, mais ricas e culturalmente mais sofisticadas existiam em Amsterdã, Hamburgo, Frankfurt, Livorno, Veneza e Roma, seguidas por Berlim e Londres. Amsterdã, com comunidades "sefarditas" (refere-se à Península Ibérica) e "asquenazitas" (Europa Central) importantes, era um dos principais centros judaicos do Ocidente, especialmente nas áreas de comércio, finanças, publicação de livros. A população sefardita de Amsterdã chegou a 3.000 habitantes (1,5% da população da cidade) no fim do século XVII. A população asquenazita superou a sefardita antes do ano 17600 e chegou a ser cinco vezes maior no final do século 18, quando as duas comunidades somavam 10% (20 mil habitantes) da população da cidade.  
                Mas até 1940, o maior segmento do povo judeu continuou a residir no Leste Europeu, com concentração no leste da Polônia, que por fim se tornou a faixa ocidental do Império Soviético. Apenas populações judaicas muito pequenas existiram na Hungria e Romênia em 1700, embora tenham crescido rapidamente nos séculos XVII e XIX pela imigração da Polônia e do território Tcheco. Sob os governos dos czares, a maioria das populações judaicas do Império Russo estava confinada nas áreas a oeste (de povoamento judaico limitado), antigas partes da Polônia, Lituânia e Ucrânia. Os judeus só podiam se estabelecer na Rússia propriamente dita com permissão especial. 
                 A preponderância demográfica dos judeus no Leste Europeu teve fim com a ocupação nazista e o holocausto: na Polônia, ex-Checoslováquia e e áreas onde o assentamento judaico era permitido, a vida das comunidades foi, em grande parte, destruída. Populações judaicas importantes sobreviveram apenas no interior da ex-União Soviética, Romênia e Hungria. 
Os livros dos Judeus
               Mesmo com todo o tumulto da época, os judeus mantinham o seu tradicional amor pelas letras, e o papel que representaram na literatura da época foi grande. A esse período pertencem as mais primorosas partes da Bíblia. Em fins do século III um poeta judeu (ou talvez poetiza) compôs o divino Cântico dos Cânticos; ali encontramos toda a arte do verso grego, desde Safo até Teócrito, enriquecida por algo impossível de ser encontrado em nenhum autor grego dos tempos - uma intensidade de imaginação, uma profundeza de sentimento e uma devoção idealística bastante forte para exaltar em amor tanto o corpo como a alma, e para transformar a própria carne em espírito. Os judeus helenísticos, parte em Jerusalém, parte nas outras cidades do Mediterrâneo Oriental e em maior número em Alexandria, escreveram - em hebraico, aramaico ou grego - obras primas como o Eclesiastes, p Livro de Daniel, parte dos Provérbios e Salmos e a maior porção da Apócrifa. Escreveram histórias como as Crônicas, novelas como Ester e Judite e idílios de família como o Livro de Tobit. Os Soferim modificaram a escrita hebraica dos velhos assírios, transformando-a no estilo sírio até hoje conservado. Como a maior parte dos judeus do Oriente Próximo falavam naquela época mais o aramaico do que o hebraico, os eruditos explicavam as escrituras em breves targuns aramaicos, ou interpretações. Abriram-se escolas para o estudo do Torá, ou Lei, e para a explicação do código moral à adolescência; tais explicações e  comentários, passados do professor para o aluno através de gerações, iriam formar, em época posterior, a maior parte do Talmude
               Em fins do século III os letrados da Grande Assembléia haviam completado a publicação da antiga literatura e terminado o cânon do Velho Testamento; a seu ver a era dos profetas estava finda e com ela a correspondente inspiração. O resultado é que muitas obras desse tempo, repleta de sabedoria e beleza, perderam a coima da inspiração divina e caíram na infeliz categoria de Apócrifa. (O Velho Testamento Apócrifo, literalmente oculto, são os livros excluídos do cânon judeu do Velho testamento como não sendo de inspiração divina, mas que foram incluídos na Vulgata Católica Romana).Os dois livros de Esdras talvez devam algo de sua superioridade literária aos tradutores do rei Jaime; mas dificilmente poderemos atribuir-lhes o tocante relato de como Esdras pediu ao anjo Uriel que lhe explicasse por que os maus prosperavam, os bons sofriam e Israel padecia na escravidão; ao que respondeu o anjo, em vigorosa imagem, não ser dado à parte compreender ou julgar o todo. 
