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terça-feira, 4 de agosto de 2020

A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA AMERICANA E GEORGE WASHINGTON



                 Até o século XVII a colônia inglesa na América ficou praticamente abandonada por não conter riquezas naturais para exploração imediata. Basicamente houve nessa colônia dois tipos de áreas claramente definidas: nas regi~]oes Norte  (Nova Hampshire, Rhode Island, Connecticut e Massachusetts) e Centro  (Noiva York,Nova Jersey, Delaware e Pensilvânia), e no Sul (Geórgia, Carolina do Norte  e do Sul, Maryland e Virgínia) da costa leste norte-americana. 
                  Grande parte dos colonos que se deslocaram para as regiões Central e Norte, a partir da segunda metade do século XVII, e principalmente ao longo do século XVIII, fugiam dos conflitos políticos e religiosos que assolavam a Europa ocidental. Famílias inteiras se estabeleceram em grande número no norte e centro da colônia, organizando seu modo de vida em comunidades religiosas baseadas na pequena propriedade, na manufatura, na pecuária e na pequena lavoura policultora. A maioria dos produtores agrícolas coloniais eram semelhantes aos da Europa, por isso não interessava à metrópole comercializar com as colônias do Centro e do Norte. Isso deu maior independência aos colonos para estabelecerem uma comércio interno próprio. 
                A mão-de-obra era essencialmente familiar, mas em algumas propriedades também existiam trabalhadores contratados na Europa. Seus contratos estabeleciam que, para pagar as despesas de viagem da Europa à América, os trabalhadores deveriam permanecer  nas propriedades de cinco a sete anos; na verdade era uma espécie de servidão temporária. Após obter a liberdade, eles partiam em busca de suas próprias terras, geralmente para o Oeste. Essa espécie  de colonização autônoma em relação à metrópole ficou conhecida como colônia de povoamento
             Em meados do século XVII, as relações entre as colônias e o Centro e do Norte começaram a mudar. Com o desenvolvimento da revolução Industrial, a a Inglaterra procurou aumentar o controle sobre essa região. Primeiro tentou impedir o livre comércio interno e externo e as atividades manufatureiras na colônia e, em seguida, criou algumas taxas e impostos para os colonos. 
                 A mudança da política inglesa para suas colônias também estava intimamente ligada às guerras pelo controle dos territórios coloniais. Há algum tempo a França e a Inglaterra disputavam regiões no interior da América do Norte, principalmente a oeste da cadeia montanhosa dos Apaches. A população da colônia inglesa estava em expansão e precisava penetrar nessa área rica  em animais de pele rara. Mas encontrava muita dificuldade em avançar porque ela era controlada pelos franceses e índios. 
               As tensões entre os franceses e ingleses acabou culminando na "Guerra dos Sete Anos" (1756 a 1763). A luta entre colonos terminou envolvendo soldados ingleses e franceses. A França saiu derrotada e foi obrigada a ceder uma grande parte de suas colônias na América. 
