No século XV, orientadora do bom gosto italiano tinha sido a arquitetura florentina, caracterizada por formas geométricas simples, por acordos simétricos entre os elementos que compõem o edifício, e por decorações requintadíssimas e minuciosas; no século XVI, Roma, graças aos arquitetos que ali trabalhavam, atraídos pelas munificência dos Papas, torna-se árbitra do bom gosto arquitetônico não só da Itália, mas também de todos os países da Europa. A arquitetura daquele século e aquela por ela influenciada apresentam-se com formas grandes e complexas.
A chegada a Roma de Donato Bramonte assinala para a cidade o início de uma esplêndida e florida arquitetura. Aqui vemos o bramantesco "Tempietto de São Pedro", em Montório, onde os elementos rigorosamente romanos estão compostos de modo a suscitar um pictórico efeito de sombras e luzes.
Quanto à arquitetura florenti, é lisa e luminosa, tanto a romana é plástica e pictórica porque, pelo contraste das massas, é plena de luzes e sombras. Muito mais que no século XV, o século XVI é dominado por artistas de forte personalidade, sob o influxo dos quais operam os demais arquitetos e, assim, temos os "bramantescos", sequazes de Bramante, e o bando numerosíssimo dos seguidores de Miguel Ângelo, devem ser considerados típicos arquitetos da segunda Renascença, porque, em Bramante e nos "bramantescos", ainda se percebe a sobriedade e a simplicidade do século XV.
O Palácio de Pandolfini, projetado por Rafael e construído por Francesco da Sangalo. Este último reflete, na arquitetura, os ensinamentos de Bramante, todavia, neste palácio, apesar do novo efeito pictórico criado pela forte saliência do portal e da fachada, é evidente a influência dos palácios florentinos do século XV.
Donato Brtamante (1444 a 1514), arquiteto e pintor urbinense, estava em atividade, em Milão, desde 1477. Aqui, assume alguns anos mais tarde, a direção dos trabalhos de "São Sátiro", da sistematização da "pusterla" do Castelo Sforzesco, do Castelo de Vigevano etc. Mas é sobretudo na igreja de "Santa Maria de Abbiategrasso", dominada, na fachada, por um imponente arco triunfal, e na monumental tribuna de "Santa Maria das Graças", em Milão, composta de um amplo bloco quadrado, de onde saem três desenvolvidas ábsides de forte saliência, que é mais evidente seu gosto. Ele se manifesta melhor em Roma, onde o Bramante se estabelece em 1500. O "Tempietto di San Pietro em Montorio", o claustro de "Santa maria da Paz" e o "Nichão do Belvedere" (um vastíssimo nicho, com coberttura em abóbada, que o arquiteto inseriu no século XV no quatrocentístico "Pátio da Pigna", nos Paláciios Vaticanos) serão para os arquitetos um incitamento para abandonar o estilo do século XV por outro mais novo e complexo.
Entre aqueles que sofreram a influência de Bramante, destaca-se pela sua originalidade, Rafael ((1483 a 1520), o qual, por designação do próprio Bramante, foi nomeado arquiteto da "Fábrica de São Pedro" em 1514, depois que em "Santo Elígio dos Ourives" e na "Capela Chigi, de Santa Maria do Povo", ele dera provas de seu gênio. A originalidade da concepção arquitetônica de Rafael, mais baseada nos efeitos claros-escuros daquela de Bramante, e de resto, também perceptível nos fundos arquitetônicos por ele pintados nos famosos afrescos das Câmaras vaticanas.
Em Roma, temos a "Vila da Farnesina", construída por Baldassarre Pewruzzi, para Agostinho Chigri. Influenciado pela arquitetura de Bramante, o artista, aqui, modificou o habitual tipo do palácio quatrocentista, subdividindo-o em três corpos e dando maior variedade às aberturas, de maneira que o efeito que dele deriva e maiormente cenográfico.
Outro arquiteto de valor, que, porém, interpreta as monumentais formas de Bramante, com um gosto mais requintado e mais próximo da arquitetura florentina, é o sienense Baldassarre Peruzzi (1481 a 1536), do qual recordamos a "Vila Farnesina", que sairá frequentemente tomada por modelo nas vilas dos anos quintos e também dos seiscentos, e o "Palácio Máximo das Colunas", no qual, pela primeira vez, a fachada se encurva suavemente, segundo a trajetória da Rua.
A reconstrução da Basílica de São Pedro sobre a antiga paleo-cristã foi ordenada por Julio II que, em 1506, confiou-lhe os trabalhos a Bramante. Mas Julio II e Bramante morreram logo no início das obras, E Rafael foi chamado para dirigir os trabalhos; este, então, modificou o projeto de Bramante, que previa uma planta em cruz grega, preferindo uma planta em cruz latina; depois dele, voltou à ideia de uma cruz crega, Peruzzi, enquanto Antônio de Sangallo preferiu novamente a latina. Finalmente, Miguel Ângelo retomou a cruz grega e a quis coroada por uma enorme cúpula, de modo que a basílica pudesse pontificar ao centro de uma praça. Por desejo de Paulo V, o Cesar Moderno, sucessivamente alongou a nave e construiu a fachada. Portanto tivemos plantas de Bramante, de Rafael e de Miguel Ângelo. Já a cúpula de São Pedro, no Vaticano, foi construída por Della Porta, sobre o projeto de Miguel Ângelo. O grande artista, aqui, retomou o estilo clássico da cúpula do Panteão e a aqueia de Brunelleschi, modificando, porém, a trajetória de costelões estendidos em arco, em plena centro, a fim de dar-lhe maior imponência.
