As primeiras civilizações surgiram nas férteis áreas, em alguns pontos espalhados pelas bacias desabitadas ou esparsamente habitadas dos principais rio da Eurásia, que desciam dos contrafortes montanhosos , onde a agricultura começou para irrigar as planícies áridas do Oriente Próximo. Sociedades complexas surgiram da necessidade de organização para controlar populações sustentadas por sistemas agrícolas das baixadas férteis.
À medida que as comunidades agrícolas se estendiam das colinas para as planícies aluviais, desenvolveram-se sociedades hierarquicamente semelhantes nas bacias dos rios Tigre-Eufrates, Nilo, Amarelo e Indus. A primeira foi a da Mesopotâmia , por volta de 3500 a.C., com influência já identificada no Egito primitivo, tendo instituído a civilização urbana em 3200 a.C.. Talvez tenha inspirado indiretamente a civilização de Harappa no vale do rio Indus, em 2.500 a.C.
Essas sociedades possuíam características comuns: o desenvolvimento de cidades, a escrita, grandes edifícios públicos, além do aparato político do Estado. Em conjunto a revolução urbana levou à civilização. Os excedentes agrícolas obtidos com irrigação permitiram a urbanização porque já era possível empregar um significativo segmento da sociedade em atividades não agrícolas, como manufatura e comércio. Isso originou uma classe governante que enriqueceu com a exploração do trabalho, cobrando impostos e exercendo o controle político, militar e religioso. O governante geralmente era o sacerdote chefe ou tinha o apoio do clero. O templo era o centro e elemento importante do sistema político. O controle centralizado fomentou um sistema legal especializado. Exército e burocracia permanentes e a divisão da sociedade em classes diferentes. O Estado mantinha escribas, geralmente treinados e empregados nos templos. A primeira escrita foi usada na administração para acompanhar mercadorias, salários e impostos, desenvolvendo-se depois para registrar e enviar mensagens.
Edifícios públicos monumentais reforçavam a autoridade do estado que detinha o controle do comércio de longa distância. Mercadorias raras e valiosas (metal, madeiras e gemas) eram sempre solicitadas e expedições comerciais eram enviadas para consegui-las. Artigos de luxo e matérias-primas importadas eram trocadas por têxteis e outros produtos manufaturados das cidades-estado civilizadas. esta atividade comercial levou à comunicação entre cidades das planícies aluviais e os centros menores dos vales ribeirinhos de regiões circunvizinhas, onde processos de urbanização ocorriam em escala menor. É difícil separar causa e efeito nesta rede de centros comerciais em expansão que formava um grande arco do Mediterrâneo Oriental ao vale do Indus. Apenas a civilização chinesa se desenvolveu relativamente isolada, protegida pelo Himalaia e a selva do Sudeste Asiático, interagindo principalmente com as comunidades de camponeses vizinhas, algumas praticando técnicas avançadas de trabalho em bronze.
No norte e oeste da Europa, embora o trabalho em cobre e bronze fosse praticado somente nas vilas, a população era muito pequena e dispersa para necessitar de organização elaborada. Mas há provas de ligações comerciais acompanhando os principais sistemas fluviais e a costa, indicando a importância das embarcações e da pesca. Mas a riqueza da comunidade não era armazenada comunalmente e não havia organização semelhante a dos centros fortificados do Oriente Próximo.
Nas estepes, o cavalo e a carroça deram origem a um sistema de vida móvel de pastores nômades. ao mesmo tempo, grupos de agricultores camponeses continuavam a marcha para leste acompanhando o cinturão de florestas da Rússia Central, penetrando a região ao sul dos montes Urais em 2.000 a.C. . Este movimento ao longo da floresta e da estepe inaugurou uma das principais rotas entre China e noroeste da Eurásia no fim do 2º milênio a.C.
O contraste entre as principais civilizações e seus vizinhos (pastores nômades do norte, grupos de camponeses das florestas da Europa e da selva da Indochina) estava na centralização das economias. Como as mercadorias eram arrecadadas e distribuídas, era preciso manter um registro permanente . O desenvolvimento de sistemas de escrita é característico das primeiras sociedades urbanas e os primeiros registros escritos geralmente não eram mais do que listas do que estava guardado nos depósitos. Mas, uma vez inventado um sistema flexível de escrita, ele foi utilizado para registrar mitos, lendas e poesia, além de transações comerciais.