                  Enquanto a velha Europa se ensanguentava em longas e estéreis guerras, além do Atlântico, as treze colônias fundadas por proscritos ingleses prosperavam em uma paz fecunda de conquistas territoriais e econômicas. O exército inglês e os destacamentos coloniais tinham sustentado, com os Franceses, que ocupavam o Canadá, a região dos grandes lagos e as bacias do Ohio, do São Lourenço e do Mississípi, uma longa guerrilha; apesar do notável auxílio prestado pelos índios no interior, quase todos favoráveis aos Franceses, estes tinham continuado a perder terreno e, pelo tratado de Paris de 1763,deviam resignar-se à perda de todos os seus domínios americanos, cedidos em parte à Espanha e, em parte bem maior, à Inglaterra. Uma política hábil poderia garantir à Grã-Bretanha a posse de um dos mais vastos e ricos territórios do mundo; a América, do Atlântico ao Pacífico, com seus incalculáveis tesouros, estava ao alcance dos exércitos do Reino Unido. De outro lado, como sempre acontece com os povos separados da mãe-pátria, os colonos americanos, embora se mantendo fiéis à coroa, tinham já assumido uma certa independência, mais de fato do que de direito, a respeito do governo inglês. Não se sentiam mais ligados, em outras palavras, aos interesses de uma nação tão distante, material e espiritualmente, do Novo Mundo. Teria sido o momento oportuno, para o governo britânico, codificar esta situação de fato, concedendo aos colonos uma mais segura salvaguarda constitucional e uma certa autonomia, mas Londres não se apercebeu disso e, até, instigou a independência das colônias da pátria de origem, com algumas providências fiscais que não podiam ser menos intempestivas. Com efeito, não havia razão algumas para que os Americanos, como todos os demais súditos de Sua Majestade Britânica, não devessem pagar taxas, todavia, a nova taxa sobre transações comerciais, que impunha o uso de papel selado para contratos, vendas, sucessões, pareceu aos colonos um verdadeiro abuso. A rebelião foi unânime, em todas as camadas e, o que é tipicamente britânico, teve repercussão também na própria Grã-Bretanha,  onde cidadão e deputados se alinharam contra o governo, obrigando-o a retirar a lei. Pouco depois, outra pequena revolução se desencadeou, por causa das taxas e, em Boston, lançam ao mar um carregamento de chá proveniente de Londres; o governo respondeu com o bloqueio do porto e ordenando ao general Gage,comandante do presídio militar inglês, que tomasse severas medidas repressivas. Em Filadélfia, reuniram-se,então, autoridades das doze colônias, às quais se ajuntou, depois, também a Geórgia;fruto das deliberações foi aquela "declaração de Direitos" que, desejando ser apenas um protesto contra o governo inglês, acabou sendo um ato de acusação contra os velhos sistemas e um brado de protesto dos povos oprimidos contra o mau governo das oligarquias. O momento era propício; a "Declaração de Direitos" espelhava fielmente o pensamento da época, era o fruto da obra de Rousseau, dos enciclopedistas, de todas aquelas correntes filosóficas que foram denominadas "iluministas"; poucos anos depois, as ideias que fermentam em em toda a Europa, e das quais os americanos se haviam tornado os porta vozes, deviam abalar o mundo, com uma repentina e terrificante explosão. A aprovação que a atitude americana havia recebido entre todos os povos e nas próprias cortes européias não pareceu comover minimamente os governantes ingleses; poucos meses após o Congresso da Filadélfia, o general gage, tendo tido conhecimento de que, perto de Boston, se reuniam armamentos, mandou seus homens requisitá-los; os Americanos não se deixaram intimidar pelos "casacas vermelhas" e resistiram à força com a mesma força. A batalha de Lexington (1775) assinalou a primeira derrota britânica e foi a centelha que ateou o fogo à pólvora ainda bastante seca; a revolta alastrou-se ao longo de toda a costa; na Filadélfia, reuniu-se um novo congresso, estável, desta feita, e o comando supremo das forças americanas foi confiado a Jorge Washington.  Após quase um ano de assédio, as tropas de Gage foram obrigadas a retirar-se de Boston.  
            Entre os colonos ingleses, a guerra com a França estimulou um sentimento de nacionalidade, pois eles haviam se organizado e lutado em favor de seus interesses na América. Isto gerou entre eles uma postura anticolonialista que, mais tarde, viria a explodir em novos conflitos. 
                A Inglaterra teve muitos gastos com a guerra e ocupação do novo território conquistado, e precisava recuperar suas finanças. A forma imediata encontrada foi aumentar os impostos e a criação de mais taxas coloniais. Em 1764 criou a Lei do Açúcar ; em 1765 criou a Lei do Selo;em 1767 criou a Lei do Chá.
