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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

A CIVILIZAÇÃO GREGA - SUAS CRENÇAS E HISTÓRIA.

 



       No período denominado "pré-histórico, a Grécia era habitada por indivíduos autóctones (nascidos no país) e por tribos baixadas, presumivelmente, do Oriente. Estas populações, que os estudiosos chamam Eteócretos pré-gregos, tinham seu centro mais importante em Creta, de onde dominavam todo o Egeu. Essa remota civilização, chegou até nós através de documentos arqueológicos, é chamada "cretense ou egeia". 
           No início do II milênio a.C., começaram a descer do Norte populações arianas, que invadiram aos poucos o Hélade, estabelecendo ali os primeiros troncos indo-europeus. Estes novos habitantes, denominados "Proto-gregos", deram origem à civilização minóica ou micênia, de que Micenas foi o centro mais importante. Pelos fins do II milênio, começaram as migrações internas. Aos Acaios, baixados dos montes balcânicos, para ocupar o Peloponeso, substituíram-se os Dórios me os Jônios. Os vencidos, em fuga, emigraram aos poucos para as ilhas e para as costas orientais da Ásia Menor, dando origem àquela colonização que tanta importância assumiu para a expansão helênica. 
         Quais tinham sido os elementos trazidos para religião dos Pré-gregos e quais pelos Proto-gregos ainda não está positivado. As divindades gregas, de fato, revelam nitidamente, influências de concepções religiosas a elas pre-existentes. Zeus, por exemplo, já é conhecido, ainda criança, no ambiente cretense; quanto a Hera, sua consorte, nada nos impede que consideremos como outro aspecto de poderosa senhora, soberana absoluta, na primitiva religião mediterrânea. 
     Zeus é o deus supremo dos Gregos, aquele que está acima de todas as coisas. Na Grécia antiga, os poetas chamavam-no "pai dos deuses e dos homens". Dele dependem o bem e o mal individual; quando se enfurece, troveja do alto do Olimpo, do píncaro em que reside, arremessa seus raios e extermina quem pecou. Mas Zeus é sobretudo, um deus benéfico, que proporciona as chuvas, favorece o suceder-se das estações, o alternar do dia e da noite. Sucessivamente, o simbolismo natural (característico da estirpe ariana, de que os Gregos eram um ramo), a imaginação férvida que distinguira os Helenos de todos os demais povos do mundo, e a convicção nascida no período "heroico", de que nos tempos mais remotos sua pátria era constituída por personagens dotados de virtudes sobrenaturais, levaram os gregos não só a "deificar"os fenômenos da natureza, mas também as qualidades físicas e morais do homem e a imaginar os deuses em forma humana. Disso derivou uma religião "antropomórfica", com um vasto Olimpo agitado perlas mesmas paixões que alegram e atormentam a Humanidade. 
         Entre o oitavo e o sétimo século, a literatura grega enriqueceu-se de uma obra que foi uma primeira tentativa de ordenação teológica do mundo, a "Teogonia", poema por alguns atribuído a Hesíodo, e por outros, a Homero. 
            Narra, então, a teogonia que a princípio havia o "Caos", e  a ele se seguiu Gea, a Terra, vindo depois Eros, o amor, autor e propagador da vida. Do Caos nasceram o Dia e a Noite; de Gê, Urano, o Céu. da informe matéria, teve origem na religiosidade helênica, o Universo, mito de ordem, entendido como separação de contrastes, Dia-Noite, Sobra-Luz, Caos-Harmonia. O nascimento dos deuses, através de sucessivas gerações, é também um contínuo caminho rumo `-a ordem da hierarquia divina. Da união de Urano e Gê, nasce Oceano (o grande rio, que circunda a Terra), os Titãs, os Ciclopes, e os Gigantes. Mas Urano teme a monstruosa prole e a encerra nas profundezas do Tártaro subterrâneo. Instigado pela mãe Gea, Cropnos, o último dos Titãs, castiga Urano e toma-lhe o lugar. Da união de Cronos com Réia Cibele, nascem esplêndidos filhos: Deméter, Hera, Hades, Poseidon. Mas, como seu pai, também Cronos desconfia dos filhos e por isso os engole um por um, assim que nascem. Quando nasce Zeus, a mãe resolve escondê-lo, para subtraí-lo à crueldade do pai, ao qual faz engolir, em substituição, uma pedra envolta em faixas. 
             Zeus transcorre sua infância na ilha de Creta. Tornado adulto, decide punir a crueldade paterna. Cronos é derrotado,Zeus situa-se em seu lugar e torna-se o déspota absoluto do Olimpo helênico. Junto a ele está, como vimos, Hera, a consorte fiel e mãe de Héfaistos, Ares e Hebe. 
            Hera preside às justas bodas, e é a senhora das mulheres casadas; o seu animal sagrado é o pavão. Seguem-se Afrodite, deusa da beleza e do amor, nascida da espuma do mar; Atena, nascida diretamente do cérebro de Zeus, é a virgem dos olhos cintilantes, que preside à guerra e protege a paz; personifica a eterna sabedoria e a prudência; Apolo simboliza o sol resplandecente (Febo) que, com seus raios, pode causar doenças e epidemias, mas também curar. Porque nada foge ao seu olhar, ele é o deus dos oráculos; Ártemis ( de origem minoica) é a deusa das selvas e dos bosques. Irmã de Febo, personifica a lua.
            Também para os gregos antigos os primitivos locais do culto eram situados ao ar livre; nas matas, perto das fontes, no cume dos montes ou nas praias! A seguir, foram escolhidos locais apropriados, até que se chegou à construção dos templos. 
            Os sacerdotes não constituíam castas e não tinham poder doutrinal a impor ao povo. Eram os custodes das sagradas tradições, ministros das cerimônias, que conheciam o ritual e os celebravam de maneira apropriada, para serem sempre bem recebidos pelas divindades. As mulheres eram excluídas do sacerdócio e, geralmente, consagradas ao serviço das divindades femininas.
           O culto doméstico baseava-se no lar (considerado como nume supremo da casa), no qual o fogo ardia sempre. 
           Os deuses eram objeto de públicas festas religiosas, de que todo o povo participava. Celebérrimas foram as "Grandes Pan-Ateneias" de que temos documentação nas "decorações do Pártenon", na Acrópole de Atenas. 
           Também os gregos se preocupavam com o problema da sobrevivência. Da fé numa segunda vida, cultivada desde os tempos mais remotos, temos testemunhos arqueológicos: restos de holocaustos em sufrágio dos defuntos e móveis e utensílios, necessários na vida ultra-terrena, foram descobertos em alguns túmulos da época micênia. 
