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sábado, 28 de dezembro de 2019

OUTROS UNIVERSOS ALÉM DA VIA LÁCTEA ..



                       "Como um anel de luz pura e infinita", a Via Láctea envolve o céu de um polo a outro. Ao admirar sua luz cor de pérola e imaginar as distâncias incomensuráveis que ela encerra, o homem deixou-se frequentemente levar pela fantasia. Só recentemente é que  se descobriu o que a Via Láctea é - uma imensa torrente de sóis, de campos estrelados, aglomerados de massa e névoa que compõem a parte visível da galáxia  onde se move o sistema solar. A dificuldade em visualizar  a arquitetura da Via Láctea decorre do  fato de nos encontrarmos "dentro dela". 
          O primeiro entendimento realmente positivo  foi apresentado pela assistente  do observatório de Harvard Henrietta S. Leavitt em 1912. Ela estudava 25 estrelas ceifadas da Pequena Nuvem de Magalhães. Na verdade ela não tinha a menor ideia da distância daquelas estrelas que investigava. Entretanto observou a característica que, a partir de então, tornou famosas essas estrelas variáveis. Percebeu que quanto mais brilhante eram, mais longo era o período de variação do seu brilho. Diante dessa percepção curiosa resolveu publicá-la. Essa publicação chamou a atenção do cientista dinamarquês Ejnar Hertzprung, co-descobridor com a participação de H. N. Russel de Princeton. Eles imediatamente perceberam que a descoberta da Srta. Leavitt poderia ser a chave para medir o universo. 
                  O traçado de estrelas próximas e fumaça estelar, penetrando nos vácuos transparentes e além da negra distância, os brilhantes aglomerados de estrelas eram, na verdade outras galáxias. 
                    Na vastidão do universo, nossa galáxia não passa, contudo, de um dos membros de um agregado cósmico ainda maior, o chamado Grupo Local. Este Grupo compreende dezessete ou mais sistemas mantidos dentro de um raio de 1,5 milhão de anos-luz, pelo efeito da força gravitacional. Numa das extremidades desse vasto super sistema, move-se a "roda" luminosa da Via Láctea: na extremidade oposta situa-se a grande espiral da galáxia Andrômeda. 
               Além dos sistemas citados, o Grupo Local compreende  seis pequenas galáxias elípticas, desprovidas de braços espiralados e quase  sem gás ou poeira cósmica. Possui também quatro véus de estrelas sem estrutura definida, semelhantes às Nuvens de Magalhães, e possivelmente três espirais muito distantes umas das outras e distribuídas de mode esparso no vácuo. Apesar de remotas, as galáxias são unidas pela força gravitacional, girando em torno de um centro  desconhecido, situado em algum lugar entre Andrômeda e a Via Láctea. 
             Quando se dirige o telescópio para além das constelações conhecidas, ultrapassando as nuvens de estrelas e os aglomerados mais distantes da Via Láctea, distingue-se um número crescente de manchas difusas e luminosas no vácuo como teias de aranha. São as galáxias exteriores chamados "Universos Ilhados". Cada uma delas é composta de milhões de estrelas, tão profundamente enterradas no abismo do espaço que a luz que denuncia sua presença requer milhões de anos para vencer a distância que as separa da Terra. Na bacia da Grande Ursa, ou seja, um retângulo que compreende apenas 2 milésimos de toda a esfera celeste, observam-se lampejos de luz muito débeis, que revelam a existência de um grupo de mais de trezentas galáxias. Em comparação, nosso Grupo Local, com seus dezesseis componentes, é um aglomerado minúsculo. Em geral, as galáxias do espaço exterior tendem a formar conjuntos de aproximadamente quinhentos membros. Esses agrupamentos, verdadeiras "galáxias de galáxias", são unidos entre si pela gravitação e às vezes se cruzam no curso de suas grandes viagens.
                     Para os astrônomos, o espetáculo das galáxias proporcionou nova compreensão e perspectiva, fornecendo muitos indícios que permitiram penetrar na evolução do Universo. 
              Os astrônomos estimam que cerca de  1 bilhão de galáxias se encontram ao alcance dos maiores telescópios. Reconhecem-se três principais categorias: as galáxias elípticas, representando 17% das catalogadas: as espiraladas, perfazendo 80%; e as irregulares, complementando os 3% restantes.  Como giram em velocidades diferentes, as galáxias elípticas variam de formato, passando de esferas perfeitamente simétricas a discos achatados, em forma de pires. Pela mesma razão, as espirais também assumem formas variadas, desde as solidamente bobinadas , passando pelos novelos mais frouxos, como a Via Láctea até as bem abertas, semelhantes a girândolas de fogos de artifício. O terceiro grupo de galáxias é formado por sistemas irregulares, como as Nuvens de Magalhães. São galáxias disformes, sem núcleo e sem movimento rotativo simétrico.
                 As galáxias sempre constituíram dúvida e esperança para o homem em geral. Havia dúvida quanto a ser todo o universo visível um simples instrumento para a realização do destino humano. Uma viva esperança de que com a compreensão humana, um dia fosse possível penetrar nas estruturas finais e finalmente compreender o verdadeiro cosmo. 
                 Certos astrônomos modernos tentam enquadrar os vários tipos de galáxias numa sequ~encia evolutiva, sugerindo que as galáxias irregulares e turbulentas são sistemas de origem recente, destinados a transformar-se em espirais, de rotação rápida e, posteriormente, em galáxias elípticas de movimentos mais vagarosos. Entretanto, a maioria dos astrônomos sustenta que todas as galáxias têm aproximadamente a mesma idade. Afirmam que os vários tipos de galáxias adquirem sua feição característica em virtude da diferente aceleração  que receberam no momento de sua formação. A velocidade inicial de uma galáxia determinou a porção de sua matéria primitiva que aglutinou para formar estrelas e a porção que continuou a vagar livremente sob a forma de nuvens de gás e poeira. 