Em cada região a escrita primitiva foi pictográfica ou, mais precisamente, ideográfica, com sinais para palavras individuais ou conceitos. Logo isto se tornou incômodo e eventualmente símbolos foram utilizados para sons ao invés de ideias. As imagens adquiriram formas e significados mais arbitrários. Um sistema bem-sucedido foi desenvolvido na Mesopotâmia, onde o estilo terminado em forma retangular foi utilizado para escrever impressões em forma de cunha (cuneiforme) em placas de barro. As primeiras inscrições encontradas em Warka (antiga Uruk), no sul da Mesopotâmia, eram ideográficas e não fonéticas e, embora não se tenha muita certeza da linguagem na qual foram escritas, algumas características sugerem ser da Suméria. Mais tarde esta escrita foi adaptada para escrever outras línguas: acadiano antigo, eblaíta, amorita, babilônio, assírio, elamita, hurrita e hitita, línguas semitas e indo-européias, entre outras.
Os pictogramas chineses provavelmente foram uma invenção independente, mas a escrita da Mesopotâmia pode ter inspirado a usada pelas civilizações do Indus. Os hieroglifos egípcios (entalhes sagrados) talvez se inspiraram na Mesopotâmia, mas desenvolveram uma tradição própria e devem ter influenciado os centros palacianos de Creta a desenvolver as escritas Linear A e Linear B.
A inventibilidade dos escribas evidencia-se na criação de um sistema alfabético no início do 2º milênio a.C., que utilizou sinais hieroglíficos egípcios não para representar palavras, mas para indicar o sol da letra inicial da palavra em canaanita. Este alfabeto evoluiu para a escrita semita do Oriente Próximo (fenício, aramaico, hebreu e arábico) e foi passado anos romanos pelos gregos, até formar a base da maioria das escritas modernas européias.
Embora a América, a Austrália e a África ao sul do Saara ainda estivessem fora do curso principal da história mundial, onde permaneceriam durante outros mil anos, as civilizações da Europa e da Ásia (Eurásia) formavam, naquela época, um cinturão contínuo . Até 100 d.C., quando a era clássica se encontrava em seu apogeu, uma cadeia de impérios estendia-se de Roma, que abrangia toda a bacia do Mediterrâneo, através da Pátria e do Império Kushan até a China, constituindo um zona ininterrupta de vida civilizada, do Atlântico aso Pacífico.
Este foi o fato novo e importante na história do mundo eurasiano. A área de civilização manteve-se limitada e exposta a implacáveis pressões bárbaras e os progressos nas diferentes regiões permaneceram amplamente autônomos; com a expansão das importantes civilizações e a eliminação das lacunas geográficas existentes entre elas, porém, o caminho estava aberto para contatos inter-regionais e intercâmbios culturais que deixaram uma marca duradoura. No oeste,a expansão do helenismo criou uma única área cultural que se estendeu, durante algum tempo, das fronteiras da Índia à Grã-Bretanha; no leste , a expansão das civilizações chinesas e indiana resultou em uma espécie de simbiose cultural, na Indochina. Essas áreas culturais mais amplas proporcionaram um veículo não apenas para o comércio, mas também para a transmissão de ideias, tecnologia e instituições e, acima de tudo, para a difusão das grandes religiões do mundo. Começando com o budismo, e continuando depois com o judaísmo, zoroastrismo, cristianismo e islamismo, a religião tornou-se um elo unificador poderoso no mundo eurasiano, com consequências políticas culturais e religiosas.
As ligações comerciais, culturais e Religiosas na Eurásia
Poucas pessoas no Oriente Próximo ou na Europa sabiam algo sobre o leste da Ásia até o surgimento da Pérsia Aquemênida no século VI a.C. A própria China era quase desconhecida até pouco antes da era cristã. Mas, embora quase não existissem provas de encontros nos primeiros séculos, está claro que houve influências e apropriações importantes. O bronze já dava lugar ao ferro no Ocidente quando apareceu pela primeira vez na China, mas uma excelência técnica sem igual foi logos atingida nos reinos de Shang e Chou, ao longo do rio Huang (Amarelo). A mariposa da seda é originária de Assam e bengala, mas foi primeiro no norte da China que as pessoas aprenderam a desembaraçar um fio único e inteiro a partir de seus casulo. O jade, o mais apreciado material usado pelos entalhadores chineses veio da extremidade oeste da árida e perigosa bacia do Tarim; as sementes de trigo originaram-se do extremo oeste; búfalo e aves domésticas, do sudeste da Ásia; o cultivo do arroz irrigado era comum no leste e sudeste da Ásia; as conchas de cauri, a primeira moeda chinesa, provavelmente vieram das ilhas Maldivas. Tudo isso deve ter sido introduzido por nômades e mercadores itinerantes, além das fronteiras da China.