           Segundo a crença homérica, a essência do homem derivava de um sopro vital, que, no instante da morte, o abandonava. Na religião grega, muita importância se atribuía aos "mistérios", cultos secretos, aos quais eram admitidos apenas os iniciados. Durante essas cerimônias, explicavam-se os significados alegóricos em relação com a vida de além-túmulo. Celebravam-se, por vezes, também, os antigos ritos agrários. Era severamente vedado ao neófito revelar aquilo que vira e ouvira durante a celebração dos "mistérios".
             Na Grécia, dava-se grande importância à resposta do oráculo, que se obtinha em dias designados, principalmente, por uma sacerdotisa, a pitia; esta sentada sobre uma tripode, entrava em um estado de exorcização, provocado pelos vapores que saiam de uma fresta do pavimento. 
            Os gregos antigos não tinham noção do pecado e não cultivavam virtudes. Admitia-se que os próprios deuses eram escravos das mesmas paixões humanas. 
             Mas esta fraqueza, irreconciliável com o senso do divino,chamou a atenção dos filósofos. Entre os mais conhecidos adversários do antropoformismo da divindades gregas estava Xenofonte, que negou, em nome de um mais alto ideal divino, a concepção homérica dos fatos descritos muita à imagem do homem. Todavia, enquanto de um lado esta critica serve para nobilitar o  conceito moral, de outro lado se presta para demolir as bases de toda crença religiosa, chegando a uma verdadeira e própria intolerância. Como reação, o governo de Atenas censura e pune os propagadores das novas ideias, e tal perseguição cumina com a condenação de Sócrates, em 399 a.C. 
            Com o aparecimento de Alexandre Magno, no século IV a.C., a Grécia entra em contato com o oriente, fundindo elementos místicos próprios com aqueles trazidos das novas religiões. Cultos gregos passaram, assim, para a Ásia e para o Egito, ao passo que divindades egípcias encontravam adoradores na Grécia. Com esta nova forma religiosa, que se denominou Helenismo, os deuses do Olimpo foram conhecidos por outros povos, mas perderam a antiga autoridade, chegando mesmo a um enfraquecimento do culto. 
            Desde séculos, a Grécia, a terra que deu à humanidade um dos período mais esplêndidos de sua história e os fundamentos de todas as artes, de cada ciência, do próprio pensamento humano, jaz em sil^}encio, esmagada sob o peso do domínio turco. Romanos, Bizantinos, Venezianos, Otomanos sucederam-se neste país, criador das formas democráticas que hoje dominam o mundo, impondo-lhe sua rudez de guerreiros (aludimos aos Turcos, não certamente aos Romanos e Venezianos), aos herdeiros de Tucídides e de Demóstenes. E o povo grego, reduzido em número, contaminado pelas múltiplas invasões, indefeso, como muitos povos de antiga civilização, deixou-se esmagar, reduzir ao silêncio. Mas o domínio turco provoca aquilo que as precedentes invasões não tinham  conseguido: a revolta, gerada pela diversidade de fé e de hábitos, pela ferocidade, pela incivilidade dos dominadores. O povo grego, tal  como vemos na idade moderna, possui, aparentemente, bem pouco dos "Helenos" da idade pré-cristã; dez séculos de silêncio cultura cancelaram qualquer vestígio do antigo vigor. Todavia, o idioma é o mesmo, ou pouco semelhante, e as tradições e as recordações de dias melhores timbram em não se apagarem. No século XVI, quando a maré otomana ameaçava submergir a Europa, surgiram na Grécia associações de montanheses que dificultavam a passagem do invasor, conduzindo uma espécie de pequena guerrilha; eram patriotas, mais provavelmente, cristãos que mal suportavam o jugo muçulmano, e "foras-da-lei", gente que cometeu algum crime e que procurava a impunidade nos bosques; de qualquer maneira, com o decorrer do tempo, estes bandos de "cleftas", isto é, de bandoleiros, assumiram um sabor político, de rebelião contra o invasor turco e sua autoridade. A primeira e real revolta,todavia, eclodiu em 1770, enquanto o império otomano estava empenhado em uma guerra contra a Rússia; a aproximação da frota russa no Egeu provocou o levante das populações da Moreia e da Tessália. Os Russo aceitaram esta revolta com um útil diversivo, mas não a apoiaram de maneira alguma, de modo que a reação turca, desencadeada logo depois, com largo emprego de recursos e de ferocidade, teve jogo fácil. Entretanto, agora a chamada liberdade estava acesa, fomentada também pela Revolução Francesa e pelas incursões dos exércitos napoleônicos, que agitavam por toda a Europa o lábaro da liberdade. Os Gregos que viviam no exterior, especialmente no Oriente, possuíam cultura e riquezas, os bens que faltavam aos seus conterrâneos que viviam na pátria. Eles se incumbiram, portanto, de auxiliar os movimentos de revolta que haviam sobrevivido à insurreição e à repressão turca, subvencionando e interessando a seu favor a opinião pública e os governos do mundo ocidental. Surgiram assim, na Grécia e fora dela,  associações secretas de cunho liberal, as "Aterias", que procuravam prosélitos e preparavam-se para deflagrar  a "revolução de independência grega".  A ocasião ofereceu-se, em 1820, quando da guerra promovida pelo Sultão contra Alí, paxá da Jordânia, considerado rebelde pela Sublime Porta (a Sublime Porta era o governo otomano). Este incitou a população grega à luta contra os Otomanos e obteve imediata aprovação e apoio; as revoltas da Espanha e da Itália tinham, realmente, despertado o ardor bélico e independentista dos Gregos. Chefe supremo da revolta era Alexandre Ypsilanti, que, com seu irmão Jorge, baixava da Romênia à frente da "Sagrada Falange", o irmão, Demétrio (ambos eram oficiais do exército russo), dirigia a rebelião na Moreia; Marcos Botzaris percorria a Acarnânia e os pequenos chefes locais levantavam as populações centrais. A Turquia, ainda de posse de meios infinitamente superiores àqueles dos insurretos, reagia em todas as frentes e derrotava Alexandre Ypsilanti, que era feito prisioneiro, mas os voluntários gregos não se entregavam, e até, reunindo-se em Epidauro, na Argólida, proclamavam a independência de seu país do jugo turco e elevavam a à presidência do novo governo Alexandre Maurocordato. Em combate noturno, na periferia de Missolonghi, tombava mortalmente o herói grego Botzaris, animador da revolta e denodado defensor da  pátria. Mas, agora, já a causa da independência grega vencedora, graças ao apoio dos países da Europa. 