             Em 1867 um cientista chamado Cleveland Abbe  já havia publicado um artigo: "A Natureza das Nebulosas", no qual  sugeria que as nuvens magalânicas e possivelmente outras nebulosas eram verdadeiros sistemas de estrelas semelhantes à Via-Láctea, mas que estavam fora dela. 
                O primeiro astrônomo a usar as descobertas de Hertzprung, como meio de determinar a distância das estrelas, foi Harlow Shapley, diretor do Observatório de Harvard. Depois de refazer e aperfeiçoar o trabalho de Hewrtzprung, continuou, de 1916 a 1918, aplicando os resultados ceifados situadas nos aglomerados globulares da Via Láctea. Com os valores de medições e distâncias dessas estrelas, ele pode fazer o mapa do halo da Via Láctea e depois estimar as dimensões da galáxia, determinando a distância e direção de seu núcleo. 
                   Uma vez provada finalmente a realidade das galáxias, o estudo a respeito delas prosseguiu, como que para recuperar as décadas anteriores de dúvidas e discussões. 
                Os milhões de universos-ilhas descobertas por Hubble não são em nada iguais, que em tamanho, forma ou direção. Em tamanho, a maioria deles é menor que a Via Láctea e alguns são maiores. Em forma, variam desde nuvens groseiras sem características definidas de brilho até esferas de estrelas rebrilhantes como jóias. Equilibram-se no espaço em todos os ângulos. Alguns se mostram de lado, outros de frente e alguns em perfis de três quartos. 
                A partir dos estudos das galáxias e à luz da evolução estelar, surgiu a ideia de que as galáxias irregulares podem representar o primeiro estágio no desenvolvimento delas. Havia gigantescas nuvens de hidrogênio, animadas de turbulência ao se constatarem gravitacionalmente, começando a condensar-se em estrelas. Por exemplo, as irregulares mais próximas - as Nuvens de Magalhães - mostram sinais de ter pequenos núcleos. A Grande Nuvem de Magalhães parece mesmo possuir pequena estrutura inicial em braços espiralados. Se as várias formas de galáxias  podem ser tomadas para representar etapas evolutivas, então a Grande Nuvem e outras irregulares, podem eventualmente evoluir para se tornarem pequenas galáxias espiraladas.  
                Uma dúvida que persiste é sobre as variações evolutivas de formas. Há indicações que,  em nossa galáxia, por exemplo, os radioastrônomos verificaram que nuvens gigantescas de hidrogênio parecem estar em movimento, afastando-se do centro da Via Láctea. Mas o tipo de combinações de forças rotacionais, gravitacionais ou de outra categoria poderiam agrupar tais nuvens de gás em braços espiralados e mantê-las em padrão mais ou  menos estável, continua a ser uma pergunta sem resposta. 
                Alguns astrônomos sugerem que o tamanho, densidade e velocidade de rotação de uma nuvem gasosa determinam o tipo de galáxia no qual se transformará. Se for grande e densa, usará sua matéria gasosa, condensando-se rapidamente em estrelas e envelhecendo prontamente em forma de elítica . Por outro lado, uma nuvem pequena, rala e desorganizada se desenvolverá lentamente e preservará parte de seu gás e poeira para condensações posteriores. Pode até mesmo acontecer que as galáxias mais irregulares e de vidas mais longas ainda estejam apagadas em sua maior parte, meras dispersões de estrelas recém-formadas circundadas de gás escuro.  
                 De qualquer forma, à medida que os gases do centro de uma galáxia espiral se acabam, seu fluxo para fora presumivelmente deverá diminuir. Pouco a pouco as partes gasosas dos braços espiralados poderão então enrolar-se, estreitando-se cada vez mais. As estrelas, formadas de gás, ficariam mais atrás em suas órbitas, mas o gás livre restante, presumivelmente voltaria ao centro para ser consumido. Seguindo uma evolução desse tipo, a galáxia deixaria de sere espiral, tornando-se, ao invés, uma elítica fortemente achatada. Pode-se realmente identificar galáxias que parecem estar em transição de espirais para elíticas. São os chamados S O, que possuem discos bem desenvolvidos mais em braços espirais,  e com pouca ou nenhuma poeira de gás. 
               Observando galáxias elíticas , parece que a formação de estrelas já cessou. Se essas galáxias alguma vez tiveram nuvens de matéria interestelar, foram inteiramente consumidas. Em algumas elíticas, observam-se riscos escuros através das regiões centrais, indicando que ainda podem existir remanescentes de tal matéria-prima. Mas se todos esses vestígios de matéria não comprometida fossem condensar-se em estrelas, e se todas as estrelas de maior massa do disco fossem morrer, uma galáxia outrora elítica e achatada automaticamente tomaria aparência mais esférica quando as estrelas do halo já não fossem superadas em brilho pelas do disco. 
              Vale lembrar de que as galáxias possam ter tal evolução, desde irregulares sem forma até elíticas perfeitamente esféricas, mas isto é apenas uma hipótese 
                Depois de séculos de brilhantes especulações e acalorados debates, o homem acabou aceitando o fato de que sua gigantesca e humilde Via Láctea  - com 100 bilhões de estrelas - é apenas o começo do cosmo. Além dela, infinitamente distantes em todas as direções, situam-se incontáveis outros sistemas de estrelas - outras galáxias, como redemoinhos reinando no universo.   
Nicéas Romeo Zanchett

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