O contato econômico e cultural entre os extremos do mundo antigo atingiu o apogeu no século 2 d.C.. Roma e China Han nunca tiveram relações diplomáticas formais. mas bens de luxo circulavam livremente, especialmente do Oriente para o ocidente, e mercadorias caras e não volumosas como seda e especiarias podiam ser transportadas em caravanas ou navios. Em troca, ouro e prata, a maioria em forma de moedas, eram movimentados em grandes quantidades por terra e mar. Entre as fronteiras dessas grandes civilizações, o Império Kushan do Afeganistão e do norte da Índia e o Império Parto da Pérsia fomentaram o comércio, mantendo e fortificando as estradas protegendo as caravanas e prosperando com os impostos.
Ao sul, no oceano Índico, até 120 navios gregos bordejavam regularmente os portos do mar Vermelho e da Índia, aproveitando-se das monções. navio árabes comercializavam pelos portos da costa noroeste da Índia, Golfo Pérsico, Litoral da Arábia (que fornecia incenso) e os mercados de Abissínia e Somália. O Império Romano exportava vidro, cobre, estanho, chumbo, coral vermelho, tecidos, cerâmica e sobretudo moeda. O principal produto importado do oriente era incenso árabe e seda chinesa e, da Índia, pedras preciosas, musselina e especiarias, especialmente pimenta. Outras substâncias aromáticas chegaram ai Império vindas das Índias Orientais via Madagascar e Africa oriental. caravanas que iam do Império ao portos de Charax e Apólogos, no Golfo Pérsico, pertenciam e eram organizadas e acompanhadas pelo deserto por cidadãos de Palmira, cidade cujo papel de entreposto do deserto trouxe riqueza para financiar edifícios públicos espetaculares até ser derrotada pelos romanos, em 273 d.C. . Mais ao sul a cidade de Petra desempenhava a mesma função para as caravanas que viajavam entre os portos de Leucecome Arcinoe no mar Vermelho, e Gerrha, no Golfo Pérsico.O entreposto mais importante foi Alexandria, cidade com 1 milhão de habitantes que recebia bens do Oriente dos portos de Berenice, Myos Hormus e Clysma, no mar Vermelho, que iam para o Império Romano. Também exportava produtos próprios; linho, medicamentos árabes perfumes indianos, papiro, artigos de vidro e principalmente cereais egípcios, que ajudavam a alimentar a população de Roma.
Finalmente, o cavalo e o camelo permitiram a transformação das estepes da Ásia central em rota comercial. Durante os esforços chineses para controlar Sinkiang, o general Pan Ch'ao, que defendia os oásis do norte e oeste contra os incursores, derrotou uma poderosa invasão Kushan por parte da Índia em 90 d.C., conduziu um exército através das montanhas de Pamir para atingir o mar Cáspio e fez contato com os partos. Com as rotas de seda do sul e norte seguras, em 97 d.C. um embaixador chinês foi enviado à Antioquia .
Antes disso, por quase 200 anos, caravanas ligavam os dois impérios. Havia pontos bem estabelecidos em que os comerciantes do oeste (gregos, árabes, romanos, iranianos e indianos) trocavam mercadorias com os mercadores nômades que se encarregavam dos trechos intermediários da jornada, entregando-as, por vez, aos chineses, nas fronteiras distantes.
No século 2 d.C., essa ligações de comércio foram consolidados quando Yüeh-chic e tocários uniram-se para criar o Império Kushan, da metade norte da Índia até parte do bloco central asiático. Mesmo sob o domínio dos aquemênidas, comércio, estradas e transporte eram temas de preocupação. A Estrada real de Dario percorria 2.700 km bem fertilizados de Efeso a Susa; rota mais longa ligava a Babilônia e Ecbátana e Bactra (moderna Balkh), no Afeganistão. os selêucidas mantinham uma rede de comércio que se estendia sobre o planalto Pérsico a partir da nova capital Selêucia. Quando a Báctria se tornou independente (250 x 139 a.C.), formou a associação para uma rede de rodas de caravanas ligando Sibéria e China ao grande centro comercial da Índia. Todavia. Taxila, e à Pérsia, mar Vermelho, Golfo Pérsico e cidades-entreposto do Mediterrâneo, como Antioquia e Alexandria. Grandes empresas de comércio da Bátria mantinham filiais e agentes na China. O s partos, sob domínio de Tiridates (247 x 212 a.C.), transferiram a capital para Hecatompylos, na estrada de caravanas da Selêucia à Bátria. Os kushans, com suas "mil cidades", completavam a cadeia.
