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quarta-feira, 8 de julho de 2020

A BORRACHA NA CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA E NA MODERNA

               

          Já há dezessete séculos a.C. os Egípcios extraiam da árvore da acácia, às margens do rio Nilo, um líquido gomoso, para fins medicinais: a goma-arábia, que ainda hoje é usada para pastilhas e xaropes muito úteis para a cura da tosse. Mas o conhecimento dessa portentosa planta não ia além, e somente após a descoberta do Novo Mundo os espanhóis, ao chegarem à Amazônia, viram o excepcional produto, sob a forma de rudimentares bolas de brinquedo. Alguns indígenas estava deitados á sombra de certas árvores, de tronco alto, liso e cinzento, e deixaram cair sobre si o suco viscoso e cinzento que delas escorria. Pouco depois, o líquido formava uma película, que os índios destacavam delicadamente do corpo e começavam a enrolar tal como se faz com o fio num novelo. Curiosos, os espanhóis perguntaram o que eram aquelas estranhas coisas redondas, e os indígenas, para demonstrar a  serventia do brinquedo, começaram a lançar a bola um para outro, apanhando-a no ar ou deixando-a pular no chão. Mas os índios não usavam a borracha somente para brincar. Eles já lhe conheciam as propriedades impermeáveis e inflamáveis, pois com ela lambuzavam suas tangas e vestes rudimentares para se protegerem da chuva, e também, com ela, faziam projéteis flamejantes, que atiravam nos campos inimigos. 
                 Os espanhóis procuraram imitá-los, esparzindo o látex em seus mantos, mas tudo andou bem enquanto chovia. Aos primeiros raios de sol, o látex se dissolveu, grudando nas mãos e na roupa dos forasteiros, provocando cenas tragicômicas entre os rudes e ousados guerreiros. Este grave inconveniente fez com que os espanhóis não mais se importassem com a borracha nem com as árvores de onde escorria o precioso líquido. 
             A portentosa árvore que produz o "ouro branco" estaria ainda desconhecida se a tenacidade de um explorador francês, que se aventurou no recôndito das terras virgens e insidiosas para descobrir as lendárias plantações, não houvesse sido inquebrantável.             O audacioso explorador francês, Charles Marie de la Condamine, tomou conhecimento desta preciosidade quando teve em mãos, na França, uma amostra de látex em bruto, e começou a analisar e a estudar o maravilhoso produto; tendo a intuição de sua importância excepcional, partiu da França, rumo ao Peru, em 1735, em busca da árvore da borracha. Explorou todo a Amazônia e, mesmo não tendo individualizado nenhuma planta, chegou à conclusão de que esta devia crescer em grande quantidade naquela região. 
              Já cansado de vagar pelas imensas florestas virgens, onde aminais ferozes e tribos mais ferozes ainda lhe dificultavam o caminho, um companheiro de Condamine levara à sua pátria e o explorador se encontrou sozinho; mas, não desanimou e prosseguiu nas pesquisas. Após haver aguardado a estação propícia, embarcou para a Guiana Francesa e, ali, de alguns índios que fugiam do domínio português, recebeu as primeiras descrições da árvore da borracha. Condamine mandou-os desenhar o modelo de uma árvore e de suas folhas; e,m seguida, tirou várias cópias, que confiou aos seus agentes, para que a procurassem nas colônias. 
             Poucos meses depois, teve a confirmação de que árvores semelhantes  ao desenho cresciam em várias partes da América do Sul e ele próprio encontrou espessas plantações, nas terras dos selvagens ameríndios, pelas margens dos rios amazônicos. Desde aquele momento, a borracha despertou enorme interesse também na Europa, e uma crônica daquela época nos conta que uma onça de látex custou um guinéu, quantia realmente elevada para aqueles tempos. 
              A primeira manufatura de certa importância, entretanto, foi um terno de borracha, oferecido pelo governador do Pará, em 1759, ao rei de Portugal. 

             Em 1770, graças ao inglês Naime, obteve-se a primeira aplicação da borracha. Ele misturou ao látex substâncias granulosas, próprias para polir metais, isto é, alume e esmeril. Do produto obtido, fez uma pequena barra e, com esta, tentou cancelar o que estava escrito numa folha de papel. Com seu grande espanto, notou que as manchas desapareciam. Aos primeiros exemplares dessas borrachinhas foi paga a admirável quantia de cinco xelins cada um. Depois desta experiência, os artigos de borracha foram sempre mais procurados, mas somente muitos anos mais tarde, em 1839, graças ao engenho de um químico norte-americano, Chales Goodyear, que descobriu a vulcanização, tal produto se tronou de grande importância e utilidade.
               Não foi fácil para a Goodyear chegar à sensacional descoberta, pois suas experiências foram muitas vezes obstaculadas  por dificuldades quase intransponíveis, mas ele, com inabalável confiança, continuou a estudar e a aperfeiçoar o látex, a fim de torná-lo menos rígido e mais resistente. Quando todas as esperanças pareciam perdidas, quando, cansado e reduzido a desastrosas  condições financeiras, já estava prestes a abandonar aquela tarefa, que o apaixonava, o acaso veio em seu auxílio. Um saco de borracha, por ele fabricado, caiu sobre a estufa e pegou fogo; o químico, para fugir às pestilentas emanações, atirou-o pela janela, e, na manhã seguinte, ao encontrá-lo, percebeu que estava menos rígido; compreendeu, então, que o fogo realizara aquele milagre. Tinha descoberto, assim, a vulcanização, processo que serve para aumentar a elasticidade e a resistência da borracha e torná-la insensível ao calor e ao frio. 

              As principais árvores leitosas de que se extrai a borracha, no Brasil, são: a Seringueira (Havea Brasiliensis), a maçaranduba, a maniçoba, a gameleira, a sorveira e o caucho. A Seringueira é  a mais notável, pela sua capacidade de produção e que, em estado silvestre, existe  em toda a região amazônica.  Tem de 25 a 30 metros de altura, e  um diâmetro de 0,60 a 1,50, alcançando< às vezes, quatro metros de circunferência. O gênero Havea Brasiliensis compreende uma 20 espécies. Já foi uma das maiores riquezas  do Brasil, tendo perdido algo de seu poder depois que os ingleses, por intermédio de Henry Wickhan, levaram várias mudas para a Ásia, onde sua cultura é intensa e bem aproveitada. A Companhia Ford tentou intensificar a cultura da Hevea, mas sem resultados. Produzem látex a partir dos 3 anos, sendo mesmo, mais abundante nos vasos do tronco até à altura de 2 metros. os recipientes coletam, diariamente, de 30 a 60 gramas por árvore. Produto de grande consumo, está recebendo novamente as atenções de nosso governo, graças ao plano de recuperação da Amazônia.         
               Atualmente milhares de homens se dedicam  à coleta do precioso látex que produz a borracha. Somente na Ásia, os seringueiros produzem enorme quantidade deste produto. No Brasil os povos da floresta enfrentam todas as dificuldades para a extração do látex; todos os dias, o tronco da planta sofre   uma incisão, feita com machadinha, a espaços regulares, em sentido oblíquo, desde a base até à altura de um homem. 

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