                 Os colonos reagiram contra essa última taxação em 1767. Soldados Ingleses foram enviados à cidade de Boston.  Em março de 1770, uma companhia de soldados  ingleses fora destacada para proteger os funcionários governamentais. É que a multidão de americanos amotinada protestava contra os pesados impostos e leis repressivas. De súbito, um dos soldados entrou em pânico e disparou contra os amotinados. Houve, então uma correria com gritos, estampidos e fumaça matando quatro manifestantes. Esse episódio ficou conhecido como o Massacre de Boston. Esse foi o início dos choques entre os ingleses, representantes da metrópole e os americanos, naturais das colônias britânicas da América do Norte. 
                  A primeira delas, Virgínia, embora organizada em 1587, só começou a ser efetivamente colonizada em inícios do século XVII. Ao longo de 83 anos, surgiram as outras colônias, povoadas por imigrantes ingleses, entre os quais muitos refugiados das perseguições religiosas de sua  pátria.
                Em 1776, a maioria dos americanos era de origem britânica e de fé protestante. Nos 150 anos seguintes, cerca de 40 milhões de pessoas migraram para os EUA. 
                Na segunda metade do século XVII, 13 colônias já se espalhavam pela costa atlântica. 
               No Norte predominava a pequena propriedade, com produção para consumo local. No Sul, cultivada por escravos, estendiam-se as plantações de algodão e tabaco, para exportação. 
                Não foram só os ingleses  que passaram a se interessar pelas terras norte-americanas. Os franceses se fixaram na região da foz do São Lourenço (limites meridionais do atual Canadá) e no golfo do México, onde fundaram a colônia de Louisiana. Os Espanhóis, a partir do México, atingiram o Texas, a Califórnia e a Flórida. Os Holandeses preferiram a baia de Hudson, onde estabeleceram a Nova Amsterdam  em 1624, quarenta anos mais tarde conquistada pelos ingleses e chamada então de Nova York. 
              Sempre houve querelas entre ingleses e colonos, sem que chegassem a constituir real obstáculo para a convivência dos dois grupos. Mas nos meados do século XVIII os interesses da metrópole e os da colônia entraram em choque. 
              Contudo, o Parlamento britânico legislava de modo a obstar a evolução econômica americana. Com as leis do Comércio e Navegação (1660 a 1672, proibiu aos navios que não fossem de propriedade ou construção inglesa transportar mercadorias das colônias para a metrópole e vive-versa; interditou ainda a exportação de tabaco, açúcar e algodão para qualquer outro país que não a Inglaterra. Não satisfeito com o resultado, o Parlamento promulgou leis que reduzia as tarifas sobre algumas importações, mas criava taxas adicionais sobre  o açúcar, vinho, café, seda e linho, comprados pelas colônias às Índias Ocidentais francesas e espanholas. Reformava o serviço aduaneiro, estabelecendo rígidas normas para a arrecadação de impostos. Foi um rude golpe para os comerciantes americanos, que não mais podiam importar diretamente açúcar e melaço.
                  Ao criar a Lei do Açúcar, a Inglaterra visava não só regular o comércio, mas também aumentar seus lucros: o tesouro britânico estava empobrecido desde a Guerra dos Sete Anos também conhecida com Guerra dos Franceses e dos Índios (1756 a 1763) - que envolvera a Inglaterra e a França.  Ao terminar o conflito, a América estava com seu território aumentado e a Inglaterra achava justo que a colônia arcasse com parte das dívidas. Várias medidas fiscais referentes aos débitos circularam no Parlamento e culminaram na Lei do Selo de 1765, que obrigava a afixar em todos os jornais, folheto, contas comerciais, documentos legais e outros papéis congêneres, estampilhas no valor de meio penny  até vinte xelins. Os americanos criticaram acerbadamente a lei, pregaram o boicote às mercadorias inglesas, depredaram a residência do Governador Hutchinson, em Boston, desalojaram de seus postos os agentes vendedores de estampilhas e queimaram-nas nas ruas. 