                  O prólogo do Eclesiástico o dá como tradução grega, terminada em 132, dos discursos escritos em hebraico duas gerações antes, pelo avô do tradutor, Jesus, filho de Sirac. Esse "Joshua ben Sirac" fora tanto erudito como homem de negócios; depois de ver muita coisa pelo mundo, em viagens, decidiu transformar sua casa em escola; e a seus discípulos deixou esses ensaios sobre a sabedoria da vida. Joshua denuncia os judeus ricos que abandonaram sua crença para melhor figurarem no mundo gentio; adverte os moços contra as cortesãs que por toda a parte os assediam; e indica a Lei como sendo ainda o melhor guia para evitar os males e abismos do mundo. Não é, contudo, puritano. Ao contrário dos Chassidins, não condena o prazer inofensivo; e protesta contra os místicos que rejeitas a medicina alegando que todas as moléstias tendido vindo de deus, só por deus deverão ser curadas. O livro é fértil em epigramas, dos quais o mais conhecido é o da vara e dos meninos. "O numero de surras aplicadas  por sua mãe conta", diz Renan, "deve ser incalculável. É nobre livro, mais sábio e bondoso que o Eclesiastes.
                No capítulo vinte e quatro do Eclesiástico lemos que "A sabedoria é o primeiro produto de Deus, criada no início do mundo". Aqui e no primeiro capítulo dos Provérbios encontram-se as primeiras formas da doutrina dos Logos - o Saber como um "demiurgo", ou criador intermediário, incumbido por deus de traçar o mundo. Essa hipostatização (realidade abstrata) do saber como inteligência personificada torna-se a ideia dominante da teologia judaica nos últimos séculos anteriores a Cristo. A seu lado crescia rapidamente a concepção da imortalidade pessoal. No Livro de Enoc,aparentemente escrito por vários autores, entre os anos 170 e 66 a.C., na Palestina, a esperança do céu se torna necessidade vital; o êxito da perversidade e o infortúnio de um povo piedoso e leal não podiam ser suportados senão à força de esperança; sem ela a vida e a história pareceriam obra mais de Satã que de Deus. Um Messias viria estabelecer na terra o reino dos Céus e premiaria os virtuosos com a eterna felicidade depois da morte. (As pessoas parecem estar presas na Idade Média, e continuam vivendo de esperanças como na velha Palestina). 
                  No Livro de Daniel todo o terror da era de antíoco IV encontra eco. Por volta de 166, quando os fiéis estavam sendo perseguidos com furor, e inimigos ainda maiores ameaçavam o grupo macabeano, um dos chassidins (provavelmente) decidiu reacender a coragem do povo com a descrição dos sofrimentos e profecias de Daniel no reinado de Nabucodonosor, na Babilônia. Cópias do livro circularam secretamente entre os judeus; foi considerado como obra de um profeta que vivera 370 anos antes, suportara torturas maiores que as infligidas por Antíoco, seria vitorioso e preconizara triunfo id~entico para sua raça.  E mesmo que os virtuosos e fiéis não encontrassem prêmio aqui, teriam a recompensa no Julgamento Final, quando o "Senhor" os acolhesse no céu, onde a felicidade é eterna, e lançasse às torturas do inferno os que os haviam perseguido. 
                 Em resumo, o resto dos escritos judaicos desse período pode ser classificado como mística ou imaginativa literatura de instrução, edificação e consolação. Para os Judeus de períodos anteriores a vida na terra fora o bastante, e a religião não constituía uma fuga do mundo, e sim uma dramatização da moral pela poesia da fé; um Deus poderoso, a ver e governar todas as coisas, recompensaria a virtude e puniria o vício na terra. O Cativeiro abalara essa crença, a restauração do templo a renovara; mas tudo ruiu aos golpes de Antíoco. O pessimismo passou a agir em campo aberto; e nos escritos gregos os judeus encontravam as mais eloquentes exposições das injustiças e tragédias da vida. Entrementes, o contato dos judeus com as ideias persas de céu e inferno, da luta entre o bem e o mal e do triunfo final do bem, proporcionou uma válvula para a filosofia do desespero; e talvez a concepção da imortalidade com que o Egito inoculara Alexandria, bem como as ideias que alimentavam os mistérios da Grécia, tenham cooperado para inspirar aos judeus dos períodos grego e romano essa consoladora esperança que os sustentou através de todas as vicissitudes do seu templo e do deu estado. Desse judeus e dos egípcios, persas e gregos, a concepção da recompensa e do castigo eternos iria fluir para uma nova fé ainda mais forte, e auxiliá-la a vencer um mundo em desintegração. 
              
            


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