Mas essa cadeia não se sustentou por muito tempo. Até o início do século III d.C., a rota de 4.000 quilômetros da Síria ao Tarim encontrava-se sob pressão. Os chineses foram expulsos da bacia do tarim, interrompendo as principais rotas. Roma e China viram-se pressionadas ao norte pelo bárbaros. A demanda por produtos estrangeiros teve que ser atendida cada vez mais pela rota marítima(menos ameaçada e mais econômica para cargas volumosas), cujo tráfego havia crescido rapidamente desde que o piloto Hipalo descobrira a monção, provavelmente em 100 a.C.. Nessa época, navios com capacidade de até 500 toneladas bordejavam com os ventos das monções para os portos indianos: Barbaricum, na foz do rio Indus; Barygaza, mais ao sul; e Muziris, 320 Km ao norte da extremidade sul da Índia. No inverno, os ventos sopravam na direção oposta e os navios gregos voltavam carregados com produtos do oriente. Mercadores gregos ocasionais podem ter chegado mais a leste que Muziris ou Taprobana (Ceilão), mas, como norma, recebiam produtos chineses dos mercados indianos. O Império Chinês chegava, nessa época, até Haiphong, no sul. É provável que indianos e chineses tenham se encontrado em Oc Eo, sul do Camboja, ponto em que os indianos embarcavam as mercadorias para oeste, transportando-as pela península da Malásia e o sul da Índia. O desenvolvimento da rota marítima reduziu o preço da seda no mundo romano e aumentou o emprego das especiarias orientais na culinária de Roma.
O volume de comércio do leste flutuava segundo as condições internas dos impérios Romano e Chinês e terras intermediárias. De tempos em tempos, as guerras entre Roma e Pérsia interferiam nas rotas terrestres, enquanto desordens entre os árabes podiam impedir o embarque pela costa árabe. A partir do século 5 d.C., a progressiva conquista pelos bárbaros de províncias do Império Romano no Ocidente reduziu a demanda pelos artigos de luxo orientais naquelas áreas. As províncias orientais do Império permaneceram prósperas até o fim do século VI e a era das conquistas árabes.
Todas as grandes religiões do mundo se originaram na Ásia e três delas (Judaísmo, cristianismo e islamismo) em uma área relativamente pequena da Ásia Ocidental. Igualmente notável é a concentração de grandes líderes espirituais em diferentes partes do mundo no século VI a.C. ou em um período próximo. Foi a época de Confúcio e talvez de Lao-tsé, na China; de Zoroastro, na Pérsia; de Gautama, o Buda, na Índia; do maior dos profetas hebreus, chamado o segundo Isaías (Isaías 40-55); e de Pitágoras, na Grécia. É possível que o aparecimento de civilizações que se diziam universais desse origem a religiões universais; ou então as novas religiões eram uma reação às tensões nas sociedades existentes e à necessidade de uma saída espiritual e uma fé que transcendesse um politeísmo supersticioso. De qualquer forma, o movimento em direção a uma única realidade espiritual coincidiu com a procura dos pensadores gregos de um princípio único que explicasse o mundo material.
O hinduísmo é a mais antiga das religiões mundiais, embora, segundo definição mais precisa, não se trate de uma religião do mundo, mas sim da religião do povo da Índia (hindu significa pertencente aos indianos). É abrangente e complexo; enfatiza a "forma certa de viver", mas admite vegetarianismo, sacrifício humano, asceticismo e orgias. Seus cultos se expressam na riqueza do comportamento externo e na devoção da meditação interior, nas crenças mais simples dos aldeãos e na obscura argumentação dos filósofos. O hinduísmo não é uma religião no sentido missionário.
Já o budismo, originário de um movimento reformista dentro do hinduísmo, é uma das grandes religiões missionárias. Ironicamente, embora tenha se expandido com sucesso até grande parte da Ásia, hoje não há budistas na Índia. Gautama, o Buda(significa o Iluminado), foi um príncipe indiano que viveu nos séculos V e VI a.C. e desistiu de sua posição na "Grande Renúncia". Seis anos depois, foi iluminado sob uma figueira e atingiu o nirvana, a obliteração do desejo. O primeiro marco do budismo foi o reinado do imperador indiano Asoka, entre os anos 274 a 232 a.C.. Após se converter à religião, tornou-se um homem de paz e elevados princípios. Logo, o budismo chegou ao Ceilão (Sri Lanka) e Myanma (ex-Birmânia), e alcançou a China no século I ou II d.C., a Coréia no século IV e o Japão no século VI.