              O descontentamento dos colonos já estava bastante insuflado com a proclamação régia de 1763, que, ao organizar o território conquistado na Guerra dos Sete Anos, reservou aos índios as terras do oeste, situadas entre os montes Alegânis e o Mississípi, e entre a Flórida e Quebec, impedindo que os colonos nelas se estabelecessem. O golpe decisivo para os americanos foi a Lei de Quebec (1774), que anexava à Província de Quebec todo o território ao norte do rio Ohio. 
               Desencadeou-se então a violência descontrolada; primeiro foi o "Massacre de Boston", depois no "Boston Tea Party" em 1773, quando um grupo de americanos disfarçados de índios atirou ao mar todo um carregamento de chá, em represália ao monopólio desse artigo concedido pela Inglaterra à Companhia das Índias Orientais. Como resposta, a Coroa Britânica mandou fechar o porto de Boston até que o chá fosse pago e ordenou a deportação dos rebeldes para a Inglaterra, onde seriam submetidos a processo e julgamento. O encarregado de executar aquilo que os colonos chamaram de "Decretos Intoleráveis" foi o general britânico e governador da colônia Thomas Gage. Informado de que os americanos estavam armazenando munições em Concord, ele ordenou o confisco desse material por um destacamento militar, em 18 de abril de 1775, quando os ingleses chegaram a Lexington , na manhã seguinte, foram emboscados por um bando de "minute-men" (patriotas que se comprometiam a apresentar-se no campo de batalha um minuto depois de convocados). No fim do combate havia 8 mortos e milhares de americanos em debandada. Os ingleses prosseguiram até Concord e, ao voltarem a Boston, novamente foram surpreendidos pelos "minute-men". O saldo da luta foi maior com 247 baixas inglesas, entre mortos e feridos. Essas duas batalhas - a de Lexington e a de Concord - deram início pá revolução Americana ou Guerra da Independência (1775  a 1781).  
                                     Contra a chamejante rebelião americana, alimentada pela simpatia de todos os povos civilizados, que viam na luta dos atrevidos homens de além Atlântico, a tradução em ato dos princípios de liberdade promulgados pelos pensadores iluministas, contra o novo Estado  surgido da firmeza unânime de um jovem povo, a Inglaterra lançava todas as suas forças, materiais e morais. Seu prestígio em perigo, o prejuízo imenso que estava para sofrer sua economia, o princípio da soberania britânica para salvaguardar também nos demais territórios de além-mar, compeliam a Inglaterra a reagir com extrema dureza ante a revolta. 
            Logo após a promulgação dos "Atos Intoleráveis" (1774), os colonos organizaram o Primeiro Congresso da Filadélfia, no qual foi aprovada a interrupção do comércio dom a Inglaterra até a suspensão dos Atos. 
                Os conflitos entre a metrópole e a colônia se radicalizaram. Em 1775, tropas americanas enfrentaram soldados enviados pela Inglaterra, com a derrota da metrópole. 
                Por causa desse conflito armado, no mesmo ano os colonos convocaram o Segundo Congresso da Filadélfia. Na ocasião decidiram formar um exército nacional, comandado por George Washington, e declararam guerra à Inglaterra. 
                  Os sucessos inicias de Washington iam sendo seguidos por outros povos mais duros. Mesmo com todas as dificuldades e falta de dinheiro, os americanos davam  sequência à luta pelo seu sonho de liberdade, sempre obtendo mais algumas vitórias, embora parciais. 
                  Enquanto improvisados diplomatas, com Franklin, solicitavam, na Europa, ajuda de homens e dinheiro, já alguns particulares partiam a fim de oferecer sua vida à causa americana;da França, o jovem marquês de La Fayette chegava o quartel-general de Washington e distinguia-se  em alguns combates. A batalha de Saratoga, em 1777, onde o general inglês Burgoyne, assediada na fortaleza, fora obrigado a render-se ao general Gates, aumentou o prestígio dos americanos não só diante do povo, mas também perante os governos europeus. A princípio a França, depois a Espanha, e finalmente a Rússia, a Dinamarca, a Suécia, a Austrália, a Holanda e Portugal e o reino de Nápoles, enfileiravam-se, embora permanecendo neutros, ao lado dos rebeldes. Na realidade, além de um ato de adesão política à causa dos estados Unidos, a aliança anti-britânica era um movimento de legítima defesa de parte de todos os países que possuíam interesses comerciais no Atlântico contra a pretensão inglesa de bloquear o tráfego marítimo entre a Europa e a América. 
