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quinta-feira, 14 de maio de 2020

A GUERRA DO ÓPIO ENTRE CHINA E INGLATERRA



                
                Para iniciarmos este estudo é importante saber o que é o ópio.
               O ópio é uma palavra grega (ópion); no latim(opiu) e quer dizer suco de papoula. Dela se pode extrair muitas substâncias farmacológicas; também chamada de "Papyer Somniferum" é muito conhecida como a Papoula do Oriente. Hoje muito produzida no Afeganistão que a produz e exporta como droga. Em muitos países subdesenvolvidos, muitas vezes por falta de opções os camponeses  são levados a trabalhar no cultivo de plantas (hoje consideradas ilícitas) como a papoila, que está na base da produção industrial do ópio. 
               O uso do ópio mascado ou fumado, que se espalhou no Oriente, provoca euforia, seguida de um sono onírico; o uso repetitivo conduz ao hábito, à dependência química, e a seguir a uma decadência física e intelectual, uma vez que se trata de um veneno  estupefaciente. Os alcaloides que ele contém é largamente utilizado na medicina (morfina e papaverina), como sonífero analgésico. 
              Pois foi exatamente esta bela flor que provocou uma guerra, no início do século XIX  entre os chineses e ingleses.
                 A Índia e a China, extremamente populosas, exerciam enorme atração sobre os mercadores ingleses. Mas, enquanto a Índia comerciava abertamente, o Governo chinês não demonstrava interesse algum pelas mercadorias européias. Os negociantes ocidentais adquiriam na China artigos como seda, porcelana e, principalmente chá, que alcançavam bons preços na Europa. Mas não conseguiam colocar nenhum de seus produtos. O comércio sí sofria muitas restrições. Somente duas cidades podiam entrar diretamente em contato com os mercadores estrangeiros: Cantão e Ourga. E todas as operações comerciais deviam ser feitas através de determinados negociantes chineses: os co-hong.
             Esse comércio limitado, unilateral, era pouco rendoso para a Inglaterra, e isso desequilibrava a balança entre os dois países. A compra de mercadorias  chinesas absorvia asa reservas britânicas de ouro. Os ingleses estavam viciados em chá e não podiam mais ficam sem ele. Por outro lado, sem vender seus produtos, os ingleses não eram compensados. 
            Só um produto comerciado pelos mercadores ingleses tinha grande aceitação entre alguns chineses: o ópio, narcótico extraído das papoulas, que produz efeito adormecedor sobre o cérebro, mas vicia. 
               A Companhia das Índias cultivava, então, o ópio na Índia e incrementava o seu consumo na China, vendendo-o em grandes quantidades a mercadores chineses independentes. 
              Inicialmente era permitido uma pequena importação de ópio, mas em 1800, o governo Chinês percebeu que 20% do seu povo estava sendo completamente viciado e proibiu tal comercio. 
                Mas os números demonstravam que mesmo com o contrabando, que logicamente encarecia o produto, era muito compensador, e os chineses continuavam se viciando cada  dia mais. Em 1831, o comércio oficial de cantão não ia além de 7 milhões de dólares, e o comércio paralelo (ilegal), na ilha de Lintim, atingia 17 milhões, onze dos quais referentes á venda de ópio. 
               O comércio de ópio tomava proporções alarmantes, assustando o imperador chinês.
               A primeira iniciativa foi tomada enviando uma mensagem á rainha da Inglaterra que assim se expressava: ""-Pensamos que essa substância perniciosa é fabricada clandestinamente por artifícios maquinadores que dependem de vossa nação. Seguramente, Honrada Soberana, vós não ordenastes e cultura e a venda dessa planta", escrevia o Comissário Extraordinário do imperador chines à rainha Vitória, que governava a Inglaterra naquele ano de 1839. 
              A Companhia das Índias Orientais possuía o monopólio do comércio com o Oriente desde 1733. Mas, em 1833, o Parlamento Inglês retirou-lhe esse direito. As relações comerciais com a China entravam, portanto, em nova fase, e precisavam  ser novamente regulamentadas. Nessa oportunidade o vice-rei de Cantão, por intermédio dos co-hong, pediu aos diretores da Companhia que nomeassem, como no passado, um chefe conveniente para vir a Cantão organizar as trocas comerciais. O governo britânico designou o Lord Napier, que não aceitou os co-hong como intermediários; queria que os negociantes ingleses desfrutassem, na China, de ampla liberdade de comerciar. 