O budismo é incomum por não estar centrado em um deus. Sua mensagem é a da libertação do sofrimento através da aniquilação do desejo. Essa é a doutrina que, com Buda e a comunidade, forma a essência do budismo. Houve apenas um grande cisma no budismo cerca de 500 anos após sua fundação, entre a corrente theravada, conservadora e a mahayana, universalista. O budismo theravada é forte em Sri-Lanka, Myanma e Tailândia; já o mahayana exerceu atração mais a leste. O budismo se espalhou pela costa do sudeste da Ásia e pela rota da seda através da Ásia Central.
A China possuía antigas tradições de veneração ancestral e o culto aos espíritos da natureza. A partir do século V a.C., dois sistemas tornaram-se dominantes, pelo menos entre as classes superiores. Um foi o sistema ético de Kung Futzu ou Confúcio, entre os anos 551 a 479 a.C., e o outro foi a religião mística de tao, associada á obscura figura de Lao-tsé. Tão significa "o caminho", isto é, o caminho para que o universo ou a humanidade estejam em harmonia com o mundo através da prática da quietude. Estes dois sistemas, com o budismo, constituíram as três religiões da China tradicional. No Japão, o budismo desafiou o enraizado Xinto e o culto aos espíritos no século VI d.C., e apenas no final da era Tokugawa o xintoísmo reviveu como essência e expressão da identidade japonesa.
Os judeus eram um povo pouco numeroso que, segundo a tradição, mudou da Mesopotâmia para a Palestina. Sua história documentada começou com a fuga à opressão no Egito, segundo o líder Moisés. Eles atribuíram a tal fuga a um ser divino chamado Jeová ou o Senhor com quem fizeram aliança de que seriam o seu povo e ele seria o seu deus, aliança associada às exigências simples, mas profundamente morais dos Dez mandamentos, os fundamentos da Tora ou a Lei. A princípio tratava-se de um povo único, marcado por leis sobre alimentação, circuncisão e outros costumes religiosos. O fato de ser Jeová um deus que os adotara do exterior carregava as sementes do universalismo e uma série de profetas mantiveram o desafio da probidade ética e religiosa. Os judeus sofreram continuamente a dominação política e militar de outros povos e a consequente diáspora levou-os a grande parte do Mediterrâneo e também para leste. Mais tarde, como resultado da perseguição aos cristãos, os judeus migraram para locais ainda mais distantes.
O judaísmo deu origem ao cristianismo, que se espalhou primeiro pelo Império Romano e, mais tarde, por zonas mais distantes. Também o islamismo aceita as tradições do judaísmo e cristianismo e vê Maomé (570 x 632) como um profeta da linha que inclui Moisés e jesus. O islamismo nasceu para ser uma religião missionária. De um lado, se estendeu pela África do Norte, Espanha e Europa; de outro, atingiu a Índia.
O zoroastrismo começou na Pérsia e está associado a Zoroastro ou Zaratustra, outra figura obscura. Ele encara a vida como uma batalha entre as forças do bem e do mal. Sob a forma do mitraísmo, se espalhou pelo Império Romano até ser banido pelo cristianismo. Hoje é representado pela pequena seita indiana dos parses.
Naturalmente, vários outros credos não conseguiram realizar a transição para religiões mundiais. O panteão grego, adotado e adaptado pelos romanos, reverenciava um deus do Céu, Zeus (Júpiter), e outras divindades, todas com funções especiais. Os celtas (cujo clero, os druidas, foi suprimido sob acusações de sacrifício humano), os escandinavos (cujos deuses Odin, Tor e outros deram nomes em inglês para os dias da semana) e os povos germânicos, todos tinham deuses próprios, assim como os povos da Ásia Menor. A deusa egípcia Ísis era adorada até no ocidente latino. A maioria dessas crenças despareceu, mas às vezes influenciaram as religiões que as substituíram. As práticas de seus cultos sobrevivem hoje em outras religiões. Mas apenas as religiões mundiais oferecem os vínculos que uniram áreas anteriormente separadas.
Não é surpresa que as grandes religiões do mundo estejam ligadas ao desenvolvimento das grandes civilizações ribeirinhas do Nilo, da Mesopotâmia, do Indus e rio da China. Poderia ser que as religiões não tivessem surgido sem essas civilizações. Mas os rios foram apenas um dos fatores que contribuíram para a disseminação das religiões.
Geralmente, a expansão seguia as rotas de comércio. As religiões eram exportadas por comerciantes, soldados, administradores e viajantes comuns, assim como por missionários. O budismo se espalhou ao longo da costa do sudeste da Ásia e também pela rota da seda através da Ásia central. Os impérios Romano e Chinês eram pontos de atração e governos pacíficos ajudaram na difusão religiosa. Escritores cristãos afirmam que a paz trazida por Roma foi provavelmente destinada à expansão do cristianismo.
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