                   O general Jorge Washington foi realmente a alma da revolução americana; durante todo o período da guerra, ele viveu no campo, entre as tropas, pagando pessoalmente, como p mais humilde dos soldados, seu tributo à causa nacional. 
                   As ingerentes forças lançadas pela Inglaterra no conflito volveram novamente a sorte contra os rebeldes; o general Clinton ocupava a carolina e a Geórgia; o general Cornwallis apoderava-se da Virgínia e a saqueava sistematicamente. A vingança inglesa sobre todos quantos se haviam declarado pela revolta, isto é, sobre a maioria dos súditos americanos, foi terrível: processos, desapropriações, enforcamentos, rapinas, sucediam-se em todos os territórios ocupados pelas tropas britânicas. Enquanto as fazendas eram atacadas por corpos isolados de tropas que se entregavam à violência e destruíam aquilo que não podiam pilhar; nos grandes centros vigorava de regime de terror e os cárceres regurgitavam de patriotas. Se algum americano ainda vacilava nas primeiras derrotas de Washington, agora todos estavam de acordo quanto à necessidade de continuar uma guerra que, nascida da necessidade de salvaguardar os direitos econômicos das colônias, tornara-se uma luta pela própria vida  dos cidadãos e da comunidade.  Contra Cornwallis partiram um corpo americano comandado pelo general Greene; trecho por trecho, os Ingleses perderam todo o território ocupado na Carolina e na Geórgia, acabando por entrincheirar-se nas cidades principais das duas regiões; e Cornwallis, com o grosso do exército, encerrou-se em Yorktown. Apoiado pela frota francesa do almirante de Grasse, que manobrava de acordo com ele, na baía de Chesapeake, Jorge Washington avançou por sua vez na Virgínia e sitiou Yorktown, obrigando Cornwallis a ceder, mesmo após uma estrênua resistência em 1781. Agora, já perdida a maior parte do território americano, com os inimigos que surgiam de todos os lados, a Gã-Bretanha continuava a guerra mais por  uma questão de honra do que para vencê-la. A rendição do general Cornwallis, o terrível chefe do corpo expedicionário inglês, que conquistou para si uma fama atroz, devido aos saques a ás crueldades praticadas na Virgínia, foi o golpe de misericórdia para as esperanças inglesas; desder esse dia em diante, os últimos partidários do rei Jorge não fizeram outra coisa senão defender-se, encerrados nas principais cidades da América do Norte, até à assinatura de paz. 
                  O sítio de Yorktown, cidade situada no rio York, onde o corpo expedicionário inglês se retirara, foi praticamente o último ato da guerra; para o bom êxito da empresa, contribuiu notavelmente a frota francesa. 
                   Nova York, Charleston, Savannah, últimos redutos ingleses no continente americano, todavia, resistiam ainda fortemente; nesse ínterim, perto da ilha Guadalupe, o almirante Rodney reerguia o prestígio da marinha britânica, destruindo a frota do almirante de Grasse, que assim não mais pode levar auxílio algum aos aliados. As coisas arrastavam-se assim até 1783; neste ano, a Inglaterra resolveu desistir de uma guerra que já se tronara uma calamidade pública e econômica, e a paz de Versalhes reconheceu a soberania dos estados Unidos da América do Norte sobre todos os territórios outrora pertencentes à coroa britânica naquele continente. 
                 O júbilo dos cidadãos norte-americanos, ao saberem da paz de Versalhes, em 1783, foi da mesma força do esforço dispensado durante o conflito; soldados e oficiais foram levados em triunfo pelas ruas, enquanto, de todos os lados, eram desfraldadas as bandeiras de estrelas e listras. 