             Aguçavam-se as divergências: os ingleses teimavam em ampliar suas vendas, enquanto os chineses se abstinham das transações consideradas desnecessárias. 
             Diante da Obstinação de Lord Napier, o vice-rei de cantão percebeu numa proclamação a insistência dos ingleses. Ordenou, portanto, aos empregados da feitoria de cantão  que a abandonassem imediatamente, proibindo à população, sob pena de morte, o fornecimento de víveres aos ingleses. Para certificar-se de que as ordens estavam sendo cumpridas, enviou tropas à localidade. 
             Lorde Napier tinha uma frota inglesa á sua disposição e ordenou o desembarque de um destacamento para proteger o direito ao comércio. O vice-rei de cantão respondeu à violação cercando o destacamento inglês. Lord Napier, reconsiderando sua atitude, retirou-se com a frota para Macau. 
             Apesar da calma aparente, os ânimos estavam exaltados. As cartas que Lord Palmerston (o membro mais importante do Gabinete Inglês de Assuntos Estrangeiros) recebia de Napier descreviam as atitudes chinesas como "castigo" infligido à Inglaterra, e recomendavam que jamais se negociasse m com os chineses, sem ameaçá-los. 
             Resolvido a combater energicamente o envio de ópio para seu país, o soberano chinês nomeou Lin Tse-Hsu para Comissário Imperial Extraordinário, dando-lhe, inclusive, a prerrogativa de Grande Almirante. Investido de plenos poderes, Lin Tse-Hsu ordenou aos mercadores chineses independentes que extinguissem o tráfico, exigindo-lhes a entrega de 20 mil caixas de ópio inglês. Numa cerimônia pública queimou todo o ópio apreendido, demonstrando ao povo chinês o quanto o Governo abominava aquele vício. Foi por essa ocasião que o Comissário Imperial escreveu à rainha Vitória, supondo que o governo inglês ignorasse o contrabando. Mas estava enganado; aquele governo apoiava integralmente o tráfico dessa poderosa droga que destruía a saúde e a vida de 20% dos chineses. 
              Desde 1773 vigorava na Inglaterra a "Lei de Regularização", pela qual a Companhia das Índias Orientais ficaria sujeita à administração de um governador nomeado pelo Parlamento inglês e sua contabilidade era também submetida ao exame do Tesouro real. Portanto, o Parlamento tinha perfeito conhecimento do tipo de comércio exercido pela Companhia. 
             O estopim da guerra foi o assassinato de um súdito chinês por marinheiros ingleses embriagados. O Comissário Imperial exigiu que o criminoso lhe fosse entregue, e o Superintendente inglês recusou-se. Indignado com o desrespeito à autoridade imperial, Lin Tse-Hsu ordenou ma expulsão de todos os ingleses de cantão. Era o fim das esperanças de expansão comercial. Imediatamente a Inglaterra respondeu com o bombardeamento de Cantão, marcando o início da "Guerra do Ópio", em março de 1839. 
                 Os modestos juncos chineses, barcos movidos a vela, não podiam oferecer grande resistência á frota inglesa, composta de possantes veleiros clíperes, fragatas e navios mercantes.  Sob o comando co Capitão Elliot, e mais tarde do Almirante William Parker, as forças britânicas tomaram portos importantes da costa chinesa. Em 21 de janeiro de 1841 apossaram-se da ilha de Hong-Kong, na região sudeste, de extrema importância estratégica. Não demoraram cair as cidades de Amoy, Tighai e Chusan.  Em 13 de junho do ano seguinte os ingleses ocuparam Xangai e ameaçam Pequim. 
            Vendo-se derrotados, em 29 de agosto os chineses assinaram o Tratado de Nanquim. O acordo regia, pelo espaço de 100 anos, as relações comerciais da China com o Ocidente. Cinco portos foram abertos aos ingleses: Xangai, Ningpo, Fu-Tcheu, Cantão e Amoy. Garantindo o direito de comércio, em cada porto estaria constantemente ancorada uma belonave britânica. Foi abolido o monopólio dos co-hong, a China foi obrigada a pagar indenização pelo ópio inutilizado e a ceder Hong-Kong. 