Em Roma existe uma das mais belas praças, cujo traçado é devido a Miguel Ângelo, o qual lhe desenhou a ampla escadaria de acesso e os dois palácios laterais (Palácio dos Conservadores e o Palácio dos Museus Capitolinos), situados obliquamente, para dar à praça maior amplitude. Ao centro, ergue-se abela estátua equestre de Marco Aurélio; ao fundo, o Palácio dos Senadores de Giacomo Dela Porta e G. Rainaldi, construído sobre os restos do romano "tubulárium". Uma magnífica escadaria de acesso à praça, acrescenta a este conjunto arquitetônico um aspecto imponente. Também no palácio planimétrico de "São Pedro", Miguel Ângelo busca um efeito de imponência e de espaço e ao mesmo tempo corrigindo o esquema em cruz grega idealizado por Brmante, a fim de valorizar, na igreja, as partes destinadas às sacras funções.
Em Mântua, O Palácio do Chá, construído por Júlio Romano, um dos adeptos de Miguel Ângelo. Este edifício destinado exclusivamente às festas e Banquetes, que então alegravam sempre as cortes dos duques. Sempre se baseando em uma clássica inspiração. Júlio Romano soube, todavia, conferir à construção um sentido de serenidade e de encanto, especialmente nas janelas, que constituem o elemento mais característico. Situado em um esplêndido jardim, o Palácio do Chá era considerado uma das maravilhas da Europa.
E eis, finalmente, apresentar-se à vida da arte o gênio prepotente de Miguel Ângelo 1475 a 1564.que se revelou igualmente insigne na arquitetura, na escultura e na pintura. Sua primeira atividade arquitetônica remonta à sua permanência de Florença. Aqui, em 1515, vence o concurso promovido por leão X, para a fachada da "Igreja de São Lourenço"; todavia, seu projeto permanece parado. Como no esboço para a "Igreja de São Lourenço", assim na "Capéla de Medicéia", ou na "Sacristia Nova de São Lourenço", construída por Miguel Ângelo, por incumbência do cardeal Julio dei Médici ( que mais tarde o Papa Clemente VII) e no vestíbulo da "Biblioteca laurenciana", terminada, em seguida, por Giorgio Vasari, podemos notal que o grande artista,mesmo chegado a uma arquitetura original, manteve presente a arquitetura do século V florentino. Na "Sacristia Noda de São Lourenço", que muito lembra a "Sacristia velha", construída por Brunelleschi, já se nota que as superstições são mais variadas do que os nichos, portas e janelas, com maior saliência, e com tímpanos triangulares e curvilíneos que seriam, depois, um motivo arquitetônico sempre do agrado de Miguel Ângelo e de seus discípulos. Em Roma, Miguel Ângelo termina o belíssimo "Palácio Farnese", que tinha sido levantado até ao segundo andar por Antonio da Sangallo; o jovem constrói, ainda, a "Praça do Campidóglio e a São Pedro", onde se afirma completamente.
Entre os discípulos de Migue, Ângelo, devem ser recordados, especialmente, seu colaborador Giacomo Borozio da Vignola (1507 a 1573), que, na "Igreja de Jesus" em Roma, retorna a planimetria em nave única, já vista em "Santo André de Mântua", de Alberti, fornecendo o modelo das igrejas jesuítas, as quais segundo as diretrizes codificadas pela Contra-Reforma, seguirão este estilo também no século VII; Giacomo Della Porta (1540 a 1602), ineaurível realizador de projetos, mesmo não seus; GiorgioVasari (1511 a 1574), arquiteto e pintor, do qual, além da construção dos "Uffizi", em Florença, recordamos a "Vida dos melhores pintores, escultores e arquitetos", primeiro amplo ensaio biográfico e crítico sobre arte,desde Cimambue até ao autor. Na Itália setentrional, lembre-se o Palladio, construtor do centro urbanístico de Vicência e criador de magníficas vilas, nas campanhas do Véneto. O "Teatro Olímpico" e a magnífica "Basílica", de Vicência, embora sejam uma adaptação de antigos núcleos medievais, devido à bela fachada feito por ele, são verdadeiras jóias de arquitetura; elas, provavelmente,inspiraram os fundamentos arquitetônicos das pinturas do grande Veronese. Bastante famoso e admirado foi também Jacob Tatti, denominado o "Sansovino" (1486 a 1570, que, embora de origem florentina, depois de uma longa estada em Roma, se estabeleceu em Veneza, alí construíndo a "Livreria de São marcos", naqual aparece a janela "serliana" (um emolduramento em arco, enquadrado por duas colunas que sustêm a arquitrave), e o "Palácio da Zecca". recordamos, ainda, Vicente Scamozzi (1552 a 1616), colaborador do Palladio e construtor das "Procuratie Novasd", na Praça São Marcos, em Venbeza, onde é visível o influxo da vizinha "Livraria", de Sansovino.
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