                 Jorge Washington, o herói puro da independência americana, dispensou as tropas, entre o imenso tripúdio da população, que também saía esgotada do conflito, resignou seu cargo de comandante supremo nas mãos do Congresso e retirou-se, como um cidadão qualquer, à propriedade que tinha em Mont Vernon. Nesse ínterim, a constituição política da nova nação já se estava delineando; as treze repúblicas resolviam abdicar em favor do governo federal, ao qual eram restituídos os poderes supremos. E em 1787, quando o Congresso resolveu eleger o primeiro presidente dos estados Unidos, foi ainda o nome de Jorge Washington  que saiu das  urnas. E o homem que criara os Estados Unidos da América do Norte agora tinha de deixar suas curtas férias e voltar para orientar a nova nação nos seus primeiros passos rumo ao seu grandioso destino. 
            Thomas Jefferson ficou responsável pela redação da declaração de Independência, profundamente influenciada pelas ideias iluministas. A Declaração foi aprovada em 4 de julho de 1776, mas a independência de fato somente se concretizou após muita luta contra a metrópole. Os ingleses, tenazes como sempre, apresentaram-se para reagir; mobilizaram um corpo de veteranos, recrutaram tropas escolhidas nos principados alemães (a isto os obrigava, então, o favor de que gozava a causa americana na Inglaterra) e expediram para além-mar o novo exército. Os ingleses, comandados pelo general How, desembarcaram perto de Nova York, ocuparam Long-Island, dispersando as tropas de Washington -que, indisciplinadas e mal treinadas, não resistiram ao choque com homens calejados nos campos de batalha - e avançaram no estado de Nova York. As copisas pareciam caminhar bastante mal para os rebeldes; entre outros fatos, os rápidos sucessos ingleses tinham abalado a confiança de muitos, de maneira que numerosos foram os descrentes e os desertores. Mas Washington reorganizou seus homens e conseguiu alcançar alguns pequenos êxitos. Era necessário, porém, que outros países se enfileirassem  ao lado dos colonos, para que a independência se tornasse um fato consumado. 
               O exército americano levava a desvantagem em relação ao inglês; havia sido recém-organizado e faltavam recursos. Benjamin Franklin, entretanto, conseguiu o apoio da França e da Espanha na luta contra a inimiga Inglaterra. Com  esses auxílios, a guerra pela independência chegou ao fim em 1781, em Yorktown, com a vitória dos colonos. 
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                 Em 1783 foi assinado o Tratado de Versalhes, em que a Inglaterra reconhecia a independência das colônias. 
             É inegável que George Washington foi o grande responsável pela Independência dos Estados Unidos. Ele conseguiu manter as  tropas unidos no seu entorno. Mesmo com fome e frio intenso, e muitas vezes atém sem pólvora  para os canhões, seus soldados nunca o adonaram. Foram anos de lutas contra os ingleses que era o maior império da época. A vitória chegou quando recebeu o auxílio das tropas francesas, então inimigas dos britânicos. 
                  Sob a inspiração da declaração de Independência de 1776, as treze colônias viviam um regime confederado, isto é, os estados tinham autonomia completa. Com a independência, essa situação permaneceu e gerou numerosas dificuldades para a governabilidade do novo país, pois cada estado lutava por seus interesses particulares. 
              Para solucionar os problemas políticos foi convocada, em 1787, uma Convenção Constitucional (uma espécie de Assembléia Constituinte). No  projeto de Constituição, que criou os estados Unidos da América, aprovado pela Convenção constava: 
  • a República Federativa Presidencialista;
  • o equilíbrio entre os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário; 
  • a existência de uma Corte Suprema com a função de resguardar a constituição.