             O fim da Gerra do Ópio garantia á Europa, principalmente à Inglaterra, vasto mercado para a colocação de seus produtos. 
               Conhecendo a história fica mais fácil entender porque existe tantos ressentimentos dos chineses contra alguns países. Também podemos perceber que o tráfico de drogas não é um crime praticado apenas por bandidos; muitas vezes tem algum poder estatal por traz. 
               Hoje as drogas mais traficadas são a maconha e a cocaína, mas não pensem que isso continua porque os governos não conseguem vencer os traficantes; eles simplesmente não querem essa vitória.  
As Papoulas

                Dentre as flores que desabrocham nos campos de trigo, quando as messes já se mostram louras e maduras, há uma que, pela sua viva cor, parece mais satisfeita que as demais, em festejar a proximidade da ceifadeira. Esta é a papoula, uma planta que os camponeses não desejariam nunca ceifar devido ao vermelho vivo  de sua corola, que contrasta com o negro dos pistilos, possui uma das mais belas flores, uma das mais vivazes de quantas florescem em estado espontâneo entre o trigo, embora para eles fosse inútil. 
               A papoula (papaver rhoeas) é uma planta daninha, muito comum na Europa, na Ásia menor e na África Setentrional. Nos países mediterrâneos, da mesma família, são conhecidos o "papaver alpiunum", de flores brancas ou cruzadas que cresce nos declives dos Alpes e dos Apeninos, o "papaver hybridum" e o "!papaver dumbium", todas espécies estas que, tal como a papoula comum, brotam espontaneamente e que, com ela, tem em comum, mais ou menos variadas, a estrutura da haste e das folhas, o número e a forma das pétalas, a conformação capsular do fruto (chamado cápsula ou cabeça de papoula) e as sementes oleígenas. Outra espécie, os "papaverum somníferum" ou dormideira, em suas variedades "album", e "nigrum", é, para os homens, uma coisa bem preciosa, mas, também, infelizmente, bem mais perigosa. Essa planta, que não conhecemos em cultura espontânea, é cultivada, desde há muito, em toda a Ásia e na Europa, mas, talvez depois dos ensinamentos quanto ao emprego dela faziam os Hindus, os Persas e os Chineses, já no século XV, adquiriu inúmeros cultivadores em terras mais civilizadas. 
                 O "papaver somniferum" ama as localidades cálidas e, sem vento, é planta anual, que cresce rapidamente (na Europa, é semeada em fevereiro-março e suas flores aparecem em maio) destaca-se dos demais pelas enormes e cândidas flores e sua altura incomum, que pode alcançar metro e meio Quando as pétalas caem e os frutos começam a amarelecer, o cultivador, sem arrancá-los da planta, pratica nas cápsulas uma longa incisão, de onde brota um látex de cheiro nauseante, que, ao contato com o ar, logo escurece e se contrai e que será apresentado ao comércio, manipulado com folhas de papoulas, sob o nome de "OPIO". O ópio, mais abundante na variedade "álbum", contém muitas substâncias, e de vários efeitos (morfina, laudanina, codeína,tebaína etc.) que, se usadas em doses mínimas e separadamente, constituem um medicamento indispensável para certas doenças nervosas (insônia, hemicrania, cólica, tosse etc.), mas que, quando administrados em doses excessivas, conduzem, inevitavelmente, o indivíduo à loucura e, mesmo, à morte. 
               Por esta razão, e por iniciativa de Teodoro Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, na Conferência de Haia em 1912, os países europeus, americanos e asiáticos estabeleceram um controle atentíssimo, na cultura da papoula, e limitaram a produção do ópio unicamente às necessidades farmacêuticas, condenando, com leis severíssimas, aqueles que fizerem, ilicitamente, uso dele ou o expuserem à venda. 
              As sementes do "papaver" somniferum" são comestíveis; na Europa, mediante processos especiais (moenda das sementes e sucessivo esmagamento de sua farinha em prensa) extrai-se a substancia oleosa de que são riquíssimas e a qual, oportunamente refinada, é posta, depois, à venda sob o nome de "óleo de sementes". 


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