             Na verdade, o movimento patriótico grego começou muito antes que a revolta política organizada em forma de banditismo favorecido pela população e conduzido a dano do invasor muçulmano. 
         Os sacerdotes da Igreja grega, logicamente ao lado dos oprimidos e, portanto, dos insurretos - aos quais estavam ligados pela comunhão de pátria e de culto - foram as primeiras vítimas da repressão turca. Aqui, vemos o último ato do processo contra o patriarca grego, ou seja, sua execução. 
           De toda parte da Europa, entretanto, os espíritos melhores se proclamavam solidários com os rebeldes; reminiscências clássicas e novas ideias liberais fundiam-se para arrebanhar para a causa grega os ânimos de todos os homens dignos de serem considerados civis. Comitês filo-helênicos (amigos dos Gregos) surgiram por todas os recantos e procuravam sacudir a indiferença dos governos, socorrendo ao mesmo tempo, com armas e dinheiro, os insurretos; de todos os rincões da Europa partiam voluntários decididos a imolar sua vida no altar da independência grega. Entre todos, não podemos deixar de lembrar Lorde Byron, uma das figuras mais representativas da Época, que foi morrer entre as muralhas de Missolonghi, e o Conde Santorre de Santarosa, animador do movimento piemontês de 1821, valoroso apóstolo da liberdade.
                O jovem poeta Lorde Byron chegou de barco às costas gregas, onde encerraria sua bela carreira de vida venturosa na poesia. Byron foi levado a participar da revolta grega pelos seus princípios estéticos e políticos. Seu exemplo valeu muito para a causados Insurretos. 
        

            Entretanto, os Gregos não teriam certamente conseguido o intento - demasiada era a disparidade entre as forças rebeldes e aquelas dos opressores - se não houvessem intervindo potências estranhas para dar uma reviravolta na luta. A sorte quis que, naquele momento, a causa grega coincidisse com os interesses de algumas nações européias. E foi graças à Rússia, à Inglaterra e à França que a Turquia foi derrotada e,em 1830, após alternadas vicissitudes, a Grécia viu reconhecida sua independência pela Turquia e por toda a Europa. 

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