                 A independência dos EUA foi muito importante basicamente por duas razões: 
  •  pela primeira vez um país adotava de forma clara na sua Constituição e forma de governo os princípios iluministas; os ideais, promessas e sonhos dos filósofos iluministas ganharam nos EUA uma realidade histórica concreta; 
  • foi também a primeira colônia a romper com a metrópole, lutando por sua independência; esse fato agravou a crise do Antigo regime na Europa e, durante o século XIX, serviria de exemplo para as lutas de independência no restante da América. 
                 Contudo, nessa época, ninguém na Europa, muito menos a coroa inglesa, acreditava na sobrevivência da jovem nação. De fato, num mundo dividido entre grandes potências coloniais - dentre elas a poderosa Inglaterra e a França -, como imaginar que a nova nação fizesse sua soberania respeitada? 
                 O governo criado logo após a independência devia exercer sua autoridade sobre os territórios entre o Atlântico e o rio Mississípi, de leste a oeste, e dos Grandes Lagos, ao norte, até as possessões espanholas da Flórida, ao sul. Mas os observadores europeus seguiam duvidando de que a autonomia da nova nação se sustentasse por muito tempo. Realmente, o governo americano parecia dispor de poucas possibilidades para exercer sua autoridade de fato; a moeda perdia rapidamente seu valor e vários motins eclodiam nas forças armadas. 
                No entanto, ainda assim, os fatos foram demonstrando o quanto o Velho Mundo estava enganado. A própria situação da Europa, que estava profundamente dividida pelas lutas entre as potências coloniais, favorecera a consolidação do jovem país. Na França, por exemplo, havia um sentimento de mágoa pela perda de suas possessões canadenses em favor da Inglaterra e, talvez como vingança, deu apoio integral aos estados Unidos, conseguindo ainda a adesão da Espanha e dos Países Baixos. 
                É nesse contexto que em 1789 George Washington foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos. Ele era o único homem que tinha condições de manter seu exército unido sob seu comando (Comandante em Chefe). Caso ele não aceitasse o cargo, que era muito penoso tanto para ele como para sua esposa, tudo poderia ruir. Quando terminou seu primeiro mantado em 1793 ele já sonhava com uma aposentadoria com a amada esposa em sua fazendo, mas este plano teve de ser adiado, pois ainda havia muitos riscos porque a Europa  estava abalada por anos seguidos de revolução; nos estados Unidos dois partidos se consolidavam e havia muita rivalidade que poderia desencadear numa guerra civil. Dessa forma, mais uma vez, George sentiu-se na obrigação de aceitar mais um mandato e ali ficou até 1797.
                 No início, a revolução Americana foi apenas um protesto contra o governo britânico, mas em menos de um ano a ideia de emancipar-se da Inglaterra tomou vulto. Tudo aconteceu de forma intempestiva e a 4 de julho de 1776, foi assinada uma declaração que proclamava "Estas colônias unidas são, e devem ser, de direito, Estados livres e independentes". 
           As novas constituições, então adotadas, diminuíram o poder dos governadores estaduais, privando-os do direito de veto sobre o legislativo, reduziram seu mandato para um ano, e submeteram-nos à supremacia das suas respectivas câmaras. Todas as ex-colônias passaram a ser governadas, como um grupo, pelos Artigos da Confederação, que instituíam um governo confederado, porém  não feudal ou centralizado. O governo dos estados era soberano, e a autoridade central não podia agir contra os indivíduos. Contudo, ao lado das reformas políticas, surgiram também esforços no sentido de uma reforma social. Alguns Estados procederam à separação entre a Igreja e o Estado, ou aboliram as qualificações religiosas para a elegibilidade dos cargos públicos. Foram ainda confiscadas algumas terras  da Coroa e as grandes propriedade dos ricos lealistas (partidários da Inglaterra, divididas entre pequenos fazendeiros e veteranos da Guerra da Independência. 
                   Depois da Independência, as tendências mais radicais, representadas pelo jornalista Samuel Adans (1722 a 1803), pelo panfletário Tomas Paine (1737 a 1809) e por John Hancok (1737 a 1793), primeiro governador do estado de Massachusetts, fizeram passar, em alguns Estados, leis em benefício das camadas devedoras dos pequenos proprietários. Em 1786 alastrou-se uma rebelião armada em favor destes, no Estado de Massachusetts. Chefiada por Daniel Shay, antigo capitão do exército, visava a impedir que os tribunais se reunissem para julgar o pagamento de dívidas. Mas essa rebelião foi esmagada. E a ameaça do radicalismo, aliada à fraqueza dos primeiros governos, tanto o central quanto os estaduais, levou a uma revisão drástica da Constituição Nacional. 
                A maioria dos líderes políticos norte-americanos estava disposta a enfrentar uma tendência radical e descentralizadora, e a mudar o sistema. Marcaram uma convenção em Anápolis (Massachusetts), mas apenas cinco representantes estaduais compareceram. Os debates foram adiados para maio de 1787. Dessa data até setembro do mesmo ano, os delegados reunidos em Filadélfia, examinaram os Artigos da Constituição e votaram por uma Constituição totalmente nova, que originou um complicado sistema de equilíbrio de poderes: foi criado um Colégio Eleitoral, cujos membros, eleitos pelo povo, escolhiam o presidente da nação; instituiu-se um executivo com poder de vetar as decisões do Congresso e fazer cumprir as leis por seus próprios agentes; formou-se um judiciário federal, cujas determinações era invioláveis: em todos os estados os juízes deviam obedecer a elas rigorosamente, mesmo que ferissem as leis estaduais. 
                Com a criação de uma estabilidade  interna e regulamentados os poderes, os Estados Unidos constituíam-se na mais liberal e democrática nação da época. A experiência americana inspirou vários movimentos de emancipação latino-americanos, e foi um estímulo aos revolucionários de 1789, na França. Aliás, a "Declaração dos Direitos do Homem" (francesa) incorporou boa parte dos princípios da "Declaração da Independência" americana. 
               Os federalistas chefiados por Alexander Hamilton, insistiam na necessidade de um poder federal forte e centralizado. Sua principal base de apoio eram os comerciantes e os industriais do norte. Preocupados com a Revolução Francesa, que desencadearia diversas insurreições populares, os federalistas conseguiram assumir o poder (presidente  de John Adans de 1797 a 1801) e deram seu apoio às nações que estavam em guerra contra a França (esse fato causou muita estranheza na política de então pelo fato da França ter apoiado e ajudado na independência dos estados Unidos). Os democratas, liderados por Thomas Jefferson, contavam com o apoio de pequenas indústrias e proprietários de terra, e eram contrários à ingerência excessiva do poder central, em detrimento da Constituição e da autonomia dos Estados. 
                  Com a presidência de Jefferson, de 1808 a 1809, e com a de James Monroe de 1817 a  1825, a nação conheceu um longo período de paz interna, conhecido com "a era dos bons sentimentos". O país  ampliou, então, suas fronteiras pela América do Norte. Novos Estados haviam sido criados com o início da colonização do Oeste: Ohio (1803), Kentucky (1796) e Vermont (1791). A Luisiana, comprada à França por 15 milhões de dólares, em 1803, dobrou o território da União, aumentando em 1819 pela inclusão da Flórida, cedida pela Espanha. Nesta época, a marcha para o Oeste alcançava excelentes resultados. Em 1846, a Inglaterra reconheceu a posse estadunidense do Oregon, que estendeu o país da costa do Atlântico, à costa do pacífico. 
               Sob a presidência de James K. Polk, a fronteira do país avançou em direção ao sudoeste. Com a anexação do território do Texas, eclodiu uma guerra contra o México.(1846 a 1848). No fim do conflito, o México perdeu dois quintos do seu território, incorporados aos Estados Unidos: o Texas, a Califórnia, Nevada, Arizona, Novo México e as regiões que formariam o Utah. 
               Em um período de apenas cinquenta anos, os treze estados unidos passaram a 51 , ocupando um território que triplicaria. A população crescia sem cessar, principalmente com a vinda maciça de imigrantes europeus. 


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